25 de janeiro de 2016

A beleza de envelhecer bem



Minha avó acaba de completar 85 anos. Segundo a própria, nem ela imaginava alcançar essa idade. A cada 24 de janeiro, é um recomeço, um ano de expectativas, sem saber como será o próximo aniversário. Não é contar o tempo, muito menos esperar a morte chegar. Apenas o fato de que o avançar da idade passa ser uma incógnita do que esperar dessa vida, cheia de incertezas.

Minha doce avó não é a pessoa mais otimista que conheço. Suas inúmeras preocupações e medos lhe fazem uma pessoa antagônica: por um lado, um ser melancólico, por outro, uma pessoa de fé. Como boa religiosa, recorre sempre aos seus santos o pedido de saúde, não só para si mas principalmente para os próximos. Ela vive um dia após o outro, com seus altos e baixos. Mas o que mais impressiona é sua doação à família. Não existe nada mais importante que o bem de seus entes queridos. E ela não mede esforços para ver sua família reunida.

Quando penso sobre o processo de envelhecimento, nada mais natural que a tenho como minha referência. Ela sempre foi uma pessoa ativa, cuidadosa, dona de casa zelosa, capaz de preparar o melhor almoço de domingo para ver sua família feliz em sua mesa redonda. Ela ajudou a criar seus netos, quando ainda trabalhava fora. E agora, dentro de seu limite, ajuda nos deveres de casa e nos cuidados dos bisnetos.
Se posso resumir em uma palavra o que minha avó representa ao longo de seus 85 anos de idade é “doação”. E se amar o próximo mais que a si mesmo traz vivacidade, então eu quero envelhecer assim. 
  Pensar no amor como alimento da alma, aquilo que nos fortalece e é a razão para viver em paz consigo. É envelhecer com sabedoria, sem excessos, sem vícios, mas sem deixar a vontade de aproveitar cada momento, principalmente quando temos ao nosso lado nossos amores.

Não sei se chegarei aos 85, mas meu maior desejo é saber envelhecer, encarando com maturidade os limites do corpo, mas alimentando sempre o espírito jovem até o fim.

Nenhum comentário: