Não
bastam as novelas de Manoel Carlos para mostrar um Rio que só tem o Leblon como
cenário e uma vida (fora do comum) de ricos bem sucedidos. A Band resolveu
apostar no formato reality show com um programa, em princípio, divertido, contudo
patético e constrangedor.
Reunir
cinco mulheres brasileiras ricas que esbanjam dinheiro, mas pecam pela falta de
senso de ridículo e bom gosto. Mulheres que não vivem a realidade de seu país e
não sabem o que significa desigualdade social. Vieram ao mundo a passeio
literalmente e acham graça disso.
Joãozinho
Trinta já dizia: “quem gosta de pobreza é intelectual, pobre gosta de luxo e
riqueza”. Talvez isso explique o grande ibope do programa que estreou essa
semana, por um lado por mostrar um mundo irreal para maioria dos brasileiros,
por outro pela bizarrice mesmo. Já na sua estreia, o programa alcançou o
terceiro lugar no ibope, mas se já houve repercussão nas redes sociais, isso já
é garantia de sucesso. Todo mundo comenta, seja para falar mal, seja para rir
das bizarrices, seja para estar antenado no que rola na TV.
No meu
trabalho, bastou receber o link do programa, para em menos de uma hora perceber
que quase todos estavam assistindo e depois comentando. Pronto, é exatamente
esse o efeito que eles querem: “falem mal, mas falem de mim”. Para concorrer
com o já tradicional BBB da Globo e A Fazenda da Record, a Band investiu em um
programa engraçado, misturando personagens já prontos, já conhecidos pela
sub-mídia, celebridades que geram lucro para os sites de fofoca etc. É só mais
uma oportunidade para conhecer mais de perto esse outro planeta que elas
habitam.
Por um
instante, pensei que poderia se tratar de um programa americano ou europeu,
mostrando a boa vida de milionárias que vivem em suas mansões, como Paris
Hilton etc, mas se trata de uma realidade que acontece ali, na praia de
Copacabana mesmo.
As
pérolas soltas durante o programa mostram que tudo é possível para elas e
esnobar é só uma questão de prática diária. Qualquer pessoa séria e consciente
consegue enxergar muito além que um simples programa de TV. É impossível não
pensar que isso é fruto de um mundo capitalista, do consumismo exacerbado, da
mudança de valores sobre a vida etc. Dinheiro é bom e necessário, independente
da classe social, mas como diz a letra de Frejat, “que você diga a ele pelo
menos uma vez quem é mesmo o dono de quem”.
Cada um
gasta o seu dinheiro como quiser e, em princípio, ninguém tem nada com isso.
Mas ao expor tudo isso em rede nacional, o que se torna público está sujeito a
críticas. Como diz uma das dezenas críticas lidas, quem ainda assim continuar
assistindo: “É só tomar cuidado com o enjoo e ter um saco de vômito do lado.
Mas tirando isso, tudo certo”.
2 comentários:
Queria um reality mesmo! Pq a sensação que tive ao ver o programa que ele está mais para documentário do que reality. As cenas me passam a impressão de serem escritas, treinadas e filmadas. Já que o dinheiro compra tudo e dizem que até felicidade, então, vamos comprar/ vender uma vida de loosho, rycheza, glamour e perfeita.
Para se chamar reality tem que mudar um pouco o enredo. Coloquem as nossas dondocas brasileiras em um resort, numa casa fechada, dentro da realidade delas ok, mas coloquem elas frente a frente uma com as outras. Para que seja formado um BBB vip, assim como na versão ralé do programa, exista uma disputa de ego, atenção, para que elas se mostrem que é no dia a dia. Pq a versão do programa como está, não mostra isso. Ali, elas estão escolhendo como querem ser mostradas.
beijos, ju
não tenho paciência pra isso...
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