28 de fevereiro de 2011

Bruna Surfistinha o Filme


“Enquanto rodava ‘Bruna Surfistinha’, Deborah Secco diz que incorporou a personagem. ‘Fiquei quatro meses fora de mim, pensando, falando e agindo que nem ela. Sei que dei realismo às cenas de sexo, mas espero que as pessoas se impressionem mais com a minha atuação do que com as imagens picantes”, disse em entrevista à revista Veja desta semana.

Isso resume bem o estilo do filme. Lembro-me que escrevi um post em outubro de 2007 contando a grande procura de candidatas ao papel de garota de programa. Na época, o responsável pela seleção do elenco afirmava que não importava se a candidata era atriz de fato, poderia ser uma própria garota de programa. Enfim, a escolhida foi Deborah Secco que não consegue convencer com seu rosto de “ah coitada”.

O filme é fraco de história e rico em imagens fortes. Umas cenas de bom gosto, outras desnecessárias. Mas afinal de contas o filme conta a história de uma... garota de programa em sua atividade, então não tinha muito que escapar!

Não li o livro, mas acredito que o roteiro tenha sido superficial, sem detalhar de fato os dilemas de uma profissional do sexo. Alguns trechos mostram uma menina despreparada, outros uma patricinha iludida e outros uma mulher no fundo do poço, drogada e largada. A Bruna do filme é uma mulher sem propósito de vida, sem rumo. Tinha ao seu favor a beleza e a “facilidade” em topar todo tipo de programa, sem restrições, sem pudor nem preconceito. A atriz realmente se entregou ao papel e, desculpe Deborah, mas é impossível não ficar impressionado com as imagens picantes, muito mais que sua interpretação...

Li outro dia que a família da atriz só ficou tensa com as cenas de overdose da personagem... então as cenas de sexo explícito tudo bem? E o Roger vai bem?

Vergonha alheia à parte, é um filme para assistir (convenhamos) bem acompanhado. Só cuidado para não levar sua avó para assistir ao seu lado.

24 de fevereiro de 2011

Toy Story 3


Esse filme surpreendeu quando chegou aos cinemas e depois com duas indicações ao Oscar: o primeiro (é óbvio) como melhor animação (sinceramente com mais chance de ganhar), e o segundo como melhor filme.

Talvez a escolha como melhor filme seja de fato pela belíssima história contada na animação. Ok, você pode ser insensível e falar “ah, que besteira, se emocionar com uma história de brinquedos abandonados pela criança que cresceu”. Mas a história, na minha visão, vai muito além disso. É realmente uma percepção do que acontece com a mudança da idade infantil para idade adulta. No caso, o apego aos brinquedos foi o foco porque afinal é a continuação do clássico Toy Story, mas quanta coisa deixamos para trás quando nos tornamos adultos? Alguns amigos da infância, a escola, o clube, as aulas de natação, judô, teatro, música, futebol etc. O tempo é outro, as cobranças aumentam, seu tempo parece ser curto para dar conta de tantos compromissos.

O primeiro “choque” de realidade é quando você se despede do período escolar, em que sua rotina é praticamente a mesma durante anos, e ingressa na universidade. Você encara outro universo, com pessoas de todos os lugares, classes, formações, pensamentos. É um momento libertador para seus preconceitos e atitudes. Daí, abrir mão do seu esquema “escola, cinema, clube e televisão” de certa forma assusta, em princípio.

A visão bem humorada do filme é justamente de quem perde, ou seja, os velhos e inseparáveis brinquedos. Eles se vêem inúteis, esquecidos, largados num baú. Perderam espaço para o computador, para o celular, para os amigos, as namoradas, as saídas.

Viajando um pouco nessa linha, a visão desses brinquedos é semelhante a dos pais, observando seus filhos crescerem até deixarem sua casa. No início, os pais são o centro das atenções, depois vem a escola, os amiguinhos, a vida social, a namorada, que passa ser noiva, depois a esposa até ser... a mãe dos seus filhos. E é o momento da despedida, do olhar para frente que faz a saudade apertar.

No filme, a mãe é categórica: “tudo no seu quarto tem que ter três destinos: ou vai para universidade com você, ou vai para o sótão, ou para o lixo”. Quantas vezes você se vê nessa situação quando resolve arrumar seu “velho armário de guerra”? Você encontra desenhos, cadernos, anotações, boletins, enfim, lembranças de uma etapa da vida que não volta mais. E aí, joga-se fora ou guarda até a próxima arrumação?

Das poucas coisas que guardei, me restaram os boletins, as cadernetas, os emblemas das séries (eu estudei no saudoso Pedro II!), algumas fotos da galera e algumas camisas do uniforme. Essas últimas inclusive guardam um lance engraçado. Sempre no último dia de aula, pedíamos aos colegas para assinarem, deixando uma mensagem na camisa, como uma recordação daquele ano. Pois bem, anos mais tarde, quando você encontra essas camisas em tamanho bem menor que as atuais (se não cresceu, você no mínimo engordou alguns quilos!), percebe-se que não se lembra da metade daquelas assinaturas, daí você se pergunta, pra que guardei isso até hoje?

Dos meus brinquedos, acho que doei tudo e só lamentei (de fato) doar toda a minha coleção de lego.

23 de fevereiro de 2011

Todo dia é dia de bem estar


A Globo aposta num novo programa matinal com tema bem apropriado: Bem Estar.

Falar de estilo de vida, hábitos saudáveis, alimentação, atividades físicas, acompanhamento médico, exames periódicos, com participação de especialistas da saúde. Dicas de como obter bons hábitos sempre valem a pena, mas me parece um pouco revive do Globo Repórter que semana sim semana não o tema é... saúde.

No jornalismo, estudamos a parte de “serviço”, ou seja, quando a pauta é didática, educativa, para prestação de serviço à sociedade com dicas, informações úteis etc. Pois bem, o jornalismo da Globo vem tentando fazer isso com matérias no Fantástico, no próprio Globo Repórter, às vezes no RJTV, e agora com mais esse programa. Acho interessante por um lado, porém tenho certo preconceito com esse tipo de formato “vamos ensinar ao povo”. As matérias nem sempre são claras, por falta de tempo, são superficiais e, ao invés de esclarecer, deixam mais dúvidas, quando não, deturpam.

A idéia do programa, pelo que entendi, é tentar explorar esses temas de maneira mais informal possível (com linguagem fácil), porém sempre com uma opinião de algum especialista. Para isso, eles contam com um endocrinologista, pediatra, infectologista, preparador físico e um cardiologista. Talvez, o que difere de um programa jornalístico comum é de fato a participação do público, enviando dúvidas por e-mails. Mas será que esse formato vem para ficar?

É fato que hoje as pessoas se preocupam mais com sua saúde, apesar da vida corrida, do estresse diário e das cobranças no trabalho, na família etc. Pensar em si próprio, cuidar do seu bem estar é evitar sérias conseqüências, como um diabete, um infarto, ou doenças piores. Mesmo sem saber o que espera por nós no futuro, podemos evitar certos riscos de morte mudando pequenos hábitos.

O senso comum diz que a receita básica é alimentação saudável e prática de exercícios físicos. Ok, mas levanta a mão aí quem consegue levar essa vida exemplar todos os dias? As comemorações, as churrascarias, rodízios, fast-food e guloseimas estão aí para provar que as tentações são múltiplas e constantes. Outro desafio é tirar uma hora por dia para se exercitar, seja na academia, seja na praia, seja na quadra, ou em casa mesmo.

Comecei o ano de 2011 com a velha meta “emagrecer, emagrecer, emagrecer”! Depois de mais de seis meses parado por conta de uma torção, e inúmeras sessões de fisioterapia, voltei e estou tentando manter uma rotina de exercícios, combinado a uma alimentação balanceada (pelo menos durante a semana). Por enquanto está dando certo.

O acompanhamento de uma nutricionista amiga está incentivando a parte da dieta (afinal, tem que dar resultado na balança), e as atividades físicas já foram liberadas depois da receber alta da fisioterapeuta. Prefiro não contar vantagem antes do final, mas realmente espero (porque o único beneficiado nessa história sou eu mesmo!) escrever um outro post contando os bons frutos dessa vida saudável.

E você, o que faz para ter uma vida saudável? Se não tem, qual sua “desculpa”?

Confira o primeiro programa Bem Estar

21 de fevereiro de 2011

E a bateria acabou...


Acho incrível essa tecnologia capaz de oferecer um celular com filmadora, internet 3G, GPS, TV digital e milhares de aplicativos fantásticos. Só esquecem de desenvolver uma bateria capaz de durar o tempo suficiente para aproveitar as ferramentas disponíveis pelo aparelho.

O que adianta?

15 de fevereiro de 2011

Discurso do Rei - o filme


Vale a pena fazer um comentário desse filme que está entre os favoritos para o Oscar esse ano. O Discurso do Rei traz dois atores impecáveis, cada um com seu brilhante talento, sem ofuscar um o outro. O principal, Colin Firth, interpreta o então duque de York, que se torna o George VI do Reino Unido, depois que seu irmão mais velho abdica o trono. E seu fiel companheiro (mais psicólogo que fonoaudiólogo!) Lionel Logue, interpretado por Geoffrey Rush.


O filme foca no problema da gagueira do duque, e como ele e sua esposa (mais sua esposa que ele) buscaram todas as alternativas para o tratamento, até encontrarem o profissional Lionel, que tinha suas técnicas nem um pouco convencionais. Ao invés de o diretor assumir a linha cômica, ele optou por algo mais dramático, mas nem por isso pesado. Há sim momentos engraçados, mas ali o caso da gagueira é muito mais sério e esconde alguns traumas de infância. Um deles é que a velha babá do pequeno "Bertie", como era chamado pelos familiares, lhe deixava horas sem comer de propósito (porque preferia o irmão mais velho), o que gerou sérios problemas estomacais.

Tímido e inseguro, Albert hesitou em aceitar o trono britânico, quando seu irmão abdicou. Seu principal medo era encarar o público, especialmente em seus discursos. O filme tem um ritmo lento, mas não arrastado, muito menos chato. As cenas de Lionel ensinando e aperfeiçoando a fala de Albert são ótimas. A voz do rei e seus discursos de ânimo ao seu povo diante da Segunda Guerra Mundial se tornam fundamentais. O engraçado no filme é como a história da época (lembrando que vivia-se o período de guerra) passa ser coadjuvante diante dos desafios particulares do rei.

14 de fevereiro de 2011

Por um homem


Por um homem uma nação se revolta, invade as ruas, praças, mancham seus monumentos, picham seus muros.
Por um homem, há uma rebelião incontrolável, civis em luta com militares, sangues, estilhaços, quebra-quebra, presos.
Por um homem, o mundo pára para acompanhar a fúria de um país.
Por um homem, a nação grita, pede socorro, clama por mudança, reivindica a liberdade.
São dias, semanas até que finalmente o tal homem renuncia.
A praça continua lotada, bandeiras agitam, gritos se ecoam. A vitória foi anunciada.
Por um homem, as imagens se invertem. Homens se abraçam. Militares e civis se unem. Tanques de guerra servem de pódio. Uma nação passa a comemorar sua liberdade.
Por um homem, o governo de um país se transforma, se recicla.
Como pode o poder se concentrar na figura de apenas um homem?
Como pode uma nação se rebelar por causa de um homem?
Hosni Mubarak já não é mais O homem do Egito.
Depois de 18 dias de protestos, o povo deu fim aos seus 30 anos de governo.


  foto Emilio Morenatti A/P


3 de fevereiro de 2011

Sombra azul


Todo dia ela está lá: no longo corredor, esfregando o chão com sua vassoura mágica, trazendo brilho ao caminho dos transeuntes. São poucos que a enxergam, para falar a verdade. Parece que ela já faz parte da paisagem, assim como um quadro, um tapete, um vaso marajoara. Sua vestimenta também não ajuda. O uniforme verde, sem graça, largo, pesado, esquisito não contribui para seu visual, não valoriza suas curvas de 30 anos.

As pessoas passam para lá e para cá, desviam do chão molhado, mas não param para reparar quem é aquela moça de uniforme verde que todos os dias cuida da limpeza do ambiente. Sua pele mulata, seu cabelo preso, seu modo contido escondem sua identidade. Qual será seu nome? Não importa, ninguém precisa saber quem ela é...

Ela é mais uma “moça da limpeza” que nos rodeiam no ambiente de trabalho. Porém, ao contrário da Dona Maria do cafezinho, do Seu Airton motorista do ônibus e outros que ainda trocamos algumas falas diariamente, ela não “precisa” falar enquanto executa sua tarefa brilhantemente.

Um dia, no caminho ao banheiro, reparei um detalhe nela. Ela usava uma sombra azul. O olhar parecia mais claro, mais visível. Seu rosto se fez presente. O uniforme verde, esquisito e pesado, continuava lá. Seu cabelo continuava delicadamente preso. Mas sua fisionomia parecia ganhar uma luz. Foi inevitável o... “bom dia”. Prontamente ela retribuiu com outro “bom dia”, e pela primeira vez sua voz foi ouvida. Ela é real!

Talvez poucas pessoas perceberam tal diferença naquele olhar. Talvez poucas mulheres atentas repararam no gosto duvidoso daquela moça. Mas o que importa se tal maquiagem é adequada ou não, se é de bom gosto ou não? O efeito objetivo foi percebido atingido . Ela agora é vista como “a moça da sombra azul”. Ela continua varrendo o corredor, dando brilho no caminho alheio, limpando o ambiente. Mas agora deixou de ser um “objeto” humano.

Estranhamente não enxergamos aqueles que trabalham diariamente ao nosso redor. Tornamo-nos máquinas humanas, imperceptíveis, robóticos, desumanos. Despimo-nos dos uniformes, do protocolo, das formas e condutas. Colocamos um sorriso no rosto, desafiamos o próximo com um “bom dia”, “dá licença”, surpreendemos com nossas atitudes para sermos... vistos!  Afinal, devemos ser todos iguais.