28 de maio de 2010

O entretenimento da pobreza


 É surpreendente como a TV brasileira ainda se pauta na pobreza alheia para garantir audiência e sucesso. Programas vespertinos, estilo Márcia Goldsmith – “mexeu contigo, mexeu comigo também”, mostram como lamentavelmente o povo “aprova” a banalidade, o absurdo, o vulgar ou simplesmente o mau gosto na TV. É a famosa espetacularização da vida humana da forma mais chula e grosseira possível.

São inúmeros os programas que utilizam da pobreza e da falta de oportunidade de pessoas humildes para “transformar” suas vidas, dando prêmios, reformando casas, transfigurando seres “feios” em “bonitos”. “Não sou assistencialista porque de fato me interesso por aquelas histórias”, conta Luciano Huck sobre seu programa “Caldeirão” (matéria de capa da Revista da TV). Realmente, o maior sucesso de seu programa são as histórias de pessoas comuns que “vencem” o anonimato, conquistando casa reformada, carro reformado, ou dinheiro no quadro “Agora ou Nunca”. Posso não ser imparcial, mas o jeito que ele trata o assunto e as pessoas realmente não passa uma imagem de deboche ou sensacionalismo, diferente de outros programas.

É exatamente o que aconteceu com a anônima Paula Veludo, conhecida como Gorete, que queria ser Gisele Bündchen e teve “seu pedido atendido” pela turma escrachadamente debochada do Pânico da TV. De fato, mudaram para bem melhor a cara da Gorete desdentada e desleixada, porém a exposição da mulher “reformulada” mostra que “nada é de graça nessa vida”. Vão expor a imagem dela até não gerar mais audiência. É simples assim. Ou melhor: descartável assim.

E o espectador com isso? “O público adora transformações, mas não aceita as cinderelas como legítimas. É um problema de classe. O brasileiro com três refeições diárias considera ‘essa gente de segunda’”, define bem o jornalista Sidney Rezende, em seu blog.

21 de maio de 2010

Para entrar no clima da COPA


Chega época de Copa do Mundo, os ânimos ficam exaltados e tudo é motivo de festa, sair mais cedo do trabalho, preparar o churrascão com a galera e por aí vai. Fico impressionado que TODOS os comerciais de TV têm como tema a bendita Copa, até campanha de vacinação contra varíola... vai entender a correlação!

Mas o que chamou atenção hoje foi uma matéria sobre a “despedida” de um dos jogadores convocados para seleção brasileira. Parênteses: eu me divirto com as matérias da sessão “Retratos da Vida” (nome sugestivo por sinal), do site do jornal Extra.

Olha a situação:

O jogador Felipe Melo promoveu uma festança numa casa alugada em que a maioria dos convidados era mulher. O rapaz dispensou a presença de garotas de programa, mas contratou o grupo Jaula das Gostosudas para o “show de talentos”. Muito bem, o resultado não podia ser diferente: o cara acabou a noite no hotel com uma das “dançarinas-cantoras” do grupo.


Mas o melhor da história vem depois: ele resolveu fazer outra “despedida” antes da viagem. “Como é evangélico e casado, Felipe reunirá parentes num culto em uma igreja”. Ok.

20 de maio de 2010

Cala boca Bárbara

Esbarrando com uma colega sem-noção da minha mãe, que me conhece desde garoto (e ainda tem um filho que estudou durante anos comigo no colégio), ela resolveu colocar a conversa em dia, do seu modo inconveniente de ser, como sempre.

Começou o monólogo  narrando o fim do noivado de seu pupilo, que estava “arrasado” com a separação, depois de seis anos já morando juntos. A tal noiva trocou o filho dela por um emprego temporário de um cruzeiro internacional. “ah, meu filho, se ela te amasse mesmo, ela teria escolhido você, não o navio”. Mas depois revelou: “eu faria o mesmo no lugar dela”.

Achei engraçado quando ela classificou o casamento como uma moeda de troca e o amor um sentimento escasso: - Eu falo para minha filha: essa coisa de amor, paixão, isso é história de conto de fadas. Isso já acabou faz tempo. Agora os casais se unem para saber o que um vai oferecer para o outro, como uma moeda de troca e pronto. Meu filho, por exemplo, é um ótimo partido: bonito, bem sucedido no emprego, ganha muito bem, tem um apartamento na Barra, um carro zero... não precisa dela para ser feliz.

Não cansada de nos cansar com seu enfadonho papo, contou suas inúmeras vantagens – como de praxe – entre elas suas viagens pela Europa, Estados Unidos, Argentina...
 
- Eu recebo minha aposentadoria para viajar. Essa coisa de pagar contas de casa é papel do maridão. Também não peço um dólar para ele, quando resolvo viajar para Miami, Nova York. Ele nem sabe quanto eu ganho, pra falar a verdade. Quando completamos 30 anos de casados, eu comemorei em Paris, com a minha filha, porque ele não suporta avião. Ele viaja no máximo até Natal, Fernando de Noronha. É por isso que nos damos muito bem até hoje. Ele respeita meu espaço, e eu respeito o dele.

É ou não é um personagem de novela de Manoel Carlos?

19 de maio de 2010

Dança dos noivos

Como já escrevi aqui no blog, este ano tive a felicidade de ser convidado por duas queridas amigas para ser padrinho dos respectivos casamentos. E como as datas estão próximas, tive a incumbência de ensaiá-los para o momento dançante da grande noite. Não basta ser padrinho, tem que participar.

Minha tarefa parece simples, mas não é. Afinal, ensaiar o famoso “dois pra lá e dois pra cá”, quando ambos estão nervosos, diante de todos os convidados e não querem “fazer” feio, realmente exige cuidado para não ficar algo forçado, robótico e, portanto, estranho. Para quem nunca fez dança, no caso dança a dois (dança de salão), começar do zero traz insegurança, e isso é natural. Portanto, não dá para inventar muita coisa, e a ocasião nem é para isso.

Acho que a primeira dança do casal, para abrir o salão, deve ser natural, romântica e que tenha a ver com os dois, começando pela escolha da música. Hoje a “tradicional” valsa já virou passado, e o comum é escolher uma música lenta, que geralmente lembra uma passagem da história dos dois, ou não, simplesmente tem a ver com o momento.

Ontem, “ensaiei” o primeiro casal que casa sábado, dia 22. Ele militar, ela dentista. Não precisa dizer que, tirando as exceções, a maioria dos homens que não dançam é naturalmente travado e, quando se depara com essas situações que são “obrigatórias” (faz parte do contexto), fica ainda mais nervoso e tenso. Já a mulher, além de ser mais “adepta” à dança, gosta de conduzir o homem e controlar a situação.

Eles escolheram a música Can´t Help Falling In Love, clássico de Elvis Presley, e por ser muito lenta, a única preocupação é não sair do ritmo certo. O resultado ficou bacana, simples e respeitando os limites de cada um (principalmente do noivo!).

Já o outro casal de amigos escolheu a música Cheek to Cheek, com Frank Sinatra, um estilo mais dançante, talvez mais difícil para o noivo, que também já adiantou que “não leva jeito para dança”. No final, não importa se leva jeito ou não, se o passo vai sair certo ou errado. Ninguém está ali para assistir a uma apresentação coreografada. O fascínio é esquecer todos ao redor e imaginar, como propõe a letra:


Come on and dance with me
I want my arm about you
That charm about you will carry me through
Right up to...

Heaven
I'm in heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find that happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek!

Venha e dance comigo
Eu quero meus braços ao seu redor
Este encanto ao seu redor me conduzirá
Direto para o...

Paraíso
Eu estou no paraíso
E meu coração bate tanto que eu mal posso falar
E eu pareço encontrar a felicidade que eu procurei
Quando nós estamos juntos lá fora dançando de rostos colados

13 de maio de 2010

Doe palavra, não custa nada

Uma iniciativa do Hospital Mário Penna, em Minas Gerais, deve ser encarada mais que um exemplo a ser seguido, deve ser divulgado ao máximo! Eles promovem o chamado: “Doe Palavras”, que significa levar mensagens de força aos pacientes com câncer do Instituto Mário Penna.

É simples, você envia sua mensagem pelo site www.doepalavras.com.br ou pelo Twitter (#doepalavras) e depois de uma filtragem ela pode ser exibida nas TVs do hospital para os pacientes em tratamento. Não custa nada, só boa vontade!

Projetos assim deveriam ser aplicados em tantas outras instituições que recebem pessoas em situações não só de doença como também de desgaste emocional. Levar uma palavra amiga, de conforto, ânimo e força pode parecer pouco, quase nada, mas para quem recebe pode significar um remédio poderoso. Emitir bons fluidos e pensamentos positivos só podem ajudar aos que passam por momentos dolorosos, como esses.

No site, eles definem: “muitas vezes o que nossos pacientes mais precisam é de escutar as palavras certas: mensagens positivas de amor, esperança e força têm o poder de transformar a maneira como eles enfrentam o câncer. Trabalhamos isso todos os dias. Mas com o Brasil inteiro do nosso lado vamos ficar mais fortes. Esse é o objetivo desse projeto: usar a inteligência coletiva para gerar um grande fluxo de mensagens do bem e levar toda essa força para dentro do Hospital Mário Penna”.

Então, por que não utilizar da tecnologia para praticar uma “caridade virtual”?
Vale lembrar, que nada substitui uma visita pessoalmente nesses lugares. Projetos como esses são bem vindos, mas não podemos esquecer de sermos antes de tudo presentes na vida real!

Fica a sugestão!



#doepalavras from 3bits on Vimeo.

11 de maio de 2010

Alfinetadas musicais

Sempre tive curiosidade em saber por que Djavan e Caetano já trocaram “farpas” em suas letras, se aparentemente eles se dão super bem. E já foram parceiros de várias músicas.


Mas dá uma olhada nesses trechos, quando Djavan descreve em sua Sina:

O luar estrela do mar
O sol e o dom
Quiçá um dia
A fúria desse front
Virá lapidar o sonho
Até gerar o som
Como querer Caetanear
O que há de bom

E por sua vez, Caetano escreve em seu Eclipse Oculto

Nosso amor não deu certo, gargalhadas e lágrimas
De perto fomos quase nada
Tipo de amor que não pode dar certo na luz da manhã
E desperdiçamos os blues do Djavan

Seria uma “homenagem” às avessas? Uma piada interna deles?

5 de maio de 2010

Uma noite e nada mais.

Para alguns, é um lugar comum. Para muitos, um lugar excitante. Já para outros é sinônimo de mal gosto, impessoalidade e até certo ponto “nojento”.

O fato é que motel nem sempre é a melhor opção para uma noite a dois. Há os que sentem prazer em freqüentá-lo, ao comemorar o aniversário de namoro ou casamento, o dia dos namorados, ou só para praticar um sexo casual. Muitos vão porque não têm muita opção mesmo. Moram com os pais, não viajam muito e acabam não encontrando outra saída. Há também aqueles que mesmo depois de casados gostam de variar o ambiente, conhecer suítes novas, experimentar ambientes diferentes, excêntricos etc.

Depende do gosto de cada um, é claro. Particularmente, acho que ambientes assim são impessoais, e se você não tiver no clima (ou sua cia) pode acabar sendo uma furada. Não troco um ambiente aconchegante, próprio, sem hora para fechar a conta por um motel. Até já ouvi dizer que são ambientes “carregados”, com baixas vibrações, mas daí vai da crença de cada um.

Conheço algumas histórias tanto de pessoas que preferem transar no motel que em casa até das que têm trauma ou que nunca pisaram em um por opção. Uma, em particular, vale a pena contar. Ela já foi casada (morou junto por um tempo), já namorou alguns caras, tem lá seus vinte e muitos anos, mas nunca conseguiu ir ao motel com um de seus namorados. Não por falta de convite. Mas ela já teve a oportunidade de conhecer bem de perto. Chegou a passar uma noite mal dormida e graças a isso acabou ficando com trauma do ambiente nada acolhedor.


Ela ainda estava na faculdade, estudava à noite e morava com uma tia num bairro esquisito do Rio. Numa noite, ao sair da aula, a prima ligou avisando que estava rolando um tiroteio intenso perto de casa, então pediu que ela não voltasse pra casa nem tão cedo. “Putz! E agora, o que eu faço? Onde vou dormir?”. Ela até tinha um namorado na época, mas como não tinha tanto tempo assim de namoro, não tinha ainda intimidade suficiente para dormir na casa dele, com os pais juntos. Então teve a idéia de dormir num motel. E que motel!

Ela acabou, sem querer querendo, escolhendo uma suíte das mais caras, com direito a sauna, banheira, cadeira erótica etc, mas sozinha, só tinha como assistir mesmo os filmes pornôs na tv. Pra falar a verdade, ela nem ligou a tv, e foi tentar dormir um pouco. E quem disse que ela conseguiu? A gritaria de uma mulher enlouquecida do quarto ao lado só a deixava mais tensa naquela noite esquisita. Era inevitável não imaginar tal cena bizarra que estaria acontecendo bem ao lado de sua luxuosa suíte. Fora isso, inconscientemente, ela tomou nojo de tudo ao seu redor: cama, lençol, toalhas, banheira, copo...

Resultado: a experiência lhe deixou traumatizada, até hoje.

3 de maio de 2010

Provérbio Chinês atualizado

Reza a lenda que todo homem antes de morrer deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.

Pois bem, o homem moderno deve: cultivar sua horta orgânica caseira, doar seu sêmen e escrever um blog.

Eu já comecei pelo blog.