21 de agosto de 2013

Questão de educação



Os cariocas agora devem se preocupar em jogar lixo no chão nas ruas da cidade. Se não há consciência coletiva, o peso no bolso pode mudar a cultura suja de quem vive no Rio. A partir dessa semana, o sujeito que for pego jogando lixo no chão, desde um palito de fósforo até um sofá, será multado pelo guarda municipal.

A novidade vai pegar de surpresa os mal educados de plantão, acostumados a jogar latinha de cerveja pelo ônibus, papel de bala, folders, as necessidades do cachorrinho e qualquer coisa que venha sujar as ruas e, consequentemente, a imagem da cidade. A multa varia de R$157 a R$980. A campanha vem na mesma onda da Lei Seca, que trouxe a cultura para o carioca do “vai de táxi” porque a dor de cabeça para rever sua carteira de habilitação e o carro, além do alto custo da multa, não compensa o risco de ser pego depois da bebedeira da noitada.

Não jogar lixo na rua deveria ser um princípio básico para o cidadão, mas infelizmente não é. A educação não é responsabilidade apenas do ensino escolar, das campanhas institucionais, mas principalmente dos pais e responsáveis. O que adianta a criança aprender na escola como jogar o lixo certo, se os pais jogam na rua o papel de sorvete, que acabaram de comprar para o filho na sua frente? O exemplo é a melhor forma de educar, sempre! 

As campanhas podem intensificar a motivação para população agir de forma correta, mas sem uma mudança de cultura efetiva, qualquer esforço acaba sendo em vão. Agora, a campanha ganha força, principalmente porque é uma ação promocional do Rock in Rio, com apoio da Prefeitura do Rio, mas com o tempo a tendência é cair no esquecimento. Só mesmo com aplicação de multas de forma séria e ordenada a situação das ruas pode mudar.

16 de agosto de 2013

Como no álbum de retrato



Aquele comercial de margarina sempre mostrou uma família feliz. Os irmãos implicam uns com outros, mas são felizes. O marido acorda atrasado para o trabalho enquanto a esposa, desde cedo acordada, já havia preparado a mesa farta para o café da manhã com todos reunidos.

No álbum de aniversário da vovó, todos pareciam também felizes. Na época, todos os netos com suas respectivas namoradas ou esposa, com suas respectivas famílias. Pessoas sorridentes, taças de champanhe, música animando a pista, discursos emocionados, a hora do brinde e depois o parabéns. Estavam todos ali, reunidos e felizes.

Não foi tanto tempo assim. Passaram alguns poucos anos. Mas ao rever esse álbum, parece que o mundo virou do avesso. A música parou de tocar, a bebida acabou, a voz se calou. E aquela família aos poucos se desfez. Não, ninguém partiu. As pessoas são as mesmas, apenas o contexto mudou. Ficou estranho. Como se o bolo tivesse desandado. 

É foi isso... o bolo desandou. Algumas pessoas já não fazem mais parte do ciclo familiar, ou porque namoros foram interrompidos, ou porque a estupidez fez a festa acabar.
Às vezes me pergunto o que aconteceu para o bolo desandar? A receita não estava certa? Havia ingredientes demais? Ou já estava certo azedar o que algum dia já começou errado?

Um dia o mundo realmente parou. Esse dia foi tenso e intenso. Até polícia apareceu para tentar entender a história. E que história! Foi aí que o bolo começou a desandar. Era tanto rancor guardado que a válvula não aguentou a pressão. Foi ódio para tudo quanto é lado. Imagina uma cena de desenho animado, quando o bocão se abre e só sai lixo fedorento lá de dentro. Só porcaria, de baixo nível, com direito a xingamentos e palavrões. Momento vergonha alheia total!

E depois da tempestade vem a...

Não, não veio a bonança. O lixo continua espalhado nas ruas. Os bueiros estão entupidos e a cada enchente é uma agonia, sem saber se as casas serão inundadas com tamanha imundice acumulada há anos.
Hoje cada um vive sua vida, varre seu quintal, mantém a lixeira vazia, portão fechado, grades altas para se proteger. Mas o lixo ainda continua na rua, se é que você me entende. Entende?

Às vezes as metáforas são tão explícitas quanto a veracidade dos meus contos.