28 de fevereiro de 2008

Mister Magoo tirou férias! Pra sempre!


“Se as meninas do Leblon não olham mais para mim (eu uso óculos)”, agora todas vão me ver, porque de uma vez por todas EU ESTOU SEM ÓCULOS!

Ao contrário de várias tristes histórias de fim de relacionamentos duradouros, essa é uma separação que só veio proporcionar liberdade rimando com felicidade!

Desde os meus dois anos de idade, eles me seguiam, me perseguiam, me guiavam e me enlouqueciam. Já foram esquecidos dentro de um aquário e se multiplicavam a cada perda de um companheiro. Seus modelos acompanhavam a moda do momento. Estilo Clark Kent, Mr Magoo, discreto, arrojado, executivo... mas todos feios e incômodos. Em todas as fotos, eles marcavam presença. O visual estava tão impregnado que já não me reconheciam sem eles. Onde eu estava, lá estavam eles.

Em pensar que durante anos eles sempre foram desnecessários...

Com a desculpa de um estrabismo medonho, os médicos diziam que eles eram essenciais. Eu não podia enxergar nada com aquele grau de estrabismo. Mesmo depois da cirurgia aos seis anos, eles permaneceram. O problema não foi resolvido, mas amenizado – pelo menos parei de assustar as pessoas com as bolas pretas dançando nas escleras (parte branca dos olhos).

As dores de cabeça permaneciam e a cada visita ao oftalmologista, mais um grau era acrescentado. Resultado: quatro graus de hipermetropia em cada olho, verdadeiro fundo de garrafa.

Mas aí conheci um médico. Ô médico. Então, meu ponto de vista mudou. E para muito melhor. A mudança começou em 1995, ainda com treze anos. Os exames foram feitos e a grande surpresa: “meu filho, você enxerga muito bem, o problema é que você faz um certo esforço muscular para corrigir seu estrabismo”. Ok, isso quer dizer o que?

Isso quis me dizer que eu nunca precisei usar óculos, se não fosse o tal do estrabismo... Resultado: de quatro graus eu passei a usar 0,75 de hipermetropia. Só para não ficar vesgão!

Mais ou menos na mesma época, conheci um tesouro: a lente de contato! Isso realmente abriu meu horizonte! E um novo mundo surgia diante os meus olhos! Aos poucos, fui largando meu calvário e me transformando em um outro homem. Aquela velha imagem de um garoto com seus olhos biônicos já ficava esquecida, e nem era conhecida pelas novas amizades. Tudo bem, que a lente me proporcionou momentos hilários, mas nada comparável ao mundo dos quatro-olhos. (só para citar um desses momentos, uma vez fiz a proeza de colocar duas lentes no mesmo olho sem perceber. Passei praticamente um dia achando que estava enxergando muito bem de uma vista em relação a outra).

Entretanto, porém, contudo, todavia... o melhor estava por vir! E acabou de chegar! Depois de sete anos sem visitar o super-médico-amigo, resolvi marcar uma nova consulta! E para minha grande surpresa, ele me deu alta! Disse que estou enxergando como nunca e que aquele velho estrabismo agora não incomoda mais a olho nu (só se você for muito inconveniente e ficar observando bem de perto, aí sim é capaz de perceber).

O casamento durou 24 anos. Mas finalmente chegou ao fim. Óculos agora? Só os escuros!

17 de fevereiro de 2008

Vai uma chupeta aí?

Que adoscelente gosta de ser irreverente, excêntrico e desafiador, isso não é novidade.

Essa é uma época da vida que os hormônios afloram deixando o bom senso um pouco de lado. O negócio é aparecer! Principalmente entre eles! Eles armam seu pavão, enquanto elas mostram seus guarda-roupas e as futilidades mais atraentes. Se o objetivo é chocar, impressionar, então eles conseguiram.

Estou falando da última moda nova-iorquina lançada por eles. Segundo uma amiga brasileira que veio passar as férias no Rio, e que mora pouco mais de nove meses por lá, veio com a novidade. E que novidade.

Não bastava a moda - já impregnada aqui também - de garotos que usam as cuecas aparecendo, deixando a calça ou bermuda quase na altura do joelho, agora os adolescentes de Nova York resolveram voltar a infância (uma idade não muito distante da idade atual). É comum vê-los andando pelas ruas da Ilha de Manhattan usando chupeta! O look realmente impressiona: calças abaixadas até o joelho, cuecas (dos mais diferentes modelos) aparecendo e chupetas na boca.

Bem, se isso agrada as nova-ioquirnas seguidoras da decadente Brithiney Spears, isso já não sei.

Agora faça uma breve reflexão: será que esta "moda" chegará ao Brasil?
Não é preciso pensar muito para ter a resposta que sim.

A cena é esta:

Baile Funk no Rio:
garotos na faixa dos 15, 17 anos, vestidos com suas bermudas caídas, cuecas e mais coisas aparecendo, andando no baile: - E aí, quer chupar minha chupetinha?

"Quando você era pequena não parava de chorar/ me pedindo a chupetinha pra você chorar/ Agora tu cresceu e pra não esquecer/ Com a boca aberta me pedindo para botar...

Totoma, toma bolete, toma bolete e pára de chorar..."

14 de fevereiro de 2008

O caçador de pipas na cidade do sol

Quando li o livro Caçador de Pipas, achei uma história fantástica, digna de filme. Mal sabia que no final do livro já dizia que o filme estava sendo providenciado. Pensei na época: "nossa, que bom! Assim não vou esperar tanto tempo pra assistir o filme".

Dois anos depois e nada do filme aparecer na telona. Na verdade, nem esperava mais que o filme viesse para o Brasil. Mas ele veio, e como o livro, faz sucesso.

Ao contrário de muitas histórias que nos surpreendem, mas que nos reconhecemos de uma certa maneira entre os personagens, este livro surpreende justamente por ser completamente diferente da nossa realidade. Como agradar milhares de pessoas no mundo todo com a história de dois garotos do Afeganistão - um lugar que só conhecemos através de guerras e bombas? Como pode uma linda história acontecer em um cenário tão assustador para os telespectadores globalizados que não conhecem outra visão deste território senão pelas imagens chocantes dos noticiários enlatados?

E que nomes são aqueles? Amir e Hassam? E que lugares são aqueles? E por que os religiosos são tão radicais? Qual a diferença entre Xiita e Sunita? Por que a relação com as mulheres é tão diferente da nossa?

Uma amiga minha disse uma vez que desistiu de ler o livro porque não conseguia memorizar os nomes, quem era quem na história... mas acabou adorando o filme (e agora pretende ler até o final o livro).

Apesar de toda essa estranheza inicial, o livro encanta. Encanta porque justamente conta a história de dois seres humanos, como nós! Podemos viver do outro lado do planeta, termos outra cultura, religião, ideais, mas no fundo, somos todos iguais.

Khaled Hosseini soube descrever muito bem essa história para o homem do Ocidente. E provou, que no final das contas, todos nós falamos a mesma língua: a língua do amor. Amor ao próximo, amor à família, seja dos laços sanguíneos, seja aquela que escolhemos para tal.

Agora estou lendo o segundo livro de grande sucesso do Hosseini: A Cidade do Sol.

O pano de fundo continua sendo as guerras do Afeganistão, desde a chegada dos soviéticos até o domínio dos talibãs. Só que agora as protagonistas são duas mulheres, Mariam e Laila. Duas mulheres com origens diferentes, com idades, costumes e vida diferentes que acabam tendo o mesmo destino, ou melhor, o mesmo marido.

Se no primeiro livro, as histórias de sofrimento, exploração, abuso sexual e guerra assustavam, neste, a vida quase desumana que as mulheres levam realmente impressiona.

Mariam é filha bastarda de um homem rico. Casa-se obrigada pelo pai, depois que perde a mãe. Nunca estudou, não teve filhos, não era amada e nunca amou nenhum homem.

Laila é filha caçula de um casal que sofria com a perda dos filhos mais velhos para guerra. Seu pai, antes da ocupação soviética, era professor universitário, e sempre se preocupou com a educação da pequena Laila. Tinha uma grande paixão de adolescência. Ela amava e era amada. E sonhava com um futuro bom. Mas a guerra destruiu com sua paixão, com sua família e com seus sonhos. Foi forçada a se casar com um velho para sobreviver.

Este homem, já velho e muito radical, tem duas mulheres que se completam, que se amam e que se unem para continuar a sobreviver ao seu lado.

Histórias tristes e personagens quase reais que nos ensinam muito mais que um Afeganistão que estamos acostumados a ver na TV.

3 de fevereiro de 2008

De volta para casa!

Estou voltando pra casa outra vez...

Finalmente Brasil! É essa sensação de quem volta ao seu país depois de uns dias fora. O sol, o calor, a família, o bifão-feijão-farofa te esperando.

Viajar é bom, mas voltar pra casa tem um prazer maior... até voltar a velha rotina.

Nunca tive essa sensação de querer voltar pra casa logo. Não que não estivesse aproveitando a viagem. Aliás, que viagem! Mas a saudade bate de qualquer maneira. Fico imaginando as pessoas que viajam por muito tempo. Pra morar fora, estudar por um tempo. Eu passei admirar muito essas pessoas. Mais que ter vontade de enfrentar novos desafios, em terras estrangeiras, onde tudo aquilo nao te pertence, ter coragem para aguentar tanto tempo fora de casa. Quando falo casa, não é apenas a nossa casa (que já significa muita coisa). É o nosso país, nosso povo, nosso calor, simpatia. Nossa língua, nossa cultura, nossa música. Nossa família, acima de tudo.

É lógico que experimentar coisas novas é bom. É ótimo! Você percebe quanto sua vida é diferente. Seus costumes, seu dia-a-dia. Algumas pessoas vivem para isso. Para experimentar! Ousar, trocar de vida como se fosse um personagem. Outras preferem uma vida mais tranquila, quase uma rotina, o feijão com arroz.

Não sou nem oito, nem oitenta.

A Europa realmente é o primeiro mundo. Outra realidade. Mas nunca trocaria meu país pra viver por lá. Gostei de conhecer, achei tudo lindo, história viva em todos os cantos. E ponto! Não troco minha praia por um rio Sena. Torre Eifell tem sua beleza, Big Ben surpreende, Palácio Real de Madri é inesquecível, porém não canso de ver meu Pão de Açucar, Cristo, Lagoa, Maracanã e praia de Ipanema.

Mas o bom é isso. Durante alguns dias da vida, você sai da sua realidade. Embarca numa longa viagem. Conhece cores, sabores, frios, palácios, reis e rainhas. Depois volta para casa. Desfaz a mala, entrega as lembranças, passa as 1.280 fotos para o computador (jura, que vai revelar pelo menos 200 fotos), coloca as roupas pra lavar, abre a janela e diz: que bom te rever, meu Rio de Janeiro!