1 de abril de 2011

Palavra de um deputado


Promiscuidade
sf (promíscuo+i+dade) 1 Qualidade de promíscuo. 2 Uso promíscuo. 3 Mistura desordenada; confusão. 4 Etnol Intercurso sexual indiscriminado sem ligação permanente.
É revoltante, como cidadão brasileiro, saber que um deputado federal do Estado do Rio de Janeiro vem a público afirmar que relacionamento com mulher negra ou homossexual é um caso de promiscuidade. O deputado federal Jair Bolsonaro foi, no mínimo, infeliz ao afirmar isso em entrevista ao programa CQC, da Band, respondendo a uma pergunta da cantora Preta Gil sobre “o que ele faria se filho dele se apaixonasse por uma negra”. (veja na íntegra a entrevista abaixo).

Antes de mais nada, a questão de preconceito está acima de qualquer “liberdade de expressão” de alguém que venha se pronunciar publicamente e, portanto, deve ser punido sim, pela justiça. Não sejamos hipócritas em achar que não há preconceituosos na sociedade brasileira, seja contra gays, seja contra negros, seja contra mulher,seja contra deficientes, seja contra pobres. Uns são explícitos, julgando e condenando abertamente suas vítimas, já outros são contidos e simplesmente camuflam seus preconceitos. É a velha história do “não tenho preconceito, desde que minha filha não namore um negro, nem meu filho seja viado”, ou seja, da porta para fora de casa respeita-se, dentro de casa, condena-se.

Infelizmente, algumas pessoas apreciam atitudes como essa do deputado, por afirmar que ele é “autêntico”, “verdadeiro” e não esconde suas “preferências”. Talvez o resultado disso seja o número de eleitores que votam nesse sujeito. Caso contrário, ele não seria deputado, certo?

Para piorar, o mesmo deputado respondeu às críticas durante o velório do ex-presidente José Alencar dizendo que “estava se lixando aos movimentos gays” e negou ser racista porque “existem muitos pobres nas Forças Armadas”. Oi? Como assim ele associa negro à pobreza?

Segundo os filhos, que “foram muito bem educados e por isso não correm o risco de namorar uma mulher negra ou virarem gays”, o pai tem uma opinião que é polêmica, pois vai contra o “politicamente correto” e ainda completam: “O que a família Bolsonaro faz nada mais é do que valorizar conceitos e valores da família, valores éticos, valores morais...”. O velho discurso da ditadura militar, que recebeu o apoio da Igreja Católica e das “famílias tradicionais brasileiras” na época.

Convenhamos que os verdadeiros “valores de ética, moral, da família” são o respeito, a caridade, a compaixão e o amor ao próximo. “Amar ao próximo como a si mesmo”, sem discriminação. Como pessoa pública que tem poder da representatividade do povo, o deputado deveria ser o primeiro a dar exemplo de boa conduta e dos valores morais.

O que mais lamentamos é que dificilmente haverá punição no final da história. 


2 comentários:

railer disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
railer disse...

o que mais revolta é isso, saber que dificilmente algo será feito. mas a esperança é a última que morre e ele devia, sim, pagar por essas palavras babacas.

as pessoas tem que abrir mais a cabeça e perceber que o preconceito é uma questão de ignorância, de não conhecer as coisas direito.

informar-se sobre um assunto é sempre muito bom, enriquece e ajuda a formar boas pessoas.