O
filósofo francês Pierre Levy é o criador dessa expressão “cibercultura” que vem
sintetizar o mundo digital com múltiplos usos. Ele apresenta três princípios
fundamentais para o programa da Cibercultura: a interconexão, as comunidades
virtuais e a inteligência coletiva. Esta última se trata da troca de
conhecimentos pelos meios digitais, e este veículo pelo qual escrevo é um
deles!
Em uma
recente palestra realizada aqui no Rio, Levy ressalta o papel de cada um de nós
– atores da nova mídia – nesse mundo globalizado. Isso porque as tradicionais
mídias estão ameaçadas pelas novas mídias, uma vez que hoje qualquer pessoa é
um publicador de idéias, um emissor, sem restrições técnicas. “O mais
importante dessa nova esfera pública é a liberação da expressão pública. Este
fator de liberdade é surpreendente”, afirma o filósofo.
Ao mesmo
tempo, a gama de informações é infinita (não limitada ao seu país, como todo o
mundo, quando não existe ditadura, é claro!), o que nos leva, consequentemente,
a uma certa seleção das fontes. “Hoje, você tem acesso aos verdadeiros atores,
da forma direta, já que todo mundo pode se expressar, não precisa mais do
intermediário, como o jornalista, o editor etc”, diz Levy, que completa: “você
tem que decidir o que vai considerar importante, porque sabe que há uma
infinita fonte de informações”.
Então aí
está a chamada inteligência coletiva, quando você – ao criar sua própria
memória (criando um blog, categorizando os assuntos, marcando vídeos no youtube
etc.) – influencia outras pessoas com seu comportamento. O rastro de
informações leva outros a seguirem suas próprias fontes. “Toda vez que
‘curtimos’ um comentário, ou colocamos uma aba numa informação, estamos
ajudando as pessoas a verem as informações do mesmo modo que observamos.
Portanto, há uma responsabilidade nisso”, aponta o estudioso.
É quando
ele afirma também que tudo que está na rede é potencialmente público, ou seja,
não rola segredo na internet. “Quer algo privado? Mantenha em sua mente, porque
há câmeras em toda parte”, brinca Levy. Então, já que privacidade é uma luta
perdida, devemos lutar pela verdadeira democracia e exigir que os governos,
mídias e empresas sejam mais transparentes. “Se você busca confiança do seu público,
então deve prezar pela transparência. A comunicação na nova esfera pública é
baseada na confiança e na transparência, além da sedução da multimídia, com as
interfaces”, diz o filósofo que conclui: “Somos capazes de gerenciar
informações de forma sinérgica, para formar uma memória comum. Usando essas
novas ferramentas, seremos mais poderosos. Portanto, o que necessitamos hoje é
de uma alfabetização da inteligência coletiva, porque sem educação, sem
aprendizado, não será possível explorar essas ferramentas para o desenvolvimento
humano.”