Se você
tiver pressa para casar, espere. Não pense que os anos são cruéis e que a
juventude é um sopro breve que pode passar despercebido. Calma, não se
precipite. Não faça nada que venha se arrepender depois, mesmo sabendo (lá no
fundo) que não vai dar certo.
O recado
acima é para as mulheres desesperadas, que sonham casar cedo porque não querem
envelhecer sem constituir uma família, com filhos bonitos, um marido ideal e um
lar perfeito. Às vezes dá certo, mas às vezes não.
Na época
da faculdade, uma amiga namorou um rapaz por quem já era apaixonada desde a
adolescência. O namoro ia muito bem, com projetos de casamento à vista, até que
ele resolveu romper e voltar para ex. Minha amiga ficou deprimida, “seu mundo
caiu” e por alguns anos tentou se apaixonar loucamente por qualquer Zé Mané da
esquina. Bastavam prometer um happy end, que ela já sonhava alto. Mas nenhum
deu certo e o “falecido” renasceu das cinzas se dizendo arrependido e coisa e
tal. Conclusão, quatro meses depois já estavam com casamento marcado.
Ela dizia
que ele tinha mudado, estava mais companheiro, mais carinhoso, mais cuidadoso.
Os amigos mais próximos se espantaram com a decisão tão rápida. Na época, rolou
um email mal criado para os amigos no estilo “a quem interessa, estamos bem,
obrigada. Se alguém deveria perdoá-lo esse alguém sou eu, apenas”. E o
casamento foi realizado, com todos os requintes (des)necessários.
Ele nunca
foi um exemplo de simpatia, mas esforçava-se aos poucos a se aproximar dos
amigos de sua companheira. Logo após o casamento, ele tomou uma atitude
decisiva em sua vida: realizou uma cirurgia para diminuição do estômago, o que
muito lhe favoreceu para o término de sua obesidade. Não precisa ser nenhum
psicólogo ou especialista para afirmar que depois de tal cirurgia sua
auto-estima, antes baixa e inquieta, cresceu em proporções gigantescas.
Enquanto sua felicidade subia, diminuía-se proporcionalmente a de minha amiga.
Esta não conseguia disfarçar aquele casamento frustrado, egoísta e depressivo.
Como uma
Amélia, ela se tornou a esposa ideal, fingindo um casamento perfeito e sofrendo
internamente as angústias de um casamento fracassado. Ele ostentava uma vida
rica e feliz. Mas para se sentir o máximo, sua tática era diminuir sua companheira.
Ela nunca estava bonita, bem vestida, nem lhe satisfazia sexualmente como
antes. “Quando parei de fingir para ele e para mim mesma é que percebi que meu
casamento já tinha chegado ao fim”.
Foi ele
quem pediu a separação, mas isso lhe soou como um grito de liberdade, um
alívio, a salvação para todos os problemas. Demorou para perceber, mas ela
descobriu (e isso era óbvio) que o fracasso do casamento era fruto do
egocentrismo dele. E a mudança gerada pós-cirurgia só veio intensificar isso.
A separação
veio no momento certo, depois de dois anos de auto-sabotagem. Afinal
de contas só ela mesma achou que um casamento desse poderia dar certo. Todos,
sem exceção, levantaram a plaquinha “Eu já sabia”, quando ela anunciou o feito.
Mas é aquela velha história, quando a pessoa não enxerga o que está diante de
seus olhos, ninguém consegue alertar ou mesmo convencer do contrário. Ela
“precisou” se aventurar nesse casamento para perceber por conta própria que não
era isso que lhe faria feliz de verdade.
Por isso,
sábio Chico Buarque alerta aos precipitados: “não se afobe não porque nada é
para já”. Lá atrás, quando ela tomou a decisão de voltar para ele e ainda se casar,
infelizmente ela acreditou que só com ele ela poderia constituir sua família.
Apostou todas as fichas num casamento já predestinado a morrer. No fundo, ela
lhe conhecia bem. Acredite, a auto-sabotagem existe e faz muita gente sofrer,
às vezes, por anos. Ela se recuperou rapidamente, o que foi bom. Mas quando a
pessoa passa anos casada com alguém que não acrescenta em nada, ao contrário,
só atrapalha? Para essas, restam apenas os filhos e netos, e um tempo perdido.
2 comentários:
ótimo texto.
infelizmente algumas pessoas preferem pagar pra ver, mesmo sabendo qual será o final da história.
me lembrou essa minha postagem aqui.
abraços!
É, amigo.
Não é apenas com casamento. Claro que casamento é mais sério mas quantas pessoas (eu m incluo nessa!) já namoraram apenas para não ficar sozinhas?
Me parece que quando estamos bem com nós mesmos, e quando ficar sozinho não é um fardo, é que aparecem as melhores oportunidades, as melhores pessoas.
Beijos
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