20 de outubro de 2010

Uma prova de amor

Há aqueles filmes que você sabe que é bom, mas sabe também que é triste... Assisti ao filme “Uma prova de amor” (ou My Sister´s keeper) e este é um desses.

Quando nos deparamos com uma situação de morte iminente na família, a primeira reação é de desespero, medo e depressão. Logo em seguida, vem a busca por possíveis soluções, tratamentos que, se não curam totalmente, pelo menos amenizam a dor, o sofrimento. E o câncer é uma doença que transforma vidas, tanto de quem a tem quanto das pessoas que convivem.

No filme, Sara é uma mãe que tem um objetivo único: salvar a vida de sua filha Kate, que tem leucemia descoberta aos dois anos de idade. A menina precisa de um doador compatível e, em último recurso, os pais seguem o conselho do médico de gerar um filho geneticamente compatível com Kate. Então nasce Anna – uma menina adorável que ama sua irmã incondicionalmente, mas que – ao contrário de sua mãe – aceita as condições de Kate.

O grande lance do filme é quando a pequena Anna, de apenas onze anos, procura por conta própria um famoso advogado para ir contra seus próprios pais na justiça, buscando a emancipação médica. Isso significa que Anna vai contra aos princípios da mãe e, em princípio, parece ser uma atitude desumana e, portanto, absurda. Como pode alguém rejeitar tentar salvar a vida da própria irmã? A reação atônita dos pais não poderia ser diferente.

Mas o longa mostra que a história não é bem assim. Ao longo do filme, o que se percebe é o desespero de uma mãe que faz de tudo para tentar salvar a vida de sua filha, mesmo que seja necessário “agredir” a saúde da irmã caçula – projetada para isso. O amor cego e, até certo ponto, egoísta da mãe gera conflitos familiares, até mesmo entre marido e mulher.

Em uma bela cena, a Kate – entrevada numa cama de hospital há tempos – pede para o pai que a leve para ver o mar. Ele então pede permissão ao médico e com seu consentimento reúne a família mesmo contra gosto da mãe para satisfazer a vontade de sua filha doente. A mãe só percebe depois que aquela atitude do pai – em princípio irresponsável– era na verdade uma prova de amor, para ver sua filha doente e debilitada em um momento de prazer e felicidade.

Diante de nossa cegueira e de nosso egoísmo, somos capazes de enfrentar a tudo e a todos, sem medir as conseqüências e – o mais importante – sem saber a verdadeira vontade de quem sofre dessa terrível doença que destrói aos poucos não só o corpo, como a auto-estima e o amor próprio. “Enquanto houver esperança, lutaremos”! Ok, acredito nisso. Mas não podemos ir contra a única certeza da vida: a morte, ou melhor, a morte terrena.

Para terminar, conto aqui uma triste passagem de uma filha que vivenciou a morte da mãe, após anos de sofrimento por conta de um câncer que se tornou metástase. Ao ver o desespero de dor que sua mãe sentia, em fase terminal, ela e os irmãos tinham consciência que o desencarne era apenas uma questão de tempo. Eles só queriam acabar com todo sofrimento, então, a filha perguntou:

“Mãezinha, há um remedinho, que se a senhora desejar, vai lhe fazer dormir agora e quando você acordar, estará ao lado do vovô e da vovó, sem dor nenhuma”. E sem esperar concluir a pergunta, sua mãe murmurou: “onde está esse remédio? Por favor, onde está?”. Há os que irão julgar tal atitude. Seria uma forma de eutanásia? “Só Deus tira a vida de alguém”. Concordo também, mas diante de tamanho sofrimento, não seria um ato de amor maior e desprendimento?

3 comentários:

Hugh disse...

Gostei da sua análise!

abração

Geli, Angie, Angel, Angélica disse...

Mario, lindo post! Eu vi esse filme há pouco tempo e fiquei muito emocionada. A morte é a única certeza das nossas vidas mas eu acredito que nunca estaremos preparados para ela. Eu acredito sim que por mais doloroso que seja perder deixar ir é um sentimento de amor. Beijos

railer disse...

esse filme é muito bonito mesmo. falei dele ano passado, tá lá no meu tema 'filmes'.

http://raileronline.blogspot.com/2009/10/uma-prova-de-amor.html