29 de abril de 2011

Espetáculo de casamento



O fascínio que um casamento real desperta não só em seu reino, mas em todo o mundo, impressiona. O mundo parou para assistir o casamento de um príncipe e sua noiva, plebéia, nesta sexta-feira, dia 29 de abril. Com os olhares voltados para os detalhes desse matrimônio espetaculoso, o que se conclui daí é que nós ainda nos encantamos com os efeitos da nobreza e realeza de um mundo de “faz de conta”, como nos contos de fada. Excetos os indiferentes, quase todos idealizam estar, pelo menos por um instante, no lugar deles, os reis, rainhas e príncipes.

Desde o anúncio do casamento real, a mídia se voltou para os preparativos da cerimônia mais comentada desde o casamento dos pais do príncipe, em 1981. As semelhanças são indiscutíveis: ambas as noivas eram lindas e carismáticas, e despertavam o desejo de qualquer mulher em se casar com um verdadeiro príncipe. Depois da morte da princesa Diana, os súditos procuravam ainda uma substituta, que parecem agora ter encontrado na nova lady, a princesa Catherine.

Para nós, brasileiros, ao mesmo tempo que tudo isso parece muito distante de nossa realidade – somos um povo simples, sem ostentação de riquezas, vivemos em uma república e lutamos pela democracia – também compartilhamos os valores do povo inglês, ao se encantar pelas histórias de reis e rainhas, mesmo sabendo que esses já não mandam de fato, como no regime monárquico de antigamente. Restaram apenas as pompas e circunstâncias das famílias reais, o que no fundo é o que interessa para maioria.

Quem já visitou Londres, sabe que faz parte da cultura deles essa admiração pela realeza britânica, e é indispensável no roteiro de viagem as passagens pelo Palácio de Buckingham, a troca de guardas e as Torres de Londres, onde se encontram as jóias e coroas da rainha. Interessante notar também que não é qualquer príncipe ou princesa que mobiliza a atenção do mundo para seus acontecimentos reais. Só lembro-me dos acontecimentos da família real britânica e, mesmo assim, especialmente do príncipe Charles, da princesa Diana e de seus filhos. Alguém se lembra dos nomes dos outros filhos e netos da rainha Elizabeth II? Nessa onda de casamento real é que descobri que o neto mais velho da rainha, filho da filha mais velha de Elizabeth II, já é casado, teve recentemente um bebê, o primeiro bisneto da rainha, e nem título de nobreza tem, ou seja, apesar de fazer parte da família real, é tão desconhecido quanto eu e você.

Então, por que o príncipe William e princesa Catherine são tão badalados? Qual o papel da mídia nessa super exposição dos dois? Todos sabem o quanto a então princesa Diana sofreu com a perseguição dos paparazzi até culminar em sua morte trágica. A própria rainha sempre buscou privacidade e, de certa maneira, “culpava” a nora por tamanha exposição nos tablóides. No filme “A Rainha”, esse comportamento da soberana é muito bem demonstrado, principalmente quando ela e seu marido resolveram isolar seus netos diante da espetacularização da morte de Diana. Ela sofreu duras críticas de seu povo, por não se mostrar solidária ao sofrimento pela morte da ex-princesa.

No fim das contas, tudo não passa de conto de fadas, narrado com todos os apetrechos que a tecnologia nos proporciona atualmente. Se já no casamento dos príncipes Charles e Diana, milhões de pessoas puderam acompanhar ao vivo a transmissão, hoje essa divulgação ganhou esforços da internet, dos celulares e das redes sociais. Acabou o espetáculo, desligamos a TV e voltamos para nossa vida normal de sempre.

25 de abril de 2011

Pico do Papagaio



Nesse longo feriado, resolvi não viajar, mas nem por isso deixei de curtir minha cidade. O que não falta é opção de lazer no Rio de Janeiro. E desta vez, escolhemos a sexta-feira santa, com sol maravilhoso, para subir o Pico do Papagaio, na Floresta da Tijuca. A trilha é considerada difícil, porque são 2.345 metros de caminhada e subida, e apresenta alguns desafios no meio do caminho. Calcula-se uma hora de subida mais uma hora de descida, dependendo da disposição de quem lhe acompanha. Mas nem precisa dizer que a vista compensa!

Para chegar na trilha, o caminho é pelo Alto da Boa Vista. Lá na pracinha, encontra-se a entrada do parque da Floresta da Tijuca. Para poupar esforço, é preferível  subir de carro até o ponto mais alto do parque, onde o carro pode chegar. Depois, é só encarar a trilha, munido de água (duas garrafas!), repelente e protetor solar! Na entrada da trilha, há o fiscal do parque para o controle necessário de entrada e saída dos aventureiros.

O ideal é subir pela manhã, mas o parque fica aberto até as 15h. Subimos por volta das 10h, chegamos no pico às 11h05 e descemos por volta de meio dia, chegando às 13h no estacionamento. O espaço lá no alto é pequeno, dependendo do grupo. Mas uma caminhada longa é sempre mais prazerosa com um grupo animado e com disposição.

Trilha é uma boa opção para quem curte uma caminhada em meio a natureza, mas é preciso ter cuidados para não se arrepender. Primeiro: para quem está sedentário ou tem algum problema no joelho ou na coluna, esse tipo de passeio exige um pouco de esforço físico. Segundo: usar roupa leve, um tênis confortável e levar o mínimo de peso possível na mochila são dicas importantes, assim como deixar as mãos livres (nada de câmera fotográfica ou garrafa de água na mão) para subir. De toda forma, é prazeroso quando feito com calma, afinal não é um treino com tempo de corrida. Fica a dica!


20 de abril de 2011

Qual limite para bebedeira?


Parece um assunto batido e de certa forma virou clichê afirmar que “os jovens de hoje estão bebendo cada vez mais”. Não sou pai, não tenho irmãos adolescentes, mas me impressionam as reportagens que mostram como os jovens encaram atualmente a questão da bebida. É fato: eles estão bebendo muito e de forma incontrolável. Qual o limite para isso?

Papo careta esse? Não. Depois de assistir ao programa “Profissão Repórter” (veja matéria abaixo) dessa semana, e ainda acompanhar outras matérias sobre o assunto, fico cada vez mais chocado (essa é a palavra) com as histórias de adolescentes que não têm limites para o álcool. Talvez o pior seja a falta de limite dos pais em não coibir tal atitude desenfreada dos filhos. O consumo de drogas ilícitas, por serem ilícitas, talvez seja mais “fácil” controlar, quando os pais procuram acompanhar a vida, o comportamento, a rotina e as amizades de seus filhos. Porém, quando se trata de bebida alcoólica, disponível em qualquer festa, shows e ambientes sociais, esse controle é mais complicado, ou até mesmo “perdoado” pelos pais. A maioria pensa “isso é coisa da idade, normal”. Mas até que ponto essa normalidade é controlada dentro e fora de casa?

Às vezes, o incentivo acontece dentro de casa mesmo, com reuniões e festas de família. Se os pais bebem, os filhos (quando gostam) acabam acompanhando. Em princípio, o “beber socialmente” faz parte da vida social. Entretanto, os jovens, muitas vezes, não percebem o limite entre esse “beber socialmente” e o ficar bêbado. Eles precisam experimentar o gosto diferente, a sensação de leveza e alegria que a bebida proporciona, a ligeira dormência dos lábios, o pensamento cognitivo lento, a fala mansa... até chegar no segundo, terceiro estágios. Radicalismo dizer que o próximo passo é o alcoolismo, porque essa doença grave é uma consequência de hábitos adquiridos. O perigo existe sim, se o problema não for detectado a tempo.

Até a faculdade, muitos jovens não conhecem a bebida. Portanto, passam a beber quando começam a ter um pouco mais de liberdade, afinal o velho esquema “escola, clube e televisão” fica para trás. As chopadas, as festas, os encontros no bar próximo à faculdade, as aulas perdidas, enforcadas, tudo é pretexto para beber com os novos amigos. A minha primeira experiência foi justamente em uma chopada da faculdade. Particularmente, não gostava do sabor amargo do álcool. Nessa ocasião, lembro-me de ter pedido a um colega, responsável pela distribuição das bebidas, uma garrafa de refrigerante. O intuito era passar a noite com aquela garrafa apenas. Até que uma amiga trouxe um copo de vinho e me pediu a tal garrafa para misturar. Eu resolvi experimentar e, para surpresa minha, gostei daquela mistura doce de vinho com sprite. Só depois vim descobrir que o tal vinho estava “batizado” de vodka também. Resultado: foi meu primeiro porre, com direito ao jargão “experimenta, experimenta, experimenta!” (na época, a propaganda da cerveja Schincariol). Virou meu slogan durante a faculdade. E a tal mistura também foi batizada de “bebidinhalegre”. Como todo inexperiente no assunto, voltei para casa achando que seria fácil passar despercebido com aquele bafo de vinho “sang de boeuf” (sangue de boi, rs!). A cena foi impagável: tracei uma reta torta e soltei um “boa noite”.

O acesso à bebida alcoólica está fácil, mesmo com a lei que proíbe a venda para menores de 18 anos. Algumas faculdades sérias proíbem a venda em estabelecimentos dentro do campus, mas do muro para fora, a história é outra. A lei seca inibiu, de certa forma, o consumo seguido de direção. Mas muitos ignoram qualquer tipo de restrição e continuam bebendo e dirigindo carro – o que deixa de interferir apenas na vida do bêbado e passa a ameaçar a vida alheia.

Porém nada é mais assustador que os relatos de adolescentes na Alemanha que encontraram a forma mais estúpida para “burlar” o hálito de álcool e, assim, tentar enganar os mais velhos. Eles têm colocado absorvente (mais conhecido como “O.B”) encharcado de vodka na vagina – no caso das meninas – e, pasmem, no ânus, no caso dos meninos. O efeito do álcool é o mesmo, com agravantes riscos à saúde. Pelo jeito, não há limites muito menos consciência do que estão cometendo com suas vidas. (leia a matéria em inglês)


19 de abril de 2011

“Sou viciado no meu celular”

Desde quando começou essa onda de iphone ou smartphone, em que as pessoas se desligam da vida real para se dedicar full time às redes sociais, blogs e todo mundo virtual que a internet nos proporciona, parece que virou febre e quase uma doença esse movimento de “coisificar” os momentos (copiei esse termo de minha amiga Ju).

Acabei aderindo essa “onda” e comprei meu smartphone (ou melhor traduzindo, minha internet móvel) que me permite está online o tempo que a bateria do celular resistir. Confesso que sou resistente a todo tipo de tecnologia até ser “convencido” que é preciso aderir para não ficar por fora. Fiz Comunicação e quase todos meus amigos da faculdade são antenados a essas novidades tecnológicas, portanto, sou praticamente “obrigado” a me inteirar sobre elas. Caso contrário, me pego “boiando” em algumas conversas do grupo. Então, quando via meus amigos twitando ou postando fotos e vídeos instantaneamente, ao mesmo tempo que achava o máximo compartilhar seus momentos, achava desnecessário depender tanto de uma maquininha para continuar “respirando”. Sim, porque as pessoas passam a ser dependentes desses aparelhos para sobreviver, postando praticamente tudo que fazem durante o dia. Soube de uma amiga que quase deu com a testa no poste da rua por caminhar escrevendo no seu blackberry, sem mesmo estar atenta por onde andava.

Lembro do show do Black Eyed Peas, quando as pessoas passavam mais tempo twitando e tirando fotos durante o show, que curtindo de fato. Esse ato de “coisificar” os momentos acaba isolando as pessoas do convívio social, porque é inevitável não interagir com os outros enquanto se “atualiza” no celular. Confesso que tento muito me policiar para não me tornar um viciado desses. Ok, estou longe de “me atualizar” no facebook a cada momento, porque minha vida não é “novela para ser acompanhada”, como dizem por aí. Porém quando vejo algo inusitado na rua, ou resolvo desabafar um pensamento, acabo compartilhando. Pelo menos procuro poupar meus amigos com ações corriqueiras.

Ao mesmo tempo, acho graça quando as pessoas acordam e resolvem dar “bom dia” no facebook, ao invés de dar bom dia, por exemplo, ao seu porteiro quando sai de casa para trabalhar. Ou então, quando você escreve algo triste no face e alguém “curte” como se fosse algo bacana. Mais uma vez, penso que tecnologia está aí ao nosso favor, não para nos aprisionar ou nos excluir do convívio social. Ainda é válido o diálogo, o contato físico, a troca de ideias, a experiência vivida, o “curtir” de verdade, ao vivo e a cores.

Lembro-me quando a câmera digital começou a ser popularizada, as pessoas deixavam de curtir os momentos para apenas registrá-los. Era assim em festas, nos eventos sociais, shows e nas viagens. Tudo era fotografado para ter certeza que aqueles momentos seriam eternizados. Acontece que, muitas vezes, a sensação de passar por aquele momento era deixada de lado. A memória emocional daquilo que vemos, ouvimos, sentimos passou a ser esquecido rapidamente, talvez porque não damos mais importância para os nossos cinco sentidos, ou melhor, nossas máquinas humanas. Vai chegar a época em que será possível registrar os cheiros e sabores também, deixando para trás aquela sensação de “cheiro de infância”, quando voltamos a algum lugar do passado, ou simplesmente quando saboreamos uma comida que nos relembra a velha receita da vovó. Daí já será um passo para a robotização humana.

15 de abril de 2011

Exame Periódico


Sua empresa convoca para novos exames periódicos. É uma verdadeira maratona de exames para garantir que você não vai morrer durante o próximo ano. Ao iniciar pelo teste ergométrico (entende-se esforço físico ou morte súbita, como você achar melhor), o médico começa com uma série de perguntas que vai desde “você é solteiro, casado ou a procura de?”, até: “fuma, bebe, consome drogas, faz sexo, pratica esportes, sobe escadas, dança, anda de bicicleta...”, diante de tantos “nãos”, ele já desconfia que seu exame vai dar tudo errado. Então começa de fato o exame do esforço físico. O ideal é correr na esteira, mas se você não anda nem de pedalinho na Lagoa, só vai conseguir caminhar a passos lentos. Para piorar, colocam um “sufocador” na sua boca, o que dificulta ainda mais sua respiração ofegante de atleta aposentado.

Depois de botar os bofes pela boca em uma caminhada que não chegou nem meia hora, ele mede sua pressão, faz todos os procedimentos comuns ao pós-exame e decreta seu fim: “é... o resultado não está nada bom... você está precisando praticar esportes. Seu sedentarismo é preocupante”. Até aí, nenhuma novidade. Você já sabia que sua vida regada a picanhas, pizzas, cigarro e cerveja não garantiria um corpinho sarado de academia.

A segunda etapa vem com os tradicionais exames de sangue, urina e fezes. Um constrangimento à parte. Para entregar corretamente suas coletas, você recebe “Instruções para a coleta de urina a ser feita pelo próprio paciente”. Vamos ao texto:

- Fazer assepsia genital lavando cuidadosamente esta região, pelo menos TRÊS vezes, para retirar creme ou qualquer tipo de secreção que houver.

Nessa hora você se pergunta: a criatura que escreveu isso já experimentou lavar CUIDADOSAMENTE a região, pelo menos TRÊS vezes, com aquela vontade LOUCA de urinar, depois de beber bastante água?

Voltando ao texto:
- Após empurrar cuidadosamente a pele do prepúcio para trás, lavar a região genital com água e sabonete neutro.
- Enxaguar com bastante água. Secar bem com uma toalha limpa e macia apenas pressionando levemente a região genital.

Esse último tópico serve também para o sexo feminino, o que gerou um comentário de uma amiga: “depois desse pequeno procedimento, você chama o marido para finalizar, não é mesmo?”

As “instruções” continuam com uma série de cuidados indispensáveis para a coleta correta. Entretanto, ao receber o pote para coleta de fezes, pelo tamanho do “tupperware”, você se pergunta: “será que uma diarréia enche o pote?!”. A instrução é curta e grossa: “colher TODO o material de uma evacuação”, já o resultado da sua evacuação...

Mas, nessas horas, aparecem vários tipos de preocupação: "e se no dia eu fizer o tímido cabritinho?!" ou "se o produto for maior do que o pote, corto com que tipo de artefato"?! Esse não é só o problema: deveria existir um manual de procedimentos para a colheita, pois esta é árdua!Os portadores de hérnia de disco têm que pedir ajuda a um parente próximo! Se bobear, o braço que foi pela retaguarda fica adormecido, dependendo do tempo utilizado na operação, e as caimbras fatalmente aparecerão...

A tarefa é difícil, meu caro. Depois de todos os procedimentos realizados com sucesso e os exames prontos, você finalmente recebe o “cartão verde” do Serviço Médico da sua empresa. Até o próximo ano!

14 de abril de 2011

Versão feminina


Talvez não seja exagero meu afirmar que toda mulher tem uma história triste para contar em se tratando de relacionamento amoroso. De um modo geral, elas gostam de dramatizar o que sentem e, principalmente, o que passam por causa dos homens. Isso não é uma crítica. Esse comportamento peculiar feminino talvez sirva de inspiração para inúmeras dramatizações no teatro, cinema e TV. Um exemplo é Divã que iniciou no teatro e fez tanto sucesso que virou filme e agora seriado na TV. A vida de uma mulher madura, separada, com dois filhos, rende histórias interessantes, sempre com humor inteligente nos seus diálogos.

Outro exemplo é a série americana Sex and the City, baseado em livro com mesmo nome, que foca nas relações íntimas de quatro mulheres, também na faixa etária mais madura. O sucesso da série também gerou dois filmes. Os diálogos, reflexões e comportamentos dessas personagens servem de inspiração para muitas mulheres.

A recente aposta do HBO Brasil é o seriado “Mulher de fases” – coprodução com a Casa de Cinema de Porto Alegre – que, mais uma vez, narra a história de uma corretora de imóveis, recém-divorciada, que volta para casa da mãe e se transforma a cada novo namorado, conforme as características deles. Ainda na TV, a nova série da Globo “Tapas & beijos” reúne Andrea Beltrão e Fernanda Torres nos papéis das “encalhadas”  Sueli e Fátima que alugam vestidos de noivas. No site oficial da série, está lá: “todos os dias, elas lidam com os sonhos de muitas mulheres e também esperam encontrar seus príncipes encantados (...) mas a tarefa não parece ser nada fácil. Afinal, a vida sentimental das duas é cercada de confusões”.

Muitas histórias são reais e, por terem finais felizes, rendem livros que se tornam filmes etc. É o caso de Liz Gilbert em seu “Comer, Rezar e Amar”, que depois de um divórcio conturbado, ela resolve viajar em “busca do autoconhecimento”. Resultado? Acaba descobrindo o verdadeiro amor. Outro romance que ainda não se tornou filme (mas não duvide caso aconteça!) é o livro “Melancia” da escritora irlandesa Marian Keyes. Mais uma vez, o universo da mulher na faixa dos 30 anos é retratado pela protagonista feminista que não poupa o comportamento masculino. Já adivinhou a história? Uma garçonete abandonada pelo marido após dar à luz uma menina, logo depois que ele confessa ter um caso com uma vizinha também casada.

Não li nem vi todos esses livros, filmes e seriados. Mas como minha vida é cercada por mulheres que “compartilham de histórias de relacionamentos”, não é difícil ficar por dentro desse universo. Aliás, se eu reunisse as histórias que já ouvi ou presenciei (inclusive algumas postadas aqui), certamente daria para roteirizar uns bons episódios voltados para o público feminino.

12 de abril de 2011

O novo malandro da praça


Show Palco MPB - Mário Cesar Filho

Vestido com terno claro, camiseta branca e cordão de ouro, balança a cabeça equilibrando o corpo e sambando miudinho, ele entoa “Eu fui fazer um samba em homenagem à nata da malandragem que conheço de outros carnavais...”. Diogo Nogueira realmente conhece a “nata da malandragem” e tornou-se o novo malandro da praça, agradando o público feminino e os amantes do samba de raiz. Começou sua carreira timidamente, ainda como o “filho do saudoso João Nogueira”, e chamava atenção pela similaridade com o tom grave do pai.

Aliás, essa é a característica da nova geração de cantores da MPB. A herança genética não está presente apenas na escolha da profissão, mas principalmente na semelhança da voz e do jeito de cantar de Maria Rita, Mart´nália, Daniel Gonzaga (filho de Gonzaguinha) e Diogo Nogueira. Para uns, isso é pura imitação dos pais, para muitos, é talento genético mesmo, impossível de renegar. E quando a carreira é bem estruturada, o sucesso vem mais rápido, afinal, quem já gostava dos pais, a tendência é gostar dos filhos – quando o repertório agrada, é claro!

E Diogo Nogueira, assim como Maria Rita e Mart´nália, vem experimentando novos sucessos, mas sem esquecer a escola e o exemplo de casa. Talvez seja essa a explicação de tamanha repercussão desses novos talentos. Ao contrário de Mart´nália, que tem o privilégio de ainda dividir o palco com seu mestre Martinho da Vila, os outros (aí incluo o próprio Daniel Gonzaga) não têm essa mesma oportunidade, mas conseguem resgatar o carisma e a presença de seus pais no palco.


Em seu recente show, Diogo homenageia seu pai cantando uma música de composição do próprio João e Paulo César Pinheiro, “Além do Espelho”, que diz justamente essa relação de espelho entre ele e seu pai, seu exemplo maior.

ALÉM DO ESPELHO

João Nogueira / Paulo César Pinheiro
show Palco MPB - Mário Cesar Filho
Quando eu olho o meu olho além do espelho
Tem alguém que me olha e não sou eu
Vive dentro do meu olho vermelho
É o olhar de meu pai que já morreu
O meu olho parece um aparelho
De quem sempre me olhou e protegeu
Assim como meu olho dá conselho
Quando eu olho no olhar de um filho meu
A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
Sempre que um filho meu me dá um beijo
Sei que o amor de meu pai não se perdeu
Só de ver seu olhar sei seu desejo
Assim como meu pai sabia o meu
Mas meu pai foi-se embora no cortejo
E eu no espelho chorei porque doeu
Só que olhando meu filho agora eu vejo
Ele é o espelho do espelho que sou eu
A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
Toda imagem no espelho refletida
Tem mil faces que o tempo ali prendeu
Todos têm qualquer coisa repetida
Um pedaço de quem nos concebeu
A missão de meu pai já foi cumprida
Vou cumprir a missão que deus me deu
Se meu pai foi o espelho em minha vida
Quero ser pro meu filho espelho seu
A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar

Fotos tiradas durante gravação do Palco MPB FM no Teatro Rival
Rádio MPB FM

7 de abril de 2011

O limite do Bullying


O que faz um homem invadir uma escola e matar várias crianças e depois se suicidar? A questão do bullying é perigosa, assusta e pode chegar ao extremo, como esse caso ocorrido hoje em Realengo, no Rio.

Analisar o comportamento desses assassinos tenta explicar, mas não justificar, o ato bárbaro que essas pessoas cometem. Não é regra, mas vira estatística, observar que a maioria sofreu bullying durante o período escolar, foram renegados, excluídos, debochados, quando não humilhados diante de colegas. As piores conseqüências podem ser essas, quando inocentes pagam com a vida pela violência praticada por outrem. É uma espécie de “vingança” voltar ao cenário onde por muitos anos a “vítima” foi mal-tratada e agora acertar as contas numa situação vantajosa, preparada e articulada com antecedência.

Esses seres infelizes e amargurados de certa forma se incomodam com uma sociedade que vive “feliz” ao seu redor. O que é normal para nós, é revoltante para eles, a ponto de planejar um massacre generalizado. Todos passamos a ser culpados (para eles).

Esses crimes, até então comuns (infelizmente) em países onde a cultura armamentista é mais forte, como nos Estados Unidos, preocupam os governantes e a sociedade em geral porque não têm hora para acontecer, muito menos local. Por maior que seja a segurança em um lugar público, como escolas, igrejas, cinemas etc, o controle de entrada e saída não é tão eficaz e acabam permitindo a entrada de pessoas que planejam com perspicácia seus atos insanos. É trágico e revoltante esse tipo de “violência gratuita”, ainda mais com crianças, adolescentes e adultos indefesos.

Buscar uma explicação para isso é tentar justificar o que é injustificável. Lamentar e tentar ajudar as famílias das vítimas é o mínimo que a sociedade pode tentar fazer. O medo fica porque nunca iremos adivinhar quando um próximo episódio poderá acontecer. Desejamos que realmente seja um caso isolado.

Porém, se tentarmos voltar para questão do bullying praticado nas escolas, talvez seria possível evitar que novos “revoltados” se formem, caso houvesse um programa educacional estruturado para ser desenvolvido e praticado em sala de aula.

O caso recente do americano Casey mostra como ele virou “herói” depois que revidou as agressões que recebia de seus colegas de escola. O Fantástico chegou a fazer uma reportagem (veja aqui) sobre a história do rapper Emicida que sofreu bullying em sua escola, quando era garoto, e depois de anos retornou nela para (ao contrário do acontecido hoje) apagar de sua memória as lembranças tristes. Ele chegou a jogar bola com os garotos da escola como se estivesse voltando no tempo e, desta vez, se via integrado, aceito pela garotada. Todos foram vítimas de bullying, mas as consequências são múltiplas, podendo ou não chegar ao extremo bárbaro.

Veja o caso da Escola de Realengo - matéria

4 de abril de 2011

ENTERRO CUBANO...

(Cuidado - Humor cadavérico)

  Toda a família em Cuba se surpreendeu quando
  chegou de Miami um ataúde com o cadáver de
  uma tia muito querida.

  O corpo estava tão apertado no caixão que o rosto estava colado no
  visor de cristal...

  Quando abriram o caixão encontraram uma carta,
  presa na roupa com um alfinete, que dizia assim:

  Queridos Papai e Mamãe.
  Estou lhes enviando os restos de tia Josefa para
  que façam seu enterro em Cuba, como ela queria.

  Desculpem por não poder acompanhá-la, mas
  vocês compreenderão que tive muitos gastos com
  todas as coisas que, aproveitando as
  circunstâncias, lhes envio.

  Vocês encontrarão, dentro do caixão, sob o
  corpo, o seguinte:
  12 latas de atum Bumble Bee,
  12 frascos de condicionador,
  12 de xampu Paul Mitchell,
  12 frascos de Vaselina Intensive Care (muito boa
  para a pele. Não serve para cozinhar!),
  12 tubos de pasta de dente Crest,
  12 escovas de dente,
  12 latas de Spam das boas (são espanholas),
  4 latas de chouriço El Miño.

  Repartam com a família, sem brigas!

  Nos pés de titia estão um par de tênis Reebok
  novos, tamanho 39, para o Joseíto (é para ele,
  pois com o cadáver de titio não se mandou
  nada para ele, e ele ficou amuado).

  Sob a cabeça há 4 pares de 'popis' novos para
  os filhos de Antônio, são de cores diferentes
  (por favor, repito não briguem!).

  A tia está vestida com 15 pulôveres Ralph Lauren,
    um é para o Robertinho e os demais para seus
    filhos e netos.

  Ela também usa uma dezena de sutians Wonder Bra (meu favorito),
  dividam entre as mulheres;

  Também os 20 esmaltes de unhas Revlon que
  estão nos cantos do caixão. As três dezenas de calcinhas Victoria's
  Secret devem ser repartidas
    entre minhas sobrinhas e primas..

  A titia também está vestida com nove calças
  Docker's e 3 jeans Lee.

  Papai, fique com 3 e as outras são para os
  meninos.

  O relógio suíço que papai me pediu está no pulso esquerdo da titia.

  Ela também está usando o que mamãe pediu
  (pulseiras, anéis, etc).

  A gargantilha que titia está usando é para a
  prima Rebeca, e também os anéis que ela tem
  nos pés.

  E os oito pares de meias Chanel que ela veste
  são para repartir entre as conhecidas e amigas,
  ou, se quiserem, as vendam (por favor, não
  briguem por causa destas coisas, não briguem).

  A dentadura que pusemos na titia é para o vovô,
  que ainda que não tenha muito o que mastigar,
  com ela se dará melhor (que ele a use, custou
  caro).

  Os óculos bifocais, são para o Alfredito, pois
  são do mesmo grau que ele usa, e também o
  chapéu que a tia usa.

  Os aparelhos para surdez que ela tem nos
  ouvidos são para a Carola.
  Eles não são exatamente os que ela necessita,
  mas que os use mesmo assim, porque são
  caríssimos.

  Os olhos da titia não são dela, são de vidro.
  Tirem-nos e nas órbitas vão encontrar a
  corrente de ouro para o Gustavo e o anel
  de brilhantes para o casamento da Katiuska.

  A peruca platinada, com reflexos dourados,
  que a titia usa também é para a Katiuska, que
  vai brilhar, linda, em seu casamento.

  Com amor, sua filha

  Carmencita.

  PS1: Por favor, arrumem uma roupa para vestir
  a tia para o enterro e mandem rezar uma missa
  pelo descanso de sua alma, pois realmente ela
  ajudou até depois de morta.

  Como vocês repararam o caixão é de madeira
  boa (não dá cupim); podem desmontá-lo e fazer
  os pés da cama de mamãe e outros consertos
  em casa.

  O vidro do caixão serve para fazer um
  porta-retrato da fotografia da vovó, que está, há
  anos precisando de um novo. Com o forro do
  caixão, que é de cetim branco
  (US$ 20,99 o metro) Katiuska pode fazer o seu
  vestido de noiva.

  Na alegria destes presentes, não esqueçam de
  vestir a titia para o enterro!!!

  Com amor,

  Carmencita.

  PS2: Com a morte de tia Josefa, tia Blanca caiu
  doente.. Façam os pedidos com moderação.
  Bicicleta não cabe nem desmontada e carburador
  de niva, modelo 1968, aqui ninguém ouviu falar.

1 de abril de 2011

Palavra de um deputado


Promiscuidade
sf (promíscuo+i+dade) 1 Qualidade de promíscuo. 2 Uso promíscuo. 3 Mistura desordenada; confusão. 4 Etnol Intercurso sexual indiscriminado sem ligação permanente.
É revoltante, como cidadão brasileiro, saber que um deputado federal do Estado do Rio de Janeiro vem a público afirmar que relacionamento com mulher negra ou homossexual é um caso de promiscuidade. O deputado federal Jair Bolsonaro foi, no mínimo, infeliz ao afirmar isso em entrevista ao programa CQC, da Band, respondendo a uma pergunta da cantora Preta Gil sobre “o que ele faria se filho dele se apaixonasse por uma negra”. (veja na íntegra a entrevista abaixo).

Antes de mais nada, a questão de preconceito está acima de qualquer “liberdade de expressão” de alguém que venha se pronunciar publicamente e, portanto, deve ser punido sim, pela justiça. Não sejamos hipócritas em achar que não há preconceituosos na sociedade brasileira, seja contra gays, seja contra negros, seja contra mulher,seja contra deficientes, seja contra pobres. Uns são explícitos, julgando e condenando abertamente suas vítimas, já outros são contidos e simplesmente camuflam seus preconceitos. É a velha história do “não tenho preconceito, desde que minha filha não namore um negro, nem meu filho seja viado”, ou seja, da porta para fora de casa respeita-se, dentro de casa, condena-se.

Infelizmente, algumas pessoas apreciam atitudes como essa do deputado, por afirmar que ele é “autêntico”, “verdadeiro” e não esconde suas “preferências”. Talvez o resultado disso seja o número de eleitores que votam nesse sujeito. Caso contrário, ele não seria deputado, certo?

Para piorar, o mesmo deputado respondeu às críticas durante o velório do ex-presidente José Alencar dizendo que “estava se lixando aos movimentos gays” e negou ser racista porque “existem muitos pobres nas Forças Armadas”. Oi? Como assim ele associa negro à pobreza?

Segundo os filhos, que “foram muito bem educados e por isso não correm o risco de namorar uma mulher negra ou virarem gays”, o pai tem uma opinião que é polêmica, pois vai contra o “politicamente correto” e ainda completam: “O que a família Bolsonaro faz nada mais é do que valorizar conceitos e valores da família, valores éticos, valores morais...”. O velho discurso da ditadura militar, que recebeu o apoio da Igreja Católica e das “famílias tradicionais brasileiras” na época.

Convenhamos que os verdadeiros “valores de ética, moral, da família” são o respeito, a caridade, a compaixão e o amor ao próximo. “Amar ao próximo como a si mesmo”, sem discriminação. Como pessoa pública que tem poder da representatividade do povo, o deputado deveria ser o primeiro a dar exemplo de boa conduta e dos valores morais.

O que mais lamentamos é que dificilmente haverá punição no final da história.