20 de abril de 2011

Qual limite para bebedeira?


Parece um assunto batido e de certa forma virou clichê afirmar que “os jovens de hoje estão bebendo cada vez mais”. Não sou pai, não tenho irmãos adolescentes, mas me impressionam as reportagens que mostram como os jovens encaram atualmente a questão da bebida. É fato: eles estão bebendo muito e de forma incontrolável. Qual o limite para isso?

Papo careta esse? Não. Depois de assistir ao programa “Profissão Repórter” (veja matéria abaixo) dessa semana, e ainda acompanhar outras matérias sobre o assunto, fico cada vez mais chocado (essa é a palavra) com as histórias de adolescentes que não têm limites para o álcool. Talvez o pior seja a falta de limite dos pais em não coibir tal atitude desenfreada dos filhos. O consumo de drogas ilícitas, por serem ilícitas, talvez seja mais “fácil” controlar, quando os pais procuram acompanhar a vida, o comportamento, a rotina e as amizades de seus filhos. Porém, quando se trata de bebida alcoólica, disponível em qualquer festa, shows e ambientes sociais, esse controle é mais complicado, ou até mesmo “perdoado” pelos pais. A maioria pensa “isso é coisa da idade, normal”. Mas até que ponto essa normalidade é controlada dentro e fora de casa?

Às vezes, o incentivo acontece dentro de casa mesmo, com reuniões e festas de família. Se os pais bebem, os filhos (quando gostam) acabam acompanhando. Em princípio, o “beber socialmente” faz parte da vida social. Entretanto, os jovens, muitas vezes, não percebem o limite entre esse “beber socialmente” e o ficar bêbado. Eles precisam experimentar o gosto diferente, a sensação de leveza e alegria que a bebida proporciona, a ligeira dormência dos lábios, o pensamento cognitivo lento, a fala mansa... até chegar no segundo, terceiro estágios. Radicalismo dizer que o próximo passo é o alcoolismo, porque essa doença grave é uma consequência de hábitos adquiridos. O perigo existe sim, se o problema não for detectado a tempo.

Até a faculdade, muitos jovens não conhecem a bebida. Portanto, passam a beber quando começam a ter um pouco mais de liberdade, afinal o velho esquema “escola, clube e televisão” fica para trás. As chopadas, as festas, os encontros no bar próximo à faculdade, as aulas perdidas, enforcadas, tudo é pretexto para beber com os novos amigos. A minha primeira experiência foi justamente em uma chopada da faculdade. Particularmente, não gostava do sabor amargo do álcool. Nessa ocasião, lembro-me de ter pedido a um colega, responsável pela distribuição das bebidas, uma garrafa de refrigerante. O intuito era passar a noite com aquela garrafa apenas. Até que uma amiga trouxe um copo de vinho e me pediu a tal garrafa para misturar. Eu resolvi experimentar e, para surpresa minha, gostei daquela mistura doce de vinho com sprite. Só depois vim descobrir que o tal vinho estava “batizado” de vodka também. Resultado: foi meu primeiro porre, com direito ao jargão “experimenta, experimenta, experimenta!” (na época, a propaganda da cerveja Schincariol). Virou meu slogan durante a faculdade. E a tal mistura também foi batizada de “bebidinhalegre”. Como todo inexperiente no assunto, voltei para casa achando que seria fácil passar despercebido com aquele bafo de vinho “sang de boeuf” (sangue de boi, rs!). A cena foi impagável: tracei uma reta torta e soltei um “boa noite”.

O acesso à bebida alcoólica está fácil, mesmo com a lei que proíbe a venda para menores de 18 anos. Algumas faculdades sérias proíbem a venda em estabelecimentos dentro do campus, mas do muro para fora, a história é outra. A lei seca inibiu, de certa forma, o consumo seguido de direção. Mas muitos ignoram qualquer tipo de restrição e continuam bebendo e dirigindo carro – o que deixa de interferir apenas na vida do bêbado e passa a ameaçar a vida alheia.

Porém nada é mais assustador que os relatos de adolescentes na Alemanha que encontraram a forma mais estúpida para “burlar” o hálito de álcool e, assim, tentar enganar os mais velhos. Eles têm colocado absorvente (mais conhecido como “O.B”) encharcado de vodka na vagina – no caso das meninas – e, pasmem, no ânus, no caso dos meninos. O efeito do álcool é o mesmo, com agravantes riscos à saúde. Pelo jeito, não há limites muito menos consciência do que estão cometendo com suas vidas. (leia a matéria em inglês)


Um comentário:

railer disse...

eu morei numa cidade universitária e via muita coisa desse tipo. quando eu bebo, só bebo vodka e muito pouco, intercalando com refrigerante.

daí sempre via as pessoas se acabando e algumas até ficando chatas.

limites precisam ser feitos e, pra quem discorda, dá pra se divertir sem beber sim.