25 de setembro de 2010

Livro: Faz Parte do Meu Show

Pelo título acima, já desconfia de quem se trata, certo? Pois esse livro, apesar de não receber declaradamente o nome do poeta e músico Cazuza, é uma “autobiografia” de sua vida após a morte terrena. Assim como no livro Nosso Lar, em que o médico André Luiz narra sua própria experiência no mundo espiritual, após seu desenlace; este romance “Faz parte do meu show” também é um retrato com detalhes emocionantes da experiência de Cazuza no novo mundo.


O processo de auto-conhecimento, suas dúvidas sobre o “despertar” para vida imortal e a descoberta desse novo mundo estão contadas da forma mais natural, espontânea e irreverente, bem peculiar do poeta exagerado que fora. Talvez seja esse estilo na escrita que “denuncie” o autor do livro, mostrando que ninguém muda seu jeito de ser mesmo depois da morte. Aliás, há sim uma mudança significativa no que diz respeito aos novos princípios e valores de um ser que viveu intensamente sua vida terrena, não poupando sua saúde.

O artista debochado, rebelde, envolvido com mundo de sexo, drogas e muito rock´n´roll dá lugar a um espírito consciente, longe de ser perfeito, mas a procura de sua evolução espiritual, capaz de reconhecer seus erros terrenos e, o mais importante, tentar corrigi-los procurando praticar a caridade e buscando no trabalho o seu caminho para o tal crescimento pessoal. Artista, ele não deixa de ser, tanto que se envolve com espíritos afins, tão famosos quanto ele, para promover shows de arte e música com objetivo de despertar espíritos situados em regiões de sofrimento no mundo astral.

 Uma das passagens mais interessantes do livro é quando ele reconhece o velho guerreiro, Chacrinha, como um grande comunicador e provedor desses shows. É Chacrinha quem convida Cazuza a voltar a trabalhar com música, seu maior talento como artista. Ele passa então a escrever letras, tão bem feitas como as que conhecemos, entretanto, com outro tipo de mensagens, certamente mais impactantes e significantes para os que lá habitam. Para nós, leitores, o fascinante é perceber que a vida lá continua para eles, de certa forma, com os mesmos prazeres saudáveis que cultivamos por aqui. Ao mesmo tempo, música e arte ganham função evangelizadora, servindo de instrumentos do bem-fazer, capaz de atrair e despertar os espíritos ainda sofredores ou ignorantes para conhecimento, a verdade e a luz.

Depois de passar por um momento obscuro, de sofrimento e angústia, o personagem recebe ajuda e reconhece sua fragilidade. O mais bacana é perceber que parte dessa ajuda veio justamente de pessoas que conviveram com ele na Terra, como os amigos mais próximos e a sua mãe, que juntos resolveram criar uma importante obra de caridade conhecida como a Sociedade Viva Cazuza. Indiretamente, o próprio recebeu fluidos positivos que só aceleraram seu processo de recuperação, deixando o período no umbral e passando para o tratamento de socorro em hospitais espirituais. Já consciente de tudo que passou, Cazuza recebe autorização para voltar a Terra, em espírito, para rever parte de seus entes queridos, seus lugares prediletos (como a praia do Arpoador), como também lugares não tão agradáveis que serviram de cenário dos momentos de vícios e exageros da carne, durante sua encarnação. Foi nesse momento, que ele pôde perceber o quanto suas ações terrenas geraram conseqüências degradantes, sofrimentos e doenças que não só atingiram seu corpo, mas principalmente seu perispírito e espírito.

Diferente de Nosso Lar, a leitura desse romance, escrito por Robson Pinheiro e psicografado pelo espírito Ângelo Inácio (que serviu de "intermediário" para esta obra), é bem mais simplificada, mas nem por isso deixa de ser intenso e rico. Ao contrário, para aqueles que não têm leitura de obras espíritas (ou seja, não costuma ler romances já consagrados e clássicos da doutrina), esse é um livro muito bom para começar a entender o “outro lado da vida”. Vale muito a pena ler! E quem sabe no futuro próximo não venha despertar o interesse de algum cineasta para transformá-lo em um longa?

Para finalizar, vale citar as palavras do espírito Ângelo Inácio: "O autor das palavras preferiu não se identificar diretamente; todavia em seus apontamentos, fica a sua marca. Quanto a mim, fui convidado tão-somente a auxliar o intérprete destas experiências com meu jeito escritor e repórter dos dois lados da vida. Sei que este trabalho causará polêmicas, discussões e rebeldia. Afinal, de uma forma ou de outra, todos somos rebeldes, exagerados... aprendizes. Talvez, mesmo, apenas simples aprendizes do grande artista cósmico: Deus. E, como principiantes, ao compor a música de nossas experiências, erramos, gritamos, ou choramos. Exageramos nas atitudes e nos punimos ao realizar o próprio julgamento, no tribunal de nossas consciências. Até o momento em que descobrimos que, com nossa arte, por mais singela, é possível participar da orquestra divina, do show da vida".

9 comentários:

Ju disse...

O livro é muito bacana mesmo, e o mais interessante e gostoso é que por ser uma narração contemporânea, a linguagem acompanha! Se tornando fácil e fluída.

O livro possui várias mensagens espiritas muito bonitas, eu comprei sem a menor pretensão esse livro e gostei bastante!

beijos, ju

Anônimo disse...

Eu li mas fikei com algumas dúvidas. Li Um roqueiro no além e se não me falha a memória, o Raul ficou uns 14 anos (nas contas dele) dentro da cova e umbral. Se desencarnou em 1989 ficou até 2003... no livro do Cazuza ele narra que o show da vida coincidiu com o rock in rio II e o ano era 2001. No mais , amei o livro.

Anônimo disse...

Olá interessante este blogue parece muito desenvolvido.........bom estilo:)
Amei faz mais posts assim !!

Anônimo disse...

Não gostei do livro achei ele incompleto, mas tem essa psicografia do cazuza de 1996: http://www.4shared.com/document/qvQupRbL/PSICOGRAFIA_-_CAZUZA.html

Anônimo disse...

Não gostei do livro psciografado, achei ele incompleto, mas tem essa psicografia do cazuza de 1996 que muito mais interessante que o livro: http://www.4shared.com/document/qvQupRbL/PSICOGRAFIA_-_CAZUZA.html

Anônimo disse...

Mais um livro que depõe contra a Doutrina Espírita. Minha avó sempre disse que o diabo mora nos detalhes, os críticos do espiritismo também. Senão, vejamos.

Em determinado pondo do livro, o suposto artista desencarnado diz: "Existem muito mais cosias do que supõe a nossa vã filosofia, diz ditado". Ora, sabemos que esta citação não é um ditado, e sim um trecho de Hamlet, de William Shakespeare. E sabemos, também, que, se Cazuza não tinha grande evolução moral, intelectualmente trata-se de um Espírito culto e letrado. Não cometeria uma gafe dessas.

Não vemos esses deslizes em obras dos grandes e reconhecidos autores do verdadeiro Espiritismo. Desculpem-me, pode até ser considerada uma obra mediunica. Espírita, não é.

Renato

Anônimo disse...

Acho triste e lamentável encontrar na net supostas psicografias, ora ditadas por esse ou aquele artista. E, quanto leio fico horrorizada com tamanha falta de bom senso do tal médium que as escreveu. Li coisas horríveis como a tal psicografia da Dercy Gonçalves, depois foi da Hebe. O que vemos são médiuns querendo status, enquanto o lado realmente sério e espiritual fica totalmente de lado.
Deplorável. Vejo médiuns que vivem de psicografias, comercializam o espiritismo.

May Family disse...

A resposta você mesmo escreveu, "14 anos na conta dele" nem sempre depois da morte temos tanta clareza, además do outro lado o tempo é diferente...

Unknown disse...

Renato, também tive esta dúvida. Mas não podemos comparar Cazuza com grandes autores espirituais como Joanna de Angelis e Emmanuel! Justamente por ele ser mais "comum" (assim como nós) a linguagem é mais simples que a de outros autores, como disse a Ju. Estou no meio do livro e estou dando um crédito. Mas, para mim, é mais importante é captar a mensagem do do que tentar descobrir a veracidade de tudo.