22 de maio de 2017

Chapada dos Veadeiros – Recanto das Cachoeiras




O cerrado brasileiro guarda um dos cenários mais incríveis do País. Chapada dos Veadeiros, em Goiás, a cerca de 250 km de Brasília, é um lugar cercado de belas cachoeiras, montanhas e trilhas fantásticas. O lugar virou destino certo para os aventureiros que curtem a natureza, sem luxo nem ostentação. Desde 1989, a região passou a receber turistas de todas as regiões, mas nós cariocas estamos descobrindo esse paraíso de uns anos para cá e cada vez mais aumenta o número de visitantes. Em alta temporada, algumas cachoeiras chegam a receber dois mil turistas por mês (ou até mais).

Aproveitei a baixa temporada e o período de seca para conhecer a Chapada e aqui conto minha experiência, descrevendo os principais passeios e dando algumas dicas para quem pretende conhecer. Minha primeira dica é escolher o melhor período de visitar a Chapada, por conta do período de chuvas. Este começa no mês de dezembro e se estende até abril. Já o período de seca ocorre de maio a novembro, o que garante cachoeiras com volume d´água menor, mais tranquilo para mergulhar. Eu fui durante o mês de maio e tive a sorte de pegar uma semana sem chuvas.

Vista da estrada para Morro da Baleia
A Chapada dos Veadeiros abrange vários municípios, como Colinas do Sul, Cavalcante e Alto Paraíso. Mas é na Vila de São Jorge, distrito de Alto Paraíso, que se encontra o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, criado em 1961. Alguns turistas optam por dividir entre Alto Paraíso, São Jorge e Cavalcante. Em Alto Paraíso, a estrutura é melhor, com mais opções de restaurantes, comércio, bancos etc. Mas escolhemos a Vila de São Jorge por ser mais próximo não só do parque, mas dos principais passeios. Na vila, há (poucas) boas opções de restaurante, mas vale pela tranquilidade e sua simplicidade. Vila de São Jorge fica a 30 km de Alto Paraíso e a estrada que liga um ponto do outro é perfeita, com visual que vale a pena parar. Uma das cenas mais incríveis foi acompanhar o nascer da lua na estrada, com céu estrelado (pena que não conseguimos registrar).

Para facilitar, separei o roteiro por dias, com as cachoeiras visitadas e suas classificações em relação à distância da Vila de São Jorge (Percurso de Carro – PC), ao tempo de trilha e ao nível de esforço físico. Vale ressaltar que essa classificação é em relação ao nosso esforço físico. Éramos quatro adultos, sendo duas mulheres e dois homens, com condicionamento físico ok, sem dificuldades para trilhas, mas também sem pretensão de fazer correndo o percurso. Em algumas trilhas, paramos algumas vezes para recuperar o fôlego, tomávamos uma água, e seguíamos com ritmo tranquilo. Nosso guia nos ajudou a classificar os passeios indicados para crianças a partir de 5 anos.

Cataratas de Couros
Por falar nisso, adianto que todos os dias fazíamos uma trilha. Em exceção de um ou dois passeios, a maioria exige um tempo de caminhada até a cachoeira. Por isso, é importante frisar que Chapada dos Veadeiros é um lugar para quem curte natureza, caminhar por trilhas de pedras, algumas com subidas e descidas, em áreas com muita vegetação. As fotos geralmente só mostram as belezas imperdíveis da Chapada, mas não demonstram o percurso até lá. 

Como a distância é maior para quem sai de Goiânia (400 km), a maioria dos visitantes prefere sair de Brasília, pegando a estrada GO-118, que tem ótimas condições de conservação, bem sinalizada, e com cenários incríveis. Chegamos à capital federal ao meio-dia e nosso guia nos buscou no aeroporto. Muitos preferem alugar um carro no aeroporto e contratar um guia já em Alto Paraíso ou em São Jorge. Como recebemos indicação do nosso guia, já fechamos um pacote completo, com transfer de ida e volta no carro dele.

Cachoeira Almecega I

Minha dica é contratar um guia, por facilitar o deslocamento na região para os passeios, além de sua orientação nas trilhas e nos melhores pontos turísticos. Nosso guia Alex, super recomendado, se tornou um grande companheiro nas nossas aventuras! Além de atencioso, Alex gostava de parar para tirar fotos (o que para nós é um fator importante, rs) e sempre tinha as dicas imperdíveis dos lugares. Ele foi o responsável pela seleção das cachoeiras em nosso roteiro. Já adianto que não é necessário contratar guia local para o Parque Nacional e outros passeios, mas para Santa Bárbara sim. Sentimos falta de alguns passeios, mas por falta de tempo e por conta da seca na região, optamos em não realizar.

No dia que chegamos, num domingo, não incluímos nenhum passeio porque já era tarde. Apenas deu tempo de ver o pôr do sol do mirante do abismo ou, como é conhecido na região, “disco-porto”, onde se presume que seja o local preferido para os extraterrestres pousarem suas “naves”, segundo os locais. Aliás, toda a região de Alto Paraíso e de São Jorge tem a fama de ser um local privilegiado por atrair objetos voadores não identificados. Há muitos turistas que vão para região para vigiar e tentar encontrar um. A explicação é que o local guarda uma riqueza mineral de fama internacional, já tendo sido um dos principais pontos de exploração no País (na década de 1920). Diz-se que o município está sobre uma enorme placa de quartzo. Para quem chega à cidade de Alto Paraíso, chama atenção o portal da estrada em formato de disco voador, além das lojas e restaurantes que vendem objetos sobre E.T. e esse universo extraterrestre. Ninguém nunca até hoje viu de fato um ser extraterrestre, mas as aparições de ovni para moradores e visitantes acabam instigando ainda mais a curiosidade.



Então, vamos ao roteiro:

1º Dia – Cataratas dos Couros
Primeiro passeio que fizemos foi para as Cataratas dos Couros. Uma sequencia de quedas d´águas incríveis, com visual fantástico. A trilha até a primeira parada é super tranquila, mas conforme descíamos à beira do rio, o nível de dificuldade aumentava. O passeio garante várias paradas para mergulho e fotos, lembrando que em período de chuva, não é possível mergulhar pelo forte volume d´água.


Percurso de Carro (PC) – saída da Vila de São Jorge: 110 km
Trilha: 3.9 km (ida e volta), cerca de 40 minutos de caminhada parando para fotos.
Nível Médio
Custo de entrada: gratuito
Criança – indicada até a primeira parada.


2º Dia – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
Optamos pela trilha até Cânions 2 e Cachoeira das Cariocas. Há três opções de trilhas, sendo que uma delas só é possível por um período do ano, porque são 23 km e exige pernoitar no parque. A segunda opção é para Cachoeira de Saltos, sendo uma boa caminhada de 6 horas totalizando 10 km (com subida intensa no final). Nossa escolha foi pelo prazer de pular e ficar mais tempo na cachoeira, o que em Cariocas é perfeito.

trilha sinalizada no Parque Nacional

Cachoeira das Cariocas
PC – não tem (entrada fica em São Jorge)
Trilha: 11 km (ida e volta), 1h30 de caminhada puxada.
Nível Médio para Difícil
Custo de entrada: gratuito
Não recomendada para criança


3º Dia – Cachoeiras Santa Bárbara e Capivara (cidade de Cavalcante)
A mais disputada cachoeira da região é conhecida por suas águas cristalinas que impressionam. Chegar até lá não é tão fácil. Quem parte de São Jorge, roda 160 km de carro, tendo 30 km de estrada de terra. Dependendo do veículo, após a entrada da fazenda, é preciso pegar um transporte alternativo, do tipo pau de arara, por conta da irregularidade da estrada. Caminha-se ainda uns 30 minutos até a cachoeira, mas nada muito puxado. Há limite de visita por dia, e cada turista pode permanecer até uma hora no local. Em alta temporada, esse tempo diminui para 30 minutos.

Já a Cachoeira da Capivara, a 26 km do centro de Cavalcante, tem uma área maior que Santa Bárbara, recebe sol direto e também é ótimo para mergulhar. A caminhada é um pouco mais íngreme, mas ainda vale a pena conhecer.

Santa Bárbara


PC – 160 km (sendo 30 km de estrada de terra)
Trilha – 1.3 km, 30 minutos de caminhada
Nível Fácil
Custo de entrada: R$20 por pessoa (serve para Capivara também).
Indicada para criança

Capivara


PC – 160 km
Trilha – 1 km, 15 minutos (com descida)
Nível fácil para médio
Indicada para criança


4º Dia – Vale da Lua, Raizama e Águas Termais Morro Vermelho
Quem vai para Chapada, tem que conhecer Vale da Lua. Não existe uma queda d´água como as outras cachoeiras, mas a formação rochosa é tão diferente, que a sensação é que realmente você está andando na lua. Em período de seca, é possível mergulhar entre as rochas e a experiência é incrível! 
Há algumas cavernas que vale a pena desvendar. O trecho de rochas não é tão longo e a piscina formada no final do passeio é convidativo. 

Já Raizama é uma cachoeira que fica em uma propriedade meio louca (rs), onde havia shows num palco peculiar, cercado de figuras da música internacional. Vale uma pausa para tirar fotos nos instrumentos velhos que servem de cenário. A cachoeira é bem tranquila, assim como sua trilha. A queda d´água mesmo a gente não vê porque ficar numa área de difícil acesso. Vale o mergulho.

Para terminar bem o dia, uma parada nas águas termais que garantem um relaxamento nos pés cansados das caminhadas. A água morna que brota do solo é convidativa para ficar nas piscinas artificiais criadas. Na entrada, diz que é proibido levar bebida (principalmente garrafa de vidro), mas nós conseguimos levar um vinho para curtir até umas 20h30 o local. 

Vale da Lua


PC – 12 km
Trilha – 1 km, 15 minutos de caminhada
Nível fácil
Indicada para criança
Custo de entrada: R$20 por pessoa

Raizama


PC – 3 km
Trilha – 3.5 km, 40 min de caminhada
Nível médio (muitas pedras)
Indicada para criança (com dificuldade)
Custo de entrada: R$20 por pessoa

Águas Termais Morro Vermelho
PC – 13.5 km
Trilha – não tem trilha (só 5 minutos da entrada até a piscina)
Nível – fácil
Indicada para criança
Custo de entrada: R$20

5º Dia – Cachoeira do Segredo
Uma cachoeira reveladora, com uma queda d´água fantástica, formando uma grande e profunda piscina. O caminho de terra não é fácil nem para carro, passando pelo rio algumas vezes. Dependendo do período do ano, o sol não chega na queda, o que deixa a água ainda mais fria. Mas vale muito a pena encarar a caminhada de 6 km, sendo, particularmente, uma das cachoeiras mais bonitas da região.

caminho para Cachoeira do Segredo

Cachoeira do Segredo

PC – 20 km
Trilha – 6 km, 1 h de caminhada*
*em período de seca. Em período de chuva, o estacionamento é mais distante, o que aumenta para 9 km a trilha
Nível médio para difícil (muitas pedras)
Custo de entrada: R$20
Não indicado para criança

6º Dia – Almecegas 1 e 2, Cachoeira São Bento
Almecegas 1 e 2  além de São Bento ficam em um hotel fazenda entre Alto Paraíso e Vila de São Jorge. Para quem viaja por curto período, esse passeio é uma ótima opção, por ter três opções boas de cachoeiras para conhecer. Almecega 1 é sem dúvida a mais bonita e interessante, com uma queda d´água exuberante! Em todas as paradas, um mergulho quase obrigatório!

Almecega I
vista do mirante Almecega I
 São Bento
Cachoeira São Bento

PC – 26 km
Trilha – 1.5 km (até Almecega 1), 30 minutos
Nível médio (Almecega 1)**
Custo de entrada: R$30 (vale para os 3)
Indicada para criança
** não há trilhas para Almecega 2 e São Bento, apenas uma caminhada

7º Dia – Cachoeira Morada do Sol
Nosso último dia de passeio na Chapada foi nessa cachoeira  super tranquila e deliciosa. Caminhada leve, próximo à vila, e uma queda pequena, mas nem por isso deixa de ser convidativa para um mergulho. É para relaxar mesmo e aproveitar os últimos minutos nesse paraíso.


PC – 6 km
Trilha – 1.3 km, 15 minutos caminhada
Nível fácil
Custo de entrada: R$20
Indicada para criança


Ficou de fora...
Ainda faltaram alguns passeios, mas que nosso guia nos ajudou a classificar. São eles:
Parque Nacional – trilha Saltos
PC – não tem / Trilha – 10 km, 1h40 (cada trecho) /Nível difícil
Mirante da Janela e Cachoeira do Abismo*
*apenas em período de chuvas
PC – 2 km / Trilha – 3.5 km, 1 hora / Nível muito difícil
Poço Encantado
PC – 80 km / Trilha – 5  minutos / Nível fácil – indicado para criança
Cachoeira dos Cristais
PC – 40 KM de São Jorge / 10 km de Alto Paraíso / Trilha – 1 km, 20 minutos caminhada / Nível fácil – indicado para criança
Cachoeira Loquinhas
PC – 40 KM de São Jorge / 6 KM de Alto Paraíso / Trilha – 1 km, 20 min / Nível fácil – indicado para criança

É difícil classificar quais são as melhores cachoeiras, porque depende do gosto de cada um. Geralmente, optamos em conhecer aquelas mais badaladas, mas nem sempre o tempo de viagem permite, ou pela distância, ou pelo nível de dificuldade, ou pelo período de chuva/seca que também influencia. Particularmente, classifico as 12 cachoeiras que tive a oportunidade de conhecer por ordem de beleza natural e possibilidade de mergulhar. 1º Catarata dos Couros; 2º Vale da Lua, 3º Segredo, 4º Parque Nacional (Cânions e Cariocas), 5º Santa Bárbara, 6º Almecega 1, 7º Capivara, 8º Morada do Sol, 9º Raizama, 10º Almecega 2, 11º São Bento, 12º Águas Termais.

Mais dicas...

O que comer?
Tanto para quem fica em São Jorge quanto para quem prefere por Alto Paraíso, há várias opções de restaurantes, com preços justos. Em alguns passeios mais distantes, optamos em almoçar no meio do caminho, ou próximo da cachoeira. Foi o caso do restaurante dentro da fazenda onde se encontra a Cachoeira de Santa Bárbara, em Cavalcante. Restaurante simples com comida caseira e deliciosa. A famosa matula, comida típica dos tropeiros na região feita com feijão, mandioca, farofa de carne seca e outras carnes, experimentamos no Rancho do Waldomiro, na estrada.

Vale experimentar:
Santo Cerrado Risoteria – o melhor restaurante da Vila de São Jorge. Um risoto serve para 2 pessoas, com preços na média de R$70
Rancho do Waldomiro – matula com acompanhamentos – R$30
Restaurante Nenzinha – comida caseira, serviço a quilo, até 17h.
Luar com Pimenta – a comida é boa, mas o serviço é péssimo!
Papa Lua – serve crepe e pizza com preço justo
Pousada Água das Flores – serve tanto almoço quanto jantar, com pratos executivos com ótimo preço.
Jambalaya (Alto Paraíso) – restaurante mais chique com excelentes pratos, custo um pouco maior


O que levar?
- Repelente e protetor solar para todas as trilhas
- água e garrafa térmica para as trilhas mais demoradas
- Vale preparar lanche ou levar biscoitos e barras de cereal para aguentar o almoço só no final do passeio
- Tênis confortável para as caminhadas. A melhor opção é a bota para trilha, que protege e ainda é resistente à água dos rios, além de evitar escorregar.
- Toalha e roupa de banho, porque é possível mergulhar em quase todas as cachoeiras.

Alex guia – roteirosluardachapada@gmail.com / (62) 9 9913-2705 ou (62) 9 8104-1348
Pousada Caminho das Cachoeiras
Vila de São Jorge - Alto Paraíso / GO
(61) 9921-2672 / (61) 9807-4342/ (62)98591-1123/ (62) 3455-1045

19 de maio de 2017

Jeri – O paraíso é aqui!




Jericoacoara é uma cidade a 300 km de Fortaleza que faz jus à fama de Paraíso! Chegar nesse recanto não é uma tarefa fácil, mas vale muito a pena viver a experiência. Conheci Jeri, como é conhecido, em 2002, e confesso que na época não tinha gostado muito. Não havia estrutura na pequena vila de pescadores para atender aos turistas. Tanto a hospedagem quanto o comércio local eram bem precários, e o que valia mesmo era a beleza natural. As praias, os lagos, a tranquilidade, tudo isso garantia um recanto único, que atraia turistas de todos os cantos do mundo.


Na época, a única forma de transporte era ônibus até a Jijoca e depois se encarava 1h30 de pau de arara, sacolejando pela estrada de terra, com vários buracos. Conforto nenhum. A viagem levava cerca de 7 horas do centro de Fortaleza até a vila de Jeri. Hoje, o mesmo percurso pode ser feito por 4 horas, em caminhonetes 4x4, com todo conforto, pegando a rota pela praia do Preá até o Parque Nacional de Jericoacoara. Foi o que fizemos nessa viagem e super recomendo. Ainda existe a opção de ônibus e pau de arara, mas acredito que vale o investimento do transfer particular (ou compartilhado, como foi nosso caso).


Ao chegar em Jeri, é comum as pessoas demorarem um pouco para entrar no clima da vila. Primeiro: esqueça calçado. Você não vai precisar usar. Sério! Só se anda de chinelo ou sandália. As ruas são todas de areia e mesmo que você programe jantar num lugar mais refinado, você certamente vai de chinelo e ninguém vai reparar!

Árvore da Preguiça


Segundo: esqueça internet no celular e sinal, porque são difíceis de encontrar na vila. Isso é um ponto ótimo, porque você literalmente se desliga do mundo e vai curtir o que há de melhor na cidade! Deixa para conferir mensagens, e-mails e telefones quando voltar para a pousada, quando tiver wi-fi. Terceiro: aventure-se! Jericoacoara é cercada de dunas convidativas, lagoas, praias e, portanto, muitas opções de aventura! Passeio de buggy ou quadriciclo é obrigatório! Seja para o passeio até as Lagoas Azul e Paraíso (direção leste), seja para Tatajuba e suas dunas encantadas e a Lagoa Grande (direção oeste), onde encontram-se o famoso skibunda e o tobo-água.

Duna do Pôr do Sol

Quarto: programa-se! Esse deveria ser, na verdade, o primeiro item! Se você pretende viajar no período entre janeiro e junho, prepara-se para a temporada de chuvas! Vantagem: período de lagoas cheias, como Lagoa Azul e Lagoa Grande, e pouquíssimo vento, o que se torna um convite para praticar o SUP (Stand up Padle) – há vários pontos de aluguel de prancha. Desvantagem: você pode encarar pancadas de chuvas ao longo do dia! Isso não significa que terá sua viagem perdida, afinal, lembre-se: você está no nordeste! O que pode acontecer é você programar um passeio para praia ou lagoa, e o dia ficar um pouco nublado, mas nunca chover o dia inteiro. Já para quem optar viajar entre julho e dezembro, a garantia de sol quente (eu disse QUENTE) é muito forte! Prepara-se para muito protetor solar, porque o bicho pega no verão deles! Ah, claro, o vento também é um elemento muito presente nessa época. É justamente a época que os fãs de Wake-surf e Windsurf se esbaldam nas praias de Jeri. O Club do Vento, um beach club, aluga todo equipamento para a prática dos esportes. Como fui em maio, não havia vento, o que garantiu praticar o que mais gosto: SUP. O aluguel de prancha sai por R$30 por uma hora (Club do Vento), já nas Lagoas, eles costumam cobrar o mesmo valor, só que por meia hora.

Club do Vento na Praia de Jeri

Quinto: fique de olho na tabela das marés. Não sei se você já sabe, mas todo litoral nordestino tem sua “programação” baseada nessa tabela. O motivo é simples: com maré alta, muitos passeios podem ser prejudicados. Qualquer agência de turismo, onde vende os passeios, pode indicar como está a tabela no período que estiver na vila. 


Nessa tabela, você saberá a hora da maré alta e a hora da maré baixa. Assim fica fácil para programar todos os passeios. Inclusive, o principal passeio de Jeri: a famosa Pedra Furada! Esse canto especial da praia de Jeri fica a pelo menos 2 km da vila de Jeri. Então, há duas opções: ou vai caminhando pela orla (se a maré tiver baixa) ou vai pelo morro do Serrote. Eu fui andando pelo morro do Serrote e voltei pela praia, porque o horário de maré baixa era 13h50 naquele dia. Saímos da vila por volta de 11h e numa caminhada bem tranquila, chegamos até a Pedra Furada e retornamos pela Praia da Malhada, parando para mergulhar, apreciando as piscinas naturais formadas com a maré baixa e conhecendo a pequena gruta no meio do caminho.

Pedra Furada - Cartão Postal

Aos preguiçosos (ou impossibilitados), há opção de ir de buggy, mas ainda assim é preciso ir quando a maré tiver baixa, porque o buggy vai pela praia, ou de charrete pelo morro do Serrote. O que não pode é deixar de conhecer o cartão postal de Jeri que é a Pedra Furada!

caminhada pelo Morro do Serrote até Pedra Furada

Outro passeio obrigatório em Jeri é subir a Duna do Pôr do Sol. Sim, existe uma duna que o nome já define sua função, porque é um dos espetáculos da natureza mais esperados pelos visitantes na vila. Além de apreciar o pôr do sol no horizonte do oceano, é possível ver toda orla de Jeri, desde o lado mais movimentado, com seus bares e pousadas, até o lado mais calmo e deserto. Vale lembrar que nem sempre é possível assisti ao pôr do sol, por conta das nuvens, principalmente nesse período de chuvas. Durante a semana que passei em Jeri, apenas um dia conseguimos acompanhar o sol se pôr, e mesmo assim foi entre nuvens, mas não menos emocionante.

E mais...

Lagoa Azul e Lagoa do Paraíso
 
SUP na Lagoa Azul
O tradicional passeio para as Lagoas Azul e Paraíso pode ser feito por buggy ou quadriciclo, com duração de seis horas. A Lagoa Azul por muito tempo ficou praticamente sumida pela falta de chuva na região. Mas em 2017, o “inverno” nordestino foi providencial e garantiu a volta da lagoa cheia, azul, como nome já diz, e convidativa. As redes espalhadas dentro da lagoa já se tornaram tradição e todo turista já sabe que vai encontra-las na lagoa. 


Já sobre a Lagoa do Paraíso, confesso que me espantei ao deparar com a mega estrutura do restaurante Alchymist – uma espécie de beach club, bem no estilo europeu para atrair o turista de alto padrão. O lugar surpreende pela área ocupada, a estrutura de mesas, esteiras à beira da lagoa (paga à parte), redes, além do serviço e música ambiente. Claro que isso se traduz em preços salgados para o turista. 



Em conversa com alguns moradores de Jeri, a história desse restaurante é bem esquisita. O dono é um italiano rico, que comprou um antigo quiosque bem localizado na lagoa, e resolveu construir um verdadeiro clube, desrespeitando os limites ambientais, fechando estrada e instalando uma estrutura desproporcional ao clima da região. Até pouco tempo, o estabelecimento estava embargado, por problemas com a justiça. Mas nada que um dinheiro forte para manter o negócio funcionando.
Mas há outras opções, como o restaurante do Paulo, bem rústico e muito mais característico com o clima do lugar. Pena que a maioria dos guias acaba levando o turista para o beach club, por ganhar comissão.

Tatajuba e Lagoa Grande



O passeio para o lado oeste guarda algumas boas surpresas. Já começando pelo caminho, repleto de dunas que desvendam paisagens fantásticas escondidas atrás delas, com formação de lagos. Tanto de buggy quanto de quadriciclo, o passeio se torna ainda mais prazerosa com as subidas e descidas alucinantes. Talvez a única furada desse passeio seja a parada para ver cavalos marinhos. Como já viajei sabendo dessa furada, pedimos para o guia pular essa parte e seguir para o ponto principal. No caminho, passamos por uma espécie de mangue, com árvores e galhos baixos, que garantem um “parque” repleto de balanços (de todas as alturas) e redes. A parada é rápida, apenas para garantir boas fotos para seu Instagram. Seguindo viagem, a parada seguinte é no famoso Skibunda em uma das dunas mais altas. Em período de chuva, forma-se um pequeno lago, onde quem desce de skibunda, cai direto na água. Imperdível! Os “donos da bola” cobram R$10 para você descer quantas vezes quiser... Você, empolgado, pensa “opa, vou descer umas 10 vezes!”. Você desce uma, sobe, desce duas, sobe... ufa, peraí (para pra pegar um folego), opa, desce três e... chega. Nossa, a subida cansa! E daí você desiste de brincar, porque como diz o ditado “para descer, todo santo ajuda, já pra subir...” valem suas pernas para aguentar!


Já na Lagoa Grande, o passeio encontra o ponto máximo! Você se depara com uma lagoa tranquila, cheia de redes e se esquece da vida urbana! O cardápio oferecido é algo inusitado. Ao invés de folhas com os nomes e seus devidos valores, o garçom traz uma bandeja. Sim, é isso mesmo. A bandeja com peixe, camarão e lagosta vem para você escolher qual quitute você opta para ir ao fogo, garantindo que tudo ali é super fresco! Os valores? “Nada que não possamos negociar...” E assim você acaba escolhendo o prato e, só depois de comer, você saberá a conta, rs. No nosso caso, insistimos para saber os valores. Um peixe grande custava R$170 para até quatro pessoas, quatro lagosta R$120, uma porção de camarão saia por R$70. 


Na lagoa, é possível praticar SUP ou caiaque, e descer num toboagua improvisado bem interessante. O passeio todo dura por volta de 5 horas. A volta é pelo mesmo caminho pela praia (se a maré tiver baixa), ou pelas dunas. Lembrando que apenas as Dunas de Tutujuba são liberadas para andar de buggy ou quadriciclo. É proibido dirigir Parque Nacional de Jeri.

Gastronomia de Jeri

A gastronomia de Jeri é um item a parte do roteiro. Há 15 anos, quando conheci Jeri, contava-se nos dedos o número de restaurantes e bares que valiam a pena conhecer. De lá pra cá, o comércio da vila cresceu absurdamente, e para muito melhor. São muitas opções, desde botecos e quiosques simples na rua, até restaurante refinados, com cardápios de alta gastronomia e custo elevado. Vale a pena apreciar seus sabores e alguns cantos que reservam surpresas gastronômicas que difícil encontrar em outros lugares, até em cidade grande. Minha grande sorte foi receber de um casal amigo, que passou lua de mel por lá, um roteiro que eles ganharam e que descrevia os principais lugares para comer, com classificação de valores (dos mais baratos $ até os mais $$$$$). Seguimos várias das dicas e podemos dizer que aprovamos quase todas, cada um dentro de sua categoria, é claro!

Restaurante Naturalmente – especialidade: Crepe! Gostei tanto que voltei no último dia para jantar. A massa é absurda de gostosa, fina e crocante! Os recheios podem ser tradicionais, mas há alguns diferentes, que valem a pena experimentar. Preço $$

Shopping da Tapioca (Tia Angelita) – especialidade: Tapioca (óbvio, rs!). Lugar super simples, um pouco afastado da vila, com horário de funcionamento meio estranho pelo movimento na região (funciona das 14h às 20h), mas com uma variedade farta de tapiocas. A sobremesa pode ser tapioca doce, mas vale experimentar a torta de banana que é especial da casa. Preço $

Sabor da Terra – serve uma variedade de pratos típicos. Na verdade, conhecemos o restaurante porque queríamos comer o típico baião de dois, com carne de sol e macaxeira. Achamos lá e foi uma delícia! Preço super justo para quantidade ($$).

Na Casa Dela – restaurante de variedades. Só o lugar já vale o passeio. Decoração intimista, diferente, rústica, e você faz sua refeição com pé na areia (no sabor da terra também!). Pedi um peixe na brasa (especialidade da casa) para uma pessoa, com direito a dois acompanhamentos. O peixe era tão grande, que serviria duas ou três facilmente. Também preço justo para o que é oferecido ($$$).

Leonardo da Vinci – especialidade: massa. O lugar é aconchegante, fica bem no centro da vila, e o cardápio é convidativo. Pedi uma massa fresca com frutos do mar. Achei gostoso, mas OK. Pelo valor cobrado, esperava mais (mais frutos do mar, inclusive!). Preço $$$$

Pimenta Verde – restaurante de variedades. Esse restaurante ficava bem próximo à nossa pousada. Passávamos várias vezes por ele, mas nunca parávamos lá. Até que no último dia, resolvemos almoçar por lá. E como valeu a pena. Os pratos são bem servidos e são maravilhosos. Eu pedi, por exemplo, um risoto de funghi, com camarão e palmito. Uma delícia! Preço justo também ($$$).

Gelato e Grano – sorveteria. Parada obrigatória para quem ama sorvete. É tipo parar todos os dias após a refeição e provar um sabor diferente. Caro, mas vale a pena. $$$

Serviços
- Hospedagem: ficamos na Pousada Aki Jeri, super bem localizada. Aconchegante, ótimo serviço (ótimo café da manhã e ainda cortesia de café e bolo à tarde), quartos padronizados espaçosos, novos e com uma delícia rede na frente da porta.
reservas@akijeri.com.br - akijeripousada@hotmail.com.br / (88) 9.9629.1434 / (88) 9.9973.6114
- transfer Fortaleza – Jeri: Há muitas opções de 4X4. A maioria é particular, mas conseguimos fechar compartilhado, saindo R$300 ida e volta por pessoa.
Claudinho Receptivo Turístico – claudio.jeri@outlook.com / (85) 9 8188-2223/ (88) 9 9992-2920
- passeios Buggy e Quadriciclo - JIC-TUR www.jic-tur.com.br / (85) 99820-7606 / (88) 99782-2928
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