O fascínio que um casamento real desperta não só em seu
reino, mas em todo o mundo, impressiona. O mundo parou para assistir o
casamento de um príncipe e sua noiva, plebéia, nesta sexta-feira, dia 29 de
abril. Com os olhares voltados para os detalhes desse matrimônio espetaculoso,
o que se conclui daí é que nós ainda nos encantamos com os efeitos da nobreza e
realeza de um mundo de “faz de conta”, como nos contos de fada. Excetos os
indiferentes, quase todos idealizam estar, pelo menos por um instante, no lugar
deles, os reis, rainhas e príncipes.
Desde o anúncio do casamento real, a mídia se voltou para os
preparativos da cerimônia mais comentada desde o casamento dos pais do
príncipe, em 1981. As semelhanças são indiscutíveis: ambas as noivas eram
lindas e carismáticas, e despertavam o desejo de qualquer mulher em se casar
com um verdadeiro príncipe. Depois da morte da princesa Diana, os súditos
procuravam ainda uma substituta, que parecem agora ter encontrado na nova lady,
a princesa Catherine.
Para nós, brasileiros, ao mesmo tempo que tudo isso parece
muito distante de nossa realidade – somos um povo simples, sem ostentação de
riquezas, vivemos em uma república e lutamos pela democracia – também
compartilhamos os valores do povo inglês, ao se encantar pelas histórias de
reis e rainhas, mesmo sabendo que esses já não mandam de fato, como no regime
monárquico de antigamente. Restaram apenas as pompas e circunstâncias das
famílias reais, o que no fundo é o que interessa para maioria.
Quem já visitou Londres, sabe que faz parte da cultura deles
essa admiração pela realeza britânica, e é indispensável no roteiro de viagem
as passagens pelo Palácio de Buckingham, a troca de guardas e as Torres de
Londres, onde se encontram as jóias e coroas da rainha. Interessante
notar também que não é qualquer príncipe ou princesa que mobiliza a atenção do
mundo para seus acontecimentos reais. Só lembro-me dos acontecimentos da
família real britânica e, mesmo assim, especialmente do príncipe Charles, da
princesa Diana e de seus filhos. Alguém se lembra dos nomes dos outros filhos e
netos da rainha Elizabeth II? Nessa onda de casamento real é que descobri que o
neto mais velho da rainha, filho da filha mais velha de Elizabeth II, já é casado,
teve recentemente um bebê, o primeiro bisneto da rainha, e nem título de
nobreza tem, ou seja, apesar de fazer parte da família real, é tão desconhecido
quanto eu e você.
Então, por que o príncipe William e princesa Catherine são
tão badalados? Qual o papel da mídia nessa super exposição dos dois? Todos
sabem o quanto a então princesa Diana sofreu com a perseguição dos paparazzi
até culminar em sua morte trágica. A própria rainha sempre buscou privacidade
e, de certa maneira, “culpava” a nora por tamanha exposição nos tablóides. No
filme “A Rainha”, esse comportamento da soberana é muito bem demonstrado,
principalmente quando ela e seu marido resolveram isolar seus netos diante da
espetacularização da morte de Diana. Ela sofreu duras críticas de seu povo, por
não se mostrar solidária ao sofrimento pela morte da ex-princesa.
No fim das contas, tudo não passa de conto de fadas, narrado
com todos os apetrechos que a tecnologia nos proporciona atualmente. Se já no
casamento dos príncipes Charles e Diana, milhões de pessoas puderam acompanhar
ao vivo a transmissão, hoje essa divulgação ganhou esforços da internet, dos
celulares e das redes sociais. Acabou o espetáculo, desligamos a TV e voltamos
para nossa vida normal de sempre.