Esse filme surpreendeu quando chegou aos cinemas e depois
com duas indicações ao Oscar: o primeiro (é óbvio) como melhor animação (sinceramente
com mais chance de ganhar), e o segundo como melhor filme.
Talvez a escolha como melhor filme seja de fato pela
belíssima história contada na animação. Ok, você pode ser insensível e falar
“ah, que besteira, se emocionar com uma história de brinquedos abandonados pela
criança que cresceu”. Mas a história, na minha visão, vai muito além disso. É
realmente uma percepção do que acontece com a mudança da idade infantil para
idade adulta. No caso, o apego aos brinquedos foi o foco porque afinal é a
continuação do clássico Toy Story, mas quanta coisa deixamos para trás quando
nos tornamos adultos? Alguns amigos da infância, a escola, o clube, as aulas de
natação, judô, teatro, música, futebol etc. O tempo é outro, as cobranças
aumentam, seu tempo parece ser curto para dar conta de tantos compromissos.
O primeiro “choque” de realidade é quando você se despede do
período escolar, em que sua rotina é praticamente a mesma durante anos, e
ingressa na universidade. Você encara outro universo, com pessoas de todos os
lugares, classes, formações, pensamentos. É um momento libertador para seus
preconceitos e atitudes. Daí, abrir mão do seu esquema “escola, cinema, clube e
televisão” de certa forma assusta, em princípio.
A visão bem humorada do filme é justamente de quem perde, ou
seja, os velhos e inseparáveis brinquedos. Eles se vêem inúteis, esquecidos,
largados num baú. Perderam espaço para o computador, para o celular, para os
amigos, as namoradas, as saídas.
Viajando um pouco nessa linha, a visão desses brinquedos é
semelhante a dos pais, observando seus filhos crescerem até deixarem sua casa.
No início, os pais são o centro das atenções, depois vem a escola, os
amiguinhos, a vida social, a namorada, que passa ser noiva, depois a esposa até
ser... a mãe dos seus filhos. E é o momento da despedida, do olhar para frente
que faz a saudade apertar.
No filme, a mãe é categórica: “tudo no seu quarto tem que
ter três destinos: ou vai para universidade com você, ou vai para o sótão, ou
para o lixo”. Quantas vezes você se vê nessa situação quando resolve arrumar
seu “velho armário de guerra”? Você encontra desenhos, cadernos, anotações,
boletins, enfim, lembranças de uma etapa da vida que não volta mais. E aí, joga-se
fora ou guarda até a próxima arrumação?
Das poucas coisas que guardei, me restaram os boletins, as
cadernetas, os emblemas das séries (eu estudei no saudoso Pedro II!), algumas
fotos da galera e algumas camisas do uniforme. Essas últimas inclusive guardam
um lance engraçado. Sempre no último dia de aula, pedíamos aos colegas para assinarem,
deixando uma mensagem na camisa, como uma recordação daquele ano. Pois bem,
anos mais tarde, quando você encontra essas camisas em tamanho bem menor que as
atuais (se não cresceu, você no mínimo engordou alguns quilos!), percebe-se que
não se lembra da metade daquelas assinaturas, daí você se pergunta, pra que
guardei isso até hoje?
Dos meus brinquedos, acho que doei tudo e só lamentei (de
fato) doar toda a minha coleção de lego.
2 comentários:
eu vi este filme em 3d e, sinceramente, não achei isso tudo que falaram. gostei bem mais do 'enrolados'.
eu tenho apenas um playmobil que ficou guardado.
Mario, assisti ao filme ontem. Chorei emocionada. Me lembrei de vários brinquedos que tive na infância e me arrependi de não ter cuidados deles com tanto carinho. O filme, pra mim, vai bem além de brinquedos. Mostra amizade e solidariedade, valores que precisam ser resgatados. Achei genial um filme para crianças que ensine tanto! Será que haverá um 4º?
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