30 de março de 2010

Aos invejosos de plantão

Achei genial essa letra. Se ninguém nunca viu gente assim, ignore, por favor...

Invejoso - Arnaldo Antunes

O carro do vizinho é muito mais possante
e aquela mulher dele é tão interessante
por isso ele parece muito mais potente
Sua casa foi pintada recentemente

E quando encontra o seu colega de trabalho
Só pensa em quanto deve ser o seu salário
Queria ter a secretária do patrão
Mas sua conta bancária já chegou no chão

na hora do almoço vai pra lanchonete
tomar seu copo d'água e comer um croquete
Enquanto imagina aquele restaurante
Aonde os outros devem estar nesse instante

Invejoso
Querer o que é dos outros é o seu gozo
e fica remoendo até o osso
Mas sua fruta só lhe dá caroço

Invejoso
o bem alheio é o seu desgosto
queria um palácio suntuoso
mas acabou no fundo desse poço

Depois você caminha até a academia
sem automóvel e também sem companhia
queria ter o corpo um pouco mais sarado
como aquele rapaz que malha do seu lado

E se envergonha de sua própria namorada
achando que os amigos vão fazer piada
queria uma mulher daquelas da revista
uma aeromoça, uma recepcionista
E quando chega em casa e liga a tevê
vê tanta gente mais feliz do que você
Apaga a luz na cama e antes de dormir
fica pensando o que fazer pra conseguir

o que é dos outros
Querer o que é dos outros é o seu gozo
e fica remoendo até o osso
mas sua fruta só lhe dá caroço

Invejoso
o bem alheio é o seu desgosto
queria um palácio suntuoso
mas acabou no fundo desse poço
 
Música

29 de março de 2010

Um pouco sobre Chico Xavier

No ano em que completaria 100 anos de vida terrena, buscamos relembrar um pouco da figura doce e amável de Chico. Especial Globo News


Entrevista com Marcel Souto, autor do livro "As vidas de Chico Xavier", que deu origem ao filme.


Estou lendo a tal biografia autorizada por Chico e me surpreendo com algumas passagens de sua vida, algumas retratadas pelo filme. Entre elas, a relação dele com sua família (pai, mãe, tia, madrasta, irmãos) e principalmente com seu mentor espiritual, Emmanuel.

Em uma passagem do livro, depois de ser "surrado" por uma mulher em desespero, Chico, incompreendindo com tal atitude violenta, questiona ao seu companheiro invisível por que deveria relevar e ser ainda mais paciente. Chico teve como resposta:

- Você está com a razão, mas ela está com a necessidade.
Para se acalmar, se lembrou de um dos mandamentos ouvidos de Emmanuel:
- Sua missão é formar livros e leitores. Formar leitores é suportar suas exigências, sem censuras. Formar livros é se esquecer de você.

E foi o que Chico fez até seu desencarne. Viveu em prol dos muitos que o cercavam e necessitavam de sua ajuda. Em 92 anos de vida, ele escreveu mais de 400 livros psicografados, consolou muitas famílias com suas cartas psicografadas por entes mortos, foi alvo de críticas, intimidações e acusações sem fundamentos, mas não se deixou valer porque sabia bem qual era sua missão na terra. Dizia que iria desencarnar no momento certo, quando o Brasil estivesse em festa para assim não chorar sua morte. E não por acaso partiu justamente no dia em que os brasileiros comemoravam o pentacampeonato da Copa do Mundo de 2002.

Leia também:
Matéria com Nelson Xavier, sobre o filme.
Matéria sobre bastidores e curiosidades sobre o filme.

28 de março de 2010

Cafuné


Encosto minha cabeça em suas coxas
Fecho os olhos e sinto um dedilhar diferente
Delicadamente, seus dedos finos tocam meus breves pelos.

Por serem ralos e finos
Os fios leves se entorpecem com seus movimentos
Estou entregue aos seus caprichos.

Como se catasse piolho
Seus dedos procuram algo em meus cabelos perdidos
Construindo caminhos sinuosos
Em ziguezague.

Que horas são?
Acabo perdendo o tempo
Quando estou em estado de graça
Brigo com o sono
Para não perder o fio da meada

Suave é o balançar de seus dedos
Em minha cabeça desnorteada
Coça com indicador minha nuca
Desliza os fios atrás da orelha
Muda o lado do penteado
Implica com o roda-moinho
Que insiste desarrumar o cabelo.

O que seria de mim sem seu cafuné?
Sou capaz de trocar seus afagos por um
Antes ou depois do café.

Quando o sono for inevitável
Lembre-se que depois irei cobrar mais
Não dispenso esse carinho amável
E por favor, faça sem reclamar
Pois logo depois...
Saberei bem lhe recompensar.

27 de março de 2010

Entrelaçados (conto)

Parte I
Parte II
Parte III

A falta de oxigênio no cérebro ocasionou uma série de complicações no quadro de saúde do rapaz. Seu estado era grave e inspirava cuidados especiais. Logo, os médicos decidiram induzi-lo ao coma, para melhor controlar a situação.

Nessa hora, toda a família já se esbarrava pelos corredores apertados do hospital público. O encontro foi inevitável naquela data especial. Era aniversário do caçula e, depois de alguns meses afastados, os dois se encaravam, cada um com sua angústia e tristeza, a espera de uma resposta positiva dos médicos.

“Precisamos confiar em Deus. Só ele pode salvar nosso filho”, mentalizava a mãe. “Deus quis que o destino nos unisse nesse momento, em prol de nossa família”, refletiu o pai.

Sem trocar uma única palavra, eles ainda se entreolhavam, com olhos de peixe morto, com a dor de uma iminente perda do filho querido. O sofrimento era tão grande que qualquer sentimento de ódio e rancor era deixado de lado naquele momento. Não havia espaço para lamentos conjugais. Os outros dois filhos, irmãos do rapaz, também estavam presentes e a mesma distância que separava pai e mãe era percebida entre pai e filhos.


Já anoitecia, quando o médico veio trazer o boletim: “pai e mãe, precisamos conversar, me acompanhem, por favor”. Então, os dois seguiram o médico, cabisbaixos e sem expressar qualquer reação diante do outro, apenas aguardavam com apreensão os dizeres do médico.


“Infelizmente, seu filho sofreu uma paralisia cerebral devido à falta de oxigênio no cérebro, pelo longo tempo que permaneceu embaixo d´água. No momento, não podemos definir agora quais as possíveis sequelas desse acidente, mas já podemos alertar aos senhores que o caso é grave e exige cuidados especiais. Por isso, peço a compreensão dos senhores para entender como deverão proceder a partir de hoje...”

No discurso, o médico enfatizou a importância do cuidado e do amparo dos pais para a recuperação do filho. O amor dos dois certamente seria o melhor remédio e somente juntos poderiam reunir forças para suportar tamanha aprovação.

Naquela praia, naquele dia, naquela onda, ele não imaginava como sua vida iria se transformar. Talvez o acidente tivesse sido apenas um elo para reaproximar novamente os pedaços daquela família. Talvez eles não tivessem preparados para voltar a conviver juntos outra vez. Mas certamente, pais e filhos estavam dispostos a rever seus julgamentos e suas dívidas. Os que erraram, tiveram a oportunidade de progredir, os que sofreram, tiveram a chance de perdoar.

Mas era preciso acontecer uma fatalidade para apaziguar os corações? Será que apenas o sofrimento é capaz de ensinar o verdadeiro valor da vida? O tal rapaz de alguma forma conseguiu se recuperar e está escrevendo seu testemunho em um livro. Quem sabe ele consegue responder a essas perguntas até o final de seus registros?

26 de março de 2010

Entrelaçados (conto)

Parte I
Parte II

Desde a separação conturbada de seus pais, ele não fala com seu pai. Julgava seu genitor um homem egoísta e interesseiro, e depois de sérias discussões, ele e seus dois irmãos deixaram de se comunicar com o pai.

Ironicamente, no novo aparelho de celular, ele havia gravado todos os nomes e respectivos números, incluindo de seus parentes mais próximos, sem identificá-los como tal. Com exceção de um: seu pai. Na verdade, ele preferiu não identificar os números salvos com apelidos ou qualquer nome conhecido porque acreditava que, por medida de segurança, em caso de roubo ou perda, ninguém saberia o contato de sua mãe, irmãos, namorada etc. Mas ele se esqueceu de trocar um nome e deixou o contato “pai” na memória do aparelho.

A tal senhora, ao buscar algum nome conhecido na agenda do celular, só conseguiu identificar justamente o número do pai do rapaz, e prontamente fez a ligação.
Em princípio, o pai desconfiou da ligação, pensando que se tratasse de um trote. Mas logo percebeu que era possível seu filho estar na praia naquele local.
Já acordado, porém atordoado com a situação, o rapaz fragilizado não soube responder as primeiras perguntas “quem sou eu, onde estou, quem são meus pais etc”. Mesmo apreensivo, deixou ser levado em ambulância para um hospital mais próximo. E a tal senhora preferiu então acompanhá-lo, para tentar ajudar no contato da família.

A senhora ainda atendeu outras ligações, e sem saber o que dizer direito, apenas avisava que o rapaz estava impossibilitado em falar. Alguns estranharam a tal voz no telefone, outros disseram que ligavam mais tarde. Entre uma ligação e outra, a mãe ligou preocupada com a demora do filho.

“Quem está falando?”, indagou a mãe amedrontada. Depois de alguns segundos, a informação foi dada para o desespero da mãe já desolada. A corrida pela busca de informações mais precisas fez a genitora esquecer da frase seguinte dita pela senhora no telefone “consegui avisar ao pai dele também”.

No hospital público, a ambulância já havia estacionado, e o rapaz direcionado à sala de emergência, acompanhado dos paramédicos.

Por ordem do destino, os genitores chegaram no local ao mesmo instante, protagonizando uma cena de desespero e compaixão. “Cadê meu filho?”, indagou o pai. “O que você está fazendo aqui?”, perguntou a mãe.

24 de março de 2010

Entrelaçados (conto)

Parte I

Era aniversário dele, e ele resolveu ir à praia logo cedo. O sábado estava com sol convidativo. O primeiro dia de outono. Aquele calor sufocante do verão já ficara para trás. A brisa suavizava o clima, a areia estava ainda vazia, com uns grupos de turistas americanos maravilhados com o mar de Copa.


Tudo estava calmo naquela manhã. Ele resolveu ir sozinho, com seu mp3 player, uma cadeira de praia, algum trocado para o mate e seu celular para receber as ligações do dia. Preferiu não levar nenhum documento. Estava próximo de sua casa, a poucos metros da praia. Sabia que não iria demorar muito, porque já havia marcado um almoço em família para comemorar seus 28 anos.


Depois de alguns telefonemas, resolveu se esticar na cadeira, escutar uma música dançante enquanto tomava um sol. E este começou a esquentar um pouco, conforme o passar das horas. A brisa já não era constante e os primeiros pingos de suor já lhe incomodavam. Foi então que resolveu dar um mergulho.


Próximo do mar, sentiu a água bater nas canelas, passou as mãos molhadas na nuca e pediu proteção a sua mãe Iemanjá. Sempre foi de admirar o mar antes de entrar. Pisciano típico, encontrava nas águas salgadas um refúgio dos males terrenos, um remédio para o corpo e para alma, onde acreditava-se na purificação e no poder de cura do mar. Não era devoto de nenhum santo, muito menos “batia” cabeça, mas tinha lá suas crenças. Mal sabia o que estava para ser.


Quando entrou definitivamente, mentalizou mais uma vez e agradeceu por mais um ano de vida. Foi nadando para o fundo até ser surpreendido por uma onda grande. Sentiu-se atordoado, nem conseguiu encostar os pés na areia. O cachote foi inevitável, e a mistura de espuma e areia lhe deixou sufocado. Mal conseguiu levantar a cabeça, foi surpreendido por outra onda gigante, que mais uma vez, lhe fez rodopiar embaixo d´água. Não havia tido tempo para buscar ar entre uma onda e outra, e seu fôlego já se esvairia. O desespero não lhe permitia raciocinar e a respiração forçada só lhe fez engolir água. O corpo já não lhe respondia. Ele desfaleceu em pleno mar de Copacabana.


Quando alguns banhistas perceberam aquele corpo moribundo, logo se movimentaram para resgatá-lo. Viam-se os primeiros salva-vidas correndo em direção do mar, tentando burlar o tempo, como se voassem para próximo do corpo. Naquela circunstância, boa parte da extensão da areia já se voltava para o acontecido. E aos poucos já se viam os primeiros socorros, com ele estirado à beira mar.


Uma senhora, que estava próximo aos pertences do rapaz afogado, ao perceber que era o mesmo a quem minutos atrás tinha lhe dirigido a palavra para pedir que tomasse conta de seus objetos enquanto se banhava, não demorou para procurar seus documentos e tentar ajudar na identificação dele.


Não encontrando qualquer documento, percebeu que havia apenas um celular e que neste estava escrito a saudação no display. Ao se aproximar dos salva-vidas com o celular do rapaz, um deles alertou: “por favor, avisem algum parente dele pelo telefone, já que ele está sozinho”.

parte II

23 de março de 2010

Eu não enxergo 3D!

Quando assunto é filme 3D, não tenho outra saída a não ser ignorar. Mas quando as pessoas vêm me perguntar se eu assisti Avatar em 3D ou qualquer outra coisa em 3D, eu perco pelo menos meia hora tentando explicar o simples fato de que para mim não existe isso. Eu não enxergo 3D. Parece estranho para muita gente, mas milhares de pessoas como eu – calcula-se que pelo menos 3% da população brasileira – não podem enxergar a “magia do 3D” porque “sofrem” de ambliopia. E qual explicação para isso?
Ao ler uma matéria fantástica no site da Revista Galileu, percebi exatamente o que acontece comigo. Vamos à explicação:
 
“Essa deficiência acontece quando um dos olhos se desenvolve menos que o outro devido a alguma perturbação. Por exemplo, se um dos olhos tem a visão muito pior que o outro”. Eu sempre enxerguei bem melhor com o olho esquerdo, e aos poucos fui anulando o olho direito (o olho “ruim”). “(...) o cérebro pode ‘desligar’ automaticamente a imagem que vem do olho míope para ficar só com a imagem boa. Com o tempo, o olho que não é usado para de se desenvolver (...)”.

O texto ainda descreve: “muitas outras razões podem fazer com que uma pessoa não veja 3D. Ela pode ter um estrabismo muito forte em um dos olhos, ter catarata ou sofrer de degeneração de um olho só por causa da idade ou até ter olhos desalinhados. Neste último caso, duas coisas podem acontecer: ou a pessoa enxerga duplo ou suprime uma das imagens”. No meu caso, eu desenvolvi o estrabismo desde meus dois anos de idade. E a coisa era tão séria, que aos seis anos de idade, meu oftalmologista da época disse que meu caso era cirúrgico e de emergência, pois poderia ficar cego de uma vista.

O que amenizava o meu problema era o fato de eu enxergar alternando a visão, então, quando eu enxergava com o olho direito, o esquerdo ficava estrábico, a ponto de quase toda córnea entrar (a parte preta do olho), e vice-versa. Bizarro, não? Depois da minha cirurgia, o estrabismo melhorou significativamente e, com o tempo, até estacionou no olho direito (poucas pessoas percebem atualmente que sou estrábico).

Voltando para história do 3D, essa tecnologia depende da visão dos dois olhos para funcionar. Na tela, as imagens destinadas ao olho esquerdo e ao olho direito – que são levemente deslocadas uma da outra – são exibidas simultaneamente. Cada lente dos óculos 3D tem um “filtro”, que faz justamente a separação dessas imagens. Com as duas informações diferentes (das imagens levemente deslocadas) chegando ao mesmo tempo no cérebro, é o que dá a sensação de profundidade.

Daí você pode me perguntar: “você então não enxerga profundidade das coisas na vida real?”. Sim! Segundo a explicação do professor Augusto Paranhos, citado na matéria, o cérebro tem muitas outras “pistas” além da visão de profundidade. “Ele também se baseia no tamanho dos objetos, no ângulo que eles fazem quando você gira a cabeça e até no foco dos objetos que estão mais próximos”, afirma Paranhos.


Por fim, quero deixar claro que nada disso prejudica meu cotidiano, como dirigir, me deslocar normalmente. Quem apresenta a chamada ambliopia, só lamenta o fato de não curtir a experiência do 3D (e a tendência de filmes assim só vai aumentar, inclusive), mas não deixa de viver por causa disso! Fico muito feliz em ler uma matéria como essa, porque assim como eu, muitos vão poder compreender melhor essa patologia rara e buscar, se for necessário, ajuda médica. Fica aqui então a mensagem para os que visitam o blog e conhecem alguém que também não enxerga em 3D (ou fazem parte dos 3% da população como eu!).

Leia também:
Mister Magoo tirou férias (para sempre)

22 de março de 2010

O futuro nos espera!

Uma câmera web com sistema de projeção portátil a baterias, e com um pequeno espelho. Esses componentes se comunicam com o celular que está no bolso da calça, por exemplo, e que funciona como dispositivo de comunicação e de computação. Utilizando gestos naturais com os dedos, e projetando a imagem em qualquer superfície (parede, na própria mão), é possível visualizar “seus desejos”, como um verdadeiro dispositivo do sexto sentido! Ajuda na tomada de decisões pessoais em diversas situações do cotidiano (compras etc), assim como atualiza e antecipa informações sobre o que acontece no mundo.



(acesse o link, há legenda em português!)


Parece muito louco tudo isso, futurista demais, porém, acredito cada vez mais que estamos caminhando para um mundo totalmente robotizado, automatizado e computadorizado. Não sei se tudo o que “planejam” para o futuro será concretizado, mas devemos esperar qualquer coisa no universo da tecnologia e inovação.

Como trabalho em um Centro de Pesquisas, vivencio um pouco desse universo e já vi muitas inovações surgirem de idéias loucas como essas, e se tornarem realidades em pouco tempo (lembrando que a idéia de tempo é relativa)!

Idéias práticas e inovadoras são muito bem vindas, desde que não prejudiquem o meio ambiente e tenham como princípio básico a sustentabilidade. Ao mesmo tempo que sonhamos com bicicletas futuristas, celulares com sexto sentido etc, nos preocupamos com coisas básicas, como a falta de água potável em nosso planeta, o aquecimento global e a escassez de recursos naturais básicos para nossa sobrevivência. Parece papo chato, de ambientalistas-defensores-engajados-extremistas, mas não é!

20 de março de 2010

Cérebro humano vive a novidade

Li um texto, que não sei exatamente se é um artigo científico (portanto se tem fundamentos e estudos sérios sobre o assunto), mas que me chamou atenção, porque tenta explicar por que nós sentimos o tempo passar rapidamente, conforme o passar dos anos. Segundo o texto, o nosso cérebro mede o tempo por meio da observação dos movimentos. Ou seja, se algo é novo, estranho, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo! Já o que estamos acostumados a viver, o cérebro é extremamente otimizado.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como acordar, dormir, comer etc. Portanto, ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático, e “apagando” as experiências duplicadas. Exemplo fácil: dirigir um automóvel pode parecer super difícil no início, porque até o cérebro coordenar os diferentes movimentos, demora. Mas depois que aprende, acabamos ligando o “piloto automático”.

E o que faz parecer que o tempo está acelerando é justamente a nossa ROTINA! Ela é fundamental em nossas vidas e realmente otimiza muita coisa, mas quando exagerada acaba tornando a vida monótona demais, chata e... automática!

Dizem que o ideal é trabalhar com um antídoto: M&M – Mude e Marque. Ou seja, o Mude serve para realizar algo diferente sempre e o Marque serve para criarmos o ritual, como a comemoração do seu aniversário todo ano e o registro de fotos desses momentos. Se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.

Pensando nisso, acredito cada vez mais que saber viver é justamente não criar rotina para tudo, mas ao mesmo tempo cultivar seus rituais, marcando com celebrações momentos importantes na vida, como aniversário, casamento, nascimento, batizado, férias anuais etc. Ter um ciclo de amigos ecléticos, de diferentes origens, grupos. Cultivar o novo, buscando lugares, cheiros, roupas, livros, comidas diferentes sempre!

“Não há tempo que volte, amor! Vamos viver tudo que há pra viver! Vamos nos permitir!”


E viva meus 28 anos!

10 de março de 2010

Os sonhos falam...

Cada vez mais me conscientizo da importância do sonho. Todos nós sonhamos, sendo que uns conseguem lembrar, mesmo que vagamente, e outros não. Desde jovem, sempre tive curiosidade em saber por que sonhamos e o que o sonho significa. Mais uma vez, o espiritismo me trouxe uma resposta para essa questão. De forma sucinta, a doutrina diz que todos nós somos médiuns (faculdade que permite a comunicação com plano espiritual), uns mais desenvolvidos e outros menos. Um dos médiuns mais conhecidos por todos foi Chico Xavier. E a prova disso é justamente o fato de nós sonharmos, pois durante o nosso sono, o corpo descansa, enquanto o espírito continua em atividade. Dependendo do sonho, é possível descrever por onde o espírito andou durante o descanso do corpo. É claro que essa explicação é bem simplória e não tenho pretensão de estender sobre esse assunto por aqui.

Acontece que ultimamente fico assustado comigo mesmo, por conta de meus sonhos mediúnicos. Não desenvolvi outro tipo de mediunidade e, portanto, não tenho outro meio de comunicação com o mundo espiritual, mas certamente os meus sonhos me provam como estamos em sintonia com esse plano.

Algumas passagens em minha vida vêm me demonstrando a importância do sonho principalmente em suas mensagens subliminares. Essas, muitas vezes, trazem boas-novas nem sempre bem interpretadas por mim. Assim aconteceu na primeira vez que me dei conta disso...

No ano de meu vestibular, período complicado para muitos que passam por ele, encontrava-me uma pessoa estressada, desestimulada, pressionada pelos familiares mais próximos e principalmente por mim. A cobrança era muita e a vontade de passar para uma universidade pública era grande. Na época, o curso que optei era bastante concorrido, perdendo apenas para medicina em algumas universidades. Pela primeira vez, via-me sentado em um divã, conversando com uma terapeuta, para tentar me acalmar e trazer de volta a auto-confiança. Em uma sessão, a terapeuta me perguntou se eu tinha o costume de interpretar meus sonhos. Eu disse que não. Ela então sugeriu que eu contasse a ela todos os meus sonhos (os que eu lembrava, é claro). Até que em uma noite, eu sonhei que estava numa loja de uniformes escolares comprando um uniforme novo para minha... nova escola. No sonho, eu parecia extremamente feliz porque iria ingressar em uma nova escola, mesmo sendo um mundo totalmente desconhecido para mim. Na época, minha terapeuta logo indagou: “você ainda não percebeu que isso foi uma mensagem para você?”. “como assim?”, respondi. Então ela continuou: “acho que essa é uma mensagem, dizendo que você provavelmente terá uma novidade muito em breve, e se você acreditar nisso, pode ser que seja realmente seu passaporte para a tão desejada universidade”. No início, não acreditei. Achei aquilo viajante demais, delírio total da terapeuta. Duas semanas depois, saiu uma reclassificação da PUC, e eu tinha passado. Mais tarde, eu teria sido aprovado no vestibular da UFRJ.

Em outra passagem, já contada com detalhes aqui no Rascunhos foi o tão desejado sonho que tive com meu querido avô já falecido. Quando ele faleceu, duas semanas antes de meu aniversário, eu pedi muito a espiritualidade que lhe desse a autorização para que ele viesse me dar o abraço de parabéns pelo dia do meu aniversário. Pois no sábado seguinte ao meu aniversário, dia 24 de março, ele veio através de um sonho lindo e inesquecível. (leia). Recentemente, tive outra surpresa maravilhosa.

Em dezembro, estive na casa de uma grande amiga, minha afilhada de casamento, e comentei que havia sonhado com ela e seu lindo bebê. Ela não escondeu a alegria e me confessou que já estava tentando a gravidez. Mal ela sabia que já estava grávida. Em janeiro, durante suas férias na Disney ela descobriu, fez o teste e confirmou quase três semanas de gestação. Ela me ligou surpresa com a história do sonho.

Do mesmo jeito que sonhamos com coisas boas, também temos maus pressentimentos, e são essas mensagens sublimares que às vezes me assustam. De toda forma, tento encarar meus sonhos como uma faculdade poderosa, que pode me ajudar (e muito) em minhas decisões, meus pensamentos, de como proceder em certas situações ou evitar incidentes, discussões desnecessárias ou qualquer tipo de transtorno.

Há os que acham tudo isso uma bobagem, assim como já pensei anteriormente. Não importo, pois tenho a convicção que essa faculdade nos foi presenteada justamente para podermos conhecer o que há além da nossa vida terrena. Só devemos buscar o conhecimento para saber interpretá-las da maneira correta. Estou longe de responder tantas outras dúvidas em relação a pesadelos, a sonhos com pessoas desconhecidas, estranhas ao nosso cotidiano, a situações em priori bizarras etc. O que sei é que sonhos podem ter múltiplas explicações e justificativas ainda muito além do nosso intelecto e, portanto, da nossa plena compreensão.

8 de março de 2010

Mais um pouco sobre Costa Concordia!

Não sabia que o Navio que escolhi este ano para fazer o meu primeiro Cruzeiro era tão badalado! Além do Cruzeiro “Emoções em Alto Mar”, com show de Roberto Carlos, e do Cruzeiro “É o Amor”, com show de Zezé de Camargo e Luciano, descobri que o Costa faz uma série de Cruzeiros temáticos, entre eles o Fitness. E para minha surpresa, o Esporte Espetacular fez uma longa reportagem sobre esse Cruzeiro, mostrando em detalhes a programação do navio. Achei muito legal a matéria, porque para quem não conhece o navio, dá para ter uma boa noção do tamanho (as diversas áreas, como sala de musculação, um dos salões de festa, o teatro principal, a área da piscina etc). Realmente é um Navio que surpreende! Vale a pena conferir a reportagem.

1 de março de 2010

445 anos do Rio

Como bom carioca, não poderia esquecer de comemorar o aniversário da minha cidade.

Mesmo com seus problemas sociais, a discrepância de classes, o luxo e o lixo, o calor quase infernal, a má educação de alguns cariocas, vale muito a pena viver nesta Cidade.



Todos os dias, eu vejo um Rio alegre, praiano, simples e sofisticado. Fonte de inspiração para inúmeras canções, não é à toa que foi escolhida como Cidade mais alegre do Mundo!



Em um velho post, traduzi o que para mim significa "Ser Carioca".

Um retalho do Rio

Rio, rio, rio
Rio pra não chorar
Pra quem não sabe sou rio
A cantar

Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você

Berço do samba e das lindas canções
Que vivem n'alma da gente
És o altar dos nossos corações
Que cantam alegremente

Capital do sangue quente
Do Brasil
Capital do sangue quente
Do melhor e do pior
Do Brasil...

Calçada cheia de gente
A passar e a me ver passar
Rio de janeiro, gosto de você
Gosto de quem gosta
Deste céu, desse mar,
Dessa gente feliz

Rio, seu mar
Praia sem fim
Rio, você foi feito prá mim
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara

Sou do Flamengo
Sou ali em Botafogo
Sou da casquinha do ovo
E essas flores
Na Rocinha vou plantar
Quem olha minha barraca
No morro de Santa Marta
Quer morar

Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos...

Quem é dono desse bêco?
Quem é dono dessa rua?
De quem é esse edifício?
De quem é esse lugar?...

É meu esse lugar
Sou carioca
Pô!
Sou carioca!
Eu quero meu crachá


letras: Valsa de Uma Cidade, Samba do Avião, Cidade Maravilhosa, Rio 40 graus, Vide Gal

“La plata” muy cara

Diante da tragédia do Chile, e recentemente do Haiti, lembremos sempre do fato que vivemos em terras abençoadas. Por estar situado em meio a uma placa tectônica, o Brasil é naturalmente privilegiado e, por isso, estamos protegidos de terremotos e vulcões. Isso não nos impede de outros tipos de catástrofes, como enchentes e deslizamentos de encostas, mas a proporção nem se compara a essas tragédias.

Mas o episódio que venho descrever nada tem a ver com esses últimos acontecimentos. Porém, tem o Chile como cenário. Em janeiro deste ano, minha cunhada passou por um constrangimento desnecessário que certamente lhe serviu de experiência, assim como tantos outros que também passaram pela situação.
Em sua viagem para Santiago, ela levou uma banana em sua bagagem de mão que, segundo ela, sempre costumou levar em viagens longas, porque nem sempre ela gosta do comer o que é servido durante o vôo. Então, munida com uma banana, ela teria a garantia de uma alimentação saudável e gostosa (para quem gosta de banana). Todos nós sabemos que não se deve levar nenhum tipo de alimento em bagagem de mão no vôo. Ela também sabe disso, mas como nunca houve problema até então, ela continuou levando uma fruta.

Acontece que, durante o vôo, foi repassado aos passageiros um formulário para ser respondido e entregue ao comissário, antes do desembarque. Neste formulário, a pessoa deveria responder questões como: “você está portanto algum tipo de droga? Arma? Mais de mil dólares em espécie? Algum vegetal?”. Na ordem de perguntas algumas esdrúxulas e outras nem tanto, as respostas eram automaticamente negativas, incluindo o vegetal. Lembremos deste fato.

Ao desembarcar, dentro do procedimento cabível, passaram a bagagem de mão dela pelo raio X e assim detectaram a tal banana. Nota: ela esqueceu de comer a fruta durante vôo. Logo em seguida, pediram que ela fosse encaminhada a uma sala reservada. Sem entender nada, ela obedeceu e se dirigiu a tal sala, acompanhada de um funcionário do aeroporto. Já na tal sala, ela foi questionada por um policial federal se estava portanto em sua bagagem “una plata”. Inocente, ela responde: “plata”? Non, yo não tengo plata, si peso chileno”. Alguém lá do fundo da sala, ao escutar o diálogo, grita para ela em português: “plata aqui é banana”!

- “Ah, sim, estou levando banana sim”.
- Pois muito bem, a senhora mentiu, por isso está violando a lei.
- Mentiu? Por que menti?
- A senhora respondeu no formulário que não carregava nenhum tipo de vegetal.
- E não estou. Banana é fruta!
- A senhora terá que pagar uma multa para ser liberada.
- Uma multa? Como assim? Por conta de uma banana?


Pelo número de zeros à direita do valor em pesos, ela ficou assustada com a multa exorbitante. “Que isso?! Eu não vou pagar isso! É um absurdo!”, respondeu indignada. De forma ríspida, o oficial foi categórico: “Ou a senhora paga a multa, ou a senhora será presa”. “Onde eu pago mesmo?”, respondeu desanimada.

Resultado, La plata mais cara do mundo lhe custou 238 dólares, quase 500 reais, sendo sua boa-vinda em terras chilenas.