12 de abril de 2011

O novo malandro da praça


Show Palco MPB - Mário Cesar Filho

Vestido com terno claro, camiseta branca e cordão de ouro, balança a cabeça equilibrando o corpo e sambando miudinho, ele entoa “Eu fui fazer um samba em homenagem à nata da malandragem que conheço de outros carnavais...”. Diogo Nogueira realmente conhece a “nata da malandragem” e tornou-se o novo malandro da praça, agradando o público feminino e os amantes do samba de raiz. Começou sua carreira timidamente, ainda como o “filho do saudoso João Nogueira”, e chamava atenção pela similaridade com o tom grave do pai.

Aliás, essa é a característica da nova geração de cantores da MPB. A herança genética não está presente apenas na escolha da profissão, mas principalmente na semelhança da voz e do jeito de cantar de Maria Rita, Mart´nália, Daniel Gonzaga (filho de Gonzaguinha) e Diogo Nogueira. Para uns, isso é pura imitação dos pais, para muitos, é talento genético mesmo, impossível de renegar. E quando a carreira é bem estruturada, o sucesso vem mais rápido, afinal, quem já gostava dos pais, a tendência é gostar dos filhos – quando o repertório agrada, é claro!

E Diogo Nogueira, assim como Maria Rita e Mart´nália, vem experimentando novos sucessos, mas sem esquecer a escola e o exemplo de casa. Talvez seja essa a explicação de tamanha repercussão desses novos talentos. Ao contrário de Mart´nália, que tem o privilégio de ainda dividir o palco com seu mestre Martinho da Vila, os outros (aí incluo o próprio Daniel Gonzaga) não têm essa mesma oportunidade, mas conseguem resgatar o carisma e a presença de seus pais no palco.


Em seu recente show, Diogo homenageia seu pai cantando uma música de composição do próprio João e Paulo César Pinheiro, “Além do Espelho”, que diz justamente essa relação de espelho entre ele e seu pai, seu exemplo maior.

ALÉM DO ESPELHO

João Nogueira / Paulo César Pinheiro
show Palco MPB - Mário Cesar Filho
Quando eu olho o meu olho além do espelho
Tem alguém que me olha e não sou eu
Vive dentro do meu olho vermelho
É o olhar de meu pai que já morreu
O meu olho parece um aparelho
De quem sempre me olhou e protegeu
Assim como meu olho dá conselho
Quando eu olho no olhar de um filho meu
A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
Sempre que um filho meu me dá um beijo
Sei que o amor de meu pai não se perdeu
Só de ver seu olhar sei seu desejo
Assim como meu pai sabia o meu
Mas meu pai foi-se embora no cortejo
E eu no espelho chorei porque doeu
Só que olhando meu filho agora eu vejo
Ele é o espelho do espelho que sou eu
A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
Toda imagem no espelho refletida
Tem mil faces que o tempo ali prendeu
Todos têm qualquer coisa repetida
Um pedaço de quem nos concebeu
A missão de meu pai já foi cumprida
Vou cumprir a missão que deus me deu
Se meu pai foi o espelho em minha vida
Quero ser pro meu filho espelho seu
A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar

Fotos tiradas durante gravação do Palco MPB FM no Teatro Rival
Rádio MPB FM

Um comentário:

Alô Alô disse...

Bom dia Mário! Por conta de alguns amigos que foram comuns,me lembro de Diogo ainda menino e desde aquela época já dava sinais do talento que tinha.É delicioso ver que não só ele seguiu os passos de seu muito querido e saudoso pai,como o está fazendo de maneira brilhante.De onde estiver,João,com seu sorriso farto e largo,deve estar estufado de orgulho.Belo post.Abraços mil,Anna Kaum.