12 de janeiro de 2011

Você tem medo de quê?


Medo é um sentimento ruim, mas às vezes necessário para dar impulso a uma tomada de decisão. Temos medo do futuro, se ele será tranqüilo, turbulento ou pelo menos compensador. Temos medo de ficar doente, de perder um ente querido, de ficar desempregado sem perspectiva, medo de ficar sozinho no mundo (sem parentes, sem amigo etc).

Mas há medos que nos acompanham e vão ficando até que você toma coragem para resolvê-lo. Vamos aos exemplos práticos.

Desde pequeno, eu não gostava de ficar sozinho em casa. Ouvia coisas estranhas, tinha sensação que estava sempre acompanhado e ficava impressionado com qualquer movimentação ou barulho ao redor. Dormir sozinho era quase uma tortura: quarto escuro, aquele silêncio ensurdecedor...

Quando eu resolvi morar sozinho, houve gente que duvidou quanto tempo iria agüentar, porque achava que eu não estava “curado” ainda do meu medo. Hoje, eu me acostumei de tal forma, que não sei mais dividir espaço com ninguém por muito tempo (sei que será um problema quando casar, por exemplo). Ou eu aprendia a dormir sozinho, ou passaria noites e mais noites em claro. Uma hora o cansaço iria dominar o medo e eu iria acabar dormindo de qualquer jeito. Não foi preciso passar nem uma noite em claro: meu sono falou mais alto desde o primeiro dia!

Outro medo que ainda preciso trabalhar seriamente é meu bloqueio com a língua inglesa. E isso é sério. Eu tenho verdadeiro trauma porque fiz o curso completo em um dos cursos mais conhecidos e respeitados do país, mas sempre odiei estudar inglês. Resultado: hoje sou um zero à esquerda na língua e por mais que eu entenda o quanto é necessário para minha vida (principalmente a profissional), eu não consigo aprender plenamente. Ao mesmo tempo, já ouvi várias histórias – umas com resultados felizes outras nem tanto – de pessoas que tinham o mesmo bloqueio e resolveram da forma mais brutal e agressiva possível: morar fora do país e aprender na marra. Ou você se comunica, ou você morre de fome.

E esse será meu próximo passo.

Na verdade, eu não quero nem posso “passar uma temporada” fora, porque trabalho e não teria como tirar “licença sabática” para isso. Mas a idéia de aproveitar um mês de férias para estudar fora já está dentro das minhas possibilidades... o problema é o medo. Medo de viajar sozinho, entrar num país desconhecido sem falar e, o pior, entender direito o que as pessoas falam e com isso não conseguir me virar na cidade.

“Navegar é preciso”, já diziam os descobridores dos mares. Eles se aventuravam destemidos do que iriam encontrar no horizonte longínquo. Tenho uma certa “inveja” dessas pessoas que dominam bem uma língua e sai pelo mundo a fora descobrindo, experimentado, desbravando, aventurando e passando pelos perrengues (porque esses sempre existem!) da forma mais natural possível.

O engraçado dessa história que minha personalidade combina com o perfil dessas pessoas, pois – como muitos me definem – sou uma pessoa comunicativa, gosto de conhecer pessoas, de certa forma faço amizades facilmente mas tudo isso... na minha língua nativa, ou seja, em bom português claro!

Resta-me decidir o que mais vale agora: continuar com medo ou enfrentá-lo, claro, de forma segura, planejada e que venha ser desafiadora no bom sentido, sem trazer mais traumas ou frustrações. Vamos aguardar os próximos passos...

2 comentários:

Ju disse...

Amigo, este é o momento! Vc é novo, não tem filhos, nem grandes compromissos (ok, só o trabalho), mas isso a gente resolve indo estudar nas férias.

Acho que alguns medos, fobias, tem que ser trabalhados internamente... ainda mais quando eles se tratam de evoluir ou não... POis além de vc aprender uma língua, você vai conhecer uma nova cultura, viver uma outra realidade por algum tempo.

Eu já te falei isso, se eu não tivesse conhecido o Rodrigo e casado, minhas próximas férias seriam para fazer exatamente isso que vc está fazendo! Viajar, explorar outras culturas e os meus limites ;)

beijão, ju

Leticia disse...

Eu senti o mesmo medo, mas em 2006 resolvi arriscar e ir sozinha para um país que não conhecia. Realmente dá um medinho, mas nada que possa te fazer desistir. De tudo que já vivi foi a minha melhor experiência.

Aprendi muito, amadureci com alguns perrengues, fiz amigos que tenho contato até hj. E não se preocupe. Para onde quer q vc vá (meu voto é Londres!), vc sempre terá muitos amigos brasileiros para falar um português de vez em quando.

Se precisar de ajuda e de dicas, me fala! Bjs