27 de março de 2013

O sexo X A paixão


Durante uma braçada e outra, chega uma menina com uma beleza escultural, na beirada da piscina. “Posso dividir a raia com você?”. Sem muita reação, respondi: “claro”. “Qual o lado que você prefere?”, e ainda extasiado gaguejei “qualquer um”. “E a água está boa?”, num fôlego só completei “perfeita para nadar”. Simpática, bonita e ainda dividiria o espaço apertado comigo. Quando percebi, não fui o único homem a segurar a respiração por muito tempo dentro d´água. Os comentários foram inevitáveis no final da natação.

Durante a conversa entre amigos, uma amiga solta: “vocês homens vivem em um filme pornográfico, enquanto nós mulheres vivemos uma novela”.

Ela quis dizer que a maioria dos homens idealiza as mulheres apenas como objetos de desejo, sempre com apelo sexual. Qualquer sorriso, um decote aqui, uma rebolada descompromissada, o salto alto, tudo vira motivo para criar-se uma fantasia sexual. “Cara, você viu como a fulana veio hoje falar comigo? Aquele decote dela me enlouquece...”

Já para os homens, são as mulheres que fantasiam a realidade, como um romance. “Nossa, você viu como o fulano me olhou hoje? Acho que está rolando um clima entre a gente...”. Ela não imaginou o cara na cama dela, mas sim num jantar romântico, com pedido de namoro e muito blá blá blá.

Falar de sacanagem está na mesa dos homens, mas também das mulheres. A diferença é que nós homens vamos direto ao assunto, sem pudor. O engraçado é quando misturam homens e mulheres nesses assuntos. Elas acham que os homens exageram na pegada mais “vulgar” da conversa, colocando todas as mulheres (as mais gostosas) no mesmo nível. Falso puritanismo, porque elas sabem também enxergar os homens bonitos como seus objetos de desejo.

No final da conversa, eles perguntam “E aí, comeu?”, enquanto elas ainda preferem o conto de fadas: “e aí, achou seu príncipe?”

4 de março de 2013

O peso da idade


Vivemos a era da longevidade. A expectativa de vida aumentou consideravelmente de umas décadas para cá. Se antigamente uma pessoa era considerada idosa a partir dos 60 anos, porque já não apresentava tanta disposição, hoje a realidade é outra. Por conta disso, a população vem envelhecendo bem, de forma saudável (em sua maioria). Tudo isso é muito positivo e prazeroso.

Ao mesmo tempo que encaramos isso com bons olhos e achamos que os “novos” idosos são mais independentes e ativos, por outro lado não enxergamos da mesma maneira as deficiências e dificuldades peculiares da idade avançada.

Quem tem parentes idosos em casa, ou pelo menos convive intensamente com eles, demora um pouco a perceber pequenas mudanças no dia a dia. Aquilo que é comum para nós, julgamos ser comum para eles também, quando na verdade não é. Com o tempo, eles perdem o ritmo do caminhar, o tempo para atividades domésticas, como levantar da cama, tomar banho, fazer as refeições. O tempo de raciocínio também é outro, o que aos poucos vai se tornando mais lento, além da falta de atenção e cuidado com objetos, os problemas de audição, visão e locomoção etc.

O tempo deles é outro e infelizmente nós, que somos jovens, temos pressa para tudo, corremos contra o relógio e raciocinamos rápido, não percebemos essa mudança porque nos acostumamos com essa rapidez. Quando éramos crianças, eram eles que nos apressavam para tomar banho, para comer rápido, para não perder a hora da escola, para fazer logo o dever de casa, para prestar mais atenção nos estudos. E agora, são eles que merecem nossa atenção, nossa paciência... Paciência: virtude que deveria ser regra, não exceção.

Sem querer, acabamos sendo grossos nas respostas ríspidas, nos suspiros de impaciência, na bronca pela demora. Mal damos conta das nossas atitudes e como essas prejudicam e entristecem essas pessoas que um dia foram tão fortes, enérgicas, altivas.

Eles se sentem fracos, de corpo e de alma. Acabam se calando, pois se sentem impotentes diante da juventude mal criada, impetuosa, intolerante, impaciente. Mal sabem esses que o caminho é o mesmo. A velhice é uma questão de tempo, e as deficiências aparecerão da mesma forma.

1 de março de 2013

Rio para não chorar


Morar em uma grande metrópole tem seus prós e contras. O Rio não diverge das grandes cidades mundiais em vários aspectos, mas tem suas particularidades.

Tive a oportunidade de conhecer algumas dessas cidades e perceber os erros e acertos da minha cidade. Alguns problemas crônicos são independentes de primeiro ou terceiro mundo. Trânsito, lixo urbano, por exemplo, são problemas comuns seja no Rio, seja em Nova Iorque, Buenos Aires, Paris etc.

Porém, em algumas dessas cidades, certos problemas graves receberam atenção especial, o que gerou esforço e planejamento para que fossem solucionados. Violência urbana é um desses sérios problemas que se tornaram desafios para o poder público. A cidade de Nova Iorque é um exemplo positivo, onde a violência foi sufocada de forma sistemática e racional, a ponto de ser hoje considerada uma das cidades mais seguras. Quando visitei NY, pude conhecer diversas áreas, tanto na Ilha de Manhattan (incluindo Harlem), quanto fora da ilha. Passei pela experiência de pegar o metrô de madrugada e andar pelas ruas tranquilamente. Não quero dizer aqui que minha única experiência na cidade irá extinguir por completo a violência urbana, porque isso seria utopia.

Mas infelizmente não posso dizer o mesmo da tão propagada cidade apaziguada do Rio, com as chamadas UPPs, instaladas nos morros cariocas. Apesar do discurso dos governantes e parte dos moradores que dizem perceber que o Rio está mais seguro, a realidade cotidiana é bem diferente. Essa onda de segurança só veio encarecer ainda mais os imóveis da cidade, principalmente em bairros onde a proximidade com favelas desvalorizava esses imóveis. A supervalorização fez com que o Rio se tornasse uma das cidades mais caras do mundo. Leblon, Ipanema, Lagoa, Gávea e Jardim Botânico hoje têm o metro quadrado mais caro do país.

Enquanto isso, os problemas são os mesmos. No aniversário da cidade do Rio, os cariocas são presenteados com uma greve de ônibus, mostrando que o transporte público da cidade ainda é precário e ineficiente. No último domingo, tentei pegar uma praia no fim de tarde. Infelizmente, o que encontrei foi uma praia suja, tanto na areia quanto no mar. Desisti de mergulhar e voltei para casa.

A sensação de quem mora na cidade é que não há um planejamento efetivo para solucionar os mesmos problemas de sempre. As promessas dos governantes vão esvaindo com o tempo, até a próxima greve, a próxima enchente, a próxima tragédia...