22 de junho de 2010

Infinito enquanto dure? (parte 1)

Existe relacionamento para vida toda? Li uma reportagem na Superinteressante (edição 278, mês maio 2010) em que defende-se a tese de que qualquer relacionamento tem prazo de validade. E mais: a maioria dura sete anos. Os motivos? Quando a rotina atrapalha, a monogamia deixa de fazer sentido para o corpo e por aí vai. A explicação passa até pelos antepassados.

Vamos lá: segundo a matéria, a natureza inventou três mecanismos cerebrais que controlam o amor nos seres humanos: luxúria (desejo sexual), paixão/romance e ligação. O primeiro depende da quantidade de hormônio testosterona. O segundo é alimentado pela dopamina. Já o terceiro é criado pela ocitocina (mulher) e vasopressina (homem). Esses três sistemas são independentes entre si, porém, ao mesmo tempo, podem interferir uns com os outros. Ou seja, o sexo bom pode provocar a paixão que, por sua vez, cria ligação.

Enquanto essa primeira fase do romance equivale ao período da paixão, quando tudo são flores, já a segunda prevalece a rotina, quando quase nada é surpreendente na vida do casal. Até o apetite sexual diminui, o que desenrola uma série desencontros. Por último, chega a fase do término, quando nada mais combina. Agora, olha a “explicação” científica ou antropológica para isso:

“Para entender, é preciso voltar no tempo e fazer um passeio pelas savanas africanas, 3 milhões de anos atrás. O homem caçava e protegia a família. A mulher cuidava dos filhotes. Mas, em determinado momento, os casais se separavam. O objetivo da família nuclear – nome técnico que os antropólogos dão ao conjunto de pai, mãe e filhos – era garantir que o homem ficasse por perto tempo suficiente para criar o filhote. Somente isso. Quando o filhote já estava crescidinho e não exigia atenção integral da mãe, o pai estava livre para ir embora e procurar outras fêmeas para procriar. É daí que vem a chamada crise dos 7 anos. Esse é o período necessário para que uma criança se torne minimamente independente”. Será que cola essa explicação? Será que o ser humano não evoluiu o suficiente para discernir que fidelidade e companheirismo estão acima de qualquer sentimento, digamos, selvagem, ou irracional?

Pois bem, outro ponto interessante dessa matéria: com ou sem ciúme (sentimento que tenta preservar a monogamia), a verdade é que boa parte dos relacionamentos está destinada a acabar E mesmo assim o ser humano não está preparado (como também a morte do próximo) para esse momento da separação. O cérebro se acostuma com a pessoa amada, então reage de diversas maneiras: desde o sofrimento físico e emocional (a pessoa se sente frustrada, arrasada, depressiva etc.), até a fase da raiva ou da aceitação. Vale ressaltar aqui a definição de ódio (versus amor): “é uma defesa do organismo para nos fazer seguir em frente”.

De tudo isso, eu penso que se há uma razão científica para explicar o fim de relacionamentos, por que as pessoas acreditam em amor eterno? Será que isso virou utopia? Ou a ciência insiste em criar teorias, fundamentos, fórmulas e razões para tudo? Prefiro continuar pensando como o matemático Blaise Pascal: “o coração tem razões que a própria razão desconhece”.

2 comentários:

railer disse...

que tem validade é verdade: ou alguém morre ou então acaba mesmo. concordo que muita coisa evoluiu mas sinto que o homem tem dentro de si, mais do que a mulher, essa necessidade de 'espalhar a semente', essa coisa do sexo. pode até ser que venha lá de trás, mas algo ficou sim.

como disse um professor meu, 'o problema dos casamentos não durarem tanto hoje em dia é que as pessoas vivem mais'.

Priscila Lapezak disse...

Olá Mário! Perambulando pelo google descobri seu blog e gostei muito!! Sou do Paraná, tb tenho um blog onde escrevo meus desabafos e coisas do cotidiano: www.blogdaprizoca.blogspot.com
Parabéns pelos textos!!