Parece um
assunto batido e de certa forma virou clichê afirmar que “os jovens de hoje
estão bebendo cada vez mais”. Não sou pai, não tenho irmãos adolescentes, mas
me impressionam as reportagens que mostram como os jovens encaram atualmente a
questão da bebida. É fato: eles estão bebendo muito e de forma incontrolável.
Qual o limite para isso?
Papo
careta esse? Não. Depois de assistir ao programa “Profissão Repórter” (veja
matéria abaixo) dessa semana, e ainda acompanhar outras matérias sobre o
assunto, fico cada vez mais chocado (essa é a palavra) com as histórias de
adolescentes que não têm limites para o álcool. Talvez o pior seja a falta de
limite dos pais em não coibir tal atitude desenfreada dos filhos. O consumo de
drogas ilícitas, por serem ilícitas, talvez seja mais “fácil” controlar, quando
os pais procuram acompanhar a vida, o comportamento, a rotina e as amizades de
seus filhos. Porém, quando se trata de bebida alcoólica, disponível em qualquer
festa, shows e ambientes sociais, esse controle é mais complicado, ou até mesmo
“perdoado” pelos pais. A maioria pensa “isso é coisa da idade, normal”. Mas até
que ponto essa normalidade é controlada dentro e fora de casa?
Às vezes,
o incentivo acontece dentro de casa mesmo, com reuniões e festas de família. Se
os pais bebem, os filhos (quando gostam) acabam acompanhando. Em princípio, o
“beber socialmente” faz parte da vida social. Entretanto, os jovens, muitas
vezes, não percebem o limite entre esse “beber socialmente” e o ficar bêbado.
Eles precisam experimentar o gosto
diferente, a sensação de leveza e alegria que a bebida proporciona, a ligeira
dormência dos lábios, o pensamento cognitivo lento, a fala mansa... até chegar
no segundo, terceiro estágios. Radicalismo dizer que o próximo passo é o
alcoolismo, porque essa doença grave é uma consequência de hábitos adquiridos. O
perigo existe sim, se o problema não for detectado a tempo.
Até a
faculdade, muitos jovens não conhecem a bebida. Portanto, passam a beber quando
começam a ter um pouco mais de liberdade, afinal o velho esquema “escola, clube
e televisão” fica para trás. As chopadas, as festas, os encontros no bar
próximo à faculdade, as aulas perdidas, enforcadas, tudo é pretexto para beber
com os novos amigos. A minha primeira experiência foi justamente em uma chopada
da faculdade. Particularmente, não gostava do sabor amargo do álcool. Nessa
ocasião, lembro-me de ter pedido a um colega, responsável pela distribuição das
bebidas, uma garrafa de refrigerante. O intuito era passar a noite com aquela
garrafa apenas. Até que uma amiga trouxe um copo de vinho e me pediu a tal
garrafa para misturar. Eu resolvi experimentar e, para surpresa minha, gostei
daquela mistura doce de vinho com sprite. Só depois vim descobrir que o tal vinho
estava “batizado” de vodka também. Resultado: foi meu primeiro porre, com
direito ao jargão “experimenta, experimenta, experimenta!” (na época, a
propaganda da cerveja Schincariol). Virou meu slogan durante a faculdade. E a
tal mistura também foi batizada de “bebidinhalegre”. Como todo inexperiente no
assunto, voltei para casa achando que seria fácil passar despercebido com
aquele bafo de vinho “sang
de boeuf” (sangue de boi, rs!). A cena foi impagável: tracei uma
reta torta e soltei um “boa noite”.
O acesso
à bebida alcoólica está fácil, mesmo com a lei que proíbe a venda para menores
de 18 anos. Algumas faculdades sérias proíbem a venda em estabelecimentos
dentro do campus, mas do muro para
fora, a história é outra. A lei seca inibiu, de certa forma, o consumo seguido
de direção. Mas muitos ignoram qualquer tipo de restrição e continuam bebendo e
dirigindo carro – o que deixa de interferir apenas na vida do bêbado e passa a
ameaçar a vida alheia.
Porém nada
é mais assustador que os relatos de adolescentes na Alemanha que encontraram a
forma mais estúpida para “burlar” o hálito de álcool e, assim, tentar enganar
os mais velhos. Eles têm colocado absorvente (mais conhecido como “O.B”)
encharcado de vodka na vagina – no caso das meninas – e, pasmem, no ânus, no
caso dos meninos. O efeito do álcool é o mesmo, com agravantes riscos à saúde. Pelo
jeito, não há limites muito menos consciência do que estão cometendo com suas
vidas. (leia a matéria em inglês)
Um comentário:
eu morei numa cidade universitária e via muita coisa desse tipo. quando eu bebo, só bebo vodka e muito pouco, intercalando com refrigerante.
daí sempre via as pessoas se acabando e algumas até ficando chatas.
limites precisam ser feitos e, pra quem discorda, dá pra se divertir sem beber sim.
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