Quando nos
deparamos com uma situação de morte iminente na família, a primeira reação é de
desespero, medo e depressão. Logo em seguida, vem a busca por possíveis
soluções, tratamentos que, se não curam totalmente, pelo menos amenizam a dor,
o sofrimento. E o câncer é uma doença que transforma vidas, tanto de quem a tem
quanto das pessoas que convivem.
No filme,
Sara é uma mãe que tem um objetivo único: salvar a vida de sua filha Kate, que
tem leucemia descoberta aos dois anos de idade. A menina precisa de um doador
compatível e, em último recurso, os pais seguem o conselho do médico de gerar
um filho geneticamente compatível com Kate. Então nasce Anna – uma menina
adorável que ama sua irmã incondicionalmente, mas que – ao contrário de sua mãe
– aceita as condições de Kate.
O grande
lance do filme é quando a pequena Anna, de apenas onze anos, procura por conta
própria um famoso advogado para ir contra seus próprios pais na justiça,
buscando a emancipação médica. Isso significa que Anna vai contra aos
princípios da mãe e, em princípio, parece ser uma atitude desumana e, portanto,
absurda. Como pode alguém rejeitar tentar salvar a vida da própria irmã? A
reação atônita dos pais não poderia ser diferente.
Mas o longa
mostra que a história não é bem assim. Ao longo do filme, o que se percebe é o desespero
de uma mãe que faz de tudo para tentar salvar a vida de sua filha, mesmo que
seja necessário “agredir” a saúde da irmã caçula – projetada para isso. O amor
cego e, até certo ponto, egoísta da mãe gera conflitos familiares, até mesmo
entre marido e mulher.
Em uma
bela cena, a Kate – entrevada numa cama de hospital há tempos – pede para o pai
que a leve para ver o mar. Ele então pede permissão ao médico e com seu
consentimento reúne a família mesmo contra gosto da mãe para satisfazer a
vontade de sua filha doente. A mãe só percebe depois que aquela atitude do pai –
em princípio irresponsável– era na verdade uma prova de amor, para ver sua
filha doente e debilitada em um momento de prazer e felicidade.
Diante de
nossa cegueira e de nosso egoísmo, somos capazes de enfrentar a tudo e a todos,
sem medir as conseqüências e – o mais importante – sem saber a verdadeira
vontade de quem sofre dessa terrível doença que destrói aos poucos não só o
corpo, como a auto-estima e o amor próprio. “Enquanto houver esperança,
lutaremos”! Ok, acredito nisso. Mas não podemos ir contra a única certeza da
vida: a morte, ou melhor, a morte terrena.
Para
terminar, conto aqui uma triste passagem de uma filha que vivenciou a morte da
mãe, após anos de sofrimento por conta de um câncer que se tornou metástase. Ao
ver o desespero de dor que sua mãe sentia, em fase terminal, ela e os irmãos
tinham consciência que o desencarne era apenas uma questão de tempo. Eles só
queriam acabar com todo sofrimento, então, a filha perguntou:
“Mãezinha,
há um remedinho, que se a senhora desejar, vai lhe fazer dormir agora e quando
você acordar, estará ao lado do vovô e da vovó, sem dor nenhuma”. E sem esperar
concluir a pergunta, sua mãe murmurou: “onde está esse remédio? Por favor, onde
está?”. Há os que irão julgar tal atitude. Seria uma forma de eutanásia? “Só
Deus tira a vida de alguém”. Concordo também, mas diante de tamanho sofrimento,
não seria um ato de amor maior e desprendimento?
3 comentários:
Gostei da sua análise!
abração
Mario, lindo post! Eu vi esse filme há pouco tempo e fiquei muito emocionada. A morte é a única certeza das nossas vidas mas eu acredito que nunca estaremos preparados para ela. Eu acredito sim que por mais doloroso que seja perder deixar ir é um sentimento de amor. Beijos
esse filme é muito bonito mesmo. falei dele ano passado, tá lá no meu tema 'filmes'.
http://raileronline.blogspot.com/2009/10/uma-prova-de-amor.html
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