30 de agosto de 2008

Os desafinados...


Entre os filmes brasileiros mais aguardados nesta temporada, Os Desafinados finalmente entra em cartaz e decepciona um pouco seu público. É um filme digamos... bacaninha, mas não supera as expectativas. Isso porque a história é um pouco perdida. Você pergunta: qual é a história afinal de Os Desafinados? As opções: trata-se de um resgate da história dos quatro rapazes que acreditaram no sucesso da banda ao conseguir a oportunidade de tocarem em Nova York, quando a então recém criada Bossa Nova fazia estilo nas vozes de João Gilberto, Nara Leão, Tom, Vinícius e por aí vai? Ou se trata da história do triângulo amoroso formado pelos personagens interpretados por Rodrigo Santoro, Alessandra Negrini e Cláudia Abreu? Ou mesmo a história da própria Bossa Nova, contada e – principalmente – tocada durante todo o filme, o que nos leva a crer que o grande protagonista do filme seja ela mesma.

Bem, com isso, você mergulha no universo da trilha sonora e esquece um pouco o que o filme vem propor ao público. Nessa miscelânia de assuntos, arranjaram um espaço para falar das ditaduras, tanto no país vizinho, a Argentina, quanto aqui, no Brasil. Trataram também de cinema brasileiro à la Cinema Novo, que também teve seu cenário na década de 60, ou seja, misturaram tudo e mais um pouco para dar um recheio melhor ao prato principal.

O elenco com certeza foi o grande facilitador da publicidade do filme, desde muito tempo anunciado aos quatro ventos. Afinal, não é sempre que você consegue reunir em um mesmo longa nomes como Cláudia Abreu, Selton Mello, Rodrigo Santoro, sendo estes últimos os nomes mais cotados do cinema nacional atualmente. Entretanto, porém, todavia, contudo... as interpretações não são as melhores desses três... acho que ficamos mau acostumados com um Santoro de “Bicho de Sete Cabeças” ou “Carandiru” e um Selton Mello de “Meu nome não é Johnny”, só para citar alguns.

Posso afirmar que o ponto alto do filme é o início dele, quando os jovens músicos resolvem bancar sua viagem para os Estados Unidos e tentarem assim uma oportunidade por lá. Os quatro mostram talento musical, principalmente. Mas depois o filme meio que se perde, se torna morno, longo e arrastado. Joaquim, o músico interpretado por Santoro, fica numa indecisão chata entre as duas mulheres de sua vida.

Outro ponto negativo, e particularmente tosco, é a dublagem desnecessária do Selton Mello em seu personagem envelhecido, Dico, interpretado pelo ator Arthur Kohl. Enquanto todos os outros atores, que interpretam os músicos mais velhos, aparecem com sua voz, só a do Dico continua com a mesma voz.

E, por último, bem... para não estragar a surpresa, vou apenas descrever o que uma amiga, que assistiu ontem comigo à estréia, disse sobre o final do filme: “Sabe aquele filme de cachorro, tipo k-9, em que no final os filhotinhos aparecem para ‘tomar’ o lugar do pai? É a mesma coisa esse filme”. Então, vá assistir ao filme para entender essa metáfora.

21 de agosto de 2008

Homens polígamos vivem mais que monógamos...

Esta afirmação é de um estudo britânico publicado em uma matéria na BBC Brasil. Uma das explicações é que os homens casados com várias mulheres (de diferentes idades) acabam se cuidando mais porque, afinal, têm que dar conta de todas, principalmente das mais novas!

Interessante este estudo. Em países onde a poligamia é permitida, a expectativa de vida dos homens acima de 60 anos aumenta em 12% em relação aos homens de países monogâmicos.

Pois bem, depois de receber por e-mail essa matéria, o assunto gerou uma filosofia de botequim entre algumas amigas do estilo: “cafajestes vivem mais que bonzinhos e nós somos culpadas disso”. Afinal, elas sempre acabam escolhendo os cafas e estes vivem mais porque gostam de todas (e pegam todas!).

Os bonzinhos (tradução para fiéis), por serem assim, morrem mais cedo. Que trágico, não?
Fantasia ou não, pensar que os polígamos vivem mais não tem nada a ver com a questão de ter uma ou várias mulheres mas sim porque têm uma vida sexual ativa na terceira idade. Está relacionado à qualidade de vida, nem que isso signifique – aí sim – ter mulheres fogosas, insaciadas por sexo, o que é mais comum entre mulheres... jovens!

Daí, o que se pode deduzir é que realmente o homem só pensa naquilo! Até na terceira, quarta idade. Enquanto a mulher...

Bem, no mesmo estudo, a longevidade feminina apresenta outra explicação. Segundo a pesquisa, o estímulo é outro e recebe o nome de “efeito avó”. Ou seja, com a chegada da menopausa (aquela que causa longas pausas entre uma relação e outra!), a mulher fica mais preocupada em cuidar dos menininhos... não, não é isso que você está pensando! Elas preferem cuidar de seus netinhos!

Pronto! Está explicado! Enquanto o homem com seus 70 e lá vai fumaça toma seus estimulantes e corre atrás das menininhas para saciar a sede, a mulher idosa se ocupa de limpar bundinha de bebê, cuidar da papinha, de levar o neto para creche, de tomar conta do baby enquanto a filha vai para farra com o marido e por aí vai...

Só me responde uma coisa: quem é o machista aqui? O homem ou a mulher?

14 de agosto de 2008

Nome próprio - o filme


Assisti hoje ao filme Nome Próprio, de Murilo Salles, com interpretação impecável de Leandra Leal. Bem, tenho meus prós e contra em relação a esse filme.

A proposta de narrativa desconstrutiva, uma linguagem mais lenta, planos-seqüência longos e às vezes superficiais, ou seja, tudo isso mostra que se trata de um filme “diferente”. Mas mesmo este “diferente” não foge muitas vezes ao clichê, ao senso comum e, por que não, ao brega?

Cenas desnecessárias, algumas falas forçadas (ou seriam interpretações ruins?) e um longo filme que se repete de tempos em tempos. O filme nem é tão longo assim (1h54 minutos), porém, em vários momentos observei um fim.

Como dito anteriormente, a interpretação de Leandra Leal é o grande ganho do filme. Ela interpreta Camila, uma jovem um tanto perdida na vida, que depois do término trágico de um longo relacionamento, não consegue sair de um caos em que se transformou sua vida... chata.

Ela tem um blog. Este deveria ser o ponto forte do filme. Mas não é. Desde o início, o espectador percebe que este blog é a vida da protagonista, que não tem pudor em expor sua própria vida (seus relacionamentos, traições, sentimentos etc) nele. De forma superficial, dá pra perceber também que ela tem um público leitor cativo... maioria adolescente. Mas entender que tanto sucesso ela faz, o filme não explica. Que textos são esses? Que pensamentos são esses? Como disse, tudo superficial.

O que o filme mostra – e muito bem mostrado – é a vida amorosa e conturbada da protagonista, que se envolve com inúmeros homens e inclusive com uma “amiga”. Bem, sobre esses relacionamentos, não faltam cenas picantes e algumas chegam ser engraçadas, como a do fedelho que resolve “patrocinar” a vida de Camila, em troca de “desejos sexuais” resolvidos em uma punheta (desculpe o termo chulo) e também do jovem de interior de São Paulo que tenta “dominar” a situação de transa de forma decadente e patética.

A história conta, portanto, essa vida perdida de Camila, entre bebidas (muitas bebidas), bolas (remédios), alucinações, sexo e só. Uma frase dela “preciso arrumar o caos que é a minha vida. O problema que eu vejo ordem em caos”. Isso resume bem o filme. O filme é um caos ordenado do início ao fim.

Para falar a verdade, eu não sei se gostei deste filme. Algumas coisas me agradaram, confesso. Uma delas, como já disse e repeti, é a vida que Leandra Leal dá a sua personagem. Dá para entender ali que não se trata de uma puta, mas sim de uma perdida. E como isso existe na vida real. Mulheres que não conseguem viver normalmente... vivem intensamente, indo até seu limite. É claro que isso tem um preço e, geralmente, esse preço é o fundo do poço.

Não. Camila não morre no final. Aliás, não acontece nada demais com ela. Ela não é internada, não acaba no manicômio, não conhece seu príncipe encantado, não muda nem de casa. Ou seja, o filme acaba e nem o livro que ela pretendia escrever (desde o início do filme, diga-se de passagem!) é sequer finalizado...

Não existe começo, meio e fim. Às vezes, esses filmes pretendem mostrar alguma coisa, não sei o que exatamente, mas querem mostrar alguma coisa. Ainda estou querendo saber a verdadeira proposta de Nome próprio.
Bem, como a idéia inicial tem a ver com blog, nada mais justo existir um blog sobre o filme. Então, para quem quiser acessar:http://nomepropriofilme.blogspot.com/


Acho que de tudo, o blog ainda é o melhor da história.