“Quem nasce lá na Vila / Nem sequer vacila / ao abraçar o
samba (...) Lá, em Vila
Isabel / Quem é bacharel / Não tem medo de bamba / São Paulo
dá café / Minas dá leite / E a Vila Isabel dá samba” (Noel Rosa)
Nasci e moro no bairro de Vila Isabel. Um bairro da Zona
Norte, que fica entre dois grandes bairros – Tijuca e Méier. Desde pequeno,
sempre ouvi as histórias desse lugar, conhecido principalmente por seus dois
principais personagens: Noel Rosa e Martinho da Vila. Ambos músicos, compositores
e sambistas de carteirinha. Ambos divulgaram amplamente os “encantos da Vila”
como um bairro boêmio, cercado de botecos, vilas e bambas.
Apesar de um bairro sem muitas belezas naturais e ainda um
lugar de “passagem”, Vila realmente tem seus encantos e particularidades, como tantos
outros bairros típicos de subúrbio. As muitas vilas de casas e antigas
construções de sobrados são marcas fortes desse lugar, onde ainda se encontram
pessoas nas calçadas jogando conversa fora. Outra característica são os vários
bares e botecos de cada esquina, onde concentram moradores para chope do final
do trabalho ou do churrasco de final de semana.
Sua proximidade com o mais famoso estádio de futebol do
país, o Maracanã, faz com que as comemorações após as partidas deixem esses
bares ainda mais cheios de torcedores e beberrões. Sem esquecer a presença de
universitários que emblemam um ar juvenil às ruas próximas à Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Vila Isabel é conhecido também por três tesouros que se
tornaram símbolos do bairro. O primeiro, e mais emblemático, é antiga fábrica
de tecidos, que até hoje mantém arquitetura desde sua construção. Cantada em
versos de Noel, na música Três Apitos (“Quando o apito da fábrica de tecidos /
Vem ferir os meus ouvidos / eu me lembro de você”), a fábrica foi construída
pela Companhia de Fiação e Tecidos Confiança Industrial, fundada em 1885. Hoje
funciona ali um supermercado. Já o segundo é a famosa calçada da Avenida
Boulevard 28 de Setembro, feita com pedras portuguesas formando partituras
famosas de Noel Rosa e outros importantes compositores.
A terceira é a quadra da Escola de Samba Unidades de Vila
Isabel, onde se concentra os ensaios e o coração da escola. No último dia 13 de
fevereiro, quarta-feira de cinzas, ela ficou pequena aos muitos moradores que
comemoram a vitória merecida do Carnaval 2013!
Esse ano, a Vila acertou na escolha do samba para o enredo
“A Vila canta o Brasil celeiro do mundo – água no feijão que chegou mais um”,
com versos simples, melodia fácil e empolgante. O samba contagiou, a escola
veio alegre e muito bonita. O desfile impecável garantiu com muita justiça a
vitória, na frente de duas escolas que nos últimos anos vêm disputando o
primeiro lugar – Unidos da Tijuca e Beija Flor. A nossa Azul e Branco veio
desbancar as favoritas e mostrar que um tema tão simples mas não deixando de
ser emblemático – a agricultura do país e a vida no campo – pode sim fazer um
espetáculo maravilhoso e encantador.
Como morador do bairro, como torcedor apaixonado pela escola
(desde pequeno) e apreciador do samba, estou extremamente feliz e emocionado
por essa conquista. É indescritível ver a Boulevard 28 de Setembro repleta de
moradores vestidos com as cores da bandeira, cantando o samba e comemorando o
campeonato. A festa no arraiá foi pra lá de bom! “Mas, tenho que dizer,
modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila”!
Matéria do Jornal O Globo
Um comentário:
Esse ano não acompanhei nada das escolas de samba, não posso dar minha opinião e dizer se foi merecido ou não hehehe Mas de qq fora, Parabéns a Vila!
beijos ju
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