Primeira peça do ano, assisti ontem à pré-estreia do novo musical Pernas pro Ar, com Claudia Raia. A peça foi escrita para própria e não é difícil deduzir porquê. Dona de um par de pernas invejável (mas sem escapar da celulite, vamos deixar claro!), a peça é uma tentativa frustrada de ser inovadora. Ela pode ser inovadora no cenário tecnológico, com um show de projeções e efeitos visuais, mas tudo isso acaba se perdendo em uma história mal contada, com coreografias bem ensaiadas, mas completamente soltas e sem sentido. O elenco canta, dança e sapateia, mas as versões em português de canções originais de musicais da Broadway – sem o contexto original, portanto – soam ruins, falsas e chatas. Como diz Artur Xexéo em sua crítica no Globo, “sinceramente, é melhor montar o produto estrangeiro”.
Em um momento déjà vu, Claudia Raia faz uma coreografia bem ao estilo Liza Minnelli, certamente uma das melhores da peça, que traz muita semelhança com uma outra coreografia, também representada por ela no musical Sweet Charity, com direito a chapéu estilo Charlie Chaplin e sapateado.
A peça já passou por São Paulo e agora chega ao Rio em um lugar que deixa muito a desejar. Com essa história de “vamos revitalizar a região portuária do Rio”, resolveram montar um teatro improvisado no Armazém 2 do Porto. Resultado: cadeiras desconfortáveis, espaço cumprido demais para assistir de longe uma peça que exige olhos atentos (se o objetivo é chamar atenção das pernas da Claudia Raia, não dá para assistir de tão longe!). Com isso, a plateia acaba improvisando, arrastando as cadeiras para o mais próximo possível do palco. É óbvio que a visão fica prejudicada, com coluna na frente, e um piso plano com várias cabeças na sua frente. O desconforto tira qualquer tesão de assistir.
Para não dizer que estou sendo muito chato, algumas cenas são engraçadas (não é uma comédia escrachada!) e as coreografias são bem bacanas e ponto!
Crítica de Artur Xexéo
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