23 de dezembro de 2010

Balanço final

Recebi uma bela mensagem de minha amiga Cris, e resolvi adaptá-la para cá. Então vamos lá:

Nesse ano, o carnaval foi da Unidos da Tijuca, a eleição da Dilma, a reeleição do Cabral, despedida de Lulinha e o Fluminense tricampeão. Houve a pacificação do Complexo do Alemão depois de algumas semanas de terror, o 14º casamento da Gretchen, os shows de Paul MacCartney e do Black Eyed Peas. Houve também uma onda de filmes com temática espírita, entre eles o fenômeno Nosso lar e Chico Xavier. As chuvas de abril, o Morro do Bumba, a reabertura do Teatro Municipal, as fofocas do WikiLeaks, a Playboy da Fani pegando a Natália, o resgate dos mineiros chilenos, 60 anos da TV brasileira e o Faustão cada vez mais magro (e esquisito), a promoção do Nascimento a coronel, Tropa de elite ao vivo na TV, a passagem de Saramago e Nestor Kirchner, a eternidade de Niemeyer (viva 103 anos!), Hebe, Mandela e Fidel, o noivado do príncipe Willian, o fim do namoro da Madonna com Jesus Luz, a demissão do Dunga, Brasil fora da Copa e de olho nos peitos da Riquelme. As compras frenéticas no Peixe urbano, as gerações X e Y “dominando” o mercado, o Censo do IBGE (agora somos 190.732.694 brasileiros), o filme sobre o criador do Facebook (que por sinal anda detonando o esquecido Orkut), a chegada do iPad ao Brasil, o adeus à crise econômica e o que mais vocês lembrarem.

Particularmente, me aventurei num cruzeiro rumo ao Nordeste, redescobri o Planalto Central, troquei uns passos em Buenos Aires, conheci a neve, saboreei os chocolates de Bariloche, além de apadrinhar três casais de afilhados! Mas o melhor de tudo é que eu mudei, nós mudamos, nós aprendemos, nos magoamos, rimos demais, brindamos, fizemos planos e esquecemos. O mais importante é que vivemos! E com o passar do tempo, só posso dizer que os anos têm ficado mesmo cada vez melhores!

Feliz 2011 para os que habitam este planeta, sonham com dias mais tranqüilos, rezam pela saúde dos próximos e desejam o bem a todos. Rumo a mais um ano de expectativas, promessas, planos. Trabalhar, estudar e celebrar a vida com quem amamos. Damos sentido à vida, por mais que ela pareça confusa, tumultuada e fugaz! Saúde, paz, amor, sexo, vocês sabem todo o resto! Basta viver!

2 de dezembro de 2010

Conto de Natal – O velhinho do 404


O edifício Lar de São Francisco é um movimentado prédio localizado no caloroso bairro da Tijuca. Lá, moram várias gerações da típica classe média carioca, desde crianças de mães solteiras universitárias até aposentados, funcionários públicos. Entre eles, Sr. José: um coronel reformado que há 40 anos mora no apartamento 404, cuja janela de seu quarto dá de frente para a área de lazer do prédio, vulgo “playground”. Viúvo há dois anos, ele preferiu continuar morando sozinho no amplo apartamento de três quartos, mesmo depois do convite feito por sua filha mais velha para morar em sua casa, num condomínio de alto luxo na Barra da Tijuca.

Sua aposentadoria de militar reformado garante uma vida tranqüila, sem muitas regalias, mas com certo conforto. Sr. José, como todo aposentado tijucano, leva uma rotina pacata, para não dizer chata. Acorda às cinco da manhã, faz sua caminhada matinal em volta do Maracanã, toma seu café amargo, lê o jornal quase completo (ele dispensa a seção de esportes, porque acha uma besteira) e assiste à televisão, praticamente o dia inteiro, só parando para as devidas refeições e a soneca da tarde. Sua rotina muda um pouco quando Sr. José tem de resolver problemas no banco, ou quando há uma consulta marcada no médico da família.

As más línguas dizem que Sr. José é um senhor rabugento, mal humorado e resmungão, que vive reclamando da zoeira que as crianças fazem quando brincam na área de lazer do prédio. Intriga dos vizinhos. Sr. José é apenas um senhor de idade, que tem insônia e, portanto, demora muito para pegar no sono, por conta da gritaria no pátio interno do edifício. Mas segundo ele, nunca incomodou ninguém com suas queixas. Coitado. 

(cont.)