13 de janeiro de 2012

E as promessas de ano novo? (parte 1)


Já começou 2012 e estou longe de iniciar minhas (velhas) promessas de ano novo. A lista é grande e confesso que acabo sendo repetitivo. Os itens: “emagrecer” e “entrar na academia” todo ano estão lá, firmes e fortes (só no papel!).

É impressionante como cansa essa vida de gordo. Você está sempre se policiando em comer um doce aqui, abusar numa pizza ali, olha o sorvete no verão...

Acho graça quando vejo eu e meu irmão do meio sempre lutando com a balança, enquanto o mais velho, com quase quarenta, esnoba a forma física de atleta. Genética é um problema para ser tratado em terapia. Como um filho nasceu tão diferente dos outros?

Semana passada ele me liga: “e aí, quando vamos lá na academia que você falou?”. Eu respondo: “hum... vamos amanhã, pode ser?”. Afinal de contas, quem odeia academia sempre precisa de uma companhia para “um apoiar o outro”. Isso funciona até a terceira semana, porque depois sempre rola uma desculpa “hoje não posso, vai você”.

Fomos lá com a certeza que iríamos começar naquela semana. Conversamos com o gerente, choramos um desconto para família... aí meu irmão solta: “ok, nós vamos analisar a proposta e depois voltamos”. Como assim analisar a proposta? Qual negócio estamos fechando? Nessas horas não dá para você pensar muito não. Tem que fechar antes que desista.

Saímos de lá sem resolver nada. Essa semana, ele me liga: “e aí, vamos lá na academia fechar o pacote?”. Eu respondo: “ah... vamos, pode ser quarta?”. Bem, a quarta já passou e ainda não voltamos na academia nem para fazer a matrícula. Estamos começando bem nosso ano.

Pelo menos já agendei uma consulta com a nutricionista, mas só para 1º de fevereiro – era a única data disponível... fazer o quê? O problema que até lá, é óbvio que o meu pensamento de gordo só consegue imaginar “opa, tenho aí janeiro para comer tudo que não vou poder comer depois”.

11 de janeiro de 2012

Verbalizar

Não estranhe se aquela pessoa mais comunicativa que você conhece um dia lhe faltar a palavra.  Verbalizar sentimentos não é uma tarefa fácil. Às vezes, somente o corpo é quem fala.
Um piscar de olhos, um aperto de mão, um olhar cabisbaixo, um suspiro, uma perna inquieta. Todos os sinais corporais podem demonstrar raiva, desprezo, afeto, compaixão, medo, inquietação.

Nem sempre consigo me expressar em palavras. Falta argumento. Tomar uma decisão pode levar dias, meses, anos... até tomar coragem. Mas pode vir de um rompante, algo inesperado, fruto de uma discussão,  que resulta numa decisão esquentada, tomada no calor da fala. Pronto, falei.

Muitas vezes preferi me calar para não machucar. E no meu calar, posso não ter verbalizado tudo aquilo que sentia no momento. Como é difícil concatenar aquilo que você pensa, sente, com aquilo que é preciso dizer sem magoar, ferir, atacar.

Muitos, por falarem demais, acabam cometendo erros imperdoáveis. Mas quais são os erros imperdoáveis nesse mundo de imperfeitos? Todo mundo está sujeito a errar ao proferir um xingamento, um defeito do outro, denegrir, desonrar etc.

Não é à toa que aprendemos desde criança: aprenda escutar mais o próximo antes de criticar. Por outro lado, se calar talvez seja mais penoso quando o diálogo é necessário. Você adoece quando se cala diante de um aborrecimento sério. Botar para fora seus sentimentos é uma forma de “limpar” as impurezas do coração. É como se você se livrasse de um mal que acabou alimentando durante um tempo.

Dizem que o câncer é fruto de uma dor mal curada, de uma ferida acumulada durante um tempo e que é simplesmente a resposta do seu corpo diante de uma alma enferma.

O fato é que verbalizar ainda é um grande desafio. Talvez porque exista uma linha tênue entre falar exageradamente e se expressar direito. É preciso achar o equilíbrio da comunicação.

Eu estou tentando buscar esse equilíbrio. Falar é fácil: numa roda de amigos, numa conversa informal. Difícil é quando você é testado naquela situação de confronto ou tensão. Justamente quando você mais precisa expor seus sentimentos, seja para conquistar alguém, seja para terminar também, é que a palavra falta.

4 de janeiro de 2012

E o Brasil, vai bem?


Não bastam as novelas de Manoel Carlos para mostrar um Rio que só tem o Leblon como cenário e uma vida (fora do comum) de ricos bem sucedidos. A Band resolveu apostar no formato reality show com um programa, em princípio, divertido, contudo patético e constrangedor.



Reunir cinco mulheres brasileiras ricas que esbanjam dinheiro, mas pecam pela falta de senso de ridículo e bom gosto. Mulheres que não vivem a realidade de seu país e não sabem o que significa desigualdade social. Vieram ao mundo a passeio literalmente e acham graça disso.



Joãozinho Trinta já dizia: “quem gosta de pobreza é intelectual, pobre gosta de luxo e riqueza”. Talvez isso explique o grande ibope do programa que estreou essa semana, por um lado por mostrar um mundo irreal para maioria dos brasileiros, por outro pela bizarrice mesmo. Já na sua estreia, o programa alcançou o terceiro lugar no ibope, mas se já houve repercussão nas redes sociais, isso já é garantia de sucesso. Todo mundo comenta, seja para falar mal, seja para rir das bizarrices, seja para estar antenado no que rola na TV.



No meu trabalho, bastou receber o link do programa, para em menos de uma hora perceber que quase todos estavam assistindo e depois comentando. Pronto, é exatamente esse o efeito que eles querem: “falem mal, mas falem de mim”. Para concorrer com o já tradicional BBB da Globo e A Fazenda da Record, a Band investiu em um programa engraçado, misturando personagens já prontos, já conhecidos pela sub-mídia, celebridades que geram lucro para os sites de fofoca etc. É só mais uma oportunidade para conhecer mais de perto esse outro planeta que elas habitam.



Por um instante, pensei que poderia se tratar de um programa americano ou europeu, mostrando a boa vida de milionárias que vivem em suas mansões, como Paris Hilton etc, mas se trata de uma realidade que acontece ali, na praia de Copacabana mesmo.



As pérolas soltas durante o programa mostram que tudo é possível para elas e esnobar é só uma questão de prática diária. Qualquer pessoa séria e consciente consegue enxergar muito além que um simples programa de TV. É impossível não pensar que isso é fruto de um mundo capitalista, do consumismo exacerbado, da mudança de valores sobre a vida etc. Dinheiro é bom e necessário, independente da classe social, mas como diz a letra de Frejat, “que você diga a ele pelo menos uma vez quem é mesmo o dono de quem”.



Cada um gasta o seu dinheiro como quiser e, em princípio, ninguém tem nada com isso. Mas ao expor tudo isso em rede nacional, o que se torna público está sujeito a críticas. Como diz uma das dezenas críticas lidas, quem ainda assim continuar assistindo: “É só tomar cuidado com o enjoo e ter um saco de vômito do lado. Mas tirando isso, tudo certo”.



2 de janeiro de 2012

Como uma onda



Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará



Dizem que sou filho de Iemanjá
Meu signo é Peixes
Nasci no Rio de Janeiro
E acredito na energia dos mares

A vida vem em ondas
Como
um mar
Num indo e vindo infinito



Dia 31, pus meus pés na areia
E pedi proteção à rainha do mar
Mesmo revolto, precisava me banhar
E mentalizei no meu ano novo

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo



De repente, me vi embaixo d´água
Levei dois caixotes seguidos
E se isso foi um sinal de Iemanjá
De como será meu 2012...

Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar

Estou preparado para as reviravoltas
Que virão pela frente
2011 se despediu com uma ruptura
Uma explosão de sentimentos

Como uma onda no mar
Como uma onda no mar



2012 vem saudar uma nova era
Ano de transformações, de renovação
Paz de espírito, saúde e compreensão
É tudo que desejo para um ano bom

Ontem voltei à praia... 
Enquanto admirava as ondas,
Essa letra me vinha à cabeça
E percebi que tudo fez sentido.