23 de maio de 2015

Fernando de Noronha - Parte 4



Praia do Sancho - considerada a mais bonita do mundo


Além de trilhas e mergulhos (livres ou acompanhados), o que mais é possível fazer na ilha?

Há várias opções de praias para se conhecer, algumas de fácil acesso, outras nem tanto. Na maioria, é necessário pegar algumas estradas de terra, o que exige do turista alugar um buggy para facilitar o deslocamento. Em média, o aluguel do buggy (dependendo da temporada) custa R$180 a diária, fora o combustível (que na ilha o litro da gasolina não saia por menos que R$5,40). Portanto, é uma opção cara alugar buggy para todos os dias. Eu mesmo só fui alugar buggy no último dia. As outras opções eram pegar táxi – que trabalha com preços tabelados para todos os pontos da ilha –, ônibus – que percorre uma ponta a outra da ilha: da praia do Sueste até a praia do Porto (passagem ao custo de R$3) – e carona! Sim, carona é uma opção válida, porque é bastante comum tanto moradores quanto turistas oferecerem carona nos pontos de ônibus. Há também aluguel de bicicleta (R$20 por 24 horas), para quem tem disposição de percorrer subidas e descidas da rodovia. Além de caminhar, caminhar muito.

Caminho para os mirantes do Sancho e da Baía dos Porcos

Das praias mais acessíveis estão: Praia do Cachorro, Praia do Meio, da Conceição, Boldró, Bode, Cacimba do Padre, Porto e Sueste. Em algumas delas, há bares, restaurantes e uma infraestrutura para receber o visitante. O centro histórico vale uma breve visita, mas dessa vez fiquei impressionado com o péssimo estado de conservação da casa de administração e da principal igreja da ilha.


Cachoeira na Praia do Sancho


Os principais pontos turísticos da Ilha certamente são a Praia do Sancho e Baía dos Porcos. O acesso para essas praias pode ser feito por mar (com a parada para mergulho para quem faz o passeio de barco) ou pela trilha. Essa trilha na verdade é um caminho de madeira construído com corrimão para facilitar o acesso a idosos, pessoas com necessidades especiais e crianças. Há um PIC (Posto de Informação e Controle) na entrada, onde todo turista é obrigado a apresentar a carteirinha. Além disso, esse posto serve de apoio para os visitantes, com infraestrutura excelente. Há lojinha de souvenir, um bar, banheiros e até chuveiros com água doce para os banhistas que voltam da praia do Sancho.

Escada para chegar à praia do Sancho

O acesso a essa praia ainda é feito por uma escada de ferro presa na rocha e o visitante desce em um espaço estreito entre duas rochas. Exige disposição e fôlego depois para subir, portanto, muitos visitantes não chegam a descer e ficam apenas apreciando dos mirantes as duas praias. No mesmo caminho, há um pequeno trecho de terra para o Mirante do Golfinho. Nesse período do ano, por conta das chuvas, formam-se algumas cachoeiras na praia do Sancho. Em uma delas, há uma queda d´água convidativa e de fácil acesso.

Pôr do sol visto da Capela de São Pedro

O pôr do sol na ilha é um atrativo famoso também. O ponto turístico mais badalado ainda é o mirante do Boldró, onde as agências levam todos os turistas que fazem o ilha tour. Dessa vez, eu vi o pôr do sol no alto do morro, próximo à Capela de São Pedro, na região do Porto. Não bastava a beleza do pôr do sol, fomos contemplados ainda com lindo arco-íris que se formou atrás da capela. Nem preciso dizer o quão emocionante foi esse momento, repleto de paz. Ao contrário do mirante, poucas pessoas foram ver o pôr do sol na capela, o que tornou o momento ainda mais especial, porque o silêncio reinava, permitindo um ambiente de meditação e prece.


Capela de São Pedro, próximo ao Porto

É possível ver o pôr do sol também no antigo forte, no centro histórico, além da praia da Conceição e Cacimba do Padre. Aliás, outro momento inesquecível e que tive a oportunidade de vivenciar foi o lançamento dos filhotes de tartaruga na praia Cacimba do Padre, no fim da tarde. Essa ação, promovida pelos agentes do Projeto Tamar, é realizada como forma de sensibilização e educação ambiental aos moradores e turistas no local da soltura. E no final, fomos agraciados por um belíssimo pôr do sol na praia.

Soltura dos filhotes de tartaruga promovido pelo Projeto Tamar

Noronha é para se curtir durante o dia. Mas como ninguém é de ferro, há poucas mas boas opções noturnas aos turistas. Desde minha primeira viagem, um lugar que chama atenção pela simpatia das pessoas e pela boa música é o famoso e já tradicional “Bar do Cachorro”. Às segundas, quartas e sextas, o forró pé de serra arrasta praticamente todos da ilha, mesmo aqueles que não dançam. Mas também rola maracatu às segundas e samba aos domingos, além de MPB quase todos os dias (antes da apresentação principal). Do outro lado do centro histórico, no restaurante e pizzaria Muzenza rola show de reggae, também bastante frequentado por turistas e locais.


Festival Gastronômico do Zé Maria

Aos que preferem dormir cedo, podem aproveitar a vida noturna da forma mais gostosa: comendo. E outra percepção que tive quando voltei treze anos depois à ilha foi a variedade de restaurantes com ótimos serviços. Além do tradicional Festival Gastronômico do Zé Maria, que acontece sempre às quartas e sábados em sua pousada (é necessário agendar com bastante antecedência, porque sempre lota!), há restaurantes com cardápios imperdíveis. Entre eles: Xica da Silva (com duas sugestões: peixe mestiço e sinfonia do mar), Mergulhão (próximo ao Porto), Varanda, nas pousadas Beijupirá e Tribojú. Este último, por sinal, meu preferido, com sugestão para o risoto de limão siciliano com camarões crocantes, e de sobremesa a cartola da carlota (banana flambada na manteiga de garrafa com Malibu, acompanhada de queijo coalho crocante, finalizado com calda de melado e sorvete de creme). A alta gastronomia é uma grata surpresa para os turistas que prezam pela boa degustação, mas há opções também para quem prefere refeição simples e mais barata.

Uma das melhores refeições na Pousada Tribojú

Por fim, vale lembrar que a ilha de Fernando de Noronha é um paraíso nacional, pertence ao nosso território e por isso devemos preservá-lo ao máximo. A maior satisfação minha foi voltar tantos anos depois e encontrar a mesma beleza natural impecável. E assim que deve ser para que futuras gerações possam desfrutar da mesma maneira. Muitos na ilha brincam ao conjugar o verbo “noronhar”, porque é assim que sentimos quando estamos por lá. “Noronhar” é, portanto, vivenciar tudo que esse lugar maravilhoso pode nos proporcionar. E a vontade é de voltar lá sempre!

Pôr do Sol na Praia Cacimba do Padre

Seguem abaixo alguns sites que podem ajudar na programação do roteiro para quem pretende visitar a ilha. Exceto os dois primeiros sites (que são obrigatórios para qualquer turista), os outros são apenas sugestões minhas, entre passeios, restaurantes e pousada.

Serviço:
- http://www.noronha.pe.gov.br/ - Site Oficial do Arquipélago Fernando de Noronha, onde faz o cadastro e retira a taxa obrigatório de preservação ambiental (há uma tabela já com os valores conforme os dias de estadia na ilha).
 - http://www.parnanoronha.com.br – site para compra do ingresso antecipado para acessar principais pontos turísticos (carteirinha). Além de obter informações importantes sobre atrativos e agendamento de passeios na ilha.
- http://www.trovaodosmares.com.br – Agência Trovão dos Mares para passeio de barco e planasub (inclui almoço durante passeio).
- Pousada Tia Zete - http://www.pousadatiazete.com.br/ - A segunda pousada domiciliar mais antiga de Noronha. Fiquei na primeira vez em 2002 e não tive dúvida em voltar lá agora. A Recepção é a melhor possível da própria tia Zete, do Seu Chico (marido) e Nina. Diária justa, com café da manhã e quarto confortável. Não tem luxo, porque essa não é a proposta para pousada domiciliar.
- http://www.pousadazemaria.com.br/ - Pousada Zé Maria – reserva apenas por e-mail para o Festival Gastronômico, que acontece às quartas e sábados.
- Palestras do Ibama –todos os dias, às 20h, de graça. Fica na Alameda do Boldró. http://www.tamar.org.br
- Aluguel de Buggy – VIP Buggy (próximo à Escola Municipal de Noronha). Valor da diária (baixa temporada) de R$150.
- Guia para trilhas: Kleber. Quando faz o agendamento para as trilhas na sede do ICMBio, o serviço de guia local é gratuito. Entretanto, preferimos fechar um grupo menor e pagar a um guia autorizado para facilitar o passeio.
- Mergulho com cilindro na praia do Porto com instrutor Bodão (ele atende mesmo na areia da praia).
- http://www.atlantisdivers.com.br – Agência de Mergulho com Cilindro – loja fica na cidade histórica de Noronha, próximo à igreja principal. 

Veja também:
- "Noronhar" Parte 1
- "Noronhar" Parte 2
- "Noronhar" Parte 3

22 de maio de 2015

Fernando de Noronha - Parte 3



Fernando de Noronha é conhecida como uma ilha com abundante riqueza marinha. Como escrevi no primeiro post, não é preciso mergulhar com cilindro para conseguir encontrar tamanha riqueza, porque em algumas praias, já no raso, é possível enxergar usando snorkel uma série de espécies de peixes. Portanto, para quem visita a ilha, o mergulho é quase obrigatório, mesmo que seja de snorkel. É claro que há pessoas que têm fobia com mar, ou que não conseguem se adaptar com snorkel, por conta da respiração, da pressão no ouvido etc. Mesmo assim, essas pessoas ainda podem desfrutar as águas cristalinas de Noronha. Para quem realiza o passeio de barco, por exemplo, há uma parada em uma das praias (geralmente na praia do Sancho) para o mergulho. E para quem não sabe nadar, eles disponibilizam boias, salva-vidas e macarrão (um isopor comprido, usado em aulas de natação e hidroginástica). Se precisar ainda, um dos instrutores acompanha durante o mergulho.


Porto de Noronha

Aos mais aventureiros e destemidos, o mergulho livre é bastante comum em algumas praias, como no Sancho, no Sueste e no Porto. Aliás, nessa última praia, a riqueza marinha surpreende, principalmente porque lá é possível mergulhar a uma profundidade considerada pequena (até 7 metros), próximo a um naufrágio existente, onde encontram-se inúmeros corais que acabam atraindo peixes, arraias, tartarugas e até tubarões.


Mergulho de cilindro no naufrágio

E por falar em tubarão, os moradores da ilha se gabam em afirmar que nunca houve um caso de acidente sobre ataque de tubarão a banhistas ou mergulhadores. Eles explicam o fato de que, ao contrário de regiões onde geralmente acontecem esses ataques, a região de Noronha apresenta um equilíbrio ambiental tão importante que o animal não busca a carne humana como opção alimentar. Eu mesmo tive a oportunidade de ver um tubarão (com cerca de um metro e meio) durante o mergulho de cilindro na praia do Porto. Minha reação (estúpida, diga-se de verdade) foi nadar atrás dele, querendo ter a oportunidade de admirá-lo por mais alguns segundos. O instrutor puxou meu pé de pato e me fez um sinal para que eu voltasse e que deixasse o animal seguir o caminho dele. Essa percepção de que o tubarão é um animal perigoso e sempre ataca não é tão comum por lá. Mas claro, devemos ter consciência que nós, humanos, é que estamos invadindo o território dele e de todos os outros animais marinhos, portanto, devemos respeitar seu espaço.


Mãe e filhote acompanham passeio de barco

Aliás, essa consciência é bastante comum entre os moradores da ilha e eles procuram repassar aos turistas esse cuidado. Durante o passeio de barco, é comum os golfinhos acompanharem durante um trecho. Alguns deles se aproximam da embarcação e realizam um verdadeiro espetáculo nas águas, com saltos incríveis. Alguns especialistas explicam que essa é a maneira que eles encontram para despistar os “estranhos” (nós humanos) em seu ambiente, por isso, “indicam” a direção oposta do restante do grupo, formado muitas vezes por fêmeas e seus filhotes. Enquanto apreciamos os golfinhos no mar, os instrutores do barco pedem para permanecemos em silêncio a fim de não incomodá-los, e o próprio barco segue na potência mínima possível, justamente para não espantá-los.
Além do mergulho de apneia (com uso apenas do snorkel), há empresas que realizam o chamado batismo (para quem nunca fez mergulho com cilindro ou não tem carteira de mergulhador).

 
Turistas acompanham os saltos incríveis dos golfinhos durante passeio

Geralmente, o mergulho é feito em grupos em embarcação com capacidade para 40 pessoas, com instrutores acompanhando durante todo o mergulho. No meu caso, preferi fazer o mergulho de cilindro com um instrutor que trabalha na praia do Porto. Ele acompanha o turista durante o mergulho e sai das areias mesmo, sem uso de embarcação. Além das instruções básicas necessárias, ele vai acostumando adaptação do uso do cilindro no raso, até o turista se sentir seguro e confortável para mergulhar.


Mergulho na praia do Porto

A outra opção é o famoso passeio conhecido como “Planasub”. Exclusivo de Noronha, esse passeio é feito também em grupos que seguem em pequenas embarcações para regiões próximas às ilhas secundárias e próximo do Porto. O planasub consiste em uma prancha pequena (comparável àquela prancha das aulas de natação, que servem apenas de apoio para os braços), fina e que é puxada por uma corda presa ao barco. Conforme o barco navega, em baixa velocidade, você segura a tal prancha e é puxado sem fazer qualquer esforço. Com uso de snorkel, a pessoa tem duas opções: ou fica na superfície da água, apenas apreciando por cima a vida marinha, ou pode afundar a prancha, que perfura a água rapidamente (conforme a velocidade do barco) até certa profundidade. A pessoa deve controlar com uma das mãos a pressão no ouvido durante a descida e, claro, saber prender o ar nos pulmões durante o mergulho. A sensação é extraordinária, não só pela experiência em nadar sem fazer nenhum esforço, mas também pela oportunidade de você encontrar tartarugas, peixes, arraias e uma série de espécies marinhas. Esse passeio pode ser fechado no mesmo pacote do passeio de barco e tem duração média de 15 minutos por pessoa.

Veja também:
- "Noronhar" Parte 1
- "Noronhar" Parte 2

21 de maio de 2015

Fernando de Noronha – Parte 2

Trilha da Pontinha

Algumas pessoas me perguntaram: “Fernando de Noronha é um lugar com conforto?”. Depende da proposta de viagem. Mas sinceramente, acho que não é o destino para quem busca conforto. Para os que curtem praias paradisíacas de fácil acesso, com serviço de bar à beira mar, hotéis com piscina e várias opções de lazer, então é melhor ir para um resort ou para Cancún.

Praia do Bode
Definitivamente, Noronha é um lugar onde a beleza natural está preservada. Portanto, para curtir em sua essência é preciso gostar de natureza. É claro que aos que podem bancar tal conforto vão ficar em pousadas cuja diária não sai por menos que R$1250, e um simples passeio de barco pode custar o mesmo preço, para duas pessoas com direito a prosecco. Mas essa não é a realidade da maioria (muito menos a minha). Já basta o custo da taxa diária e o valor de alguns passeios “obrigatórios” da ilha.

Morro do Frade

Outra novidade, que não existia na minha primeira viagem, foi a criação dos chamados “PICs” – Postos de Informação e Controle, que funcionam em alguns pontos turísticos da Ilha, como a trilha de acesso para Praia do Sancho e também para praia do Sueste. Nesses pontos de controle, o turista é obrigado apresentar uma carteirinha, feita na própria ilha e tem custo diferenciado para turistas estrangeiros (R$162) e brasileiros (R$81), com isenção para idosos e crianças menores de cinco anos. Isso faz parte da ação de controle e preservação ambiental realizado pelo Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (www.parnanoronha.com.br), criado com objetivo de valorizar os ambientes naturais, preservando a fauna, flora e os demais recursos naturais. Alguns moradores da ilha contestam essa cobrança a mais, uma vez que o turista já é obrigado a pagar a diária durante sua estadia na ilha. Esses moradores afirmam que, se o dinheiro recolhido pelo governo fosse bem empregado, já garantiria de fato tal controle e preservação realizados pelo Parque.

Piscina Natural de Pontinha
Além desses postos, para alguns passeios realizados na ilha, são exigidos a tal carteirinha com agendamento prévio. Esse agendamento é realizado na sede do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), também responsável pela fiscalização de visitação e passeios. O turista recebe um papel indicando o dia e horário permitido para visitação, com direito a um guia local. Há um limite diário de visitantes para cada um do local escolhido. Fazem parte desse agendamento as trilhas para a famosa piscina natural do Atalaia (que infelizmente encontrava-se fechada por conta da presença de algas), Pontinha – Pedra Alta, Enseada dos Abreus e São José.
Eu tive a oportunidade de fazer duas trilhas: Pontinha – Pedra Alta e Abreus. A primeira corresponde a percurso de 3.700 metros, com um longo trecho de pedras. Nessa trilha, que começa próxima a Vila do Trinta, é possível ver de perto o famoso Morro do Frade e conhecer as piscinas naturais de Pontinha e Caieiras, com uma vida marinha impressionante. O percurso termina justamente na praia Caieiras, que fica muito próximo à praia do Porto. Alguns chamam essa trilha também de Atalaia longa, porque é possível chegar também nessa praia.

Vista para uma das piscinas naturais de Abreus

Já a segunda trilha, que dá acesso à Enseada dos Abreus, começa próximo à praia do Sueste. Assim como a outra trilha, esta também está voltada para o “mar de fora”, e por isso é obrigatório o acompanhamento de um guia local autorizado. Antes de chegar às piscinas naturais, é necessário descer uma altura considerável de pedras, o que pode ser complexo para quem não está acostumado em fazer trilhas. Existe uma corda no local para auxiliar nessa descida, por isso alguns chegam a falar que é preciso fazer rapel para acessar as piscinas. Nosso grupo desceu tranquilamente, sem ajuda da tal corda.

Uma das piscinas naturais da Enseada dos Abreus
Vale lembrar que esses passeios só são permitidos em período de maré baixa, justamente para aproveitar tais piscinas naturais. Esse acesso é controlado por fiscais nas entradas das trilhas. Por conta do período de chuva (de março a julho), muitos trechos de ambas as trilhas estavam repletos de lama, o que dificultou a passagem. Mas nada que um bom aventureiro já não está acostumado. A dica é colocar um tênis para evitar escorregar (ou para quem tem sapatilha de mergulho/escalada), bastante repelente e filtro solar, além do boné e o colete salva-vidas, este obrigatório para entrar nas tais piscinas.

Enseada dos Abreus
Particularmente, foi a parte mais interessante dessa viagem. Como já escrevi anteriormente, essas trilhas é o que diferem o turista comum do aventureiro, porque só este realmente terá disposição e coragem para conhecer o que a ilha tem de mais precioso, que são as belezas naturais selvagens e preservadas. Não há estradas para carros, não há lojinhas nem qualquer infraestrutura para receber todo tipo de turista. E apesar disso tudo, a recompensa no final é indescritível.

Veja também:
"Noronhar" - Parte 1

20 de maio de 2015

Fernando de Noronha - Parte 1



Baía dos Porcos com morros Dois Irmãos

Fernando de Noronha é um lugar para ser visitado mais de uma vez. A primeira vez que fui, em 2002, tinha lá meus vinte anos, e conheci uma ilha selvagem que guardava uma beleza natural inigualável. Treze anos depois muita coisa se transformou, principalmente o acesso à praia considerada mais bonita do mundo, principal ponto turístico da ilha. Mas aquela beleza natural, que tanto me encheu os olhos naquela época, estava preservada, ainda bem!

Vista do barco para praia do Meio
A fiscalização e o controle aumentaram também, o que significa mais taxa para pagar e, portanto, mais caro ficou para o turista. Por um lado, acho justo o custo elevado para garantir tal preservação. Por outro, percebe-se um descaso em alguns serviços básicos de conservação da ilha, como coleta de lixo e preservação do centro histórico. Muitos moradores se queixam da falta de investimento na ilha por parte do governo pernambucano, responsável pela administração local. E eles têm razão. Pelo valor cobrado pela diária obrigatória (hoje em R$52) para conservação ambiental, as estradas de terra e a infraestrutura poderiam receber mais atenção. Nessa época de chuva (de março a julho), as estradas ficam esburacadas e cheio de lama, difícil até para buggy passar.

Surf na praia da Conceição
 Mas o turista busca o que Deus proporcionou, ou seja, as belezas naturais das inúmeras praias. Não tem como não se impressionar com tamanha riqueza da vida marinha presente na ilha. Não precisa realizar mergulho de cilindro, por exemplo, para enxergar uma série de peixes, corais, arraias, tartarugas e até mesmo tubarão. Um simples mergulho de apneia em algumas praias, como Sancho, Porto e Sueste já é possível encontrar tamanha riqueza.

Mergulho de apneia na praia de Sancho
E há várias opções de passeios no local. Aliás, pode-se dizer que existem dois tipos de turistas: o comum e o aventureiro. O primeiro é aquele que vai conhecer na ilha os principais pontos turísticos e realizar os passeios básicos como Ilha Tour, passeio de barco, centro histórico etc. Já os aventureiros aproveitam para desbravar as praias mais selvagens e, claro, descobrir os lugares onde a beleza natural não está tão facilmente acessível. A diferença da primeira para segunda viagem que fiz foi justamente essa. Em 2002, fui o turista comum, que aproveitei os quatro dias apenas que tinha para conhecer o máximo possível. Na época, fizemos o ilha tour com um táxi-buggy, que era bastante comum. Pagávamos uma diária para o taxista e ele nos levava aos principais pontos turísticos da ilha, começando pela praia do Atalaia e terminando no famoso pôr do sol no mirante do Boldró.

Praia da Conceição

A primeira grande diferença que percebi da primeira para essa segunda viagem foi o número de veículos presente na ilha. Se antes praticamente só existia buggy como opção de transporte (via-se muito pouco carro de passeio), agora os passeios são feitos em jipes ou até micro-ônibus, se forem realizados por agências. Ainda aluga-se muito buggy na ilha (aliás, um dos serviços mais caros e nem sempre satisfatórios, porque muitos apresentam problemas no meio do caminho). A segunda diferença é o acesso para algumas praias, como a piscina natural do Atalaia. Na primeira vez, bastava chegar bem cedo na praia do Sueste, ponto de partida para trilha do Atalaia, e por ordem de chegada os turistas tinham direito de conhecer. Havia um limite diário, portanto, caso o número fosse alcançado, um fiscal já avisava na fila. Agora, todas essas trilhas são agendadas previamente na sede do ICMBio, ao lado do local onde ocorrem as palestras do Ibama (explico melhor no próximo post).
Nessa segunda visita à ilha, fui mais aventureiro e consegui conhecer lugares que nem ouvi falar na primeira vez. Por outro lado, preferi não repetir o ilha tour e, portanto, não visitei todas as praias da ilha. Apesar de ter pego alguns dias de chuva (não o dia todo), o que atrapalhou um pouco a programação, consegui desfrutar o melhor de Noronha, como mostro nos próximos posts.

Mapa disponível no site parnanoronha