Mais atual impossível. É assim que defino o filme de Guel Arraes
“O Bem Amado”, com o talentosíssimo Marco Nanini no papel do famoso e pitoresco
personagem Odorico Paraguaçú. O texto clássico escrito por Dias Gomes em 1962
recebeu uma ótima adaptação para o cinema, com direito a corte e colagem de
momentos da história do Brasil. O contexto é o período nebuloso da história política
do país, desde a renúncia de Jânio Quadros, a posse de Jango até o golpe de 64.
Análogo a isso, Odorico Paraguaçu assume a prefeitura da pacata cidade de
Sucupira, cidade fictícia do litoral baiano.
O grande barato da trama é a relação do político com a
cidade, suas artimanhas, trapaças e pretextos estapafúrdios, como a inauguração
do cemitério local. Apesar da história e do protagonista já serem bastante
conhecidos pelo público, vale a pena assistir ao filme, que tem tiradas
inteligentes tanto do político malandro quanto do jornalista Neco Pedreira,
dono do jornaleco A Trombeta, que não se cansa de atacar o prefeito. “Política
e moral não se combinam” é uma das pérolas ditas no longa. No filme, alguns
personagens ficam de fora, como a delegada Donana Medrado e o dentista Lulu
Gouveia, inimigo mortal do prefeito.
Mas não podiam faltar as irmãs cajazeiras personificadas nas
excelentes interpretações de Zezé Polessa, Andrea Beltrão e Drica Moraes, além
do temido Zeca Diabo, vivido por José Wilker, e o secretário Dirceu Borboleta,
interpretado por Matheus Nachtergaele.
Nada mais propício lançar esse filme em ano de eleição no país.
Quem sabe o povão, mesmo assistindo a uma comédia, consegue perceber que “qualquer
semelhança não é mera coincidência”,
em relação aos nossos políticos.
A única ressalva minha é que achei o filme longo demais. A
história podia ser contada em uma hora e meia de filme. Mesmo assim, mais uma
vez, vale uma sessão pipoca – para quem curte cinema nacional, é claro!
Um comentário:
Mário e suas resenhas!! Essa foi rápida, hein??
bjoooks
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