23 de dezembro de 2010

Balanço final

Recebi uma bela mensagem de minha amiga Cris, e resolvi adaptá-la para cá. Então vamos lá:

Nesse ano, o carnaval foi da Unidos da Tijuca, a eleição da Dilma, a reeleição do Cabral, despedida de Lulinha e o Fluminense tricampeão. Houve a pacificação do Complexo do Alemão depois de algumas semanas de terror, o 14º casamento da Gretchen, os shows de Paul MacCartney e do Black Eyed Peas. Houve também uma onda de filmes com temática espírita, entre eles o fenômeno Nosso lar e Chico Xavier. As chuvas de abril, o Morro do Bumba, a reabertura do Teatro Municipal, as fofocas do WikiLeaks, a Playboy da Fani pegando a Natália, o resgate dos mineiros chilenos, 60 anos da TV brasileira e o Faustão cada vez mais magro (e esquisito), a promoção do Nascimento a coronel, Tropa de elite ao vivo na TV, a passagem de Saramago e Nestor Kirchner, a eternidade de Niemeyer (viva 103 anos!), Hebe, Mandela e Fidel, o noivado do príncipe Willian, o fim do namoro da Madonna com Jesus Luz, a demissão do Dunga, Brasil fora da Copa e de olho nos peitos da Riquelme. As compras frenéticas no Peixe urbano, as gerações X e Y “dominando” o mercado, o Censo do IBGE (agora somos 190.732.694 brasileiros), o filme sobre o criador do Facebook (que por sinal anda detonando o esquecido Orkut), a chegada do iPad ao Brasil, o adeus à crise econômica e o que mais vocês lembrarem.

Particularmente, me aventurei num cruzeiro rumo ao Nordeste, redescobri o Planalto Central, troquei uns passos em Buenos Aires, conheci a neve, saboreei os chocolates de Bariloche, além de apadrinhar três casais de afilhados! Mas o melhor de tudo é que eu mudei, nós mudamos, nós aprendemos, nos magoamos, rimos demais, brindamos, fizemos planos e esquecemos. O mais importante é que vivemos! E com o passar do tempo, só posso dizer que os anos têm ficado mesmo cada vez melhores!

Feliz 2011 para os que habitam este planeta, sonham com dias mais tranqüilos, rezam pela saúde dos próximos e desejam o bem a todos. Rumo a mais um ano de expectativas, promessas, planos. Trabalhar, estudar e celebrar a vida com quem amamos. Damos sentido à vida, por mais que ela pareça confusa, tumultuada e fugaz! Saúde, paz, amor, sexo, vocês sabem todo o resto! Basta viver!

2 de dezembro de 2010

Conto de Natal – O velhinho do 404


O edifício Lar de São Francisco é um movimentado prédio localizado no caloroso bairro da Tijuca. Lá, moram várias gerações da típica classe média carioca, desde crianças de mães solteiras universitárias até aposentados, funcionários públicos. Entre eles, Sr. José: um coronel reformado que há 40 anos mora no apartamento 404, cuja janela de seu quarto dá de frente para a área de lazer do prédio, vulgo “playground”. Viúvo há dois anos, ele preferiu continuar morando sozinho no amplo apartamento de três quartos, mesmo depois do convite feito por sua filha mais velha para morar em sua casa, num condomínio de alto luxo na Barra da Tijuca.

Sua aposentadoria de militar reformado garante uma vida tranqüila, sem muitas regalias, mas com certo conforto. Sr. José, como todo aposentado tijucano, leva uma rotina pacata, para não dizer chata. Acorda às cinco da manhã, faz sua caminhada matinal em volta do Maracanã, toma seu café amargo, lê o jornal quase completo (ele dispensa a seção de esportes, porque acha uma besteira) e assiste à televisão, praticamente o dia inteiro, só parando para as devidas refeições e a soneca da tarde. Sua rotina muda um pouco quando Sr. José tem de resolver problemas no banco, ou quando há uma consulta marcada no médico da família.

As más línguas dizem que Sr. José é um senhor rabugento, mal humorado e resmungão, que vive reclamando da zoeira que as crianças fazem quando brincam na área de lazer do prédio. Intriga dos vizinhos. Sr. José é apenas um senhor de idade, que tem insônia e, portanto, demora muito para pegar no sono, por conta da gritaria no pátio interno do edifício. Mas segundo ele, nunca incomodou ninguém com suas queixas. Coitado. 

(cont.)

29 de novembro de 2010

Onde está o erro?


O tráfico de drogas não é um comércio ilegal como outro qualquer. Ele é extremamente presente na vida dos cidadãos, desde o fornecedor até o consumista. É justamente a falta de consciência de quem consome e compra que faz esse universo crescer, se estabilizar e criar um ciclo cruel de assaltos, mortes e terrorismo.

A minha geração já cresceu “acostumada” a esse ambiente onde “favela é lugar de tráfico”. Todas as pouquíssimas vezes que subi a um morro, tive a sensação que estava vivendo uma “experiência antropológica”, porque é assim que quem mora no asfalto pensa, infelizmente.

Se refletirmos um pouco, só há comércio quando há lucro. Muitas vezes, o indivíduo inicia seu consumo de drogas por nada, por curiosidade em experimentar e saber no que vai dar. Se não são os amigos, o próprio incentivo vem de dentro de casa, com os pais, ou irmãos. Daí, a pessoa começa aos poucos e, dependendo do hábito, vai aumentando seu consumo até se tornar um viciado. Ok, nem todos são viciados. Fumam às vezes, dependendo do ambiente, da ocasião, seja numa festa, seja num show, num encontro de amigos. Há os que têm “ideologia” e procuram cultivar sua própria horta caseira, tendo sua droga produzida em casa mesmo, para consumo próprio apenas. Outros já se arriscam mais um pouco e sempre conhece um parceiro-gente-boa que fornece. Porém muitos nem sequer sabem como aquela droga chegou até ali, apenas consomem, porque alguém trouxe, alguém comprou.

Sabe aqueles ciclos que aprendemos na escola sobre como surgem as coisas? Como surge o bebê, como nasce o fruto, como é feito um carro, os produtos de origem vegetal, animal, mineral, o ciclo da água etc. Pois então, essas crianças cresceram, aprenderam conceitos fundamentais da vida, mas esquecem de raciocinar a origem de sua droga consumida. Não digo aqui que o que é ilegal é mais prazeroso, porque o cigarro e a bebida alcoólica são consumidos tão quanto e são legalizados. Então, por que é tão legal consumir drogas?

O tráfico amedronta qualquer cidadão. Mas para muitos, ele só aparece quando estoura uma bomba na cidade, como aconteceu nessa última semana na cidade do Rio de Janeiro. A onda de medo, criada pelos traficantes, mais uma vez assustou a população nacional. Mais uma vez, fomos obrigados a nos trancar em casa, desmarcando nossos compromissos, vivendo uma rotina atípica. Assistimos estarrecidos pela televisão a fuga de centenas de bandidos de uma comunidade para outra, ainda mais perigosa, ainda mais preparada para enfrentar a polícia. Muitos aplaudiram e se emocionaram quando presenciaram as tropas de elite das polícias militar e civil, e ainda as três forças armadas invadindo as favelas com toda estratégia de guerra. A guerra estava acontecendo ao vivo, diante de nossos olhos. Ficção ou realidade? Tropa de Elite 3? Sim, muitos filmaram os ataques como um verdadeiro documentário para depois vender tais cenas como mais um filme policial. A ficção de “Tropa de Elite” virou “fichinha” perto da realidade do Complexo do Alemão.

Por um lado, o Estado tenta conter o poder do tráfico, criando as chamadas UPPs (Unidade Pacificadora da Polícia) em algumas favelas, realizando ataques a essas comunidades, como aconteceu neste domingo histórico (28 de novembro), quando todos acompanharam pela TV full time. O resultado final parece ser satisfatório, com apreensão de toneladas de drogas, munições e 20 prisões. Mas isso é pouco, muito pouco. Das centenas de cabeças que fugiram diante da TV, com armas na mão, a grande maioria está desaparecida. Para onde eles foram? Estão escondidos?

E as outras favelas ainda dominadas pelo tráfico? E os policiais envolvidos em corrupção? E os traficantes de classe média alta, misturados nas faculdades, nos condomínios, nas raves, nas baladas, na praia? Por último, não menos importantes, e os consumidores desse comércio? Onde estão?

O que mais escutei nesses últimos dias foi a revolta dos cidadãos cariocas, crendo que a única saída para o fim do tráfico é o extermínio em massa desses traficantes e bandidos. “Prender para quê? Tem que matar todo mundo”. Nessa cadeia alimentar, matar os produtores não adianta em nada. “Rei morto é rei posto”. Morre um traficante, nascem três. Mas se pararem de comprar? Se a oferta for maior que o consumo? Será que essa indústria se sustentaria? Quantos perderiam o “emprego”? Quantos deixariam de ganhar? Quantos deixariam de morrer? Quantos deixariam de matar?

O problema que o consumo de drogas virou uma questão cultural. Passou a ser normal consumir na sociedade moderna. Achamos absurdas as sociedades que misturam religião e política, com massacres de civis em regiões islâmicas, mulçumanas etc.. Achamos desumano as sociedades machistas que ainda admitem pena de morte ao adultério das mulheres com enforcamento ou apedrejamento. Achamos o cúmulo sociedades vivendo sob ditaduras, com prisões e mortes covardes.  Mas não achamos absurda a banalização da droga. Por quê?

O bem vence o mal, para quem acredita que o mal pode ser evitado por nós mesmos, começando pelas nossas atitudes conscientes. Não sou demagogo, muito menos purista. Não sou utópico nem idealista, mas acredito que a única salvação é o caminho do bem.

25 de novembro de 2010

Lamentável mundo cão


Estamos vivendo mais uma vez uma época de “salve-se quem puder”. O Rio volta a ser manchete por conta dos inúmeros ataques dos bandidos em toda cidade. Eles estão reagindo contra as UPPs, o governo diz que está contra-atacando, mas quem sofre mesmo somos nós, cidadãos.

Quem achou que os bandidos iriam apenas fugir dos morros, onde essas unidades pacificadoras da polícia estão sendo instaladas, foi ingênuo demais. Era óbvio que mais cedo ou mais tarde eles iriam reagir ao cerco que a polícia e o Estado estão fazendo para acabar com o tráfico nas favelas cariocas. Acontece que a reação da polícia não está sendo suficiente para conter essa onda de violência absurda que toma conta dos bairros.

E o que fazemos? Trancafiamos-nos em nossos lares, porque afinal de contas somos nós os verdadeiros presos.

Faz pouco mais de um ano que vivi uma das piores experiências da minha vida na cidade, quando houve um princípio de arrastão dentro do Túnel Santa Bárbara, bem na hora que eu ia para meu trabalho. Tive que abandonar meu carro, sair correndo, sem saber o que estava fazendo, porque o medo de morrer faz você correr desesperadamente. Isso é sobrevida, isso é guerra não declarada, isso é terrorismo.

Chegaram afirmar por aí que o tráfico já era, e o perigo está com a milícia... ah é? Então me expliquem o que está acontecendo agora?

17 de novembro de 2010

Gerações BB, X ou Y

Se no seu trabalho você identifica diferentes perfis profissionais desde aqueles que vestem a camisa da empresa há séculos e só se preocupam com a estabilidade até os que são arrojados, destemidos e procuram a qualquer custo novas experiências, seja aqui ou no Japão; então você já consegue perceber que vivemos em um conflito de gerações. E essas gerações agora têm nome, com suas características bem definidas.

Geração “baby boomer”- nasceu depois do fim da segunda guerra mundial (décadas de 40 e 50). Tem como característica a construção de uma carreira sólida, com fidelização ao trabalho. Uma carreira que realiza e não necessariamente oferece apenas aporte material. Preocupada com o dever, a segurança em permanecer muito tempo em uma empresa. Hoje, muitos desses se encontram em posições de chefia, diretoria ou presidência. Aprenderam a chamar os mais idosos de “senhor e senhora”, pedir a benção, ver nos mais velhos uma figura de autoridade.

Geração X – nasceu na segunda metade dos anos 60 e década de 70. Brasil vivia a ditadura militar e, em seguida, as Diretas Já, com a volta da democracia. Época da AIDS, dos grupos de jovens músicos revolucionários, geração Coca-cola, com a tecnologia entrando de vez em casa. Apesar das mudanças de moedas, época de TV com controle remoto, videocassete, os primeiros PCs. Essa geração quer trabalhar mais, para ganhar mais dinheiro. Apegado aos títulos, aos cargos, às posições, mérito de muito esforço que teve. Tem uma certa resistência à tecnologia, não é tão conectado à inovação, e tem sua forma própria de trabalhar, focada.

Geração Y – nasceu meados da década de 80 e toda década de 90. Já tem na bagagem uma democracia feita e uma economia aberta, com fortalecimento do real. O computador e o celular já chegam com força total. A internet abriu as portas para essa nova geração, que está voltada para o prazer. Não quer um trabalho sisudo, fechado, nem um chefe que determina apenas suas tarefas, sem que ele possa participar, contribuir com suas idéias. Ele é mais impulsivo, mais impaciente, visa subir logo na carreira, mesmo que em pequenos passos, porém constantemente. E se aquela empresa não lhe valoriza, ele procura outra, mesmo sendo a concorrente. Se a proposta for boa, e o retorno financeiro for compensador, muda sem medo de arriscar.

Essas diferenças já estão tão evidentes que é impossível não haver conflitos de idéias, interesses e conceitos. Dentro de uma empresa, o que se percebe são chefes ou retrógrados, mas com experiência e anos de casa, ou jovens que já estão assumindo em pouco tempo cargos de chefia, com ousadia e talento. No final das contas, o que vale é a competência, seja do jovem, seja do mais experiente.

Independente de sua idade, em qual geração seu perfil encaixa melhor? Você prefere estabilidade e ser fiel à mesma empresa durante anos; ou procura sempre o aperfeiçoamento, conquistando títulos e posições e buscando ganhar sempre mais; ou nunca está satisfeito com o emprego atual e sempre busca novos desafios, novas experiências e oportunidades de emprego onde quer que seja e onde paga mais?

Saiba mais nas matérias especiais que o Jornal Globo promove durante essa semana.
Primeira matéria.
Segunda matéria
Terceira matéria  

Quarta matéria

Vale a pena ver esse vídeo que resume tudo isso e mais um pouco!
We All Want to Be Young (leg) from box1824 on Vimeo.


10 de novembro de 2010

O mulato da gafieira (conto)


Mônica era praticamente casada. Vivia um romance há seis anos com um cara bacana, daqueles que fazem amizade fácil. Sentia-se realizada, e só não se casava mesmo, de papel passado, porque não tinha dinheiro para bancar a festa. Ah... a festa! Ela sonhava com uma grande recepção, com banda, jantar e muitos convidados.

Só faltava ela passar para o concurso público, e ele também. Os dois fizeram direito e já estudavam juntos há dois anos. O trato era: quando o primeiro passar na prova, já marcava a data do casamento.

Em meio ao estresse dos estudos, da pressão diária, Mônica resolveu investir seu talento na dança. Ingressou em uma academia no centro da cidade e começou suas aulas na turma de iniciantes, sempre às terças e quintas. Em um ano, ela dançava mais que mulata de escola de samba. Os estudos não foram esquecidos, mas aquele empenho e dedicação de antes foi ficando para trás. Bem diferente de seu namorado, que continuava estudando rigorosamente todos os dias.
 (Cont.)

9 de novembro de 2010

Filmes sobre Mundo Corporativo


O jornal O Globo fez uma lista com alguns filmes que têm como temática os desafios do mundo corporativo, desde exemplos de superação como “O diabo veste Prada” e “À Procura da Felicidade”, até a falta de ética e valores como “O que você faria?”.

O meio corporativo vem estimulando o ser humano a superar seus limites e chega a provocar seus instintos mais primitivos. A competição no mercado de trabalho mostra como estamos sujeitos a todo tipo de prova. Não basta ter talento, ser um bom profissional, é preciso mostrar capacidade de superação.

Alguns vencem porque têm determinação, mas isso apenas nem sempre funciona. O que mais presenciamos é o profissional com valores duvidosos, quando a ética e bom senso passam longe. O famoso “puxar o tapete” torna-se mais comum em certas empresas, porque muitas vezes isso é incentivado pelo próprio chefe. No final, o que conta são os resultados. O quanto o profissional lucrou com sua “jogada de mestre”.

Daí, a vontade de abandonar esse mercado é cada vez maior. Muitos procuram no concurso público uma saída para uma carreira profissional mais tranqüila tanto no ritmo de trabalho quanto na recompensa financeira. Em compensação, por outro lado, a competição nesses concursos é absurdamente maior. Já outros preferem trabalhar por conta própria, abrindo um pequeno negócio, mas com grandes desvantagens, sem incentivo fiscal, por exemplo.

O estímulo à superação é saudável e faz parte do gerenciamento de toda equipe, porém há uma tênue fronteira entre o equilíbrio e o absurdo. Uns apostam alto, abrem mão de uma qualidade de vida e uma vida sociável, em prol da família. É comum perceber os efeitos do estresse diário, os cabelos brancos, as doenças crônicas, fora o mau humor peculiar dos big boss e, consequentemente, dos seus subordinados.

Não deixa de ser um grande desafio diário ultrapassar essas desvantagens, os medos, os excessos, as frustrações e as ameaças constantes. Uma dica é tentar se desligar por completo quando estiver fora do ambiente de trabalho. Ocupar a mente com coisas saudáveis e que proporcionam prazer, como um bom filme após o expediente ou caminhar à beira mar. O importante é relaxar!

Confira a lista

7 de novembro de 2010

É minha lei


É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão


É minha lei
Cuidar do próximo
Pregar a paz e agir com calmaria

É minha lei
Desvendar os mistérios do ser
Decifrar os códigos do além-mundo
Descobri o sentido da vida

É minha lei
Fazer novas amizades
E cultivar as antigas

É minha lei
Acordar bem disposto
Abrir o sorriso para o mundo
E espalhar boas energias

É minha lei
Enfrentar as desigualdades
Criar coragem contra os medos
Tirar da cartola o trunfo para sorte
Duvidar dos espertos
E alertar os inocentes como criança

É minha lei
Amar uma só mulher
E ser correspondido
Ser fiel, na saúde ou na doença

É minha lei
Tentar não julgar
Não zombar, ignorar ou prejudicar
Não brigar, mas apaziguar

É minha lei
Expressar meus sentimentos
Assobiar meus cantos
Sonhar minhas vontades
E chorar quando emocionado

É minha lei
Derramar lama aos corruptos
Derrubar os insultos e os pobres de espírito

É minha lei
Ser único
Ser autêntico
Ser verdadeiro

É minha lei
Amar a família
Honrar pai e mãe
Felicitar os irmãos
Beneficiar a vida

É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão

5 de novembro de 2010

Sabiá Laranjeira


Assobiar ou assoviar? Tanto faz, os dois estão certos.
“Assobiar: executar assobiando, apupar, zunir com som agudo”...

Meu canto sai como assobio dos pássaros
Desde garoto, aprendi assobiar como raros
Vou do grave ao agudo num sopro só
Sou capaz de escolher a escala do meu dó

Entre letra e música
Quando não esqueço, troco a letra, então...
Resta-me a música.
Muitas vezes, sem perceber, me pego assoprando
Uma cantiga fácil, como se estivesse sozinho no canto

Assobiar é um dom que já nasce sabendo
Mas pode ser aperfeiçoado conforme o tempo.
Ouvia meu pai e meu avô, cada um com seu talento
Cheio de técnicas para segurar o alento

Há quem diga que parece um instrumento natural
Mas há os que não suportam o tormento matinal
Para mim não importa o seu aval
Continuo assobiando para meu feliz astral.

foto: Getter Ari

4 de novembro de 2010

Sonho mediúnico


Esta noite tive mais um sonho mediúnico e desta vez sonhei com minha avó paterna. Como nos anteriores, o que mais me impressiona nesses sonhos é a realidade do acontecido, como se eu estivesse vivendo exatamente aquilo acordado.

Estava em minha casa, com a companhia da minha mãe, e fui à direção da janela para abrir as persianas quando a campainha tocou. Eu continuei abrindo a cortina, enquanto minha mãe se encaminhou à porta. Achei estranho alguém tocar a campainha porque não estava aguardando ninguém. Quando abriu, lá estava ela na entrada, minha avó.

Por um segundo, não estava acreditando na minha visão, pois ao mesmo tempo que eu reconhecia minha avó, eu sabia que ela estava “morta”. Minha mãe também ficou surpresa e ficou parada na porta, enquanto minha avó adentrava a sala. Estava muito bem arrumada, com uma blusa verde de gola alta, o cabelo volumoso, grisalho, penteado para o alto, conforme ela gostava de arrumar. Parecia bem disposta, saudável, serena, bem diferente do quadro doente e fragilizada quando nos deixou.

Ela estava diante de mim e eu a via bastante emocionado, surpreso e com a certeza que tal situação não parecia tão absurda, em princípio, porque por um instante aquilo me parecia familiar, como que já soubesse que ela, na verdade, não estaria morta. Não sei explicar exatamente essa estranha sensação, mas o que me recordo é justamente meu diálogo, em que dizia: “nossa, então eu estava certo em meu sonho. Você me aparecia assim... como a senhora está agora. Muito bem e viva! Olha, como fiquei arrepiado”, e eu mesmo apontava para meu braço, enquanto ela me olhava.

O pouco que ela falou me marcou profundamente. Disse que tinha feito uma cirurgia espiritual, apontava a mão na região da garganta, como se não pudesse falar muito para poupar a voz, e que estava se recuperando “nesta nova etapa da vida”.

Mais uma vez, minha emoção falou mais alto e, quando menos esperava, acordei assustado. E quando acordei, aquelas imagens de minha avó muito bem disposta e feliz na sala de estar estavam ainda muito vivas, claras, extremamente reais para mim.

Fiquei alguns minutos, sem noção de tempo, atordoado comigo mesmo, sem saber o que pensar sobre tal sonho. Ao mesmo tempo, a emoção tomou conta e fiquei extremamente feliz por ter vivido, mais uma vez, uma experiência mediúnica tão forte quanto foi a primeira, quando sonhei com meu avô.

Tal sonho me mostrou uma realidade diferente da que temíamos, de um espírito em sofrimento e angústia. Estamos longe de saber sobre a misericórdia divina, porque apenas Ele é capaz de nos compreender e saber quando estamos recuperados, conscientes e prontos para reconhecer a verdade da vida, o caminho e a luz. Fiquei muito feliz e saudoso em reencontrá-la, e aproveito para agradecer essa oportunidade única.

Leia também - Os sonhos falam... 
                    Um sonho especial

1 de novembro de 2010

O país dos sonhos possíveis

Definitivamente não sei falar sobre política. Não sou politicamente engajado, não discuto sobre as propostas de governo, as disputas eleitorais etc. Mas como cidadão, acho importante tentar entender essa máquina que muda (ou não) de quatro em quatro anos e que pode (ou não) transformar a vida de muitas pessoas. Ser ou não ser um bom presidente – para mim – é muito subjetivo. Primeiro porque sabemos que o poder não se concentra em uma única pessoa apenas. Pode haver sim, a imagem de um líder político, carismático ou não, que pode alavancar ou destruir a imagem de um país.

Talvez estejamos vivenciando uma Era Lula que poderá ser comparada a Era Vargas daqui a décadas, nas escolas e academias. A figura do Lula se tornou positiva de verdade publicamente depois de três derrotas nas disputas presidenciais. Até então ele era visto como uma ameaça perigosa, um analfabeto sem preparo algum, que iria denegrir a imagem do Brasil externamente. Seu português errado, sua imagem grosseira de um operário com barba, seu discurso radical e ferrenho tiveram que ser amenizados, amaciados, embelezados e preparados para ser “aceitos” pelo povo e parte da elite brasileira que, convenhamos, deu um voto de confiança em 2002.

Apesar dos inúmeros escândalos políticos que marcaram seus dois mandatos, principalmente o primeiro, a imagem do Lula “nunca na história desse país” foi tão valorizada e querida pelo povo. A resposta nas urnas dessa eleição, que elegeu a primeira presidenta do país, demonstra que, se fosse possível, Lula teria seu terceiro mandato. Com certeza, muitos não votaram na pessoa Dilma, e sim no partido, ou melhor, na substituta do insubstituível Lula. Nossa nova presidenta não tem a metade do carisma que Lula conquistou durante anos, não tem uma trajetória política respeitável, muito menos um discurso eloqüente e emocionado que as lágrimas e a vibração de Lula.

Ninguém nunca irá agradar a todos, afinal a democracia está aí para confirmar isso. Os nossos problemas mais preocupantes ainda estão longe de serem findados. A miséria e, consequentemente, a fome e doenças geradas por ela ainda são um retrato triste de um país que poucos de nós conhecemos de perto.  Mas acreditar em um novo começo faz parte da cultura brasileira. Sempre apostamos no próximo governante, acreditando que tudo aquilo que não foi feito pelo antecessor, poderá ser feito pelo atual. Escândalos, brigas políticas e acusações da imprensa e da oposição também fazem parte do cenário democrático da nossa política. Se não fosse assim, Veja e tantas outras mídias não se venderiam para o grande público.


Mas há de convir que o Brasil está caminhando – a passos largos – para um país transformador. Onde trabalho e com quem convivo, vejo essa transformação acontecer a cada momento. A inovação tecnológica hoje é uma realidade no nosso país, recebendo reconhecimento internacional. São mais jovens entrando nas universidades públicas ou privadas do país. São famílias planejando um futuro, financiando sua casa, comprando bens duráveis. O Brasil é um país em crescimento e muito bem quisto lá fora. Em um discurso do Lula, em que estive presente, ouvi a seguinte frase: “Deixo o governo com a certeza que o brasileiro hoje não se sente mais envergonhado lá fora. Hoje, erguemos a cabeça e temos orgulho de dizer que somos brasileiros, porque sabemos que somos respeitados”. Finalmente, o Brasil deixou de ser apenas o país do futebol, do carnaval, das praias bonitas e de mulheres sensuais. Passamos exportar conhecimento, tecnologia, cultura.

Confesso também que ainda sinto falta de um patriotismo de verdade. Senti uma certa inveja ao ver bandeiras da Argentina penduradas em todo canto desse país, seja num palácio, seja num estádio, seja num casebre. Por aqui, só vemos bandeiras em época de Copa, infelizmente.

Independente de partido ou líder político, quero acreditar no meu país como um lugar em transformação contínua. Quero acreditar no presidente eleito hoje, daqui a quatro anos, daqui a cinqüenta anos, para as próximas gerações.

26 de outubro de 2010

Juventude - uma vida de “big brother”

Final da adolescência início da fase adulta é um momento de muitas descobertas, mas também de conflitos internos e auto-afirmação. Os jovens são críticos por natureza e não perdoam qualquer tipo de atitude que foge da “normalidade”, mesmo sabendo que nessa fase nada é 100% normal. Ao começar pelas descobertas sexuais.

Quando você é jovem, perder a virgindade é uma questão de honra e afirmação da masculinidade entre os amigos, principalmente. Se não arranja um sexo com alguma menina da sua idade, ou com as mais “experientes”, procura as profissionais mesmo. E aí é que está o primeiro conflito. Quem disse que o garoto tem que perder a virgindade logo cedo, com seus 14 anos ou até menos? E por que tem que pagar para transar com uma estranha? 

Ser popular na escola, ter boa lábia, conquistar as meninas mais sebosas e, obviamente, as mais gostosas do colégio parece ser o mais importante para um garoto considerado “normal” para essa faixa etária. E aquele que não se encaixa nesse perfil, já pode ser considerado marginal, esquisito, ou problemático.


Passar por essa fase da vida “ileso” não é garantia de que o adulto em que este jovem irá se tornar será bem resolvido com ele mesmo. Muitas vezes, o adulto cresce, mas continua com pensamento infanto-juvenil, querendo mostrar para os outros aquilo que ele muitas vezes não é. É claro também que as preocupações são outras, os problemas são muito mais sérios que isso. Mas quando o jovem enfrenta certos problemas chamados de “gente grande”, eles são desafiados a crescerem de forma rápida e drástica. Isso acontece, por exemplo, quando se torna órfão, quando passa por uma doença grave, ou questões financeiras etc.


Realmente, uns amadurecem e se tornam adultos respeitáveis. Já outros não aguentam a carga e acabam entrando em caminhos tortuosos, perigosos e, quando não, mortais, se “fazendo de vítima das circunstâncias”.

No inteligente filme “As melhores coisas do mundo”, os conflitos peculiares dos jovens estão lá: puberdade, sexualidade, relacionamentos, frustrações amorosas, desejos, problemas familiares, escolares etc. Em princípio, pode parecer um filme para essa idade, mas não é. Com quase trinta anos, eu me vi em alguns momentos do filme, se não agora, pelo menos pela lembrança das mesmas histórias vividas enquanto adolescente, terminando o antigo ensino médio.


Na história, Mano é um jovem de 15 anos que parece ser como outro qualquer, mas não é bem assim. Ao contrário dos seus amigos, ele não teve coragem de ir para cama com uma prostituta, não tinha lábia fácil para conquistar as meninas de sua idade e era apaixonado pela garota mais bonita (traduz: a mais gostosa) da escola. Estudava violão para impressionar as meninas. Seu melhor amigo na verdade era uma menina que andava entre os garotos, e que era a única para quem ele contava seus segredos. Admirava seu irmão um pouco mais velho que ele, por ser um cara mais “safo”, ser músico e poeta, namorar uma linda garota e levar uma vida tranquila, aparentemente sem complicações.


Talvez Lulu Santos traduzisse bem em suas letras um pouco de Mano e tantos outros garotos dessa idade. “Faltava abandonar a velha escola, tomar o mundo feito coca cola, fazer da minha vida sempre o meu passeio público, e ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só, único”, ou ainda “Os garotos da escola só a fim de jogar boa, e eu queria ir tocar guitarra na TV; aí veio a adolescência, e pintou a diferença, foi difícil de esquecer. A garota mais bonita, também era a mais rica, me fazia de escravo do seu bel prazer”.


Mas ao longo do filme, principalmente depois da separação de seus pais e a descoberta que seu pai tem uma nova companhia (no caso, um novo companheiro), seus problemas aumentam de forma incontrolável. Mesmo nos tempos modernos, como passar ileso numa conturbada fase da vida, quando o seu pai tem um namorado e toda sua escola fica sabendo disso? Daí entra a questão em voga do bullying (intimidação), hoje tão discutido nas escolas. Mano sofre e até apanha por preconceito dos outros garotos. Mas como ele mesmo afirma, o problema não é só com ele. Na verdade, ele é a vítima da vez, porque qualquer jovem está sujeito a passar por constrangimento, exposição e preconceito entre seus colegas. “Vivemos em um big brother do mal”, ele diz revoltado no pátio do colégio. E realmente o que se tem hoje, facilitado ainda mais pelas mídias digitais, é uma exposição exacerbada e inescrupulosa da vida alheia. Ninguém pode peidar debaixo do edredom porque no final todo mundo vai sentir o cheiro, de uma maneira ou de outra. E com certeza vão rir da sua cara, sem piedade.


O que achei interessante, talvez porque na minha época de escola não era tão comum assim, é como os jovens hoje vivem interligados e até viciados em tecnologia em tempo integral. A fofoca chega por torpedo. Uma das alunas do colégio é praticamente uma paparazza juvenil, que anda para todo canto da escola com sua máquina digital, sempre pronta para captar a imagem de alguém em situação suspeita, e depois jogar em seu blog sensacionalista para criar polêmica.


Os educadores de agora têm preocupações a mais por conta disso, assim como os pais desses jovens. Não basta educar, tem que acompanhar de perto esse avanço tecnológico, pelo menos para entender a língua dos jovens e como a Internet, através de sites de relacionamentos, comunidades online, blogs etc., interfere na vida deles.


Esse olhar crítico dos jovens está cada vez mais aguçado, apurado e, portanto, perigoso. Não existe inocente nesse jogo. O que deve existir sempre é limite dado pelos pais, principalmente. Mas isso é papo para outro post.


O que é legal citar aqui é como às vezes nós, já adultos, não percebemos como essa fase é importante para o resto das nossas vidas, seja para o bem, seja para o mal. É nessa fase que estamos formando nossa personalidade, nossos princípios, nossos ciclos de amizade, nossa conduta para vida. Aos que passaram por essa etapa cheio de dúvidas e conflitos, podem se tornar adultos emocionalmente perturbados ou, no mínimo, mal resolvidos consigo mesmo, transferindo ao próximo seus medos, suas culpas, suas frustrações.


É claro que isso não vale para todos. Muitos conseguem crescer de fato e perceber que isso foi apenas uma fase chata da vida, sem muitas boas lembranças para contar. Ninguém vai “morrer” se não foi o mais popular, o mais inteligente, o mais pegador, o mais querido etc. Não somos programados para sermos o máximo, pelo menos não deveríamos.

25 de outubro de 2010

Black Eyed Peas - show carioca


Assisti ontem ao show espetáculo do Black Eyed Peas na Apoteose. Show deste porte, só vi da Madonna no Maracanã. Confesso que me surpreendeu, já que assisti (ou tentei assistir) o último show no réveillon em Ipanema, há três anos. Eles transformaram o show em uma grande boate com a pista bombando. Foram pouquíssimas músicas que eu desconhecia, o que é raro num show de duas horas para quem não é tão fã assim (a ponto de conhecer todo repertório da banda). Mas convenhamos que se tratando de BEP é difícil – mesmo para quem não curte – não conhecer suas músicas que estão em todas as rádios pops, nas festas, nas academias etc.

Apesar da chuva fina, do atraso absurdo de quase uma hora e meia e alguns caras que se misturavam entre a galera na pista para roubar na cara dura, o show valeu muito a pena! Destaque para participação especialíssima de Jorge Bem Jor que mandou muito bem cantando “Chove chuva” acompanhado do fã Will.I.Am e de Fergie, que não se cansava em se esfregar nele. Aliás, Fergie é show a parte e cantar é o que menos importa nessa mulher. Suas caras e bocas, suas danças sensuais e seu figurino que valorizava (e muito!) seu belíssimo corpo, mostra que ela é unanimidade entre nós homens e representa bem “Fergalicious/ Glamorous”!

Will.I.Am mostrou seu lado DJ tocando um mix de Michael Jackson, Guns, Red Hot Chili Peppers etc, não deixando de cantarolar “chove chuva, chove sem parar”, enquanto caía a tal chuva fininha na pista.

Pena que o som estava baixo, e não sei se a escolha pela Apoteose contribuiu para isso. Aliás, esse era um show para Maracanã, mas como este está em obra, não restou outra opção (será?). O palco era total righ-tech com telas de alta definição, show de luzes e tudo que um mega-show tem direito.

A impressão que ficou que eles realmente rendem homenagem ao Brasil, mais especificamente ao Rio. Diferente de várias bandas internacionais que vêm aqui e parecem indiferentes ao público em questão, eles mostraram que gostam da cidade, com toda sua diversidade, e principalmente do público carioca (indiscutivelmente) mais animado e receptivo (às vezes até demais!)




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20 de outubro de 2010

Uma prova de amor

Há aqueles filmes que você sabe que é bom, mas sabe também que é triste... Assisti ao filme “Uma prova de amor” (ou My Sister´s keeper) e este é um desses.

Quando nos deparamos com uma situação de morte iminente na família, a primeira reação é de desespero, medo e depressão. Logo em seguida, vem a busca por possíveis soluções, tratamentos que, se não curam totalmente, pelo menos amenizam a dor, o sofrimento. E o câncer é uma doença que transforma vidas, tanto de quem a tem quanto das pessoas que convivem.

No filme, Sara é uma mãe que tem um objetivo único: salvar a vida de sua filha Kate, que tem leucemia descoberta aos dois anos de idade. A menina precisa de um doador compatível e, em último recurso, os pais seguem o conselho do médico de gerar um filho geneticamente compatível com Kate. Então nasce Anna – uma menina adorável que ama sua irmã incondicionalmente, mas que – ao contrário de sua mãe – aceita as condições de Kate.

O grande lance do filme é quando a pequena Anna, de apenas onze anos, procura por conta própria um famoso advogado para ir contra seus próprios pais na justiça, buscando a emancipação médica. Isso significa que Anna vai contra aos princípios da mãe e, em princípio, parece ser uma atitude desumana e, portanto, absurda. Como pode alguém rejeitar tentar salvar a vida da própria irmã? A reação atônita dos pais não poderia ser diferente.

Mas o longa mostra que a história não é bem assim. Ao longo do filme, o que se percebe é o desespero de uma mãe que faz de tudo para tentar salvar a vida de sua filha, mesmo que seja necessário “agredir” a saúde da irmã caçula – projetada para isso. O amor cego e, até certo ponto, egoísta da mãe gera conflitos familiares, até mesmo entre marido e mulher.

Em uma bela cena, a Kate – entrevada numa cama de hospital há tempos – pede para o pai que a leve para ver o mar. Ele então pede permissão ao médico e com seu consentimento reúne a família mesmo contra gosto da mãe para satisfazer a vontade de sua filha doente. A mãe só percebe depois que aquela atitude do pai – em princípio irresponsável– era na verdade uma prova de amor, para ver sua filha doente e debilitada em um momento de prazer e felicidade.

Diante de nossa cegueira e de nosso egoísmo, somos capazes de enfrentar a tudo e a todos, sem medir as conseqüências e – o mais importante – sem saber a verdadeira vontade de quem sofre dessa terrível doença que destrói aos poucos não só o corpo, como a auto-estima e o amor próprio. “Enquanto houver esperança, lutaremos”! Ok, acredito nisso. Mas não podemos ir contra a única certeza da vida: a morte, ou melhor, a morte terrena.

Para terminar, conto aqui uma triste passagem de uma filha que vivenciou a morte da mãe, após anos de sofrimento por conta de um câncer que se tornou metástase. Ao ver o desespero de dor que sua mãe sentia, em fase terminal, ela e os irmãos tinham consciência que o desencarne era apenas uma questão de tempo. Eles só queriam acabar com todo sofrimento, então, a filha perguntou:

“Mãezinha, há um remedinho, que se a senhora desejar, vai lhe fazer dormir agora e quando você acordar, estará ao lado do vovô e da vovó, sem dor nenhuma”. E sem esperar concluir a pergunta, sua mãe murmurou: “onde está esse remédio? Por favor, onde está?”. Há os que irão julgar tal atitude. Seria uma forma de eutanásia? “Só Deus tira a vida de alguém”. Concordo também, mas diante de tamanho sofrimento, não seria um ato de amor maior e desprendimento?

14 de outubro de 2010

Essa tal modernidade

Antigamente, não muito antigamente, os casais se conheciam, namoravam, noivavam, marcavam o casamento. Daí, vinha a despedida de solteiro, quando geralmente o homem (apenas o homem), como o nome já diz, se despedia da vida de mulherengo e fanfarrão para assumir uma família. Casavam, construíam um lar, e dali em diante constituía mais uma família na sociedade.

A via agora está invertida como num flash back. Os casais moram juntos, têm filhos, depois marcam casamento, comemoram com os amigos – agora de forma mais democrática: homens na despedida de “solteiro” e mulheres no chá de lingerie - e aí sim, estão prontos para dizer SIM no altar. É o chamado test drive matrimonial. Assim ninguém engana ninguém. Se der certo logo no início, consolida no papel passado, caso contrário, é só separar as escovas de dente e pronto!

Antigamente também era comum os pais dos noivos ajudarem ou na compra da casa nova, ou na festa do casamento, ou nos dois. Hoje, é mais comum o casal decidir comprar primeiro o apê, montá-lo, para depois, quando o orçamento ficar mais folgado, juntar uma grana para realizar o tal sonhado casamento. Casar sempre custou caro, mas a independência financeira hoje é mais importante que décadas atrás.

No pretérito-mais-que-perfeito, era o pai da noiva que bancava a festa, enquanto o pai do noivo garantia o dote, ou seja, as terras de propriedade da família. Até hoje, de alguma forma, acontece isso (geralmente em famílias endinheiradas), mas deixou de ser tradição.

5 de outubro de 2010

Eles são fiéis

O filme é antigo, mas só agora assisti “Marley e Eu”. Demorei tanto para ver porque todo mundo que assistiu, independente de ter cachorro ou não, dizia que tinha chorado. Parece besteira isso, mas eu me preparei psicologicamente para assistir, já sabendo que ia me lembrar dos meus velhos cachorros.

O filme é realmente emocionante no final (chega ser uma tortura ver o animal sofrer e a família acompanhar o processo), mas eu achei muito triste mesmo. E eu me vi em vários momentos do filme, desde a “escolha” do filhote (mesmo sabendo que quem nos escolhe é o animal, rs!) até o final. Eu tive dois cachorros: um fila chamado Lion e a fêmea – uma mistura de pastor alemão com vira lata – chamada Madonna. Gostava muito dos dois, mas tinha um cuidado e carinho especial pela Madonna, porque eu criei praticamente sozinho. E eu explico porquê.

Na época, nós tínhamos uma casa de veraneio, mas enquanto filhotes eles foram criados no apartamento do Rio mesmo. O primeiro, Lion, quando chegou, eu era muito novo, tinha meus nove pra dez anos, e como toda criança, eu só gostava de brincar com o cachorro, sem me preocupar com as necessidades do animal. Lembro-me que eu e meus irmãos dividíamos o quarto e dormíamos num treliche, e eu na cama debaixo. Como todo filhote, Lion nunca dormia a madrugada toda, e acordava para brincar. Eu fingia que dormia para não ter que ficar brincando com ele, o que sobrava para meus irmãos mais velhos a tarefa de “entretê-lo” até pegar no sono novamente.

Quando chegou a Madonna, meus irmãos se vingaram e me fizeram cuidar sozinho dela, inclusive nas madrugadas, quando passei a brincar com ela quase todas as noites. Por conta disso, me apeguei com a Dona (como a chamava) que era do estilo “Marley de ser” – incontrolável!

Mais tarde, quando já crescida, ela foi para o tal chalé ser companheira do Lion, então só nos víamos quando viajávamos final de semana ou férias. Foram vários episódios engraçados com os dois. A cada ida para a casa, a recepção era uma festa. Era inevitável impedir que ela pulasse com as patas sujas de lama na roupa limpa, mas a alegria era tanta que isso não importava nem um pouco.

Infelizmente, meus cachorros morreram de tristeza, numa época de quase abandono porque quase não íamos visitá-los. Isso virou uma tortura para mim. Não tinha idade suficiente para pegar o carro e lá buscá-los. Era criança, não podia tomar decisão sozinho. O que me serviu de experiência sobre a responsabilidade de ter um animal doméstico.

Todo mundo que tem um sabe que cachorro é um companheiro para todas as horas. Lhe ver chorar, e não pergunta nada, mas fica do seu lado. Faz festa sempre quando lhe ver, mesmo quando você passa um bom tempo distante. Quando faz besteira, finge que não é com ele e faz “cara” de inocente. Acaba com o pé do sofá, rouba suas meias, disputa comida e por aí vai. Pode parecer clichê tudo isso, mas é verdade.

No final do filme, a mensagem resume o que significa um animal tão amigo na vida do homem: “Um cachorro não precisa de carrões, de casas grandes ou roupas de marca. Um graveto está ótimo para ele. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro. Dê seu coração para ele, e ele lhe dará o dele”.

Saudade grande dos dois.

4 de outubro de 2010

Retrato do Brasil

Tiririca, Romário, Bebeto, Garotinho. O que faz o povo escolher seus representantes em cargos políticos importantes? Ser inusitado? Ser famoso? Ser populista? “Você sabe o que os deputados fazem na Câmara? Nem eu. Vote em mim para eu saber”, esse foi o lema do suposto analfabeto Tiririca. Resultado: o mais votado em São Paulo, com mais de um milhão de votos. Já no Rio, Garotinho também foi o mais votado no estado. Democracia é feita para cabeças pensantes e para quem leva seu país a sério. Não queremos viver em ditadura nunca mais, mas o voto obrigatório leva ao absurdo, ao deboche e ao “descompromisso” com a realidade brasileira.

1 de outubro de 2010

Tem preguiça de ler?


No meu trabalho, escrevo sobre coisas chatas (com devidas exceções!), para um público específico, mas nem por isso deixo o “bom senso” de lado na hora de escrever. Falo isso porque, de certa maneira, fico imaginando a paciência de quem lê e o tempo que este leva para chegar até o final do texto.

Criei o hábito de não ler mais jornal em papel. Prefiro o online, e por isso só clico na matéria quando a chamada é impactante. Mas nem sempre uma boa chamada me leva para bons textos. Há textos chatos demais na internet que parecem ignorar quem é o potencial leitor.

Quando fiz um curso sobre webwriting, a premissa é “não importa a informação a ser apresentada, seja ela uma notícia em tempo real, um serviço de utilidade ou um texto institucional, quem precisa criar interesse ao que está sendo apresentado e tornar clara a informação é o redator”. Portanto, bom senso em primeiro lugar!

Vivemos numa época em que somos massacrados de informações por todos os lados. Temos à disposição a tecnologia que permite acesso a essa informação a qualquer momento e lugar. E o que faz a gente parar para ler e absorver a informação? Aquilo que não é só interessante por natureza, mas principalmente o que é bem apresentado, seja em imagens, seja em textos, seja em interatividade.

O que eu vejo é uma certa “preguiça mental” quando deparamos com tanta opção, mas não temos paciência para ler e absorver o conteúdo. Mas parte dessa preguiça é causada pelo escritor. Portanto, o exercício da escrita, até para os mais experientes, deve ser contínuo. O que você tem para me dizer? Seja criativo e objetivo; me mostra em linguagem fácil mas não chula e mostre que sua informação é importante para mim. A persuasão é a palavra chave.

Então, este texto foi chato para você? Lhe disse alguma coisa?

30 de setembro de 2010

Conjugar no tempo certo

Talvez não seja ainda o pretérito mais que perfeito
Porque não vejo assim.
Não diria que foi pretérito imperfeito, mas perfeito também não foi.
Só sei que o presente ainda está confuso,
Sem saber como conjugar o futuro.
Não gosto dos imperativos, prefiro o gerúndio.
Também não gosto do condicional, muito menos do futuro do subjuntivo
“Se faria, se fizer...”
Adote o futuro, simplesmente.
“Farei”.
Por enquanto estou no particípio passado.
“Feito”. Ponto.

29 de setembro de 2010

Frenemies X Amizades


O termo frenemy (friend + enemy) em inglês remete à idéia “amigo e inimigo”, ou melhor, aquele que pode ser considerado um amigo, com defeitos de inimigos (competitivo, invejoso, pessimista etc). Daí, eu pergunto: estamos rodeados de frenemies?

Uma coisa devemos afirmar: amizade entre mulheres é bem diferente de amizade entre homens, que por sua vez é bem diferente de amizade entre ambos os sexos. Mulheres, por natureza, são competitivas entre elas. Disputam quem é mais bela, mais bem resolvida, mais bem sucedida e por aí vai. Já amizade entre homens é mais sincera e ao mesmo tempo radical, pois quando um sacaneia o outro, ou se resolve na “porrada” ou se afastam e ponto. Na amizade entre homem e mulher, quando não há terceiras intenções, pode parecer a amizade mais verdadeira, porque não há competições diretamente, não há tempo para conversas fúteis (comum entre mulheres), e respeita-se o limite do próximo (pelo menos não há agressões verbais/físicas e nem “brincadeiras de mau gosto”, esse mais comum entre homens) – desculpe generalizar assim, mas é o que penso em linhas gerais (sei que há exceções em todas essas relações de amizade).

A questão é que amizade ao mesmo tempo que é saudável e prazerosa, pode ser também traiçoeira e perigosa. Uma decepção da pessoa amada pode doer, mas não é tão impactante quanto uma decepção de um amigo, porque partimos do pressuposto que confiamos muito mais em uma relação de amizade que em uma relação amorosa, concorda?

Amizade para mim é algo sagrado, precioso, mas não perfeito. Partindo do princípio que para considerar uma pessoa amiga, você deve confiar nessa pessoa e conhecer aos poucos seus princípios, seus valores e condutas. Estou falando de amizade verdadeira e duradoura – ou seja, não é coleguismo e/ou pessoas “legais” de nosso convívio.

É claro que há níveis de amizade, intimidade e confiança. Há os amigos da bagunça, dos momentos “leves” da vida. Há os amigos confidentes e parceiros, em que há uma confiança mútua, um respeito e admiração pelo próximo. Há os amigos-irmãos, que nem sempre estão presentes full time em nossas vidas, mas você sabe que quando precisa de “um ombro amigo”, ele estará lá, e vice-versa; são aqueles que Deus não escolheu para serem irmãos de sangue, mas colocou em nosso caminho não à toa. Há os amigos que não precisam de explicação: são amigos e prontos; mesmo quando não compartilham das mesmas idéias, são muito diferentes de nós, mas mesmo assim cultivamos uma boa amizade.

Mas, sinceramente, não consigo classificar os tais “frenemies” como amigos, porque esses, se não são confiáveis, não torcem por nós e competem em vários aspectos, não podem ser considerados amigos de verdade, certo? Defeitos, todos os amigos têm, mas há os defeitos aceitáveis e os não-aceitáveis. E para mim, as características do frenemy são inaceitáveis. “Amigo que é amigo é sincero, e fala na cara quando não gosta de alguma coisa”. Ok, posso concordar em parte, mas sinceridade não é sinônimo de ofensa. E há os que pensam que podem falar o que quiser e da maneira que bem entender, sem pensar nas conseqüências. “Frenemy pode nos causar uma sensação de desconforto que geralmente não é consciente”, afirmou a pedagoga Patrícia Morgado, em matéria no jornal O Globo. Ela também completa dizendo que em toda amizade há os momentos frenemy. De toda forma, amizade que gera “desconforto” e “ameaça” definitivamente não é saudável e, portanto, dispensável.

25 de setembro de 2010

Livro: Faz Parte do Meu Show

Pelo título acima, já desconfia de quem se trata, certo? Pois esse livro, apesar de não receber declaradamente o nome do poeta e músico Cazuza, é uma “autobiografia” de sua vida após a morte terrena. Assim como no livro Nosso Lar, em que o médico André Luiz narra sua própria experiência no mundo espiritual, após seu desenlace; este romance “Faz parte do meu show” também é um retrato com detalhes emocionantes da experiência de Cazuza no novo mundo.


O processo de auto-conhecimento, suas dúvidas sobre o “despertar” para vida imortal e a descoberta desse novo mundo estão contadas da forma mais natural, espontânea e irreverente, bem peculiar do poeta exagerado que fora. Talvez seja esse estilo na escrita que “denuncie” o autor do livro, mostrando que ninguém muda seu jeito de ser mesmo depois da morte. Aliás, há sim uma mudança significativa no que diz respeito aos novos princípios e valores de um ser que viveu intensamente sua vida terrena, não poupando sua saúde.

O artista debochado, rebelde, envolvido com mundo de sexo, drogas e muito rock´n´roll dá lugar a um espírito consciente, longe de ser perfeito, mas a procura de sua evolução espiritual, capaz de reconhecer seus erros terrenos e, o mais importante, tentar corrigi-los procurando praticar a caridade e buscando no trabalho o seu caminho para o tal crescimento pessoal. Artista, ele não deixa de ser, tanto que se envolve com espíritos afins, tão famosos quanto ele, para promover shows de arte e música com objetivo de despertar espíritos situados em regiões de sofrimento no mundo astral.

 Uma das passagens mais interessantes do livro é quando ele reconhece o velho guerreiro, Chacrinha, como um grande comunicador e provedor desses shows. É Chacrinha quem convida Cazuza a voltar a trabalhar com música, seu maior talento como artista. Ele passa então a escrever letras, tão bem feitas como as que conhecemos, entretanto, com outro tipo de mensagens, certamente mais impactantes e significantes para os que lá habitam. Para nós, leitores, o fascinante é perceber que a vida lá continua para eles, de certa forma, com os mesmos prazeres saudáveis que cultivamos por aqui. Ao mesmo tempo, música e arte ganham função evangelizadora, servindo de instrumentos do bem-fazer, capaz de atrair e despertar os espíritos ainda sofredores ou ignorantes para conhecimento, a verdade e a luz.

Depois de passar por um momento obscuro, de sofrimento e angústia, o personagem recebe ajuda e reconhece sua fragilidade. O mais bacana é perceber que parte dessa ajuda veio justamente de pessoas que conviveram com ele na Terra, como os amigos mais próximos e a sua mãe, que juntos resolveram criar uma importante obra de caridade conhecida como a Sociedade Viva Cazuza. Indiretamente, o próprio recebeu fluidos positivos que só aceleraram seu processo de recuperação, deixando o período no umbral e passando para o tratamento de socorro em hospitais espirituais. Já consciente de tudo que passou, Cazuza recebe autorização para voltar a Terra, em espírito, para rever parte de seus entes queridos, seus lugares prediletos (como a praia do Arpoador), como também lugares não tão agradáveis que serviram de cenário dos momentos de vícios e exageros da carne, durante sua encarnação. Foi nesse momento, que ele pôde perceber o quanto suas ações terrenas geraram conseqüências degradantes, sofrimentos e doenças que não só atingiram seu corpo, mas principalmente seu perispírito e espírito.

Diferente de Nosso Lar, a leitura desse romance, escrito por Robson Pinheiro e psicografado pelo espírito Ângelo Inácio (que serviu de "intermediário" para esta obra), é bem mais simplificada, mas nem por isso deixa de ser intenso e rico. Ao contrário, para aqueles que não têm leitura de obras espíritas (ou seja, não costuma ler romances já consagrados e clássicos da doutrina), esse é um livro muito bom para começar a entender o “outro lado da vida”. Vale muito a pena ler! E quem sabe no futuro próximo não venha despertar o interesse de algum cineasta para transformá-lo em um longa?

Para finalizar, vale citar as palavras do espírito Ângelo Inácio: "O autor das palavras preferiu não se identificar diretamente; todavia em seus apontamentos, fica a sua marca. Quanto a mim, fui convidado tão-somente a auxliar o intérprete destas experiências com meu jeito escritor e repórter dos dois lados da vida. Sei que este trabalho causará polêmicas, discussões e rebeldia. Afinal, de uma forma ou de outra, todos somos rebeldes, exagerados... aprendizes. Talvez, mesmo, apenas simples aprendizes do grande artista cósmico: Deus. E, como principiantes, ao compor a música de nossas experiências, erramos, gritamos, ou choramos. Exageramos nas atitudes e nos punimos ao realizar o próprio julgamento, no tribunal de nossas consciências. Até o momento em que descobrimos que, com nossa arte, por mais singela, é possível participar da orquestra divina, do show da vida".