24 de fevereiro de 2011

Toy Story 3


Esse filme surpreendeu quando chegou aos cinemas e depois com duas indicações ao Oscar: o primeiro (é óbvio) como melhor animação (sinceramente com mais chance de ganhar), e o segundo como melhor filme.

Talvez a escolha como melhor filme seja de fato pela belíssima história contada na animação. Ok, você pode ser insensível e falar “ah, que besteira, se emocionar com uma história de brinquedos abandonados pela criança que cresceu”. Mas a história, na minha visão, vai muito além disso. É realmente uma percepção do que acontece com a mudança da idade infantil para idade adulta. No caso, o apego aos brinquedos foi o foco porque afinal é a continuação do clássico Toy Story, mas quanta coisa deixamos para trás quando nos tornamos adultos? Alguns amigos da infância, a escola, o clube, as aulas de natação, judô, teatro, música, futebol etc. O tempo é outro, as cobranças aumentam, seu tempo parece ser curto para dar conta de tantos compromissos.

O primeiro “choque” de realidade é quando você se despede do período escolar, em que sua rotina é praticamente a mesma durante anos, e ingressa na universidade. Você encara outro universo, com pessoas de todos os lugares, classes, formações, pensamentos. É um momento libertador para seus preconceitos e atitudes. Daí, abrir mão do seu esquema “escola, cinema, clube e televisão” de certa forma assusta, em princípio.

A visão bem humorada do filme é justamente de quem perde, ou seja, os velhos e inseparáveis brinquedos. Eles se vêem inúteis, esquecidos, largados num baú. Perderam espaço para o computador, para o celular, para os amigos, as namoradas, as saídas.

Viajando um pouco nessa linha, a visão desses brinquedos é semelhante a dos pais, observando seus filhos crescerem até deixarem sua casa. No início, os pais são o centro das atenções, depois vem a escola, os amiguinhos, a vida social, a namorada, que passa ser noiva, depois a esposa até ser... a mãe dos seus filhos. E é o momento da despedida, do olhar para frente que faz a saudade apertar.

No filme, a mãe é categórica: “tudo no seu quarto tem que ter três destinos: ou vai para universidade com você, ou vai para o sótão, ou para o lixo”. Quantas vezes você se vê nessa situação quando resolve arrumar seu “velho armário de guerra”? Você encontra desenhos, cadernos, anotações, boletins, enfim, lembranças de uma etapa da vida que não volta mais. E aí, joga-se fora ou guarda até a próxima arrumação?

Das poucas coisas que guardei, me restaram os boletins, as cadernetas, os emblemas das séries (eu estudei no saudoso Pedro II!), algumas fotos da galera e algumas camisas do uniforme. Essas últimas inclusive guardam um lance engraçado. Sempre no último dia de aula, pedíamos aos colegas para assinarem, deixando uma mensagem na camisa, como uma recordação daquele ano. Pois bem, anos mais tarde, quando você encontra essas camisas em tamanho bem menor que as atuais (se não cresceu, você no mínimo engordou alguns quilos!), percebe-se que não se lembra da metade daquelas assinaturas, daí você se pergunta, pra que guardei isso até hoje?

Dos meus brinquedos, acho que doei tudo e só lamentei (de fato) doar toda a minha coleção de lego.

2 comentários:

railer disse...

eu vi este filme em 3d e, sinceramente, não achei isso tudo que falaram. gostei bem mais do 'enrolados'.

eu tenho apenas um playmobil que ficou guardado.

Geli, Angie, Angel, Angélica disse...

Mario, assisti ao filme ontem. Chorei emocionada. Me lembrei de vários brinquedos que tive na infância e me arrependi de não ter cuidados deles com tanto carinho. O filme, pra mim, vai bem além de brinquedos. Mostra amizade e solidariedade, valores que precisam ser resgatados. Achei genial um filme para crianças que ensine tanto! Será que haverá um 4º?