16 de agosto de 2013

Como no álbum de retrato



Aquele comercial de margarina sempre mostrou uma família feliz. Os irmãos implicam uns com outros, mas são felizes. O marido acorda atrasado para o trabalho enquanto a esposa, desde cedo acordada, já havia preparado a mesa farta para o café da manhã com todos reunidos.

No álbum de aniversário da vovó, todos pareciam também felizes. Na época, todos os netos com suas respectivas namoradas ou esposa, com suas respectivas famílias. Pessoas sorridentes, taças de champanhe, música animando a pista, discursos emocionados, a hora do brinde e depois o parabéns. Estavam todos ali, reunidos e felizes.

Não foi tanto tempo assim. Passaram alguns poucos anos. Mas ao rever esse álbum, parece que o mundo virou do avesso. A música parou de tocar, a bebida acabou, a voz se calou. E aquela família aos poucos se desfez. Não, ninguém partiu. As pessoas são as mesmas, apenas o contexto mudou. Ficou estranho. Como se o bolo tivesse desandado. 

É foi isso... o bolo desandou. Algumas pessoas já não fazem mais parte do ciclo familiar, ou porque namoros foram interrompidos, ou porque a estupidez fez a festa acabar.
Às vezes me pergunto o que aconteceu para o bolo desandar? A receita não estava certa? Havia ingredientes demais? Ou já estava certo azedar o que algum dia já começou errado?

Um dia o mundo realmente parou. Esse dia foi tenso e intenso. Até polícia apareceu para tentar entender a história. E que história! Foi aí que o bolo começou a desandar. Era tanto rancor guardado que a válvula não aguentou a pressão. Foi ódio para tudo quanto é lado. Imagina uma cena de desenho animado, quando o bocão se abre e só sai lixo fedorento lá de dentro. Só porcaria, de baixo nível, com direito a xingamentos e palavrões. Momento vergonha alheia total!

E depois da tempestade vem a...

Não, não veio a bonança. O lixo continua espalhado nas ruas. Os bueiros estão entupidos e a cada enchente é uma agonia, sem saber se as casas serão inundadas com tamanha imundice acumulada há anos.
Hoje cada um vive sua vida, varre seu quintal, mantém a lixeira vazia, portão fechado, grades altas para se proteger. Mas o lixo ainda continua na rua, se é que você me entende. Entende?

Às vezes as metáforas são tão explícitas quanto a veracidade dos meus contos.

2 comentários:

Biessa disse...

A bonança às vezes demora, mas chega. Beijos amigo!

Liza disse...

Mesmo quem não jogou o lixo no chão pode ajudar a recolher...

bju