20 de março de 2012

De repente 30


Ao completar 30 anos de idade, é natural fazer uma espécie de balanço do que foi conquistado até então.

Alguns seriam capazes de contabilizar os bens materiais e a economia acumulada. O apartamento comprado, o carro zero quitado, o dinheiro aplicado. Dinheiro é bom e todo mundo gosta. Mas eu acho que tem coisa mais importante na vida do que o bem material, afinal, definitivamente não levamos nada dessa vida quando realizamos a passagem. Não acumulei riquezas materiais, mas posso dizer que, graças a Deus, conquistei minha independência financeira.

Alguns preferem contabilizar os títulos conquistados. Anos dedicados aos estudos, às pesquisas acadêmicas, congressos, artigos, publicações... Muita dedicação e empenho para ser chamado de doutor e ser reconhecido. Admiro imensamente essa turma da teoria, dos livros, da especialização, mas confesso que minhas teorias vão muito além de Michel Foucault, Pierre Levy, Umberto Eco (para citar pelo menos alguns teóricos da minha área, Comunicação). Pelo menos posso dizer que me sinto realizado com a profissão que escolhi e procuro ser um bom profissional.

Outros preferem contabilizar as viagens realizadas. São capazes de preencher um mapa mundi com milhares daqueles alfinetes coloridos. Desbravar países, conhecer lugares, pessoas, culturas. Viver experiências nesse mundo, vasto mundo. Não sou um “acumulador de milhas”, mas todas as viagens que fiz foram inesquecíveis, e me proporcionaram experiências incríveis.

Já outros seriam capazes de contar os amores da vida. Aqueles que vieram ao mundo para namorar muuuuito, beijar muuuuito. Se não emendaram um namoro no outro, perderam as contas de quantas conquistaram. Nesse quesito, confesso que fui bem humilde. 

Alguns vão além, e são capazes de contabilizar o quanto curtiram da vida. Para esses, a vida é uma festa! Noites e mais noites regadas a muitas baladas, pegação, bebedeiras. Carpe Diem! E vamos viver intensamente, porque não sabemos se haverá o amanhã! Não vou mentir, quem me conhece, sabe que eu gosto de uma vida social intensa! Mas certamente, sei que não viemos para esse mundo a passeio. Lazer é bom, mas não é o que traçamos na vida.

Então, você me pergunta: o que é realmente importante para mim, capaz de parar e refletir o que conquistei ao longo desses trinta anos?

Eu creio em Deus e em seus ensinamentos. Sei que cada um de nós tem uma missão quando Ele nos deu a oportunidade da vida. Temos ao nosso favor o livre arbítrio e, portanto, temos a liberdade para escolher qual o caminho seguir. Recebemos de nossos pais, principalmente, a base para construirmos o nosso castelo. E diante de tudo aquilo que aprendi, até hoje, tenho absoluta convicção de que nada é mais importante que amar o próximo. Quando somos amados de verdade, tudo que vier depois é consequência. Quando somos amados, conquistamos o respeito, conquistamos a confiança, conquistamos a lealdade, conquistamos o companheirismo, conquistamos até a admiração do próximo.

Hoje, posso dizer que minha maior riqueza são os meus amigos, meus irmãos. É claro que incluo no meu ciclo de amizade meus pais, meus avós, meus irmãos de sangue, minha família, porque todos tem em mim um amigo. E amizade é sinônimo de doação mútua. Como diz a bela oração de Francisco de Assis: “Consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois, é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna.”

Obrigado aos amigos que fiz.

11 de março de 2012

Olhar por cima






Sempre tive o sonho de voar de helicóptero, principalmente no Rio de Janeiro. Essa semana tive esse sonho realizado porque pude acompanhar uma sessão de fotos aéreas pela cidade. Aproveitei para levar minha câmera, mas infelizmente, como sou inexperiente, demorei um pouco para escolher a melhor opção na máquina. As primeiras fotos ficam bem ruins, porque pegou o reflexo do vidro.





Detalhe: antes de levantar vôo, o comandante me explicou como abrir a porta do helicóptero durante o vôo para fotografar melhor. Mas confesso que não tive coragem de abrir...

É clichê falar isso, mas a cidade do Rio é mais bonita vista por cima. Quem já viajou de avião, sabe o que estou falando. Mas o vôo de helicóptero proporciona uma vista com mais detalhes, bem próximo. Quem vive no Rio, conhece diversos pontos e o olhar por cima faz reconhecer esses pontos de um novo ângulo, o que é mais interessante ainda. Ver as favelas por cima, ver a orla pelo mar, passar pela ponte Rio-Niterói abaixo do seu nível... não tem palavras.


Mas uma coisa me surpreendeu: o enjôo. Para pegar o melhor ângulo, a melhor luz e a melhor posição para fotografar, o comandante foi obrigado a realizar vários giros, às vezes rápido demais, o que traz uma sensação de enjôo ruim. Eu que ainda tenho labirintite, ainda senti a tontura mesmo após o vôo. Mas nada disso tirou o prazer e a grande satisfação de voar!

2 de março de 2012

A Vida da Gente


Meu saudoso avô, depois que se aposentou, tinha o hábito de assistir às novelas de TV. Muitas ele não perdia tempo e deixava de acompanhar logo no início, quando achava uma história boba, sem graça. Já outras, ele acompanhava tão seriamente, que era capaz programar suas saídas antes ou depois da novela.

Eu acho que puxei esse gosto dele. Sou noveleiro, mas não é qualquer folhetim que me agrada. Mas ultimamente, duas novelas me chamaram atenção não só pelas suas histórias como também pelo formato. A primeira foi Cordel Encantado, que realmente encantou o público da novela das seis. Apesar de ser um verdadeiro conto de fadas, com uma história fantasiosa e bem leve, o elenco era excelente, o enredo muito bem amarrado e a fotografia linda, assim como figurino de época.

E toda vez que uma novela de sucesso acaba, sempre fica no ar “será que a próxima será tão boa quanto?”. Pois a novela “A Vida da Gente”, apesar de uma história complexa, que envolvia um triângulo amoroso de quase irmãos – o que seria um enredo no mínimo arriscado para o horário –, também agradou muito seu público.

Coincidência ou não, as duas novelas foram escritas por autoras ainda não muito conhecidas: Thelma Guedes e Duca Rachid (Cordel) e Lícia Manzo (A Vida da Gente). Isso mostra que a renovação na televisão brasileira está dando bons frutos, porque são novas concepções e formatos que dão certo (mais até que novelas de autores badalados).

E por que do sucesso? Uma novela que tem em suas falas frases que nós gostaríamos de dizer para certas situações, ou de questões que paramos para refletir e às vezes tem a ver com momentos da nossa vida, no passado ou no presente.

A trama principal envolvia duas irmãs e um irmão de criação. No primeiro momento, dois irmãos resolvem assumir uma paixão resguardada, ela acaba grávida, se afasta dele no momento que nasce a criança, mas logo depois sofre um trágico acidente que lhe deixa em coma por muitos anos. E justamente nesse período é que sua irmã se aproxima do pai da criança e surgi um novo amor. A família estava perfeita, quando a irmã acorda do coma e reassume sua vida, sua filha e... sua antiga paixão. O conflito amoroso rende bons capítulos, prende o público, cria torcidas rivais das irmãs. No final, os três se separam e quem mais sofre é a pequena Júlia. A autora resolve então terminar o folhetim reunindo, de forma “torta” (como diz velho ditado: “Deus escreve certo por linhas tortas”), graças a uma doença grave da filha, os três novamente. Mas os três protagonistas chegam ao final já maduros, depois de passarem por transformações íntimas. Outros personagens entram na trama e contribuem para essa mudança.

Paralelo a tudo isso, a autora ainda trata de forma consistência e inteligente separações dolorosas, filhos criados sem amor dos pais, relacionamentos ciumentos e inseguros na terceira idade, imaturidade de homem sonhador que não consegue sustentar a própria família, filho que se torna órfão e aprende a conviver com a madrasta imatura, dentre outros. São assuntos tensos, drásticos, mas sempre abordados com tom de realidade.

As mães severas (e megeras) vividas pelas atrizes Ana Beatriz Nogueira e Gisele Fróes mostraram que nem todas as mães são amáveis e compreensíveis (assim como a descuidada e fútil Cris, vivida por Regiane Alves), por outro lado a novela mostrou como é importante a relação entre avós e netos, como a brilhante Iná (Nicette Bruno) e suas netas.

Outro ponto alto da novela foi a escolha da cidade de Porto Alegre como cenário da trama. Mais uma vez, fugiu do comum: Rio de Janeiro ou São Paulo, mostrando belas paisagens do sul brasileiro.


A vida da gente tem todos esses dramas, conflitos, dúvidas, desapegos, amores, decepções, relacionamentos, amadurecimento, perdas. Podem não acontecer tudo ao mesmo tempo, mas são fatos da vida.