20 de abril de 2009

Tom & Vinícius – o musical

Contar a história de dois dos maiores personagens cariocas definitivamente não é uma tarefa fácil. Um ficou conhecido como poetinha, que apesar do tom pejorativo atribuído ao talento na época, não diminuiu o valor deste grande artista. Já o outro é considerado um dos mais importantes maestros brasileiros. Tom e Vinícius.

Na última sexta-feira, tive o prazer de assistir ao musical Tom & Vinícius em cartaz no teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio. Confesso que sou suspeito para falar desses dois, pois desde pequeno (pequeno mesmo!) sempre me familiarizei com o som e a poesia dessa dupla. Não sei explicar direito o meu sentimento, mas sabe quando você sente saudade por um momento em que você não viveu? Pois é, difícil de explicar, imaginar... mas enfim, é exatamente o que sinto quando o assunto é Bossa Nova e particularmente os dois.

Todas as histórias dessa época me encantam, porque lembram um Rio belo, elegante, com mulheres finas, homens alinhados. Hoje, dizer que algo tem “bossa” é sinônimo de charmoso, bom gosto, refinamento. Não é à toa. Começando pelo presidente “bossa nova” JK, que transparecia elegância e bom humor por onde passava, parece que todas as imagens referentes a esse tempo são de um Rio calmo, boêmio, inspirador e com uma beleza natural deslumbrante. Respirava-se poesia e música, quando os jovens com seus 17, 18 anos tinham como diversão maior os encontros despojados nas praias, nos bares e até mesmo em casa.

Entre muitas histórias de como nasceu Bossa Nova, dizia-se que este jeito manso de cantar, bem ao estilo João Gilberto, como se fosse um sopro do ouvido, era justamente porque os jovens se reuniam em suas casas, e as festinhas não tinham hora para acabar. Os vizinhos reclamavam do “barulho”, então a solução era continuar cantando, mas bem baixinho, “um cantinho, um violão”...

As canções tinham como marca a celebração pela vida, justamente para ir contra ao período baixo-astral do samba-canção, como “Folha Morta” (Sei que falam de mim, sei que zombam de mim, oh Deus, como sou infeliz), ou em “Ninguém me ama” (Ninguém me ama, ninguém me quer/ Ninguém me chama de meu amor/ A vida passa, e eu sem ninguém/ E quem me abraça não me quer bem).

Então, nada melhor que cantar “Chega de saudade”, “É melhor ser alegre que ser triste/ Alegria é melhor coisa que existe/ é assim como a luz no coração”; “A felicidade é como uma gota de orvalho, numa pétala de flor/ Brilha tranqüila/Depois de leve oscila/E cai como uma lágrima de amor”; “O barquinho vai, a tardinha cai”, e por aí vai...

E tudo começou com Tom e Vinícius...

A história deles começou quando Tom foi apresentado a Vinícius – um conhecido poeta – em um bar chamado Villarino. O ano era 1956 e Vinícius, que já tinha ouvido falar muito sobre o jovem músico através de seu cunhado, o jornalista e boa praça Ronaldo Bôscoli, resolveu convidar Tom para musicar Orfeu da Conceição – um grande musical da época.

A partir daí, nascia um casamento perfeito entre dois homens que se completavam: letra de Vinícius, música de Jobim. E é nesse clima que o musical narra a trajetória desses dois artistas, no auge de suas carreiras, começando em 1956 até meados de 1960, quando Garota de Ipanema já era gravada em inglês, francês, espanhol e até japonês. A montagem passa por momentos únicos da dupla, quando por exemplo Tom e Vinícius convidaram a então cantora popular da rádio Elizeth Cardoso para gravar as letras que enfim popularizaram-se com o disco “Canção do Amor Demais”, não antes da também gravação histórica de “Chega de Saudade” com a batida marcante de João Gilberto.

Vinícius é encarnado em Thelmo Fernandes, ator desconhecido que peca um pouco em sua interpretação um tanto caricatural do poetinha, já Tom é muito bem vivido pelo ator completo Marcelo Serrado, que não só esbanja um senso de humor, até então desconhecido do músico, como mostra um talento estrondoso, tocando piano e violão ao vivo. Não menos merecido, segue o elenco de atores/cantores que transmitem um encantamento afinado e refinado, apresentando diversas canções da dupla.

O público é instigado o tempo todo a participar, pois é quase impossível não se emocionar com os versos de amor inconfundíveis de Vinícius, casados com as melodias suaves e românticas de Tom. Das minhas prediletas, estavam: Modinha, Lamento no Morro, Eu sei que vou te amar, Chega de Saudade, Por causa de você, Insensatez, e Eu não existo sem você (letra completa no final).

Um detalhe interessante: para quem assistiu ao documentário Vinícius, de Miguel Faria Jr, irá identificar várias passagens do filme durante a peça. Achei interessante isso, porque no documentário, aparecem justamente momentos marcantes, diálogos e histórias engraçadas que contam um pouco quem foram esses dois grandes personagens. Isso demonstra também o cuidado dos autores, Daniela Pereira de Carvalho e Eucanaã Ferraz, em transformar essas passagens relatadas em depoimentos ou vídeos da época em dramaturgia.

Enfim, para quem viveu essa época, ou para os amantes da bossa nova como eu, este é um programa imperdível!

(foto de divulgação: Vani Toledo)

Eu não existo sem você


Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim

Que nada nesse mundo levará você de mim

Eu sei e você sabe que a distância não existe

Que todo grande amor

Só é bem grande se for triste

Por isso, meu amor

Não tenha medo de sofrer

Que todos os caminhos me encaminham pra você



Assim como o oceano

Só é belo com luar

Assim como a canção

Só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem

Só acontece se chover

Assim como o poeta

Só é grande se sofrer

Assim como viver

Sem ter amor não é viver

Não há você sem mim

E eu não existo sem você

14 de abril de 2009

Segue sua estrada

Se há sol, há praia!
E não adianta vir com sua preguiça chata.
Dessa vez não vou deixar você me prender.

Quero buscar minha praia,
Quero fugir do caos urbano
Vou pegar minha estrada

Quero azul claro do céu
Transfigurado com o escuro do mar
Quero o pouco do verde que resta na encosta
E desalinha o caminho das pedras.

Quero um refúgio estranho
Onde as pessoas andam nuas
Porque precisam da natureza crua.
Onde o mar é revolto
E carrega os pertences alheios.

Vou atrás dessa praia, que está logo ali.
Ali, além, muito depois do seu mundo materialista!
Milhas distantes dos seus shoppings super lotados.
Dos engarrafamentos sufocantes.

Quero um sábado de luz, cor, vento, maresia
Quero um Rio de sol a pino.
Onde é possível ver caranguejo brotando da areia.
Espuma de ressaca e ondas de assustar.



- fotos de Prainha e Grumari, RJ -

13 de abril de 2009

Para que facilitar, se podemos complicar?

- Olá, o que posso ajudar?
- Oi, eu quero dois sundaes, por favor. Mas como eu não gosto muito de castanha e ela não gosta de cobertura, eu queria que você colocasse duas vezes castanha em um sundae, e duas vezes cobertura no outro, tudo bem?
- Desculpe, senhor, mas isso não é possível.
- Mas por quê?
- Não temos permissão para isso, senhor.
- Desculpa, mas eu não vejo nenhum problema nisso. Veja bem, ao invés de você colocar dois sundaes completos, eu só peço que tire a castanha de um e coloque no outro, assim como a cobertura deste outro no primeiro... algum problema nisso?
- Desculpe, senhor, mas cada sundae só dá direito a uma cobertura e uma quantidade certa de castanhas.
- Eu sei, minha querida! Mas eu paguei por dois sundaes, e se eu não gosto de castanha mas paguei por ela, você por favor coloque a minha parte da castanha no sorvete dela. Assim como a cobertura dela no meu sorvete! Qual a parte que você ainda não entendeu?
- Senhor, infelizmente não podemos mudar o procedimento de nosso serviço. Então, não é possível modificar o nosso produto final.
- Então eu quero falar com o gerente, por gentileza.

- Olá, o que posso ajudar?

8 de abril de 2009

Um pouco sobre BBB

Vou ser breve, porque sei que muitos já vão escrever sobre isso mesmo...
Confesso que me surpreendi com esta edição do BBB. Desta vez, eles fizeram um programa para superar as expectativas do público, cansado de ver gente vazia, festinhas, brigas, futilidades enfim. Colocaram os integrantes em situações bizarras que testaram o limite do ser humano – tendo como exemplo máximo o tal quarto branco. Todos sabiam que estavam fazendo parte de um jogo quase injusto, com gente nova entrando, com divisão da casa em lado A e B, com paredões surpresas e por aí vai.

Depois de nove edições, não dá mais para ficar discutindo se é um programa fútil ou não. Não adianta, todo ano as pessoas dizem que não vão assistir (como eu!), mas acabam acompanhando. O lema do programa acaba sendo “falem mal, mas falem de mim”, porque no final, todo mundo comenta mesmo.

Talvez desta vez o público tenha escolhido para ser o grande ganhador o verdadeiro jogador de todas as edições. Max foi determinado do início ao fim. Jogou de cara limpa e não escondeu isso. Foi inteligente e soube ter carisma ao mesmo tempo. Não colocava fé nele no início, principalmente porque tinha lido uma entrevista, em que ele demonstrava ser uma pessoa arrogante, prepotente, cheia de si.

Realmente Max mostrou segurança. Mas também mostrou um lado sensível, de alguém que se envolve com as pessoas, acredita na amizade, acredita que o jogo deve ser jogado e, portanto, não se abalou todas as vezes que foi emparedado. Saiu ileso das pressões que um BBB é capaz de provocar em um aspirante a famoso.

Talento ele tem para continuar sendo o artista plástico que já era, antes de entrar na casa. Talvez agora só com mais oportunidade de ter seu reconhecimento pelo mercado.

Mais uma vez, o grande barato do programa foi o trabalho de edição do início ao fim. Para quem conhece esse meio, é uma aula de dinamismo, de praticidade e criatividade e superação.

Especula-se que a edição 10 do BBB seja especial, com a participação exclusiva de artistas. Seria um “Casa dos Artistas”? Será que a Globo vai dar esse gostinho para o Silvio?

7 de abril de 2009

Dia do Jornalista


Não querendo ser clichê, mas dia do jornalista é que não falta! Isso é sério! Teoricamente hoje é comemorado o Dia do Jornalista, mas reza a lenda que dia 29 de janeiro também, assim como 16 de fevereiro, 3 de maio, 1º de junho... (leia mais sobre o porquê de tanto dia na matéria).


Certamente esta é uma profissão que desperta diversas reações nas pessoas em geral, isso porque ela carrega um grande paradoxo: se por um lado, alguns a definem como o “quarto poder” (depois do executivo, legislativo e judiciário), sendo de grande importância na formação da opinião pública de uma sociedade; por outro lado ela é encarada como o monstro perverso e sensacionalista, que pode denegrir a imagem de qualquer um que vai contra os seus interesses (traduzindo, os interesses dos “donos” da comunicação).

No fundo, a ideia que se passa é “falem mal, mas falem de mim”. Afinal, ela está presente todos os dias em sua casa, através dos jornais, das revistas, do rádio, da televisão, da internet e outros meios de comunicação. Estar antenado ao que acontece desde o seu bairro até do outro lado do planeta, de certa forma depende exclusivamente do jornalismo.

Muitos criticam o profissional de jornalismo porque acreditam que eles “burlam”, “interferem”, “manipulam” qualquer tipo de informação, faltando com a verdade. É claro que não existe verdade absoluta, e tudo depende da visão de quem informa. E isso não é uma característica própria de um jornalista. Isso é do ser humano.

Se você escuta uma história de alguém ou passa por uma situação, automaticamente você passará a sua versão sobre o fato. Se esta versão é verdade ou mentira, só quem passou pela mesma situação dirá (ou também terá a sua própria percepção).

Mas há uma grande diferença do bom e do mau jornalismo. Hoje, nos deparamos com profissionais despreocupados com a ética e o bom senso. Infelizmente, o sensacionalismo vende, porque o público compra isso. Porém, isso não quer dizer que só consumamos lixo. Há muitos profissionais sérios no mercado sim, só precisamos reconhecê-los.

O que falta na sociedade é senso crítico para distinguir o bom do mau comunicador. Nem sempre o jornal mais vendido é o mais confiável. Nem toda revista que se diz com “credibilidade” no mercado é confiável. Antes de acreditar na verdade absoluta de uma matéria, seja ela escrita por um colunista renomado ou por um jornalista comum de redação, devemos ter senso crítico, analisar e observar que contexto aquele texto está sendo escrito, para quem está sendo escrito e, principalmente, por que está sendo escrito.

É justamente isso que aprendemos em uma boa faculdade de jornalismo! Antes de saber escrever, de informar, de praticar o jornalismo, aprendemos a importância dessa profissão na construção de um pensamento, de uma ideia, de uma opinião. Ser crítico é buscar sempre o equilíbrio nas múltiplas verdades disponíveis ao nosso redor. Buscar ser ético sempre, procurar informar aquilo que realmente tem interesse público, priorizar a neutralidade, mesmo sendo impossível não transparecer seu ponto de vista. Escutar não só uma versão, mas duas, três, ou quantas forem necessárias para que não haja favoritismo.

Jornalismo é uma prática diária sim, mas não é um mecanismo robótico. Não existe receita de bolo para isso. Cada dia, devemos refletir o porquê de uma notícia divulgada. Quais os impactos dela na sociedade, no progresso de uma nação... pode parecer filosofia barata, mas não é. Basta lembrar quantas vezes o nosso país parou por conta de denúncias publicadas nos jornais.

Talvez seja uma profissão ingrata, pois põe a cara a tapa o tempo todo. Seus erros são muito mais percebidos que os acertos, porque mexem com a vida das pessoas.

É comum escutar: “jornalista se acha entendido de tudo, mas na verdade não entende nada. Escreve sobre todas as áreas, sem fundamento, sem estudo, sem conteúdo”. Sobre isso, lembro-me de um professor que dizia: “o bom jornalista não é aquele que sabe tudo, mas aquele que conhece alguém que sabe”. Seu papel, portanto, é democratizar o conteúdo específico, divulgando para grande massa.

No fundo, o grande barato dessa profissão é sua gama de experiências. Ser jornalista é conhecer lugares, vivenciar histórias, absorver conteúdo, aprender com a experiência alheia e, principalmente, conhecer pessoas, desde o Seu Zé até o presidente da República!

2 de abril de 2009

Bom humor é fundamental

Não precisa de pesquisa científica para saber que homem com bom senso de humor é mais atrativo que os outros. Chamam muito mais atenção das mulheres e muitas (muitas!) vezes levam vantagem em relação aos bonitos e sarados das nights.

Em uma recente pesquisa da Universidade de Northumbria, na Grã-Bretanha, constatou-se que mulheres acreditam que homens engraçados são mais inteligentes que os outros. Consequentemente, esses são os preferidos para um relacionamento duradouro.

O lado machista da pesquisa aponta que essa “preferência” tem a ver com a questão financeira mesmo. É simples: se o homem é mais inteligente, mais fácil de conseguir recursos para sua prole!

Em uma conversa franca com um amigo recente – que atrai atenção fácil das mulheres pela beleza – chegamos à conclusão que é muito mais difícil para um homem bonito conquistar uma mulher que um homem, digamos, feio mas com bom senso de humor.

Se pararmos para pensar, a mulher atraída pela beleza masculina acaba criando uma expectativa de um homem quase perfeito (porque não existe perfeição). Ou seja, este homem, além de bonito, deve ser inteligente, com boa conversa, atencioso, com pegada (e todo aquele roteiro que toda mulher idealiza).

Daí, quando este decide chegar, nem sempre o discurso agrada aquela expectativa criada pela mulher. Daquele sorriso estampado no rosto, o calafrio, as mãos trêmulas, o jogar de cabelo para o lado... a sensação muda totalmente e se torna broxante, quando escuta um “você vem sempre aqui? Reparei que estava me olhando de longe...”

Por outro lado, aquele homem sem graça – em princípio – não tem a tal beleza a seu favor e, por isso, não tem nada a perder. No final das contas, esse é o verdadeiro trunfo. Ele não espera nada e, portanto, ganhar ou perder para ele tanto faz! Então, ele pensa “por que não tentar? O máximo é escutar um não”, o que não será novidade para este pobre rapaz.

A estratégia é chegar com um bom papo, algo inusitado, que irá “desconsertar” aquela mulher que nada espera dele na night. Não tem regra, basta saber o momento certo, ou melhor, saber o que falar. Até porque, se este homem feio – que já é feio – também chegar falando besteira... então se mata! Porque aí não tem jeito mesmo!