Vários relacionamentos se baseiam na cama. Se o sexo é bom e recorrente, então o casamento dura, caso contrário, ou separa-se ou arranja-se amante. Essas “soluções” simplórias talvez não se tornariam tão comuns se a questão do sexo não fosse prioridade no matrimônio.
A questão é polêmica, porque uns acreditam que sexo é fundamental e pode sim determinar o fim de um relacionamento, às vezes de anos. Já outros preferem o companheirismo, o carinho, a atenção mútua, o respeito e tantas outras qualidades também importantes para um casamento feliz.
Acontece que o homem (de uma forma geral) ainda fundamenta seus relacionamentos com os prazeres carnais, o sex appeal fala mais alto e o resto (carinho, respeito, admiração etc) é resto. Ou melhor, só o complemento. “O Homem necessita de sexo”, diz a ciência. Então, o que se vê são homens e mulheres de meia idade, ou até já idosos, frustrados no casamento, porque os companheiros (ou companheiras) já não acompanham o mesmo pique peculiar da juventude. E, não raro, acabam procurando o sexo fora de casa, apenas para sua própria satisfação.
Numa sociedade prioritariamente machista, geralmente essa pulada de cerca acontece com os homens, porque depois de um tempo, as mulheres deixam de lado o libido e passam a focar em outras coisas, como na educação dos filhos, no crescimento profissional etc.
Mas uma matéria de hoje no Globo-online me chamou atenção por um fato curioso. Primeiro detalhe é que na história contada o traído é o marido, que resolve entrar na justiça contra o amante de sua mulher por calúnia e ofensa à honra, pedindo indenização por danos morais. Segundo detalhe (e o mais bizarro!), o juiz responsável pela sentença não só inocenta o réu como ainda “culpa” o marido por deixar que tal traição acontecesse. O juiz, então, resolve “esculachar” o cara, dizendo que “em muitos casos, o marido relapso leva a esposa a buscar a felicidade em braços de outros”.
Que o juiz não quisesse dar como causa ganha para o marido traído por questões legais que não competem a nós questionar, até entenderia. Porém, que direito esse juiz tem em julgar o comportamento do homem traído? Então é assim? Você, homem ou mulher, que não “cumpre com seu papel sexual” no matrimônio periodicamente é culpado por permitir que seu (sua) companheiro (a) lhe traia? A adúltera, neste caso, estaria correta em procurar um amante?
Ainda em sua sentença, o juiz descreve “alguns homens, no início da ‘meia idade’, já não tão viris, o corpo não mais respondendo de imediato ao comando cerebral/hormonal e o hábito de querer a mulher ‘plugada’ 24hs, começam a descarregar sobre elas suas frustrações, apontando celulite, chamando-as de gordas (pecado mortal) e deixando-lhes toda culpa pelo seu pobre desempenho sexual”. Soa até engraçado isso, nas palavras de um juiz. Convém dizer também que – mesmo cometendo tal atitude errada, conforme descrita acima – não justifica a traição.
Por analogia, pensaríamos então: “a mulher que apanha do marido tem o direito de matá-lo”. Não sendo por legítima defesa (em casos extremos), essa atitude então seria justificável para esse juiz, certo?
Para terminar, copio aqui um trecho do livro Nosso Lar (que estou relendo por agora) que trata justamente dessa questão do papel do sexo no casamento. Antemão, não estou aqui levantando a bandeira do “Abaixo o sexo”. Nada disso. É apenas uma maneira de parar para refletir sobre o assunto.
“(...) o sexo é manifestação sagrada desse amor universal e divino, mas é apenas uma expressão isolada do potencial infinito. Entre os casais mais espiritualizados, o carinho e a confiança, a dedicação e o entendimento mútuos permanecem muito acima da união física, reduzida, entre eles, a realização transitória. (...)”.
2 comentários:
Sexta a noite passou este caso no Jornal da Globo e eles citaram o parecer do juiz. Parece que o marido traído vai recorrer.
Mas concordo com vc, uma coisa não justifica a outra. Está infeliz tenha a dignidade e coragem para terminar um relacionamento, ou o quer que seja, certo biscoito?
beijos e bom final de semana!
caramba, não tinha ficado sabendo disso. realmente o juiz foi além do que devia.
quanto a sexo, eu acho importante sim.
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