18 de janeiro de 2013

Secretária do Lar



Empregada, faxineira, diarista, secretária do lar, “a moça que trabalha lá em casa” são algumas formas de chamar a pessoa responsável pela “ordem” da casa, seja arrumando, faxinando, cozinhando, lavando e passando roupa ou outros serviços domésticos

O fato é que todo mundo gostaria de ter uma e, quando tem, é difícil não ter uma reclamação a fazer. “Ela não arruma do jeito que eu gosto”, “ela tem mão mole, quebra tudo”, “ela é folgada, acaba com meu queijo importado”, “ela é lerda demais, passa um dia inteiro para limpar um apartamento pequeno”, “Ou sabe passar bem, ou sabe faxinar ou sabe cozinhar. As três coisas, impossível”, “Ela é daquela que embrulha e manda, e ainda acha que me engana”, “Quando falta, vem com aquela desculpa esfarrapada”, e por aí vai.

Está certo que 99% dessas e outras reclamações vêm de mulher, porque em geral os homens não têm aquele olho clínico para enxergar a sujeira no canto esquerdo do ladrilho da segunda fileira de cima para baixo do banheiro. Se varre e tira a poeira, lava e passa a roupa e prepara um “rango” para matar a fome, então é ótima.

Quando resolvi morar sozinho, só tinha uma preocupação: “a Alitéia pode trabalhar para mim?”. Foi essa pergunta que fiz a minha mãe, pedindo “permissão” para dividir a fiel escudeira de tantos anos. Ela veio trabalhar conosco quando eu tinha 14 anos, desde então ela cuida da gente, do jeito dela, mas cuida. No início, foi difícil se acostumar com a gororoba comida preparada por ela. Mas aos poucos ela foi aprendendo com minha mãe, até o jeito de passar o bife, de arrumar a cama, de passar a roupa etc.

Portanto, mal acostumado (não mimado!), era impossível eu fazer tudo isso sem ajuda da querida Alitéia. Outro dia, minha amiga me encontrou no supermercado e se espantou quando me viu com carrinho de compras e Alitéia do lado. “Você traz ela para fazer compras?”. “Claro! Ela é quem sabe o que está faltando lá em casa”! Ok, não é sempre que isso acontece, mas quando ela não vai, sempre rola um telefonema para tirar a dúvida de qual tipo de “Veja” comprar.

Mas os anos de convivência trazem desgastes, como todo relacionamento de muito tempo. Semana passada, minha avó foi chamar atenção dela porque havia manchado um tapete com água sanitária. Ela não gostou do jeito que minha avó falou e na semana seguinte não apareceu, nem ligou avisando o porquê. Quando minha mãe resolveu ligar, ela apenas respondeu “tirei a semana para pensar sobre o que realmente quero para minha vida”. Achei interessante. Fico imaginando eu respondendo isso ao meu chefe, depois de um dia estressante de trabalho, com cobranças, relatórios e prazos apertados.

Independente do tipo de serviço prestado – afinal devemos respeitar todos eles –, há de ter respeito em toda relação entre empregado e empregador. Respeito não é sinônimo de autoritarismo, nem de intimidade. Você pode ser amigo de seu chefe, mas saber separar os papéis e as funções de cada um, tanto ao seu superior quanto ao seu funcionário. Qualquer atitude desrespeitosa por ambas as partes pode causar consequências graves e irreparáveis. Principalmente nesses casos, entre patrão e empregada doméstica.

17 de janeiro de 2013

Casa de vó



Ainda em recuperação por conta da torcida ingrata no joelho, estou passando uma temporada na casa das minhas mulheres, mãe e avó. E isso se traduz em muito carinho, atenção, cuidados, mas também... comilança! Toda hora é hora para comer um pouquinho. Depois do farto café da manhã vem a fruta até esperar a refeição. Já no almoço, o negócio é raspar a panela para não deixar resto, o que significa repetir o prato invariavelmente. Na hora do cafezinho, ele nunca vem sozinho. Quando não é um (ou dois) pedaço(s) de bolo, é um biscoito, uma torrada, até o panetone que sobrou do Natal entra no jogo. Na janta, vem uma saladinha e um acompanhamento. Uma noite é pastel, outra é salsichão, outra um peixinho frito...

E por mais que você fale, “reclame”, implora para maneirar na comilança, a frase é sempre a mesma “mas é só um pouquinho. Não vai lhe fazer mal”.

Sem poder andar e só comendo. Já viu onde isso vai parar...

Zelo de avó não tem preço, mas pesa na balança!

4 de janeiro de 2013

Começar de novo



Alguns costumes pessoais acabamos repetindo todo fim e início de ano. Dar o último mergulho no mar para “limpar a alma” e deixar tudo de ruim para trás, agradecer pelas conquistas boas, esquecer das coisas ruins e prometer sempre algo que não conseguimos cumprir no ano que passou. Promessas são sempre promessas, mas sempre com a esperança de serem cumpridas. Esse fim de ano não consegui ir à praia, por conta do joelho ruim. Também não fiz lista de promessas, nem saí ligando para as pessoas para desejar feliz ano novo.

Estou começando um ano de uma maneira estranha: debilitado, sem poder caminhar, ir para onde tenho vontade etc. A coisa boa é que estou mais perto da minha família, recebendo todo carinho e atenção dos entes queridos, incluindo os amigos mais próximos. 

Natural seria se eu me organizasse, aproveitasse o tempo ocioso para colocar em dia tudo aquilo que você tenta fazer em casa mas que nunca arranja tempo sobrando. Ler os livros, assistir aos filmes, organizar documentos, pastas, objetos. Montar os álbuns de viagens, aniversários etc. Aproveitar para estudar para um próximo concurso. Confesso que tento. Mas a cabeça inquieta não para de pensar, a ansiedade em poder sair logo da cama, de ter uma vida normal, tudo isso acaba atrapalhando minha desejável mas quase impossível organização. 

Até escrever virou algo sem importância, chato, sem ter o que falar de fato. O mal humor não pode predominar, mas a paciência vem se desfazendo, como um fio puxado de um tecido fino. Pessimismos à parte, quero começar meu ano com a certeza que “há males que vêm para bem”, e se agora o sacrifício é passageiro, a recompensa pode ser duradoura.

É certo que, por força maior, serei obrigado a ser disciplinado, tanto na dieta quanto nos exercícios diários para fortalecer o joelho. Quem sabe isso não me dá um gás para levar a sério a academia (já que por vontade própria não estimula nem um pouco)?
Enfim, Feliz 2013, que seja um ano de recuperação, desafios prazerosos, superação e força de vontade! Começar o ano “de joelhos” pode ter um significado, seja lá qual for, rs!