30 de dezembro de 2007

Quem é você?

A vida é uma arte. A cada dia reinventamos a nossa história. Um dia somos mocinhos, em outro somos bandidos. A máscara cai a cada instante. Mas isso não quer dizer que somos falsos. Somos múltiplos de mil faces. Somos alegres, tristes, cômicos, trágicos, mas acima de tudo verdadeiros! Até quem nunca pensou em ser ator um dia na vida, passa pelo menos ser o autor da sua própria vida, para o bem, ou para o mal. É o livre-arbítrio. Somos caras pintadas, cara de pau, cara de tacho, cara ou coroa, cara limpa. Rimos e choramos a cada instante da vida. Então, só nos resta aproveitar essa dádiva de Deus e curti-la com sabedoria! E no final dela, percebemos que tudo não se passou de um longo filme. Fomos o roteirista, diretor, produtor, editor e protagonista!

13 de dezembro de 2007

O que é bom para você?

Cabelo bom: Dizem que cabelo bom é cabelo liso, escorrido. Logo, o cabelo ruim é o duro, armado, enrolado, tonhonhõe... será? E aquele cabelo que deixa você careca depois de uma certa idade?

Comida boa: feijoada, rabada, churrasco, pizza, hambúrguer, chocolate, ou peito de frango grelhado, salada verde, maça, cereal e soja?

Família boa: As famílias mais tradicionais prezam pelos seus patrimônios. Então, elas desejam que seus herdeiros casem com pessoas que nascem em berço de ouro, de boa família. Família boa é família rica, tradicional, com sobrenome pomposo, com sangue nobre nas veias, mesmo que guardem amantes, escondam falcatruas e fingem harmonia no lar, correto? Ou seria aquela que tenta passar bons valores aos seus filhos e que prezam pelos laços consangüíneos?

Vida boa: é a vida tranqüila, sem cartão de ponto, sem hora para acordar, sem chefe para aturar, sem prova pra estudar, sem conta para pagar, só festa para freqüentar, bebida para alegrar, ou projetos para realizar, curso para se formar, trabalho para desafiar, família para aproveitar, conquistas para festejar, dinheiro para gozar?

Trabalho bom: é o que paga as suas contas no final do mês e ainda sobra algum dinheiro para brincar nas boas e poucas horas de prazer da sua vida ou aquele que te proporciona prazer em realizar, conquistas para alcançar e que te permite sempre buscar o aperfeiçoamento profissional?

Cada um tem um sentido para vida. Um olhar, uma percepção diferente. O que é bom para um, nem sempre é bom para o próximo. Hoje você pode considerar sua vida boa, mas amanhã trocar de idéia. Morar sozinho, trocar de emprego, casar-se, separar-se, entrar na academia, fazer um esporte, aprender uma língua, abrir uma poupança, investir na bolsa, realizar a viagem dos sonhos, fazer um concurso, tentar a sorte, apostar no talento, curtir a família, fazer um filho, criar um blog... a cada ano nos descobrimos mais e prometemos (pelo menos tentamos) fazer tudo diferente no próximo ano. Ano novo, vida nova, será? O que é bom para você? Ou melhor, o que será bom para você?

8 de dezembro de 2007

Homem de Peixes



Outro dia, procurando algo que não me lembro no google, encontrei um site que falava sobre o “Homem de Peixes”. Confesso que não sou muito ligado a essas coisas, não conheço as características de cada signo, não sei qual signo combina com o outro... no final, acabo me interessando apenas no que o meu signo diz. E o texto que encontrei sobre o “Homem de Peixes” parece no mínimo interessante. Acho engraçado quando o autor do texto (que desconheço) diz que o pisciano é “indiferente às mais severas condições (...) e não está nem aí com o mundo”. Como assim? Fora as frases feitas que servem de verdade absoluta do tipo: “para ele é melhor viver como um milionário, do que ser um milionário”. Primeiro, se eu acho melhor viver como um milionário sem ser um, então eu sou um sem noção, mas enfim... Outra frase boa: “Ele conhece todas as virtudes, fraquezas e armadilhas, melhor que qualquer um”. Caramba! Eu sou o máximo e não sabia! Por favor, consultas às segundas a partir das 20h no meu mais novo consultório de terapia. Ele completa esse raciocínio em outra frase: “Por este seu jeito compreensível, sua forma suave de falar e sua natureza de não gostar de julgar as pessoas, muitos costumam procura-lo para contar seus dramas e segredos! E ele normalmente vai escutá-los com muita atenção. Chega a ser uma esponja!”. É às vezes isso acontece de fato.

Mas a frase que mais me impressionou, e que sou obrigado a admitir e concordar com o autor do texto, é essa: “Ele mantém uma paixão por tudo que é artístico, seja música, teatro ou cinema. É bem comum encontrar piscianos que sepultaram seus sonhos artísticos para seguir uma carreira em uma empresa, mas mantém um artista aprisionado dentro de si”! Bem, para aqueles que me conhecem, isso traduz muito bem minha atual situação de vida! Ao começar por esse blog.

Bem, prefiro postar na íntegra tal texto a seguir e, para quem se interessar em saber como é o “homem de ...” ou a “mulher de ...”, deixo o link do site lá no final do texto (pra você chegar até o final da leitura!!!!!)
Homem de Peixes...

O homem de Peixes é do tipo que não se prende a materialismo ou ambição desmedida. Para ele é melhor viver como um milionário, do que ser um milionário. Ele se prende mais aos prazeres da vida do que títulos ou posição de destaque que não respeite sua vontade de ser feliz! Ele normalmente odeia a avareza, não gosta de ficar guardando as coisas para o futuro e prefere aproveitar o presente ao invés de ficar pensando no que vai acontecer amanhã! Não, ele não é de planejar o futuro com antecedência.
Poucos são os que valorizam mais as artes que o pisciano

Você ficará impressionada com os modos encantadores e o temperamento displicente do homem de Peixes. Ele é indiferente às mais severas condições, desde que não lhe tirem a liberdade de sonhar e aproveitar a vida a sua maneira! Também é interessante notar que poucos reagem agressivamente à insultos ou recriminações. São poucas as coisas capazes de fazer com que tenha uma reação violenta.

O pisciano típico costuma ser aquele tipo que não está nem aí com mundo.
Tudo pode estar acabando, as pessoas correndo desesperadas, e ele ainda consegue manter a calma. Por isso que muita gente confunde esta sua tranqüilidade com fraqueza. Só que, enquanto estas pessoas estiverem morrendo de ataques de ulceras, o pisciano continuará vivendo tranqüilamente. Ele não é acomodado ou não liga para os problemas do mundo. Ele conhece todas as virtudes, fraquezas e armadilhas, melhor que qualquer um.

Simplesmente gosta de pensar antes de agir e não é muito afeito a demonstrações histéricas de emoção! Ele pode ficar irritado como qualquer ser humano normal, a diferença é que leva mais tempo, e mesmo assim sua raiva em nada se compara ao estouro de um taurino! O Peixes nasceu com o dom de ver sempre o lado bom das coisas. Ele conhece o lado mau da humanidade, mas prefere valorizar mais o lado bom. Sua capacidade de julgar é tão justa quanto a de um libriano.

Ele mantém uma paixão por tudo que é artístico, seja música, teatro ou cinema. É bem comum encontrar piscianos que sepultaram seus sonhos artísticos para seguir uma carreira em uma empresa, mas mantém um artista aprisionado dentro de si.
"Nada irrita mais o ariano que a calma do pisciano." E é esta calma que faz com que ele consigua as coisas sem muito esforço. O Peixes simplesmte odeia ter que se matar para conseguir algo! Ele valoriza muito mais as coisas que podem ser conseguidas sem sofrimento! Pergunte a um pisciano se gostaria de conquistar uma fortuna ou receber uma gorda herança. Ele responderá sem nenhuma vergonha que prefere muito mais receber a herança!

Não, ele não é preguiçoso, simplesmente é prático e não tem vergonha de admitir abertamento o que muitas pessoas teriam vergonha de dizer!
Apesar do Peixes parecer meio indeciso, ele sabe muito bem o que quer. A diferença é que não costuma contar quais são seus planos!

O homem de Peixes possui uma simpatia que faz com que muitos confiem nele e nunca se preocupem em ter seus atos julgados por ele. É Difícil deixar um homem deste signo chocado, é preciso um escândalo muito forte para deixa-los boquiabertos. Se um amigo contar que tem quatro namoradas, ao invés de receber uma resposta cheia de julgamentos e discursos moralistas, é mais fácil escutar o pisciano perguntar com qual delas ele é mais feliz!

Por este seu jeito compreensível, sua forma suave de falar e sua natureza de não gostar de julgar as pessoas, muitos costumam procura-lo para contar seus dramas e segredos! E ele normalmente vai escuta-los com muita atenção. Chega a ser uma esponja!
O fato de ser tão sensível significa que vive intensamente as emoções, e estas sessões de lamúrias podem deixa-lo meio abalado. Ele vive as emoções dos que o procuram. Por isso muitas vezes precisam de um bom tempo para descansar e refazer as energias.

Eles precisam ser encorajados por todos que ama para que não se feche em um mundo de mágoas e ressentimentos.
Se ele ama uma mulher, é importante que ela o encha de mimos e carinhos para que se sinta valorizado e pronto para enfrentar a vida. O fim de um relacionamento pode afeta-lo a ponto de entrar em depressão e achar que seu mundo cor de rosa está acabando. Ninguém gosta mais de uma palavra de amor do que ele, nem mesmo o canceriano. Jamais pise em seus sonhos ou faça pouco deles. Ajude-o a torna-los realidade e verá que sua gratidão pode ser tão imensa quanto seu amor!

Bem, depois descobri que se trata de uma revista feminina. Isso explica muita coisa sobre esse texto...



3 de dezembro de 2007

170 anos de tradição!



Durante a minha formatura, um professor contou um caso de que estava uma vez dentro do avião, quando conversando com o colega de poltrona, se descobriram ex-alunos do Colégio Pedro II. Logo em seguida, outro escutou a conversa e apontou “eu também sou ex-aluno”. Do outro lado do avião, outro também se manifestou “eu também”, depois outro, e mais outro... de repente os quase 300 alunos formandos começaram a gritar no auditório: “eu também sou ex-aluno, “eu também”, “eu”...

Depois de formado, percebi que isso é uma constante na vida de um ex-aluno do CPII: por onde você passar, sempre haverá um ex-aluno do colégio. Geralmente a descoberta vem porque alguém comenta uma passagem típica de quem estudou por lá (falta de professor, greve, hino do colégio). Pronto, aí começa a sessão nostalgia.

Engraçado que, enquanto eu era aluno, dizia que daria graças a Deus em sair do colégio, porque não agüentava mais aquele “peso” de estudar em um colégio de tradição “por onde vários presidentes e ilustres já passaram”. Eu deveria honrar “a segunda pele” que era aquele uniforme. Achava um saco levantar toda vez que um professor entrava em sala de aula, andar com a camisa para dentro das calças, cantar os hinos (nacional e do colégio) toda terça-feira, ficar esperando para entrar no segundo tempo quando chegava 7h05, ter aula de arte, desenho, educação física, filosofia, educação para cidadania, latim...

Foram treze anos de Pedro II, do CA ao 3º ano (eu repeti um ano no primário). Diante de tantos anos, quase todos os professores e inspetores sabiam quem eu era. Nunca fui aluno exemplar, mas também nunca cheguei a ir pra fevereiro (recuperação que exigia no mínimo cinco na nota final). No máximo prova final, em duas ou três matérias.

Hoje escrevo esse texto em homenagem ao meu colégio que completou 170 anos no último dia 2 de dezembro! Não tem como não sentir paixão por ele! Só quem estudou entende esse sentimento. E só quem estudou (veja bem, só quem ESTUDOU, no passado, portanto, isso não serve para quem ainda estuda!). Falo isso, porque muita coisa que aprendemos lá só vamos perceber seu real valor depois que saímos. Se antes, implicávamos com as aulas de filosofia, música, arte, desenho e educação para cidadania (só para citar algumas), depois percebemos o quanto essas aulas fizeram a diferença. Não apenas para a formação educacional, mas principalmente para nossa formação como cidadão! Aprendemos os valores humanos, sabendo conviver desde cedo com as várias realidades sociais e, mais que isso, respeitando todas essas diferenças. São muitas histórias pra contar...

E voltando para sessão nostalgia, naquela conversa entre ex-alunos, não tem como não acabar na tabuada! Aliás, só para matar a saudade:

Pedro II, tudo ou nada?
Tudo!
Então como é que é?
Tabuada!

Três vezes nove, vinte sete.
Três vezes sete, vinte e um
Menos doze, ficam nove
Menos oito, fica um
Zum Zum Zum
Paratibum
PEDRO II”

(aos que estudaram, quem nunca cantou isso no aniversário de alguém?! Ops: mais uma maneira de descobrir um ex-aluno!)

30 de novembro de 2007

Eduardo e Mônica se separam

E quem um dia ‘iria’ dizer... que esses dois iriam se separar?
Pois é, nesta onda de separações, a crença do casamento perfeito está com os dias contados. Os dois resolveram se separar.

Enquanto a Mônica alegava falta de maturidade do Eduardo, este reclamava do comportamento intransigente dela. O casamento não estava indo bem de alguns anos pra cá. Na verdade, desde quando resolveram morar em Brasília. Um lugar seco, distante de tudo e de todos. As despesas estavam aumentando, apesar do Eduardo ter conseguido um emprego bacana no gabinete de um deputado, amigo da família.

Mônica estava insatisfeita com aquele esquema “escola (dos filhos), cinema, clube e televisão”. Os lugares eram os mesmos, as pessoas eram as mesmas, e os papos também. Até que ela gostava de falar sobre o Planalto Central, mas a roubalheira era tanta, que até isso virou rotina em sua vida.

E os gêmeos? Estão na fase “aborrecentes”. Acham que podem tudo, afinal, estão na terra dos poderosos. A mãe acha que é influência dos amigos, filhos dos políticos. Ao contrário do pai, que com a idade deles só sabia jogar futebol de botão com seu avô, os meninos querem saber só da balada, da bebedeira, das festinhas regadas a red Bull e whisky doze anos dos pais.

Eduardo pouco parava em casa. Estava sempre atendendo a um chamado do deputado. Ora para arranjar viagens inesperadas, ora pra arrumar reuniões de emergência com os empresários amigos do chefe. Por isso, mal dava conta da sua vida. Pagava as contas de casa, comprava uns agrados pra esposa. Quando pôde tirar férias, levou a família toda pra conhecer a Disney (seu sonho de infância), porém, não tomava conhecimento dos problemas do lar. Na verdade, era um pai ausente.

Mônica sempre tentava uma conversa entre eles, mas Eduardo nunca tinha tempo. Mônica cansou. Seu sonho não era viver como dona de casa, cuidando dos gêmeos, paparicando o marido e convivendo com socialites da terra seca de JK. E seus cursos de astrologia, meditação, arte contemporânea? Tudo ficou para trás.

Então, eles resolveram pôr fim ao casamento que já durava anos. É claro que o afeto que sentiam um pelo outro era muito forte. Aquelas lembranças de como eles se conheceram, naquela festa estranha com gente esquisita, ainda guardavam com carinho.

Muitos duvidaram na época desse romance, afinal, eles eram muito diferentes. E ainda são: ela com 42 e ele de capricórnio.

Mônica voltou para o Rio, sozinha. Deixou os filhos com Eduardo. Ele está procurando a terceira empregada da casa, pra dá conta dos gêmeos. Eduardo vem ao Rio nas próximas férias visitar Mônica. Vão matar um pouco as saudades. Mas, infelizmente, esse casal não se completa mais, que nem feijão com arroz.

“E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?”.

29 de novembro de 2007

Relações Humanas



A mente humana é uma máquina que opera de forma ininterrupta. Na maior parte do tempo, ela funciona bem. Não ao seu máximo, mas de forma plausível e sustentável. Porém, às vezes, ela falha. E quando falha, parece que não tem jeito. Junta tudo e joga fora, mesmo que amanhã ela volte a funcionar um pouco melhor.

Metáfora difícil? Vejamos. Todos os dias você mantém uma certa rotina. Acorda, se arruma, vai para o trabalho (faculdade, curso etc), trabalha durante o expediente (e até mais que o previsto), volta pra casa ou faz alguma atividade extra (academia, curso, cinema etc). Imagina se essa rotina fosse feita completamente sozinha, sem ninguém ao seu redor, como se você vivesse isolado de todos. Ok, aí sim você seria realmente uma máquina. Afinal, você apenas estaria executando uma operação, mecanicamente.

Mas nós não vivemos assim. Ao acordar (caso não more sozinho), você depara com as pessoas que dormem sob o mesmo teto: pai, mãe, avó, avô, tio, irmão, irmã, esposa, namorida, amigo e por aí vai. Depois no trabalho você encontra seus colegas de labuta: gente tranqüila, outra um pouco nervosa, outra calma demais, outra super simpática, outra nem tão receptiva assim, outra caladona, outra fofoqueira, outra desligada, outra estressada, enfim: pessoas. E aí que eu quero chegar! Somos seres humanos, ou melhor, máquinas humanas que, muito além de executar seus procedimentos rotineiros, pensam! Pensam e agem! Mais que isso: têm sentimentos! Entretanto, todavia, contudo, porém... falham! E como falham!

Uma resposta atravessada, uma atitude egoísta, um descuido comportamental, uma explosão de idéias podem afetar diversas relações entre familiares, amigos, colegas de trabalho e estranhos.

Exemplos? Podíamos citar vários. Casamentos desfeitos, relações profissionais de coleguismo prejudicadas, amizades abatidas e ressentidas e por aí vai. Onde está o erro? No ser humano, certamente. É justamente nisso que incomoda tanta gente. As pessoas não podem errar, pelo menos as outras. Nós, sim! Nós erramos sempre, apesar de não aceitarmos isso, ou pelo menos não enxergamos isso.

E tudo isso me faz refletir sobre como as pessoas encaram os erros dos outros. As nossas relações são muito instáveis. Se um dia você é uma ótima pessoa, boa companhia, amigo leal, colega de trabalho maravilhoso, amanhã você não presta, é falso, egoísta etc. Tudo por conta, às vezes, de uma atitude imatura ou impensada.
Algumas preferem pensar: "você é meu amigo, até que pise no meu calo. Não vacila comigo, porque se eu sou bom como amigo, sou muito melhor como inimigo"! Tenho medo de pessoas assim.

Estamos aqui pra aprender com o próximo e saber conviver com as diferenças dos outros. Nem tudo de você me agrada, assim como eu não te agrado sempre. Somos chatos, egoístas, sensíveis, carentes. Mas com certeza, seus valores, suas qualidades é que prevalecem, porque gosto de você e porque quero seu bem.
Em alguns casos, os erros são corrigidos, então, há solução: um perdão sincero, uma reconciliação calorosa, um abraço de compreensão. Já outros casos, os erros persistem e aí não "têm jeito”, deve haver um rompimento. Em outros, eles são escamoteados, ou no melhor da expressão, varridos para debaixo do tapete, até a próxima faxina!

Seja como for, o homem é capaz ou não de perdoar a falha humana. Mas para perdoar, de verdade, é preciso que haja comprometimento de melhora, da parte de quem erra ou, às vezes, mútua.

Diante de uma reflexão barata das múltiplas e complexas relações humanas, só sei que nós não vivemos sozinhos. O homem é um ser sociável por natureza. Se as relações são difíceis, não devemos perder o equilíbrio e a paciência. Saber escutar mais que falar é importante, porém sem deixar de se posicionar (mesmo que você não saiba como agir). A sinceridade deve prevalecer, procurando a maneira mais educada para praticar essa máxima. Enxergar as coisas boas que o próximo pode nos oferecer. E tentar ao máximo perdoar o semelhante porque somos dignos de falha. E quando a máquina falhar, não crie problemas, pense em soluções, sempre.

22 de novembro de 2007

Padrinhos em fuga

Você é convidado para ser padrinho do casamento do seu grande amigo. Porém, esse casamento será em São Paulo. Beleza. A turma se anima, afinal, é o primeiro do grupo a se casar! Agitamos a viagem, com hotel, passagem, presente, aluguel de roupa! Vamos para Sampa!

Nós seis pegamos o ônibus às 6h40 da manhã de sábado – dia do casório. Chegamos por volta de 12h30, pegamos o metrô, deixamos as malas no hotel e saímos para almoçar! A minha madrinha descobre que tem um salão onde a noiva tinha reservado para suas madrinhas se prepararem! Então, minha madrinha nos abandona no almoço e vai direto para o salão.

Um recado importante: os noivos já tinham nos avisado que haveria vans para levar todos os convidados hospedados no mesmo hotel, e que a primeira van seria exclusivamente para os padrinhos. Horário de saída: às 16h! Grave bem esse horário: 16h! Lembrando que o casamento estava marcado para 17h.

Pois bem, depois de almoçarmos tranquilamente, seguimos para o hotel e já começamos a nos preparar para a grande noite! Exatamente às 16h, eu estava pronto, vestindo meu meio fraque alugado, descendo o elevador para o encontro dos padrinhos na recepção do hotel.

Estavam QUASE todos lá, menos a minha companheira. Ligo para seu quarto e tenho a informação que ela ainda não tinha voltado do cabeleireiro. Começo a ficar um pouco tenso. A primeira van deixa o hotel e segue para a igreja. Penso: não tem problema, pegamos a próxima, certamente.

16h30. Depois de subir novamente para meu quarto, a fim de amenizar a tensão pré-casório, volto a ligar para o quarto de minha companheira. Mais uma vez, a notícia ainda não é boa! Ela ainda não chegou.

A lógica dizia: “liga para o celular dela, vai até o salão. Tenta resgatar essa menina das garras daquela bicha louca que está fazendo o bolo de noiva em sua cabeça”! Calma, tento apenas a primeira parte. Liguei para o celular, mas não tive sucesso. Resolvo descer novamente. O irmão dela resolve tentar a segunda parte. Corre atrás dela.

De repente, surge minha amiga no final da rua do hotel. Embaixo de uma pequena garoa, surge ela linda, cabelo feito, bastante laqueado, maquiagem de miss e... descalça. Desesperada, ela desce a ladeira de forma desgovernada, com as sandálias nas mãos e gritando muito. O quadro era lamentável!

16h45. Minha linda madrinha chega ao hotel para ainda se arrumar! Sem tomar banho, apenas molha as axilas, lava os pés, coloca seu perfume especialmente selecionado para ocasião e enfia o vestido, com ajuda das três amigas. Pronto. Ela desce.

16h55. Todos já prontos procuramos a última van que nos resta para chegarmos à igreja. Vale lembrar que outra madrinha perdida no spray do cabeleireiro também chegou atrasada na van dos padrinhos e, portanto, nos acompanhava na aventura que se tornou o que eu chamo: “padrinhos em fuga”!

Já acomodados na van, seguimos rapidamente para igreja, que aparentemente era próximo do hotel. O motorista entra em uma rua, vira à direita, segue a ladeira, vira à esquerda, direita, esquerda, esquerda, para. Bem, você pensa, o caminho não é fácil, não é mesmo? Ainda bem que tem um motorista para nos levarmos.

O motorista segue a rua, e continua virando à direita, virando à esquerda, direita, esquerda, sobe, desce, para. Resolve entrar em um posto. Aflição aumenta. O celular do noivo já tocou duas vezes, já avisamos que estamos a caminho. Todo casamento atrasa um pouquinho. Queremos acreditar nessa máxima. TODO CASAMENTO ATRASA UM POUQUNHO. Ok, voltemos para situação.

“Por favor, moço, você sabe onde é esta igreja aqui?”! Pára tudo! Você tem idéia de que o motorista, que foi contratado APENAS para levar os convidados do hotel para igreja e da igreja para festa, não sabia o caminho? Como essa criatura não sabia o caminho? Como? A última van que segue para o casamento contendo dois casais de padrinhos atrasados e desesperados tem um motorista que NÃO SABE O CAMINHO!!!!

O outro padrinho toma uma atitude. Vamos de táxi, pelo menos nós padrinhos. Isso. Paramos um táxi e a pergunta foi direta: “você sabe onde fica essa igreja?”. “Claro, é próximo daqui”, respondeu o profissional. “Então voa para lá, porque o casamento já começou!”. Ao seguirmos para igreja, o motorista esperto nos seguiu.

17h15. Os padrinhos perdidos, desesperados, descabelados, desamparados e desolados chegam ao local! Entramos. Os noivos já estavam no altar! O outro casal resolve subir no altar, passando pela pequena cerca que separava o altar dos fieis, ou seja, passa exatamente atrás dos noivos. Fazemos o mesmo. Quando conseguimos alcançar o nosso posto, os noivos dizem: SIM!

21 de novembro de 2007

Jogo de Cena



O cenário é um teatro, as personagens são reais e o público é você. O que pode parecer uma peça teatral na verdade se trata de um filme. Um filme-espetáculo. Parece ser um documentário, e é. Só um parêntese: entende-se por documentário aquilo que não é ficção, certo? Errado. É justamente essa confusão do que é realidade ou ficção que o grande diretor de documentário, Eduardo Coutinho, faz com seu espectador. As histórias são contadas pelas personagens reais, ou seja, aquelas que viveram seus dramas, seus romances, suas tragédias, suas comédias. Entretanto, o jogo de cena está na mistura de atrizes, famosas ou não, com as atrizes reais. Chamo de atrizes reais porque estas realmente encenam suas histórias, até mais que algumas atrizes.

Dois pontos são interessantes comentar. Primeiro são a reação e o comportamento inesperados das atrizes famosas no momento em que interpretam suas personagens. Em busca da “veracidade” dos fatos, sem tender para o dramático, elas se sentem estranhas. Vamos lá, vou explicar. Quando Andréia Beltrão interpreta uma mulher que perde seu filho depois de nove meses de gestação, ela não consegue conter uma emoção que está pra além da personagem, porque ali, naquele momento, ela, a atriz, se emociona com a história de sua personagem. Essa emoção atrapalha o raciocínio e aquilo que deveria ser valorizado (o choro), pra ela passa ser falso, forçado, porque não é a personagem e sim ela quem chora!

Já Fernanda Torres não consegue nem completar o raciocínio, porque, de forma estranha para ela, é como se a memória da personagem tomasse conta da atriz, antes do texto decorado. É confuso mesmo. Até pra ela, que demorou para explicar no filme esta sensação.

Marília Pêra parece ser a mais profissional das três, porque não transparece tanto esse sentimento de desconforto. Depois de interpretar, ela conta ao Coutinho, assim como as outras, qual foi sua sensação durante a encenação. Segundo Marília Pêra, o choro – tão importante para o ator, sobretudo o de televisão – foi um fator de risco naquele momento. Isso porque, como bem apontou a atriz, o ser humano, de um modo geral, não gosta de chorar em público e por isso tenta ao máximo esconder suas lágrimas. Talvez seja uma forma de não demonstrar uma possível fraqueza diante do receptor. Mas então, se naquele momento em que ela, como atriz, acha que o choro poderia consolidar a história emocionante, ao mesmo tempo este choro pode soar falso, porque não parte da personagem, mas sim da atriz (mais uma vez).

O segundo ponto interessante do filme é a importância do sonho para as pessoas. Em histórias diferentes, três mulheres contam como um determinado sonho transformou ou apenas confortou suas vidas, depois da morte de um ente querido. O sonho mediúnico – aquele em que temos a oportunidade de reencontrar pessoas que desencarnaram, por exemplo – realmente traz a resposta para muitas questões. Esse reencontro com pessoas queridas geralmente nos proporciona um conforto espiritual, algo inexplicável para quem nunca passou por tal experiência.

Mais uma vez, Coutinho aposta o sucesso de seu filme nas histórias contadas, neste filme especificamente, em dose dupla. Algumas pessoas têm certo preconceito com documentário. Acham chatos, monótonos, sem graça, sem emoção. Me lembro que quando assisti meu primeiro documentário (sem saber que estava assistindo a um), ficava perguntando internamente quando o filme ia começar de fato. Quando a história ia começar. De qualquer forma, para esses que não conhecem ou ainda não gostam desse tipo de linguagem cinematográfica, o filme vale a pena ser visto. Antes de tudo, porque o ser humano é um personagem riquíssimo e dispensa qualquer cenário, trilha sonora e efeitos especiais.

15 de novembro de 2007

Simpatia ou quase amor?

Que sensação estranha é essa sem saber o que sentir, o que falar? A sensação de que você não sabe como reagir, como agir a um comportamento de simpatia quase amor. O corpo pede explicações.

Por tanta empolgação? Ah, é a dança. É o momento. Música alta, clima de festa, descontração. Pessoas eufóricas. Mas aquele olhar, aquela atenção não é comum... não pode ser comum.

“Este seu olhar, quando encontra o meu, fala de umas coisas que eu nem posso acreditar. Doce é sonhar, é pensar que você gosta de mim, como eu de você. Mas a ilusão, quando se desfaz, dói no coração de quem sonhou, sonhou demais. Ah! Se eu pudesse entender o que dizem os teus olhos”.

Daí vem o day after! E agora? Será a mesma sensação?
Nem sim, nem não.
Um comentário alheio te faz pensar... será que é só simpatia?

“Ele é um fofo!” Daí penso: “fofo é o cacete!”! Chega de ser fofo. Quero atitude, preciso mais que isso! “Ah eu preciso ser amado! Ser amado pra valer!”

Mas vamos aos poucos...
Pode ser só o começo.

Ainda é cedo pra achar que tudo está perdido.
Só tive vontade de me expressar, pra variar. Portanto, entenda como um desabafo infame, embaraçado, torpe.

8 de novembro de 2007

Então acabou...



Ela
Entre nós deve haver sinceridade.
Eu não sei o que é que você tem,
Que não me beija nem me procura
Eu tenho medo de perder alguém,
De quem espero que aquela jura não tenha ido para mais ninguém

O silêncio é uma tortura
Alguma coisa se perdeu
Você já não me olha como antes com ternura
Só falta me dizer adeus, adeus.

Ele
Esquece nosso amor, vê se esquece,
Porque tudo no mundo acontece.
E acontece que já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio.
E nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo
Ah, se eu pudesse!
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.

Ela
Uma vez você falou
Que era meu o seu amor
E ninguém mais vai separar você de mim
E agora você vem dizendo, adeus
Que foi que fiz
Pra que você me trate assim
Todo amor que eu guardei
A você eu entreguei
Eu não mereço tanta dor, tanto sofrer
Agora você vem dizendo, adeus
Que foi que eu fiz
Pra que você me trate assim
Toda ternura que eu guardei
Ninguém no mundo vai te ofertar
E os seus cabelos só eu sei afagar
O meu pobre coração
Já não quer mais ilusão
Já não suporta mais sofrer ingratidão
Agora você vem dizendo, adeus
Que foi que eu fiz
Pra que você me trate assim

Ele
É só isso,
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte

Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz

Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha

Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais

So many special people in the world

Alguns anos depois...

Ela
Você, que tanto tempo faz,
Você que eu não conheço mais
Você, que um dia eu amei demais
Você, que ontem me sufocou
De amor e de felicidade
Hoje me sufoca de saudade.

Você, que já não diz pra mim
As coisas que eu preciso ouvir
Você, que até hoje eu não esqueci
Você que tento me enganar
Dizendo que tudo passou
Na realidade, é que em mim,
Você ficou
Você que eu não encontro mais
Os beijos que já não lhe dou
Fui tanto pra você
E hoje nada sou


Músicas: Pra mais ninguém; Acontece; Ternura, Boa Sorte; Você

6 de novembro de 2007

Prêmio Contigo de Teatro – "EU FUI!"


O convite chegou por acaso, pra variar numa conversa de bar: “gente, eu tenho convite para ir ao prêmio Contigo de Teatro na segunda”! “Nossa, que legal! Vai com quem?”, “Não tem ninguém ainda, quer ir?”, “Claro! Vamos ver os artista tudo”!

Segunda-feira chuvosa de 5 de novembro, vamos para o Arquivo Nacional, no centro do Rio. A chegada era triunfal, vários seguranças na porta, curiosos de plantão atentos aos famosos da noite, tapete vermelho, fotógrafos, escadaria e... Silvio e Vesgo prontos para atacar! Vestidos de Romeu e Julieta, os dois não pouparam nem os anônimos! Pronto, começamos bem a noite.

- Olha quem está vindo! Mas afinal, quem são eles?
- O que é a falta de celebridades neste evento, não é mesmo, Silvio?

Então, Vesgo olha para minha boca, que graças a esse tratamento medonho do rosto, me proporciona um visual à lá Mick Jagger.

- Você usa Gloss? Genti, eu já vi de tudo nessas festas, mas nunca um homem usando Gloss!
- Não, isso é um tratamento que estou fazendo e...
- Olha, Silvio, acho que ficou uma graça! Mas vem cá, o que você faz? É do teatro?
- Sou jornalista.
- Gente, corta! Isso não está rendendo, pára de gravar.

Nisso, Silvio resolve levantar o vestido de Julieta e prende o vestido em mim, como se fosse uma capa e me acompanha até a entrada o salão. Sim, ao levantar o vestido, ele ficou de cueca para câmera atrás de mim.

Como eu não sou celebridade e ainda estava no início da noite, muito pouco provável que esta cena lamentável seja exibida no próximo Pânico.

Depois de receber uma das famosas pulseirinhas coloridas (as dos artistas eram pretas, a nossa era verde, de patrocinador! Entendeu, né? Nós éramos patrocinadores da festa!), entramos no jardim interno do Arquivo, muito bem decorado para grande noite! “Uma noite M-A-R-A-VI-L-H-O-S-A e I-N-S-Q-U-E-C-Í-V-E-L”, como enfatizaram depois as MCs da premiação, (mestre de cerimônia, para quem não entendeu) Fernanda Torres e Lílian Cabral.

Realmente foi inesquecível. Você pode não ser famoso, mas só por estar bem vestido, sorridente, com prosecco na mão e no meio dos artista tudo, as pessoas já te olham diferente, afinal: “quem podem ser estes?”. Ali não era um show do U2, não era um jogo da Seleção no Maracanã, não era o camarote da Brahma, não era o Fashion Rio da Gisele, era um noite do teatro, “formadores de opinião”, como (mais uma vez) enfatizaram as MCs (não vou repetir o que isso significa).

Nomes como: Dercy Gonçalves, Bibi Ferreira, Augusto Boal, Joana Fomm, Marieta Severo, Miguel Falabella, Wolf Maya, Diogo Vilela, Edwin Luis, Zezé Polessa, Ney Latorraca. Os globais também compareceram, entre Edson Celulari e Claudia Raia, Carolina Ferraz, Débora Falabella, Lázaro Ramos. O resto você vê na revista da Contigo!

Mas o clima é realmente de Estrelas! Fotógrafos e meus colegas de trabalho correndo atrás literalmente dos artistas, fazendo perguntas super originais “O que você acha sobre a criação deste prêmio? Qual a importância deste prêmio para o artista? Qual sua expectativa?”. Claudia: “eu acho sensacional um [oi querida! Você por aqui!] prêmio como esse! Afinal [nossa, como você está linda! Já falo com você, só um minuto] o teatro brasileiro precisa ser valorizado e... [ai que bom te ver aqui! Opa, já está na hora de sentar?], eu estou concorrendo a um prêmio muito específico (de Melhor Musical na Versão Brasileira), então... [meu bem (para Edison) precisamos ir para lá, vamos!] já está bom? Ah obrigada!”

Enquanto isso, entre uma lagosta com ovas de salmão, tortilha de abacate com tomate seco, rolinhos de salmão defumados com cream cheese, eis que encontramos um conhecido! Não, não era artista! Era um conhecido nosso que estava trabalhando na festa! Depois do encontro, minha amiga solta “agora que eu sou amiga do garçom, vou pedir mais prosecco!” O problema é que ele só servia a bebida patrocinadora da festa!

E por falar no patrocinador da festa, Ney Latorraca em sua participação durante a premiação:

- Quero dizer aqui para vocês que eu não estou comendo mais. Não bebo mais. Agora, eu só vivo de H2O! Só bebo H2O! (aplausos para o patrocinador!!!!).

- E viva o teatro brasileiro, em um país onde o nosso presidente nunca foi ao teatro, vamos comemorar mais esse prêmio Contigo, patrocinado pelo H2O!

É engraçado poder presenciar um pouco esse mundo da fama, principalmente sendo um mero observador.

No final, aplausos para aqueles que trabalham no anonimato, entre taças de prosecco, vassouras na mão, blocos e caneta na mão e câmera. Afinal, por trás de um grande espetáculo, há uma grande produção!

Detalhe para minha foto: “o que é mais importante: o troféu ou o patrocinador?”

http://contigo.abril.uol.com.br/hotsites/teatro/index.shtml

4 de novembro de 2007

Ópera Popular!

55 bailarinos, 600 figurinos, 155 imagens e mais de duas horas de espetáculo. E que espetáculo! Viva Brasil – uma ópera popular à primeira vista pode-se pensar: “mais um espetáculo para gringo ver”. Certamente agrada muito esse público, mas chama atenção também de nós brasileiros.

O show nos convida para uma viagem aos nossos antepassados, de forma simples e simbólica, através de representações de várias épocas de nossa história, desde o descobrimento até a independência do país. O que impressiona é a fidelidade em que os bailarinos seguem às diversas influências que recebemos, principalmente dos índios e dos negros!

Segundo o seu criador, o coreógrafo Jaime Arôxa, Viva Brasil tem como proposta de sua produção a autenticidade da representação de cada cultura, no perfil de cada personagem, no respeito aos ritos de cada povo e no cuidado com os figurinos. Com isso, enxergamos índios em sua essência, nus, pintados, ritmados, simbólicos, com todos seus rituais. Vimos negros, com seu gingado peculiar, sua força, sua batida de tambor, sua capoeira, seus deuses, seu candomblé. Encontramos portugueses, elitizados, refinados, delicados, soberbos e aristocratas. Vimos brasileiros oriundos da miscigenação, mistura de cultura, de cor, de ritmos, de paixões.

É essa diversidade cultural que é bem representada pelos 55 bailarinos, misturados em amazonenses, gaúchos, nordestinos, cariocas. Em cada região do país, um estilo, uma música, uma batida, passos sincronizados.

São profissionais talentosos ao extremo, no limite do que o corpo é capaz de fazer! Surpreende-se com a marcação e sustentação do ritmo acelerado do coco, do xaxado, do samba e principalmente do frevo. Sensacional.

O repertório musical vem resgatar cânticos regionais pouco conhecidos pela maioria. Esse é o melhor ganho do espetáculo, a sensação de que você, como brasileiro, pouco conhece sobre sua história, sobre sua cultura, sobre seu país. A grandeza deste país te impede de conhece-lo por completo. O Brazil não conhece o Brasil, porque este é feito de vários Brasis. Brasil que vale a pena conhecer, porque é rico demais!

O clássico “vai passar” de Chico Buarque encerra o espetáculo em grande estilo, afinal, passa-se de fato um samba popular para relembrar os ancestrais!

Um grande espetáculo tem seu preço, e um preço alto por sinal! O ingresso não sai menos que R$80, meia R$40. Preço para gringo ver! Quem sabe mais tarde, depois que os cruzeiros do verão carioca deixarem o nosso porto, este show se torne de fato Uma ópera Popular? O povo brasileiro agradece!

http://veja.abril.uol.com.br/vejarj/roteiros/danca.html

2 de novembro de 2007

Um sonho especial

A morte não existe. A nossa morte terrena representa apenas a passagem de um lugar para outro. Para uns, um lugar de paz, de muito trabalho e de muitos amigos. Para outros, um lugar nem tão agradável assim, um pouco confuso, escuro. Nós escolhemos qual lugar iremos depois daqui, mesmo que inconsciente. Para quem ainda está neste mundo, hoje é um dia para pensarmos naqueles que partiram. Para esses, oremos a fim de proporcionar a esses luz e conforto.

Hoje, publico um texto que escrevi em março deste ano sobre um sonho especial.

Rio de Janeiro, 24 de março de 2007.

Depois de exatos dezoito dias de tristeza, tive uma manhã feliz. Uma felicidade estranha porque ao mesmo que me confortou, me trouxe a saudade apertada, doída. A mesma saudade que senti no dia em que ele se foi. Foram dezoito dias de muita dor, porque não havia resposta do outro lado. Só a lembrança daquilo que ficou.

Mas hoje ele veio me ver. E veio da maneira mais sublime e delicada que alguém pode fazer depois que faz sua passagem. Veio através de um sonho mediúnico, em que sua presença foi tão real que não pareceu sonho - algo palpável, às vezes fantasioso, às vezes real. Foi um encontro gostoso, caloroso e, por que não, carnal?

Encontrei-o sentado em um banco de madeira, pintado de verde, desses que encontramos em um jardim. O lugar parecia familiar, como se fosse um playground. Não reparei em detalhes, porque só tinha olhos pra ele. Ele era meu foco, meu guia, minha luz. Ele estava bem ali, diante dos meus olhos, com aquele sorriso no rosto. Um sorriso largo, gostoso, como ele sempre tinha quando eu chegava a sua casa.

Minha alegria era tanta em vê-lo, que eu, eufórico, corri em sua direção. Logo quando me aproximei, tive vontade de apertar suas bochechas e assim o fiz. Nossa, que alegria! Vi seu rosto ficando vermelho, como sempre ficava quando se sentia abraçado, beijado, feliz. E ele estava. Estava transbordando uma felicidade serena, calma, confortante, de uma pessoa que estava bem, equilibrada. Sua voz parecia firme, assim como seu abraço que me deu logo em seguida. "Oh meu filho! Eu estou bem!" e voltou a me abraçar forte, com aqueles braços grossos, firmes! Que abraço gostoso. Que força! Que energia! Era esse meu avô! Meu avô de sempre! Aquele que me abraçava de forma bruta, mas ao mesmo tempo, carinhosa e delicada! "Ah bruta flor do querer!"

Em seguida continuou dizendo: "Rezem por mim, meu filho. Eu estou bem, muito bem. Vocês conhecem isso aqui muito melhor do que eu! Mas estou bem".

A minha euforia era tanta que da alegria estonteante veio a bruta saudade, aquela que me fez chorar ininterruptamente. A emoção foi mais forte do que eu. E do meu grande sorriso, veio o choro compulsivo, de alegria e de tristeza. Alegria por estar diante da pessoa que mais desejei revê-la nesses últimos dias. Tristeza por saber que eram apenas momentos e que ele realmente não voltaria mais para cá, entre nós.

Mas só em estar ao seu lado, sentir sua presença, poder apertar suas bochechas rosadas, sentir seu abraço forte, ver seu sorriso largo, já me fez pensar que ele realmente está ali, aqui, entre nós. Ele esteve presente. E tenho certeza disso.

Conforme a emoção me prevalecia, minha visão se desfazia e com ela seu rosto, seu corpo. Só ouvia sua voz, querendo dizer mais coisas. Infelizmente, não compreendia tudo que falava. Ouvia frases soltas, que queriam me dizer algo, mas não conseguia mais entender. Havia ruído, um ruído que não me deixava entender sua mensagem. As poucas coisas que entendia eram "rezam por mim"... "eu estou bem"... mas eram frases soltas.

Meu grau de vibração já não me permitia vê-lo, nem ouvi-lo direito, mas ainda sentia sua presença. Aos poucos, a emoção foi dominando, o choro era involuntário, e a vontade de escutá-lo e vê-lo novamente aumentava. Mas infelizmente, chegou o momento em que nada via, nem ouvia, nem sentia. Ele se foi... ou fui eu que acabei saindo? Deixei a emoção prevalecer e, talvez, foi preciso me afastar para não afetá-lo com a minha dor.

Esta semana completei 25 anos e, durante toda semana, pedi a Deus e aos amigos da Espiritualidade que me deixassem revê-lo, pelo menos para receber o abraço que ele sempre me dava no dia do meu aniversário. Seria o primeiro ano que deixaria de receber esse abraço tão especial para mim. Por isso, pedi que ele viesse em forma de sonho. E ele veio.

Ele veio hoje, por volta das oito horas da manhã de um lindo sábado de sol. Uma manhã que ficará para sempre guardado comigo, porque foi o primeiro sábado que me senti feliz, depois que ele partiu. Feliz porque agora sim, eu recebi o abraço que estava faltando. O abraço dele. O abraço do meu querido avô Hugo.

Obrigado, Vozinho. Obrigado por ter vindo. Obrigado Deus e a todos da Espiritualidade que permitiram a sua vinda. Obrigado por ter sido o primeiro da família a receber sua visita. A visita mais feliz, mais confortante, mais esperada por todos! A visita me trouxe a alegria de volta. A percepção e a certeza de que você está entre nós, perto de todos. Sempre! E que bom que, agora, temos a certeza que você está bem!

1 de novembro de 2007

Rave, Bala e Eletrônica

“(...) policiais militares que entraram disfarçados na festa para fazer investigações (...) teriam visto jovens deitados no chão em estado de alucinação”. (Globo online, 31/09/07 - http://oglobo.globo.com/rio/mat/2007/10/30/326959595.asp)

Bem vindo à geração Rave, Bala e Eletrônica! Corpos sarados, rostos bonitos, jovens, excêntricos, estilosos, ritmados e... alucinados! É essa geração que preza tanto pela saúde, mergulhada em mar de alucinações, fantasias, aventuras, adrenalina, euforia, energia e emoção! Mesmo que para isso seja preciso pôr sua vida em risco, sem mesmo ter consciência de que a vida é um risco! Esses jovens precisam crer que as pessoas ainda morrem! Pelo menos para esta vida de alucinações terrenas! Sim, porque do outro lado, esta alucinação continua na mesma intensidade, só que em um ambiente sombrio, de dor, angústia e sofrimento!

Foi isso que aconteceu com o garoto de 17 anos, que morreu de parada cardíaca durante uma festa rave em Itaboraí, no último final de semana. O consumo por esse tipo de droga independe de idade, afinal são todos jovens! O legal é se sentir jovem! A graça está em ficar fora do mundo, fora daqui! “Vamos fugir deste lugar, baby”!

O cenário pode ser uma rave, assim como uma micareta, um show de rock, um carnaval, não importa! As pessoas são as mesmas, pensam da mesma maneira! Querem diversão! Com muita música, muita bebida, muito cigarro, muita maconha, muita bala, muita gente, muita pegação, muita guerra, muita desordem, muita confusão, muita porrada, muita doideira, muita poeira, muita batida, muita queda, muito desmaio, muita gente no chão.

O dia está clareando, a festa só começando, o som ainda está bombando e minha consciência está se acabando! Quem sou eu? Que que estou fazendo aqui? Nossa, que irado! Quanta gente! Estou sentindo uma paz, entende? As pessoas aqui, eu... cara, eu amo todo mundo! A vida é maravilhosa! Viva vida!

Viva a morte!

Este viveu a morte! Mais um número na estatística de jovem morto por drogas. Mais uma notícia no jornal. Mais uma passeata pela paz. Mais uma revolta desabafada.

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2006/11/30/286861160.asp

27 de outubro de 2007

Especial: Íntimo & Pessoal

Começamos hoje a sessão das páginas amarelas, com suposto ping pong das very important people! Como já devem conhecer essa praxe do jornalismo instantâneo, o esquema é simples: perguntas curtas para respostas rápidas. A pauta segue um critério rigoroso de escolha de perguntas, com objetivo de alcançar o superego do entrevistado, o mais profundo do ser, a alma, o coração, ou seja, o âmago de sua intimidade.
Para estrear bem nossa sessão, e prestar uma homenagem ao aniversariante ilustre do dia, nada mais nada menos que o nosso Excelentíssimo Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua imaginária entrevista!

Nome: Luiz Inácio Lula da Silva
Idade: 62 anos, completados hoje!
Cidade Natal: Caetés, Pernambuco
Hobby: Sair do protocolo. Tirar fotos com companheiros de luta!
Ídolo: Getúlio Vargas, pai dos pobres
Carro: Rolls-Royce Silver Wraith 1953, modelo conversível, usado na cerimônia de posse.
Esporte: futebolzinho na Granja do Torto!
Comida predileta: jabá com jerimum
Bebida: pinga da boa (corta isso, por favor, é melhor colocar água). Água.
Cor: vermelho sangue
Perfume: quem cuida disso é minha primeira dama. Ela diz que é L´eau d´issey pour homme.
Filme: Eles não usam black-tie
Programa de TV: Carga Pesada
Ator / atriz: Wagner Moura, é um sucesso nacional com seu Cap. Nascimento.
Música: No dia em que saí de casa (Zezé Di Camargo e Luciano)
Cantor / cantora: Zezé Di Camargo e Luciano
Viagem predileta: Veja bem, companheiro, essa pergunta é difícil responder. No final, eu respondo. Outra pergunta, por favor.
Roupa: terno preto e gravata vermelha, com boton do PT, ops, da bandeira nacional
Livro: Notícias do Planalto, porque fala da ascensão e queda do meu adversário político querido Fernando Collor.
Sonho: Fome Zero
Pesadelo: Fome Zero
O que gosta de fazer quando está sozinho? Fazer palavras cruzadas, pra tentar lembrar de algumas palavras bonitas em meus discursos.
Quem você levaria para uma ilha deserta? Minha primeira dama, é claro!
Quem você deixaria numa ilha deserta? Vocês, da imprensa. O primeiro barco seria só para o pessoal da Veja.

26 de outubro de 2007

Procuram-se (atrizes) garotas de programa!

500 candidatas para o papel de puta! 500 jovens sonham em interpretar a ilustre Bruna Surfistinha, a ex-garota de programa que virou celebridade depois de contar, primeiro em seu blog e depois em seu livro, histórias picantes com seus clientes anônimos! Personagens como ela merecem um filme, é claro! Aliás, está além de um filme pornô, porque isto, a própria já protagonizou. O interessante é justamente contar a vida de uma menina nascida na classe média que abandonou tudo para ser independente e viver com seu próprio dinheiro!

Em um pensamento estratosférico, penso que (algumas) mulheres gostam de assumir papéis de puta, justamente por não serem! Ou seja, extravasam um sentimento talvez guardado em seu íntimo nesses momentos de interpretação! A matéria do Globo (http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2007/10/26/326911350.asp) fala sobre essas candidatas que passaram a quarta-feira mais chuvosa dos últimos tempos fazendo testes de 2 minutos para conquistar tal papel na telona. Algumas propuseram se despir diante do diretor para melhor encarnar a personagem! Uma inclusive ficou totalmente nua!

Em outro pensamento, também translúcido (que deixa passar a luz, mas que não permite ver de forma clara e nítida os objetos), imagino o fascínio que atores, em geral, têm em interpretar personagens criados por Nelson Rodrigues. Muitos deles carregam justamente esse exagero de ser, ousados e sem pudor. Daí, encontramos homem que gostava de se vestir de noiva, mulher que gostava de apanhar do seu macho, putas, malandros... Personagens do mundo chulo, da sarjeta, do obscuro, do surreal.

Realmente deve ser prazeroso, por um lado, interpretar personagens tão intensos, capazes de mexer com seus domínios, suas crenças, seus princípios! Ao mesmo tempo, o ator expõe seus mais profundos sentimentos, até então reclusos.

Talvez seja esse o pensamento de uma mulher que queira tanto interpretar um papel de puta, mulher que vive às custas do prazer alheio, sendo dominante e dominada.

Segundo Rodrigo Pitta, o responsável pela seleção das meninas, a escolha independe de profissionalismo! Se tiver que colocar uma garota de programa de verdade para exercer o papel, melhor, mais realismo ao filme! “Estamos procurando pessoas do mundo real, a verdadeira namoradinha de aluguel das telas”! Por isso, muitas candidatas, mesmo não sendo atrizes profissionais, foram tentar a sorte e testaram seu talento... para puta!

Cá entre nós, há todo um charme em interpretar uma puta bonita e diferente, ainda mais agora depois do sucesso de Bebel na novela Paraíso Tropical.

Mas será que se a personagem fosse, digamos, Suzane Von Richthofen, a menina que matou os pais com ajuda do namorado e do cunhado, haveria 500 candidatas? Ou melhor, se a história fosse da jovem Valéria Polizzi, que em seu maravilhoso livro – “Depois daquela viagem” (muito reconhecido por sinal) – descreve sua vida depois de contrair AIDS aos 16 anos?

Ambas são excelentes personagens para uma boa atriz! Sem dúvida um puta desafio (desculpe o trocadilho)! Taí, proponho um filme sobre essas duas mulheres! Com certeza gerariam um ótimo enredo!

Infelizmente, o apelo sexual ainda impera na mídia. Assim como a violência, as drogas, o submundo... Não quero ser radical a ponto de achar que esses assuntos não devem ser abordados em filmes, novelas, peças. Não é isso. Só acho que o fato de 500 candidatas, atrizes ou não, desejarem interpretar uma puta é um tanto assustador. É uma torção dos valores humanos. Não seremos puritanos, para não tender à hipocrisia, mas também não seremos sexumanos!

Antes que eu esqueça, o título é de propósito! As 500 candidatas foram apenas de São Paulo. Os testes no Rio começam em novembro agora!!!

25 de outubro de 2007

A máfia da fichinha!


Há uns cinco anos, mais ou menos, conheci um mundo obscuro, cercado de pessoas estranhas com suas armas de Jorge, coordenadas por uma espécie de cafetão. As clientes eram velhinhas aparentemente inocentes, que se produziam para o bote! O ataque vinha ritmado, com “dois pra lá, dois pra cá”, segurando um braço aqui, um pescoço ali, um tanto obsceno para idade avançada.

O cenário contribuía: uma casa de show de grande repercussão, principalmente nos dias carnais do carnaval. Uma mistura de cassino com boate dos anos 70, com decoração espelhada, brilhos, luzes e poltronas de parede acolchoadas.

O leitor deve estar perguntando: como fui parar neste lugar?

Bem, de forma resumida, digo que por um tempo fui o bendito fruto de quatro mulheres na idade da loba. Calma, vou explicar melhor. Eu as ensinava o "dois pra lá e dois pra cá", apenas. Por falta de aluno masculino, eu fazia o papel de professor-instrutor-acompanhante (dos bailes).

Com um convite de uma delas para uma “tarde dançante”, não pude escapar e fui conferir o cenário, apesar de já imaginar o que viria pela frente!

O esquema era simples: a Dona Odete comprava um número considerável de fichas para uma tarde dançante com o... vamos chamar de cafetão. Cada ficha valia um real e cada música valia uma ficha! A partir daí, ela só escolhia sua mira, apontava seu indicador e: “é você quem eu quero! Vamos dançar!”. O mais importante: depositava sua ficha na POCHETE do rapaz, estrategicamente localizada na região frontal do elemento.

Enquanto seus soldados marchavam no salão, o cafetão observava discretamente o andamento ritmado do ambiente. Quem chegava, quem dançava, quem comprava suas fichas, até que de repente ele passou a me observar. Perigo. Um olhar investigativo questionava: “quem é esse rapaz que está invadindo meu espaço e tirando proveito de minhas clientes?”.

Na minha inocência, estava eu apenas dançando com as minhas alunas, quando fui chamado por uma delas ao canto:

- Ele gostou muito de você, disse que dança muito bem. Gostaria de te chamar para fazer parte do grupo dele.

Então, o negócio é este. Ele observa o produto, verifica se encaixa no perfil de dançarino de programa, com boa aparência, pé de valsa e pronto. Fechamos o negócio. Afinal, eu estava na área dele e lá “tá tudo dominado”. Não é qualquer um que vai chegando assim e chamando atenção...

- Peraí, eu estou à venda? Ah não, desculpe, sou descartável por uma música, não é isso? Não, muito obrigado, mas neste negócio clandestino estou fora.

- Fazemos festas também, contratamos um grupo e ficamos durante duas horas à mercê das convidadas.

Que beleza, estamos agregando valor ao produto! O negócio é lucrativo e a demanda só aumenta com o avanço da medicina, com a expectativa de vida aos 100 anos, com a liberdade sexual na terceira idade! Carpe Diem, meus velhinhos, enquanto há tempo!

Quero deixar claro que não sou contra a puberdade da terceira idade, mas pega mal aproveitar desses garotos dança-dança da Estrella (bonecos movidos a fichinha) em plena luz do dia!

23 de outubro de 2007

Um filete de azeite


Então você resolve fazer uma dieta. Afinal nos últimos meses você vem exagerando um pouco na picanha mal passada, no pastel, na batata frita, no bobó de camarão. Outro motivo importante: o final de ano está chegando e com ele as 1.345 comemorações, festa da empresa, amigos ocultos, ceia de natal e ano novo.
É a hora que você intensifica os exercícios na academia, passa a correr mais na esteira, tenta fazer a aula de spinning, nada mil metros (e acha que tem tempo pra isso).
Voltando para dieta, você resolve também pedir ajuda a um profissional, porque dieta por conta própria é um perigo. Tudo você acha que não engorda tanto assim. O problema está justamente no “tanto assim”. Em uma consulta informal com uma amiga nutricionista, você pergunta: Como faço para emagrecer sem me sacrificar muito, ou seja, sem deixar de comer o que há de melhor na gastronomia brasileira?
- Depende do que você considera “o melhor da gastronomia”, responde ela.
Você aposta todas suas fichas na nova dieta e sua eficiência só dependerá dela: da nutricionista! Se você não emagrecer... a culpa é da nutricionista, e não sua!
Primeiro passo: ela pede para você escrever seu hábito alimentar, ou seja, escrever tudo que come, anotando pelo menos três dias da semana (sendo um final de semana). Quando ela fala tudo, é TUDO! Exemplo: “você toma uma vitamina com leite desnatado, banana, aveia e mel no café da manhã. No almoço, você coloca uma concha de feijão, meia colher de arroz, duas folhas de alface, duas rodelas de tomate, um bife pequeno sem gordura. Lanche: uma maçã. À noite uma salada de alface com pepino, cenoura ralada com um pequeno pedaço de frango grelhado e na ceia um copo de leite desnatado”.
Bem, se ela achava que eu como isso normalmente, sinceramente, eu não ia precisar fazer dieta. Depois desse exemplo, fiquei com vergonha de declarar o meu exemplo de refeição. Na sexta, por exemplo, só no almoço, consegui reunir bacalhau com batata, bobó de camarão, farofa, arroz com camarão e um pequeno quiche de queiro: 570 gramas!
(...)
Segundo passo: é hora de substituir então as gorduras desnecessárias por uma alimentação balanceada, nutritiva e saudável. Esses adjetivos são muito bonitos na teoria, mas quando são traduzidos em pratos reais, o que se vê é muita abobrinha, pepino, vagem, cenoura, verde, verde, verde e... UM FILETE DE AZEITE!
Calma, não é só isso! Aí começa a história que você PODE comer um pão integral aqui, com queijo minas (magro) ali, arroz e feijão de forma moderada (traduz meia concha de feijão e meia colher de arroz), e frutas, muitas frutas!
Destaque para o momento frutinha da história:
- Então você vai substituir o biscoito ou o pão da tarde por uma frutinha!
- Peraí, você está me dizendo que eu tenho que levar uma fruta para o trabalho? Como?
Acho graça quando pensa que homem é tão eficiente quanto mulher no quesito frutinha! É muito fácil pedir isso para elas! Elas é que têm bolsa-mala que cabe tudo! Mais uma fruta-iogurte-barra-de-cereal ou menos uma, pra elas não faz diferença! Já pra homem...
- Desculpa, mas eu não posso e nem quero ficar todo dia levando frutinha pro trabalho. Imagina, você lá, no meio do trabalho, diante do computador, de uma entrevista, de uma reunião, falar: “pessoal, só instante que está na hora da minha frutinha!”. Fala sério!
Daí eu escuto da amiga nutricionista:
- Ah, mas eu acho um charme um homem engravatado, com cara de sério, trabalhador... comendo uma maçã! Olha que sexy!
Sexy? Sexy foi Eva comer a fruta do pecado para Adão!
Não adianta! Eu não vou viver de frutinha!

18 de outubro de 2007

Tropa de Elite do Jornalismo

Não é só a polícia que tem uma tropa considerada de elite que corre atrás de bandido com táticas de guerra e total preparo físico (e nem sempre psicológico) para enfrentar o tráfico nos morros. Fiquei surpreso em conhecer hoje a Tropa de Elite do Jornalismo! Sim, nós também podemos contar com uma equipe capaz de enfrentar qualquer tipo de guerra! Ao ler o Por dentro do Globo (18-10-07), descobri o curso de segurança para áreas hostis. Trata-se de um curso, de três semanas, para instruir jornalistas em coberturas de conflitos – traduz-se confronto entre policiais e traficantes em favelas do Rio. O instrutor é um ex-fuzileiro inglês que há dez anos trabalha em empresa especializada em segurança.

Durante o curso, os jornalistas passam por situações reais (em cenários de favelas) com direito a tiros (de bombinhas) e sangue (de mentira). Tudo para preparar o jornalista para o combate! Dica número 1: não seguir a polícia em áreas de conflito, afinal ela é alvo principal!

Vale lembrar que nenhum dos 25 jornalistas participantes do curso é correspondente de guerra (pelo menos a matéria não especificou). Será que José Hamilton Ribeiro recebeu esse tipo de treinamento para cobrir a Guerra do Vietnã?
Por favor, alguém me lembra onde moramos? Hã? Bagdá? Não, não, no Rio de Janeiro mesmo.

Outro detalhe importante, o treinamento foi realizado pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio, com apoio dos sindicatos patronais de jornais e revistas e de rádio e TV e do International News Safety Institute (INSI). Eles querem preservar a vida do repórter-herói-caveirão!

Será que treinamentos como esses serão incluídos no currículo dos jornalistas? Melhor, será que as faculdades de comunicação exigirão mínimo de créditos na grade de seus cursos?

Bem, como eu não sei meu futuro na profissão, por enquanto vou treinando no paintball com os amigos!

Espetáculo de jogo: Brasil X Globais



Quarta-feira é dia de? Jogo! A novela acaba mais cedo e quem não gosta de futebol troca de canal. Mas nesta última quarta-feira, o canal não foi trocado. Por quê? Ah! Não é sempre que tem a seleção brasileira jogando. Então, hoje é dia de jogo, Brasil e Equador, e o canal não foi trocado. Até quem não gosta de futebol acaba assistindo. Mas, tirando a Copa, quando o povo se torna mais patriota do que nunca, este jogo teve um gosto especial. Afinal, há sete anos a seleção não jogava no Maracanã.

Que jogador de futebol se tornou celebridade, isso todo mundo já sabe! Mas eu nunca vi uma partida de futebol se tornar tão espetacular, de altíssima produção, como esta, com direito a área vip para famosos globais, comidas, bebidas, taça da Copa América em exposição, festa, lounge, DJs. Parecia que estava assistindo à cobertura dos desfiles de escola de samba ou o show do Rolling Stones na praia, cercado de celebridades. A espetacularização foi tanta que, pela primeira vez, a Rede Globo não exibiu no intervalo do jogo os melhores momentos, como é praxe em toda quarta-feira.
Nos quinze minutos de intervalo o que se viu foi o glorioso “15 minutos de fama”, profetizado por Andy Warhol, o pai da Pop Art. Galvão Bueno narrou, como na partida de futebol, todas as celebridades que apareciam na tela, às vezes parecendo esquecer algum nome (só parecendo).

O desfecho desse desfile de estrelas não podia ser melhor! O repórter esportivo, acostumado a entrevistar jogadores-semi-analfabetos-inexpressíveis na saída da grama, entrevistou nada mais nada menos que a diva do teatro (como ele mesmo ressaltou), Fernanda Montenegro – até Montenegro foi ao Maraca. Depois de responder a algumas perguntas óbvias (você já veio ao Maracanã? Já assistiu a seleção jogar aqui?), veio a melhor resposta para tudo aquilo que a noite proporcionava:
- E a festa? Está gostando?
- Interessante. Tem gente que realmente vibra! Torcida animada, que extravasa bem! Mas também tem gente que vem pra ver, né? Comer, se divertir... é uma feira!

Com 20 minutos do segundo tempo, mas afinal, e o futebol? Com a palavra, Arnaldo César Coelho: “Acho que o futebol está pouco”. Realmente. Diante de tanto acontecimento, o tímido 1 X 0 do Brasil parecia ser a celebridade instantânea da noite!
Entretanto, uma chuva de gols que se seguiu surpreendeu os descrentes (com o segundo gol e o quinto sendo qualquer coisa! Em outras palavras, esquisitos mesmo!) e o jogo foi realmente um espetáculo... de futebol! Afinal, foram 5 X 0, com show de Robinho de seu drible “são dois pra lá, dois pra cá”.

Obs: escrevi este texto durante o jogo. Mudei o resultado 4 vezes! Pelo menos...

17 de outubro de 2007

Por favor, desliguem seus celulares.


Li uma matéria na revista de domingo de O Globo (14/10/07) sobre camisetas com estampas engraçadinhas que viraram moda carioca. Uma delas apareceu com Lobão, “Peidei, mas não fui eu”, que virou até campanha. Uma delas me chamou atenção pela paródia da campanha “Se beber, não dirija” com a frase (que vai pegar, se já não pegou!) “Se beber... não ligue”. Isto é fato, quem bebe além da conta parece não conter seu impulso de ligar para quem quer que seja. Já vi gente ligar para o pai às 3 da manhã, pra amiga pra contar do fora que levou de um cara, pro ex-namorado pra xingar ou pra dizer que ainda lhe ama etc.
Lembro de pelo menos quatro episódios com essa história de celular (não necessariamente em situação de bebedeira). Duas aconteceram em uma mesma viagem a Porto Seguro, excursão de colégio, no segundo grau. Época que celular ainda era para poucos. Pois bem, em uma noite depois de muito capeta, voltando para o hotel, uma resolveu ligar para o pai. “Criatura, pra que você vai ligar para o seu pai às três da manhã, bêbada desse jeito”. “Dá licença? Eu quero ligar, me deixa... o celular é meu, o pai é meu!”.
Já na volta para casa, durante as 18 horas de viagem, de madrugada, um estrondo absurdo. “Que que está acontecendo? Que isso? Ai meu Deus, vamos morrer!” O ônibus não parava de tremer e cair para o lado direito. Tudo escuro dentro e fora do ônibus. Todos desesperados sem saber o que estava acontecendo. No meio da confusão, uma pega seu celular e: “Pai, pai! Sou eu! Pai, eu te amo! Estou morrendo, pai! Estou me despedindo! Te amo, te amo...”
O pneu traseiro tinha estourado e até o motorista parar o ônibus e explicar a situação, o coitado do pai já tinha escutado a tragédia fantasiosa de sua filha. Tudo por conta de um celular.
Por último, em outra viagem, uma resolveu ligar para o ex-namorado. Ou melhor, pediu para uma amiga ligar – também bêbada - que não poupou o cara em elogios. “Fulano? Oi tudo bem? Quem fala aqui é uma conhecida sua. Seguinte cara, eu quero te dizer que você é um babaca por ter acabado com a... (por um instante ia chamar pelo nome), você sabe muito bem. E o pior, você trocou por aquela vesga de cabelo ruim, seu merda? Mas pensando bem, vocês dois se merecem, seu ruim de cama!”.
A tempo, em um Réveillon na praia resolvi ligar meia noite para meus pais e desejar feliz ano novo. Muito feliz, comecei: “Alô? Pai? Oi pai! Feliz ano novo pai! Te amo, pai! Tá maravilhoso aqui, pai! E aí? Legal! Pai, chama minha mãe!”... do outro lado da linha: “Mãe? Quem está falando?”. “Hã? Como assim, quem está falando?”, perguntei. “Tá maluco, meu filho, que mãe o que?”... ok, não liguei para o telefone de casa. Valeu a intenção.

16 de outubro de 2007

O taxista


É comum alguns taxistas assumirem a função além de motorista. Muitos acabam exercendo papel de psicólogo, psiquiatra, consultor técnico sobre mecânica de carro, consultor amoroso, pai de santo e por aí vai. Acontece que às vezes, nós, ilustres passageiros, também passamos por situações as quais vivemos o personagem de psicólogo, psiquiatra...
A história começa quando eu entro no taxi de uma cooperativa já conhecida.
- Bom dia.
- Bom dia, eu respondo. Vamos para o hotel Excelsior em Copa, sabe onde é?
- Sei.
Silêncio. E por um bom tempo ficamos em... Silêncio.
De repente uma mulher em seu carro Renault atravessa a pista na frente do taxi. Os dois se entreolham. Ela encara ele. Ele encara ela. Silêncio.
-Você viu isso? Você viu o que ela fez?
Vi, respondi e soltei um riso, apenas para não o deixar sem graça.
É por essas e outras que eu não deixo minha mulher pegar meu carro. Fala sério! Desculpa o termo, mas aquela filha da puta nunca vai pegar meu carro. Ah mas não vai mesmo! O meu carro ela não pega! Ele custou muito caro. Todo de fibra de vidro, rebaixado, duas portas, novinho... não, nem a pau ela pega meu carro.

Outro dia veio me pedir pra deixar a chave do carro em casa para ela ir se acostumando com o carro quando precisar. Como assim “se acostumando”? Ela está achando que eu vou deixar pegar meu carro? Nem o cacete! Mulher é foda!

Bem, a essa altura pensei: “comecei bem meu dia. Pego um taxista que sete e pouca da manhã já começa a contar sua vida, assim de graça, sem ter me perguntado nada”. Mas logo percebi que ali se tratava de um personagem peculiar. Já estava atrasado mesmo para o evento quando percebi que ele escolheu o caminho mais engarrafado para chegar em Copa.

- Antes desse meu carro, eu tive um Ipanema que era minha paixão. Toda bonitinha, ajeitada. Linda. Aí ela veio com um papo que gostaria de colocar silicone nos seios, porque estavam caídos, feios depois que teve as duas filhas. Ela queria que EU pagasse o silicone dela...

Vendi meu Ipanema e paguei os peitos dela. Falei logo: “olha, agora não vem com história de comprar carro depois! Fique satisfeito com seu peito”. Agora quer pegar meu carro? Ah, o cacete, o silicone que a pros lugares!

Minha mulher é foda. Ela que compre o carro dela! Ela não trabalha? Então compra, porra. Outro dia ela veio me propor vender meu carro e comprar um importado, dizendo que dividiria comigo. Ah, é ruim! Não troco meu carro!

- Então por que ela não compra um para ela? Que seja um simples...
- Ela? Ela vive endividada. Nunca tem dinheiro pra nada. Gasta tudo. Vive no vermelho. Não pode ver ninguém vendendo nada que sai logo comprando, sem saber se tem dinheiro pra pagar as contas. Aí no final, quem acaba pagando?
- Você?
- Eu não, o babaca! BABACA aqui!
- Ela é mais nova?
- 31 anos. Já não é novinha, né? Tava na hora de aprender a lidar com dinheiro. Mas não, deixa pra eu pagar tudo.

Este mês ela veio com papo que queria comprar um biquíni. Disse que estava sem dinheiro (porra, já no início do mês) e queria um biquíni. Aí eu fui comprar. Encontrei uma loja na Rua da Alfândega... não era de camelô, era de loja, com tecido bom. Comprei. Quando entreguei, ela olhou... “onde você comprou isso?”. Ela adora marca. Só compra roupa de marca pra ela. “Pô, comprei na Alfândega. Numa loja boa. Não é porcaria não”. Ela veio dizer “pra você trazer isso, preferia que você não me trouxesse nada. Essa porcaria aqui?”. Cara, me deu uma vontade de dar uma porrada na cara dela. “Eu não vou dar mais porra nenhuma pra você!”, disse ele convencido! - Minha vontade era de ter jogado no meio da rua, mas ela pegou mesmo assim. Da próxima vez... (bem, agora ele vai ter uma atitude!) eu dou o dinheiro pra ela comprar! Ah, porra!

- Você é casado?, perguntou ele pra mim.
- Eu não.
- Porra, mulher é tudo igual!
- É sua segunda esposa?, perguntei.
- Não, na verdade eu já me juntei duas vezes, mas quando me pegava no saco, eu largava tudo e ia embora. Eu era muito estourado! (era, penso eu). Mas até eu me casar com essa.
- Quantos anos de casados?
- Treze. Ela tinha 17 anos, e eu 31. Eu não queria casar não. Ela que quis casar logo. Tinha um fogo do cacete. Queria transar antes do casamento. Recém casados, era foda sempre. Não podia sair de casa sem antes dar uma. Agora? Nunca quer. Tá sempre cansada!

Cara, antes de casar eu peguei muita mulher! Tinha semana que eu saía toda dia, uma a cada dia. Pô, feio desse jeito, eu pegava muita mulher. Cheguei a marcar uma vez com três ao mesmo tempo. Nossa, esse dia foi foda. Elas quiseram me matar quando descobriram. Aí casei né?
- E com essa, você ficou mais calmo.
- Engulo muito sapo, né? Muitas vezes quis chutar o balde, mas eu sempre penso nas meninas. Uma de três e outra de nove. Aí não dá.
- A diferença é um pouco grande né? Talvez ela te veja como um pai... por isso se acostumou mal. (pronto, lá estava eu me achando o psicólogo)
Com uma voz baixa, como se fosse uma confissão, meio desabafo, finalmente assumiu a culpa:
- Pô, acho que eu sou culpado disso. Sempre acabei pagando tudo. A única responsabilidade dela é pagar a empregada. Quando ela quis trabalhar fora, eu disse que tinha que ter uma empregada. Mas que ela pagasse. Ela paga. Mas eu acabo ajudando, né? Pago a passagem... no final acabo dividindo...

Nessa hora o taxi já entrava na rua do hotel. A sessão de terapia automobilística chegava ao fim.
- é aqui.
- Rapaz, você vai lembrar dessa conversa de hoje. Aprende com isso! Mulher é tudo igual!

Segundo lugar, graças à mãe

Logo no meu primeiro texto deste blog, terminei citando a importância do reconhecimento da minha mãe. Parece engraçado falar isso, afinal, no mais comum das histórias, a mãe é a primeira pessoa na vida de qualquer ser humano que elogia e reconhece qualquer que seja o talento de seu filho. É bem aquela idéia de que: “pelo menos para minha mãe, eu sei que sou bonito”.
Pois bem, minha querida mãe, acima de ter este papel de mãe, sempre assumiu o papel de A JUSTICEIRA. Vou explicar. Para entender melhor este papel que lhe atribui (e antes de contar o fato de fato), tenho que relembrar (porque já escrevi isso também no meu primeiro texto) que minha mãe é uma excelente professora de português e literatura brasileira. O que isso quer dizer? Que durante toda minha vida escolar, ela SEMPRE se preocupou em corrigir os meus “normais” erros de português. Sua influência foi tanta que talvez tenha que atribuir a escolha de minha profissão a ela. Confesso até que pensei em fazer letras também, com medo do vestibular concorridíssimo para comunicação.
Agora vamos ao fato. Lá pelos meus quatorze anos, mais ou menos, fazia um conhecido curso de aperfeiçoamento de matemática, chamado Kumon. Pois bem, este mesmo curso, além de ensinar o método japonês para o aprendizado em matemática, havia também o mesmo método para português e o inglês. Eu só fazia o de matemática.
Na época, minha professora tinha me convidado a participar de um concurso de leitura em que alunos, na maioria do curso de português, teriam que ler um texto para um júri formado por profissionais de letras. Eu aceitei participar, dentro da minha faixa etária.
Ao mesmo tempo, minha professora lembrou que minha mãe era professora de português e lhe perguntou se não gostaria de participar do júri. Em princípio, minha mãe achou injusto participar de um concurso, como jurada, em que seu filho seria um dos concorrentes. Mas depois, convencida de que ela estaria assumindo o papel de profissional (e não de mãe), resolveu participar, sendo, portanto, justa e imparcial durante o concurso.
Depois de alguns concorrentes, chegou minha hora de subir ao palco e ler o texto previamente ensaiado. Com a entonação correta, respirando no tempo certo, lendo com ritmo, respeitando a pontuação... troquei uma simples e única palavra em todo texto, que logo em seguida foi corrigida, sem mesmo prejudicar o andamento da leitura. No final, só aplausos e a confiança de que, apesar do ínfimo e quase imperceptível erro, a leitura foi realizada com sucesso.
No júri, três profissionais, uma delas, minha mãe.
No final do concurso, o resultado. Depois de chamado o terceiro colocado, a atenção estava voltada para os segundo e primeiro lugares. A expectativa era grande, afinal, tinha feito quase tudo certo!
- Em segundo lugar... Mário Cesar!
Putz, segundo lugar?, pensei.
Depois de alguns murmúrios na platéia, diante da surpresa do resultado, minha então professora me chamou no canto. Ela foi responsável pela contagem das notas, tirando a média.
- Mário, você obteve duas notas máximas e uma que tirou apenas meio ponto.
- Nossa, jura? Quem me tirou então o meio ponto?
- Quem? Sua mãe!
- Minha mãe? Como assim?
Para ser justa, ela tinha me tirado o meio ponto pelo quase imperceptível erro cometido em toda leitura. Ela percebeu o quase imperceptível e me deu o segundo lugar.

O cravo & as rosas

Era apenas um cravo...

Uma: - Deixa eu terminar! Tá doendo? Calma, não se mexe! Pronto saiu. Vou te mostrar a prova do crime. Nossa que enorme, olha, olha!
Outra: - E esse? NOoooossa! Lindo!
Uma: - Você quer pra você?
Outra: - Não pode ficar.
Uma: - Disfarça, disfarça, ela tá vindo.
Outra: - Opa!
Uma: - Pera! (...) Tá vai!
Outra: - Estou indo devagar... tá doendo?
Ele: Porra, duas ao mesmo tempo não, é foda!
Outra: - Tá, então você primeiro!
Uma: - Ah, obrigada!
Uma: - Olha quanto saiu deste???? Nossa! Que maravilha!
Outra: - Ai que nojo, mas é lindo! Adoro fazer isso!
Ele: Chega?
Uma: - Não, só mais um pouquinho! E... pronto! Acabou.
Outra: -Agora vamos lá lavar a mão, né?
Uma: - Isso, vamos!
Uma: - Tá tudo bem? Foi bom pra você? (pra ele)
Outra: - Nossa, você está outro agora! Olha sua pele como melhorou!
Ele: - Obrigado, meninas!

15 de outubro de 2007

Do que as mulheres gostam


Esse é o título do filme, estrelado por Mel Gibson, que cai muito bem para o pensamento que vamos desenrolar aqui. Este mês a editora Abril está lançando mais uma revista feminista, ops, feminina (desculpe, mulheres, meninas, adolescentes...). O fato é que, depois de realizar uma pesquisa de mercado, a editora identificou um nicho ainda não explorado. Acho que estou sendo grosseiro ao tratar de nicho um público tão delicado e inteligente. Trata-se de mulheres entre 18 e 28 anos, ou seja, mulheres que já saíram da fase adolescente de ser, mas também não são classificadas como mulheres bem resolvidas, seja no amor, no trabalho, na família etc. (como se houvesse realmente uma mulher assim, mesmo com seus oitenta anos, mas enfim). Portanto, saindo dessas outras faixas etárias, em que revistas já conhecidas (como Capricho, para as mais novinhas, e Marie Claire, Nova, para as mais “experientes”), eis que lançam Gloss! Uma revista que está aberta para novas experiências, dúvidas, descobertas, dicas de beleza, de saúde, de emprego, de homem, ops, errei de novo, de relacionamento (melhor assim) – ou seja, tudo aquilo que uma mulher desta faixa de gaza quer ler na praia, no salão, no ônibus, no táxi, no consultório...

Antes de ser lançada, a editora criou um concurso voltado apenas para mulheres publicitárias (que trabalham em agências) que estivessem encaixadas no público alvo da revista. Para participarem, elas deveriam enviar um vídeo de um minuto apenas, com baixíssima resolução, que contasse de forma livre o que é ser uma “mulher gloss”. O prêmio seria um curso de curta duração (entre as opções de escolha havia um curso sobre moda, por exemplo) em Londres. Uma grande amiga, publicitária, resolveu participar. Depois de contar sobre o concurso, em uma sexta-feira à noite, antes de uma sessão de cinema, eu e mais dois amigos (além da nossa mulher gloss, é claro) nos reunimos numa mesa de bar para discutir como seria o tal vídeo. Várias idéias surgiram, entre elas a de um clipe com várias fotos da nossa protagonista durante sua vida, entre família, amigos etc. (um tanto clichê, como apontou um dos participantes do papo). Vale lembrar aqui que todos somos comunicadores (dois publicitários, uma radialista e um jornalista). A idéia saiu da mesa e, como o tempo era curto, começamos o trabalho logo no dia seguinte, na praia da Urca.

Para encurtar o papo, o vídeo ficou muito interessante, tanto que classificou nossa amiga gloss entre as dez finalistas do concurso (já adiantando, ela infelizmente não conseguiu a viagem). No vídeo, a nossa protagonista falava sobre suas experiências, expectativas, dúvidas, sentimentos, enquanto caminhava livremente na areia da praia (ao som de Walk on, de U2).

Mas o que eu gostaria de contar aqui, e daí vem o título “Do que as mulheres gostam?”, é justamente a velha questão: Por que é tão difícil entender as mulheres?

Em um primeiro pensamento, podíamos pensar assim: “ora, se quiséssemos mesmo entendê-las e saber como agir em diferentes situações da vida, bastávamos comprar uma dessas revistas femininas (e aí a Gloss seria mais uma para ajudar!) e ler todas as histórias contadas por elas”. Nessas revistas, você encontra desde a melhor opção de roupa e maquiagem para um encontro a dois, até o que dizer na cama no primeiro encontro. E claro, o que elas pensam de nós, principalmente na cama. Pronto, seria só seguir essa dica: comprar todas essas revistas, ou melhor, assinar todas para ter o conforto de receber em casa (o porteiro não entenderia sua preferência, mas o que importa?) e assim descobrir de uma vez por todas o que as mulheres gostam.

Seria fácil, mas não é bem assim.

Nós sabemos que nem elas sabem o que querem de fato. Um namorado novo para viver novas experiências ou continuar com o que tem, porque este já sabe bem ou mal o que você gosta de fazer? Um homem romântico, a ponto de levar flores com cartões apaixonados, abrir a porta do carro, puxar a cadeira no restaurante, surpreender com jantares a luz de velas, sempre pagando a conta no final, repetir pelo menos uma dúzia de “eu te amo” durante uma mesma noite; ou um homem que chega apertando e puxando, dando um chupão no pescoço, rosnar feito animal mesmo, para mostrar que é bicho macho, segurando sua presa, dando uns tapinhas na hora H (ou bater forte, quando o negócio já estiver esquentando) e, até mesmo exagerar nos palavrões pra mostrar virilidade (eu juro que já escutei isso de uma mulher, querendo dizer que adora homem falando palavrão!)?

Você pode agradar a mulher, levando ao shopping, esperando ela experimentar cada peça das 37 roupas selecionadas em apenas uma loja, e deixando de jogar futebol com seus amigos (para quem gosta de futebol, é claro). Mas ao mesmo tempo, deve compreender quando um dia ela quiser sair apenas com as amigas. Mesmo assim ela pode pensar: “poxa, ele não tem ciúmes quando eu saio com as minhas amigas para night, parece que não liga pra nada”, ou então: “ele deixou de ter a vida dele, de sair com os amigos dele para viver grudado a mim, com os meus amigos. Ele não sabe o que é viver sem mim. Ele é muito dependente”.

Se você saiu com uma menina numa noite e no dia seguinte não ligar (ou no terceiro, quarto, quinto dia), ela vai achar que você não gostou dela, ou que você é safado mesmo, galinha, só queria uma vez e ponto. Mas, se você liga logo no dia seguinte, assim, tipo, à tarde... pronto, este está desesperado, gamou, agora vai ficar no meu pé. “Ai que saco, odeio garoto chiclete”.

Depois que você já conquistou,mas ainda está na fase de descobrir o que ela gosta, você fica naquela de perguntar ou não o que ela está a fim de fazer. “Ai, odeio os caras que não tomam atitude, nem pra decidir se come uma pizza ou um japonês depois do cinema”. Ou então: “ah, ele não me pergunta se eu gosto de teatro, vai logo me levando; queria sair pra dançar hoje. Ele parece velho, só faz programinha de velho, ou então pra engordar”.

Primeiro beijo, primeiro amasso, primeira oportunidade de... “calma, meu filho. Não é assim não. Vamos com calma, parece um polvo”. Ok, estava com pressa. Da próxima vez vou mais devagar. Daí vem a próxima vez, e você, com mais calma, não avança, dar os amassos, mas não sai muito disso, ou melhor, espera a resposta dela. “Ai que saco, da outra vez estava com um fogo só, tive que dar um freio. Hoje que eu vim preparada pra tal, não faz nem sai de cima. Odeio cara lerdo. Parece que está nervoso ou com medo”.

Aí eu me lembro rapidamente da cena em que Nick (personagem de Mel Gibson no filme), lendo os pensamentos delas, vai para cama com uma ensandecida por sexo. Depois de escutar coisas do tipo: “ai, mas era só isso? Nossa esperava mais. Que cara fraco. Que decepção”, ele resolve tomar AQUELA atitude e... bem, pra quem não se lembra do filme, é a melhor resposta que NÓS podíamos dar àquelas que acham que não sabemos o que elas gostam.

Pena que isso foi uma obra de ficção.

Importante: este texto não é machista.

EU sou bom... bom não, sou o melhor!

Às vezes me pergunto o que fizeram com o ser humano. Vivo em uma época em que o homem tem que ser perfeito: bonito, sarado, rico, inteligente, ter amigos, ter uma namorada, ter várias experiências sexuais, conhecer física, matemática, português, história, falar inglês fluente, francês e espanhol também, já italiano e alemão é charme. Saber escolher o vinho certo para o jantar refinado, conhecer vários estilos musicais (os clássicos, os nacionais, os alternativos, os mais tocados), conhecer filmes de todos os tempos, cult, blockbuster, e as melhores peças teatrais também. Falar sobre política, responsabilidade social, economia, sustentabilidade, meio ambiente, injustiça social. Saber investir na bolsa. Dançar bem, jogar futebol, vôlei, basquete, boliche, baralho e sinuca. Saber se defender, aprendendo pelo menos uma luta na vida. Viajar muito. Conhecer desde o inverno de Fernando de Noronha até o verão do Alaska. Saber tocar instrumento, nem que sejam as cifras básicas do Legião Urbana para tocar em rodinha de violão com os amigos. Ter um bom papo, saber chegar em mulher na night. Ler pelo menos dois jornais de grande circulação diariamente, ser fiel leitor de pelo menos dois colunistas, além de ler uma revista semanal para ficar por dentro dos “fatos mais importantes do mundo”. Ter lido os clássicos da literatura brasileira e estrangeira, e ficar por dentro dos Best Sellers. Conquistar recordes em jogos eletrônicos. Gostar de malhar todos os dias, ter barriga de tanque para exibir na praia ou no churrasco da turma. Rosto liso, sem espinhas. Ter estilo próprio. Estar na moda. Manjar de informática, sempre (incluindo baixar música, ter noção de html, programar, mexer no photoshop etc). Tirar boas fotografias. Ter coleção de alguma coisa. Assistir sempre seu time jogar, de preferência no Maracanã e, claro, comentar cada lance do jogo depois. Saber cozinhar, do mais simples ao mais refino prato. Surfar com os amigos. Saber beber sem mostrar fraqueza entre os amigos. Pegar muita mulher e, se puder, competir com os amigos e “finalizar o serviço”. Conhecer toda a mecânica de um carro. Saber escolher o melhor motor, o melhor carro, a melhor marca. Ser o melhor motorista. Pagar sempre a conta da namorada. Ser romântico, mas ao mesmo tempo cafajeste, afinal, tem que ter pegada. Mandar bem na cama, sempre. Ser um profissional reconhecido por todos, exemplo de empenho e dedicação. Ser confiante, seguro de si. Não roncar nunca. Nem tirar meleca do nariz, nem arrotar. Peidar, só se estiver sozinho. Ser saudável! Correr na praia, tomar açaí, não ter vícios, não abusar das noitadas, dormir cedo, evitar gordura e açúcar. Beber muita água. Gostar de comida japonesa. Não ser careta. Não ser rebelde. Não ser lerdo. Ser responsável. Ter atitude. Ser corajoso. Saber questionar. Não criticar o próximo. Ter educação. Saber dizer não. Saber dizer sim. Ser caridoso. Ser honesto. Ser justo. Ter moral. Ser único. Ser humilde. Não ser deus. Mas ser EU.

Enfim, um blog para chamar de meu

Sempre resistir às novas tendências da informática. Foi assim com o icq, Orkut, MSN, música baixada na internet... e agora finalmente com blog! (fugi do fotolog, porque este já é demais)

Mas por que resisti tanto tempo? Não sei exatamente, mas acho que agora vem a vontade de extravasar minhas idéias perdidas em rascunhos mentais em textos passados a limpo. Por isso o nome: Rascunho passado a limpo. Aqui vou tentar contar histórias, de forma livre, sem seguir tendências, linhas, teorias ou quaisquer que sejam “regras” (se é que em blog exista regra). Afinal, esse blog é meu. Eu escrevo o que der na telha. Não tem foco, não tem objetivo, não tem público (por enquanto!), não tem pretensão de se tornar “um dos mais acessados na internet”. Com certeza será um canto para experimentos. Histórias minhas, suas, deles... de quem quiser chegar. Mas pode ser também um espaço para críticas pessoais a filmes, músicas, peças, danças, enfim, arte em geral. O que gosto de consumir, quando posso e quando tenho dinheiro.

Não sei se isso de alguma forma me influenciou, mas acabei de participar de um seminário sobre “O Futuro do Jornalismo e o Jornalismo do Futuro”, em que um dado muito interessante foi apresentado por um dos palestrantes. Segundo uma pesquisa internacional, a cada dia são criados novos 120 mil blogs. Certamente, hoje eu sou o 120º mil do mundo ao criar este blog.

Uma discussão que teve durante o seminário é justamente esse número (assustador por sinal) de blogs criados diariamente em todo mundo. Uns profissionais de comunicação, talvez mais radicais, acreditam que a profissão de jornalista pode ser banalizada, já que agora qualquer um pode escrever o que quiser e difundir suas idéias, opiniões, críticas e informações dos mais diferentes temas.

Outros já pensam ao contrário. Esses acreditam que o profissional de comunicação será cada vez mais respeitado porque tem o compromisso de difundir a “verdade” dos fatos, mesmo sabendo nós que não existe verdade absoluta para nada (ou para tudo) nesta vida. Mas de qualquer forma, o fato de que o profissional, por ser profissional, sabe escrever tecnicamente bem e da melhor forma possível, diferente de pessoas que escrevem em seus blogs de forma livre, pode ser mais reconhecido. Confesso que às vezes me assusta o modo como alguns blogueiros escrevem em seus respectivos. Além de assassinarem a língua portuguesa, não têm noção do que escrevem.

O internauta tem toda liberdade de escrever o que quiser, da maneira que quiser. Mas daí ter sucesso de público, ou até mesmo ter credibilidade, já é duvidoso.

Não quero dizer também aqui que só os jornalistas, escritores, letrados ou qualquer profissional acostumado com a escrita terão sucesso com seus blogs, visto personagens que se fizeram na internet, como a garota de programa que virou celebridade ao escrever suas experiências na internet. Acho que é isso que vale no final. Ser um bom personagem ou saber contar boas histórias! Mesmo que não tenha um português fluente na escrita (afinal, quem são os Machados de Assis contemporâneos?), uma boa história sempre chama atenção!

Só sei que por falta de uma coluna no jornal O Globo, Estado de São Paulo, Folha, JB, aqui estou eu, a fim de escrever, escrever, escrever, escrever... para quem quiser, puder e tiver a fim de ler. Não tenho a pretensão de ser um Veríssimo da vida, nem um Cony, muito menos um João do Rio, mas se tiver pelo menos o reconhecimento da minha mãe (professora de português e literatura brasileira), já está valendo.