27 de março de 2008

O novo Michael Jackson da praça

Ele não chama atenção pela sua altura, nem por sua estrutura corpórea. Não rebola à la Ricky Martin, apesar de ter um passado parecido com o ex-menudo. Não tem nem voz de homem, pra falar a verdade. Mas faz um grande sucesso, principalmente entre as mulheres. Num estilo bôemio à moda antiga, com seu terno bem cortado, colete e gravata milimetricamente afrouxada, ele se arruma como um malandro do hip hop. Sua música impressiona. Uma mistura de batida sensual, com tons eletrônicos-chave e letras para lá de excitantes. Ao contrário do seu... digamos mentor, ele já nasceu branquelo. É impossível não o comparar ao showman que foi, talvez não seja mais, Michael Jackson. Às vezes é impossível acompanhar seus pés. Esses são instáveis. Jogo de corpo, cena, estilo e canto faz do novo Michael a sensação das menininhas. Seu modelo de cera, na Madame Tussaud´s, em Londres, já está cheio de beijinhos e abraços dessas tais menininhas. Já fez parte de um grupinho de boys singers, já teve seu caso com a suposta substituta de Madonna (mas longe, bem longe de ser) porém até agora não teve nenhum escândalo envolvendo criancinhas. Não por enquanto. Ele ainda está de caso com a fama. E parece que este romance deve continuar por um tempo. Está tentando renovar o estilo de cantor de hip hop de boné-cordões-mulheres. Como já dito, seu guarda-roupa, aparentemente, não combina com seu tom quase afeminado, muito menos com o tipo de música. Mas está aí a diferença. Ele quer ser o diferente. Seu último CD é daqueles que poderia tocar direto em uma festa. Mas os clipes são melhores, porque unem cor, luz, dança, canto e, mais uma vez, estilo. Justin Timberlake tem seu estilo próprio e ponto final.

20 de março de 2008

Cumplir año

Quando chega o dia do nosso aniversário, a sensação que temos é que o nosso ano novo chegou. È certamente um momento de introspecção, tomando consciência de si mesmo, daquilo que criamos, construímos até então. Assim como refletimos também sobre nossas futuras aflições, das perspectivas do que viraremos a ser a partir do que somos hoje.

Mais um ano cumprido. Portanto, estamos concluindo, completando mais uma etapa da vida terrena. E como concluímos? O que nos tornamos? Como somos vistos? O que construímos até agora?

Perguntas essas que me faço quando “cumplo año”. Daí percebo o quanto já andei, aprendi, dormi, sonhei, lutei, gozei, desfrutei, perdi, cansei, fracassei, encontrei, busquei, achei, iludi, acertei, errei, sorri, chorei, desarrumei, reclamei, acolhi, escutei, abracei, beijei, ignorei, briguei, pensei e cheguei.

Um ano a mais talvez não faça a diferença, em uma linha do tempo em que nos engana com sua fugacidade. O tempo é cruel. Ele nos apresenta uma falsa face eterna juvenil, capaz de nos burlar, entorpecer com vício de Peter Pan. E quando menos se espera, lá estamos velhos. Parece engraçado falar de velhice aos 26 anos de vida. Mas se hoje estou com 26, é porque um dia lá atrás completei 10,15, 18, 21, 25. Isso parece discurso de um saudosista, mas não é.

O tempo passa e não damos importância para isso. Não por enquanto. Ainda estamos na fase das celebrações, da fartura de amigos presentes na comemoração, de pais, avós, tios e irmãos vivos. Vamos comemorar a juventude enquanto há juventude. Anos leves, breves anos. Deixemos para depois a velhice.

De uma coisa estou certo: quando esta chegar, não me soará como um peso enfadonho, como muitos a encaram. O mesmo sorriso estará presente. E este será meu melhor trunfo. Prefiro pensar que enquanto há vida, há de comemorar sempre, porque faz parte do meu ano novo.

12 de março de 2008

Isto é Bossa Nova, isto é muito natural

E num encontro inusitado, passando rapidamente por uma esquina, deparo-me com Vinícius, Tom e Baden, numa conversa muito animada no boteco Chega de Saudade.

Apesar da pressa, peculiar de qualquer carioca às 4 da manhã nas ruas obscuras do Rio Selvagem, não consegui passar desinteressado pela cena. Percebi que havia uma certa celebração, com infinitos brindes embebedados de whisky e conhaque. A comemoração não poderia ser outra: 50 anos de Bossa. E que bossa!

Tom: - Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, aquela menina, que vem e que passa, com doce balanço a caminho do mar.

Baden: - Ela é carioca, basta o jeitinho dela andar, nem ninguém tem carinho assim para dar. Se você quer ser minha namorada, ai que linda namorada você poderia ser. Se quiser ser somente minha, exatamente essa coisinha, essa coisa toda minha que ninguém mais pode ter.

Vinícius: - Mulher, ai, ai, mulher! Sempre mulher! Dê no que der, você me abraça, me beija, me xinga, me bota mandinga, depois faz a briga só pra ver quebrar! Mulher, seja leal! Você bota muita banca, infelizmente eu não sou jornal!

Tom: - Formosa, não faz assim, carinho não é ruim, mulher que nega, não sabe não, tem uma coisa de menos no seu coração. A gente nasce, a gente cresce, a gente quer amar, mulher que nega, nega o que não é para negar. A gente pega, a gente entrega, a gente quer morrer. Ninguém tem nada de bom sem sofrer, formosa mulher!

Baden: - Chegou, sorriu, venceu depois chorou. Então fui eu quem consolou sua tristeza, na certeza de que o amor tem dessas fases más que é bom para fazer as pazes. Bom é mesmo amar em paz, brigas nunca mais!

Vinícius: - Mas afinal, viemos aqui para comemorar a bossa! E a nossa bossa?

A bossa ainda está viva, repaginada, com novas caras e versões, com outros jargões, mas viva! Viva nas novas garotas de Ipanema, Copa, Leme, Leblon, Barra, nas nights bombantes da Zona Sul ou nas rodas de samba da Lapa, nas caipirinhas de morango com saque, nos quiosques reformados da orla, nas Giseles, Ivetes, Julianas. O samba agora é bossa! A Lapa virou bossa! Calça xadrez, sandália rasteira e óculos-abelha são bossas. O carnaval agora é bossa, com seus blocos que tocam de tudo! O carioca continua sendo bossa.

Vinícius: - E eu, um velho capitão do mato, poeta e diplomata, o branco mais preto do Brasil, ainda sou bossa?

A benção, Vinícius de Moraes! Nas rodas de samba, nos repertórios dos bambas, nos batuques e nos cantos de Toquinho, Chico, Bethânia, Milton, Carlinhos, Menescal, Leila, e nas vozes novas de Maria Rita, Roberta Sá, Batuque na Cozinha, Teresa Cristina...

Tom: - Tenho saudades do Rio Bossa Nova. O Rio da paz, da boemia, da natureza invencível.

Não seremos pessimistas, porém realistas, Tom. O Rio cantado no Samba do Avião ultimamente só é belo visto apenas pela janela do avião. Aqui embaixo, a beleza natural, a paz e a tranqüilidade já não rimam as canções atuais.

Baden: - É melhor ser alegre que ser triste! A alegria é a melhor coisa que existe! É assim como a luz no coração.

É Baden, mas para fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não...

Tom: - Minha alma continua cantando quando vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudades. Rio, seu mar, praia sem fim, Rio, você foi feito para mim! Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara! Continue abençoando esta cidade!

Baden começa a batucar desajeitado na mesa do bar...

Vinícius: - É com esse que eu vou sambar até cair no chão, é com esse que vou, desabafar na multidão, se ninguém se animar, eu vou quebrar meu tamborim, mas se a turma gostar, vai ser pra mim.

Ah, como vocês fazem falta! Vai tua vida, teu caminho é de paz e amor! Vai tua vida é uma linda canção de amor! Abre os teus braços e canta a última esperança, a esperança divina de amar em paz! Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver! Uma canção pelo ar, uma mulher a cantar, uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir a beleza de amar, como sol, como a flor, como a luz. Amar sem mentir, nem sofrer.

Existiria verdade, verdade que ninguém vê, se todos fossem no mundo iguais a vocês!

8 de março de 2008

Dia internacional da Mulher.

Parece mentira, mas em pleno século 21 devemos comemorar o Dia Internacional da Mulher pelo simples fato de que elas ainda não são iguais em direitos em relação ao homem. O mundo ainda é machista.

Ainda ouvimos histórias bárbaras de mulheres violentadas e discriminadas no Oriente Médio, na África e outros cantos do planeta. Cheguei a comentar em outro texto aqui sobre a vida quase desumana que mulheres viviam no período dos talibãs no Afeganistão, esquecidas pelo Estado e mal tratadas pelos maridos.

Mas infelizmente não precisamos ir tão longe para conhecer casos absurdos de maus tratos domésticos. Recentemente, conheci um caso de uma mulher, professora do ensino público, com filhos e netos, que apanhava do marido desempregado. Este, além de viver a custas dela, levava uma vida misteriosa, com negócios obscuros, que nunca quis sair de casa e sempre a ameaçou para que ela nunca o denunciasse. Ao contrário de mulheres ignorantes, que são “obrigadas” a conviver com este tipo de homem, esta além de ser independente, é instruída e conhece bem seus direitos. Mas o medo, a angústia, o pavor de ter seus filhos e netos ameaçados por este homem, sempre a forçou se manter calada. Depois de muitos acontecimentos quase trágicos, e com ajuda de amigos, ela denunciou para polícia federal e hoje ele já está fora de casa, longe dela.

Quantas mulheres ainda não vivem esta situação?

Por outro lado, o Dia Internacional das Mulheres serve também para homenagearmos aquelas mulheres que fazem a diferença. Mulheres que brigam pelos seus direitos, que lutam pela igualdade. Mais que isso, ensinam seus filhos o que é ser um verdadeiro cidadão, respeitando a mulher na sociedade. Muitas são matriarcas e, portanto, responsáveis pela base de uma família, a base da educação, do amor e respeito ao próximo, base da cidadania.

Não posso deixar de homenagear aquela que me deu a oportunidade de vida! Esta que me ensinou os valores morais desde cedo, entre eles, o de sempre respeitar a mulher, principalmente no casamento.

Essa falta de respeito e valorização da mulher advém da sociedade machista, arraigada há séculos. A própria mulher, por muitos anos, foi educada a aceitar, por exemplo, a infidelidade do homem, o papel de mãe e de dona de casa e até a submissão ao marido.

Esse tipo de educação não está tão ultrapassado assim. A mãe de uma grande amiga educou sua filha a deixar seu namorado transar com outras mulheres para que ela não perdesse cedo sua virgindade. Chega ser absurdo imaginar uma mãe “moderna” ter um pensamento tão machista assim.

Ao contrário desta visão machista, a minha sempre me ensinou que fidelidade não é um “privilégio” das mulheres, porque foram educadas assim. Os homens devem ser fieis tanto quanto as mulheres, sendo o princípio número um da relação entre homem e mulher. O respeito ao Dia Internacional das Mulheres deve começar por aí.