30 de novembro de 2016

Mais humanidade, por favor



A tragédia com o acidente aéreo na Colômbia, envolvendo o time, comissão técnica da Chapecoense e imprensa, comoveu toda população brasileira. Não só a mídia, mas principalmente nas redes sociais o assunto era só esse.

Realmente é algo assustador, e ficamos abalados por vermos tantas histórias sendo interrompidas.
Mas o que surpreendo também é com a falta de sensibilidade e bom senso de algumas mídias, empresas e até conhecidos que não respeitam o triste momento e nos enche de mensagens sensacionalistas e (pasmem!) piadas de péssimo gosto. O caso dos posts publicados no Facebook do site Catraca Livre foi o primeiro a ganhar repercussão negativa. Graças ao bom senso dos seguidores, que enxurraram a página de comentários contra a posição editorial, o editor se desculpou dos erros cometidos, ao postar conteúdo sobre “dicas para quem tem medo de viajar de avião” e “10 fotos de pessoas em seu último dia de vida”, com fotos dos jogadores dentro do avião. A polêmica foi tratada no site Meio & Mensagem, que ainda apontou a mudança de preço no site Netshoes, com aumento do preço da camisa oficial da Chapecoense, no mesmo dia.

Além disso, muitos internautas também comentaram a já falta de bom senso de pessoas que compartilham em suas redes sociais imagens dos corpos do acidente. Essa prática já não é novidade, e infelizmente a curiosidade macabra de uns acabam prevalecendo, desrespeitando a dor dos familiares e amigos dos envolvidos no acidente.

Para piorar, as piadas já envolvendo o caso de que o avião caiu por falta de combustível, insinuando que políticos e times adversários deveriam viajar na mesma companhia aérea pela qual os jogadores do Chapecoense sofreram o terrível acidente.

Onde está a compaixão? Seja qual for sua relação ou não com os envolvidos no acidente, o que se espera é no mínimo respeito nesse momento tão doloroso.

25 de novembro de 2016

Sob Pressão – O Filme



Um soco no estômago da sociedade. Isso resumo o filme “Sob Pressão” (2016), de Andrucha Waddington, que retrata a triste realidade da saúde pública no País. O cenário é um hospital público localizado em uma comunidade que vive a guerra do tráfico de drogas. Não bastasse a falta de recursos no hospital, a equipe médica vive a difícil tarefa de “escolher” quem será salvo primeiro entre os pacientes: um traficante, um policial e uma criança, todos eles baleados.

A questão é muito maior que a discussão de salvar o “herói” ou o “bandido”, como repercutiu negativamente nas redes sociais. É uma questão de sobrevivência da “medicina de guerra”, como é tratado no filme. Os médicos sofrem pressão de todos os lados, até mesmo entre eles, para saber quem vai atender quem e como, já que falta tudo.

A realidade do País é uma saúde pública sucateada, que não enxerga no médico um profissional e sim um milagroso, que vai tentar salvar vidas com os poucos recursos, com horas seguidas de plantão, em uma rotina estressante e sob pressão. O filme consegue passar essa adrenalina, como se o espectador fizesse parte da equipe médica, sofrendo com tal pressão, mas ao mesmo tempo torcendo para que todos os pacientes sejam socorridos a tempo.

Impossível não se frustrar quando o paciente não resiste e acaba morrendo. Mas também todos são conscientes que não existe milagre. Nem todos têm estomago para assistir a um filme realista, que mostra a verdade dos fatos. Já ouvi dizer “não consigo ver na tela do cinema um filme como esse, quando vivemos em uma cidade tão violenta todos os dias”.

Mas para os “fortes”, recomendo esse longa. Todo elenco está ótimo na interpretação, com destaque do Júlio Andrade, Ícaro Silva, Marjorie Estiano e Andrea Beltrão. O roteiro de Renato Fagundes é fascinante e passa toda tensão “necessárias” para viver o drama que propõe o longa.

Sobre a polêmica de quem salvar primeiro, minha opinião é a mesma que a do médico chefe da equipe, interpretado por Júlio Andrade: deve-se fazer o certo. E naquele caso, o certo era salvar o traficante, ao invés do policial. Não é questão de ser o bandido e o policial. A questão ética é qual o estado de saúde mais crítico, independente de quem seja. O que acontece, numa sociedade como a nossa, é achar que o “certo” é salvar quem teoricamente nos defende e “deixar morrer” aquele que supostamente nos mataria. O médico não fez juramento para salvar quem “merece ou não” viver.

O que a sociedade deveria lutar para que esse médico não viva seu drama diário de ter que escolher sobre qual vida socorrer primeiro.

17 de novembro de 2016

San Andres – um recanto de sete cores

Pense num mar caribenho convidativo. Agora imagina um lugar tranquilo, sem esbanjamento, nem enormes resorts e vida de ostentação. Esse lugar se chama San Andres, uma pequena ilha colombiana que guarda riquezas naturais a serem apreciadas seja na terra, no céu ou no mar. Essa foi a nossa opção para conhecer o famoso mar caribenho, sem precisar enfrentar o período de furacões, em setembro. 

Em apenas cinco dias, a nossa programação incluiu passeio de barco, volta na ilha, mergulho, parasail e noitada. Só a ida e volta que são cansativos, porque não há vôo direto. No meu caso, por exemplo, precisei fazer duas conexões, uma na Cidade do Panamá e a segunda em Bogotá. Na ida, ganhamos duas horas por conta do fuso horário.
Para facilitar a leitura das dicas, dividi a programação por dias. Então, vamos lá

Dia 1
Orla Spratt Bight
Chegada à ilha. Pegar um táxi no aeroporto até a residência foi tranquilo, mas é bom saber que não existe taxímetro, então deve negociar o valor antes de entrar no carro. Assim que cheguei no prédio, percebi que tratava-se de um edifício com rotatividade de turistas, praticamente um apart hotel. Aproveitei para conhecer a orla da Spratt Bight, bem próximo ao edifício e já olhar as opções de restaurantes no local. Acabei jantando no Café + Café, perto da praia.

Dia 2
Como estávamos esperando a chegada de duas amigas, que estavam em Catagena, preferimos um passeio apenas pela parte da manhã. A opção foi conhecer Acuario, que leva esse nome porque é uma região no meio do mar que guarda piscinas naturais com uma riqueza incrível de vida marinha. É possível ver apenas com snorkel uma série de peixes e corais próximos às pedras, com água pela cintura. O Acuario fica bem próximo da ilha Córdoba, ou Haynes Cay, e é possível fazer a travessia andando. O passeio só para Acuario custa 15 mil pesos. 

Paramos para almoçar no Peru Wok, que tem como especialidade suas ceviches deliciosas. O restaurante é super bacana, de frente para o mar e os preços são acessíveis, com média de 45 mil pesos por pessoa.


A furada do dia foi escolher o passeio das Mantarrayas. Esse passeio nada mais é que você voltar
para região próxima ao Acuario, onde um “caçador” de arraia busca o animal no mar para que as pessoas segurem e tirem a foto com ele. Vamos lembrar que o animal não é domesticado, não vive em cativeiro e, portanto, não é de sua natureza ser capturado, mesmo que por pouco tempo. Confesso que fui um desses turistas empolgados em ter o momento “aventura” para ter a experiência em ter em meus braços uma arraia e poder registrar. Mas depois achei desnecessário o passeio e toda aquela situação no meio do mar. O passeio custou 25 mil pesos, e há casos de pessoas que pagam e não conseguem ver arraia.
 
Dia 3
Alugamos um jipe e fomos para West View logo cedo. É um lugar fechado (entrada 4 mil pesos),
onde tem acesso ao mar, mas através de escada (tipo piscina), tem tobogã, e trampolim. Lá é ótimo para mergulho de snorkel. Há estátua do Poseidon e vários peixes. Fazem o mergulho de Aquanautas – 90 mil pesos, sem contar as fotos que são pagas separadamente). Não fiz o Aquanautas porque desci até a estátua por apneia com snorkel.



Como conseguimos um encaixe no passeio de Parasail (paraquedas puxado por barco), voltamos de West View para Marina às 13h. Para mim, o melhor passeio da viagem. Saída com grupo de 8 pessoas de barco, o tempo do vôo de 15 minutos por duplas. Vale muito a pena pelo incrível visual do mar de sete cores. Custo 150 mil pesos.

parasail - melhor passeio na ilha
Após o passeio, pegamos um táxi (15 mil pesos) e fomos direto para Rock Cay. Essa praia fica mais distante da região do centro. É praia tranquila, com estrutura (bar, restaurante). Ficamos muito pouco tempo.

Tentamos almoçar por duas vezes no Restaurante Donde Francesca, próximo à Playa San Luis, mas estava fechado

Aproveitamos o fim de tarde para subir até a Primeira Igreja Batista, ponto mais alto da ilha, para ter a visão total da ilha. Encontramos um hotel abandonado (meio que invadido), onde era possível subir até o terraço para ter a visão da ilha. A Igreja encerra a visitação às 18h, então não conseguimos subir até o topo

À noite, fomos conhecer a vida noturna de San Andres, na boate Coco Louco. Apesar de cheia, o DJ não empolgou muito e acabamos desistindo.

Dia 4
Por termos dormido tarde, acordamos tarde e, portanto, perdemos o passeio de barco para Johnny Cay. Resolvemos fechar logo o mergulho com a equipe da Banda Dive Shop – operadora fica no saguão do Hotel Lord Pierre à tarde. Aproveitamos o resto da manhã para curtir a praia do centro, Spratt Bight, que não perde em nada para as praias turísticas. Almoçamos mais uma vez no Peru Wok (porque vale muito a pena! Vale inclusive pedir o prato Kombi, que é um combinado de dois pratos. Pedi Ceviche misto e o outro não lembro).

À tarde, fizemos o mergulho na região da Pirâmide, com a equipe da Banda. Ótimo atendimento, instrutores superpacientes e descontraídos. Eles fazem uma aula antes do mergulho, com treinamento na praia.

À noite, jantamos no restaurante do Hotel Casablanca. Restaurante mais elegante, com carta de vinhos bacana, e pratos ok (não achei nada de extraordinário, mas eram bem gostosos). Vale pelo local.

Dia 5
Havíamos nos programado para acordar cedo e aproveitar o passeio até a Ilha Johnny Cay, mas justamente nesse dia o passeio estava cancelado. Pegamos um táxi e fomos para Playa San Luis, um pouco mais distante do Rock Cay, mais reservado, poucas pessoas, mas incrível. Almoçamos num restaurante El Paraíso, que fica em frente à praia, com opções de petiscos e pratos com bons preços, tudo bem simples.

À tarde, aproveitamos mais um pouco da praia Spratt Bight, fizemos compras pelo centro, e depois partiu vôo de volta para Brasil.

Fizemos um vídeo em homenagem a todos que cruzamos nessa viagem, colombianos simpáticos, que nos ajudaram a curtir momentos maravilhosos na ilha. 



Dicas: além dos restaurantes já citados acima, muitos recomendam conhecer o “La Regatta”, mas, infelizmente, no período da nossa viagem permaneceu fechado para reformas.
Alugar jipe ou pagar táxi? O valor do táxi compensa, se o grupo de pessoas for pequeno e se a ideia é ir até um determinado local e voltar para o centro. Nós alugamos um dia o jipe porque queríamos dar a volta na ilha, e paramos em alguns pontos turísticos interessantes. Sempre vale negociar o aluguel do carro, até mesmo porque há muitas opções de oferta na ilha.

San Andres tem muitas lojas freeshop, o que é tentador gastar uma grana com bebidas, perfumes, eletrônicos e acessórios (óculos escuros etc.). Mas cuidado com algumas lojas piratas, que vendem produtos falsificados. O centro de San Andres é pequeno, vale caminhar e conhecer com calma o comércio local.

Trocar dinheiro no banco é sempre recomendado, para evitar notas falsas. Há cambistas nas ruas abordando os turistas, mas não vale a pena arriscar. E não conheci lugar onde aceita real, então leve dólar para trocar por pesos colombianos.

Antes de viajar, muitas pessoas me indicaram alugar um apartamento ao invés de ficar em hotel. O serviço hoteleiro na ilha não é dos melhores para o custo que tem. Por isso, optei em ficar no Hansa Reef Club, condomínio localizado no Centro da Ilha, com apartamentos super modernos, bem decorados, aconchegantes. A localização foi perfeita, tanto para saída dos passeios de barco quanto para o centro, com melhores restaurantes e a praia Spratt Bight. Ainda aproveitávamos a piscina do condomínio no final do dia.

10 de novembro de 2016

O peso da globalização



Não sou cientista político, especialista para avaliar o que aconteceu com milhões de americanos que resolveram colocar Trump como presidente do seu país. Mas diante de vários artigos lidos recentemente, e uma avaliação de um parente que vive nos Estados Unidos, o que se percebe é que a Globalização – tão encarada como algo positivo até então – custou um preço alto para os americanos.

Isso porque eles se queixam de um país sem oportunidades, com a taxa de desemprego crescente entre eles, perdendo espaço para imigrantes, por exemplo. Daí o patriotismo falou mais alto e, por ironia (ou não), valeu-se o discurso soberano de Trump, de que “vamos defender a América para os americanos”. O resultado “surpreendeu” quase todo mundo, porque não se acreditava que um homem, com discurso tão retrógrado, poderia de fato chegar ao cargo mais importante do país.

Mas foi o silêncio dos americanos insatisfeitos que escondeu o verdadeiro sentimento da nação norte-americana. Eles não querem mais o discurso amigável dos democratas.

Por outro lado, encaramos isso como um alerta para todo o mundo. Afinal, estamos vivendo uma era de imigrações em grandes proporções, com milhares de refugiados procurando em países europeus um novo espaço para recomeçar a vida em paz. A globalização apenas acelerou aquilo que há séculos já existe que é o processo imigratório em busca de novas oportunidades. A Inglaterra também surpreendeu o mundo ao votar, também esse ano, a saída da União Europeia. Vivemos o velho ditado “se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”. Se a crise chegou em todo o mundo, as oportunidades já são escassas, consequentemente, a sociedade está cada vez mais egoísta.

Resta saber como os líderes dessas importantes nações irão encarar todos os efeitos da globalização.