30 de novembro de 2007

Eduardo e Mônica se separam

E quem um dia ‘iria’ dizer... que esses dois iriam se separar?
Pois é, nesta onda de separações, a crença do casamento perfeito está com os dias contados. Os dois resolveram se separar.

Enquanto a Mônica alegava falta de maturidade do Eduardo, este reclamava do comportamento intransigente dela. O casamento não estava indo bem de alguns anos pra cá. Na verdade, desde quando resolveram morar em Brasília. Um lugar seco, distante de tudo e de todos. As despesas estavam aumentando, apesar do Eduardo ter conseguido um emprego bacana no gabinete de um deputado, amigo da família.

Mônica estava insatisfeita com aquele esquema “escola (dos filhos), cinema, clube e televisão”. Os lugares eram os mesmos, as pessoas eram as mesmas, e os papos também. Até que ela gostava de falar sobre o Planalto Central, mas a roubalheira era tanta, que até isso virou rotina em sua vida.

E os gêmeos? Estão na fase “aborrecentes”. Acham que podem tudo, afinal, estão na terra dos poderosos. A mãe acha que é influência dos amigos, filhos dos políticos. Ao contrário do pai, que com a idade deles só sabia jogar futebol de botão com seu avô, os meninos querem saber só da balada, da bebedeira, das festinhas regadas a red Bull e whisky doze anos dos pais.

Eduardo pouco parava em casa. Estava sempre atendendo a um chamado do deputado. Ora para arranjar viagens inesperadas, ora pra arrumar reuniões de emergência com os empresários amigos do chefe. Por isso, mal dava conta da sua vida. Pagava as contas de casa, comprava uns agrados pra esposa. Quando pôde tirar férias, levou a família toda pra conhecer a Disney (seu sonho de infância), porém, não tomava conhecimento dos problemas do lar. Na verdade, era um pai ausente.

Mônica sempre tentava uma conversa entre eles, mas Eduardo nunca tinha tempo. Mônica cansou. Seu sonho não era viver como dona de casa, cuidando dos gêmeos, paparicando o marido e convivendo com socialites da terra seca de JK. E seus cursos de astrologia, meditação, arte contemporânea? Tudo ficou para trás.

Então, eles resolveram pôr fim ao casamento que já durava anos. É claro que o afeto que sentiam um pelo outro era muito forte. Aquelas lembranças de como eles se conheceram, naquela festa estranha com gente esquisita, ainda guardavam com carinho.

Muitos duvidaram na época desse romance, afinal, eles eram muito diferentes. E ainda são: ela com 42 e ele de capricórnio.

Mônica voltou para o Rio, sozinha. Deixou os filhos com Eduardo. Ele está procurando a terceira empregada da casa, pra dá conta dos gêmeos. Eduardo vem ao Rio nas próximas férias visitar Mônica. Vão matar um pouco as saudades. Mas, infelizmente, esse casal não se completa mais, que nem feijão com arroz.

“E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?”.

29 de novembro de 2007

Relações Humanas



A mente humana é uma máquina que opera de forma ininterrupta. Na maior parte do tempo, ela funciona bem. Não ao seu máximo, mas de forma plausível e sustentável. Porém, às vezes, ela falha. E quando falha, parece que não tem jeito. Junta tudo e joga fora, mesmo que amanhã ela volte a funcionar um pouco melhor.

Metáfora difícil? Vejamos. Todos os dias você mantém uma certa rotina. Acorda, se arruma, vai para o trabalho (faculdade, curso etc), trabalha durante o expediente (e até mais que o previsto), volta pra casa ou faz alguma atividade extra (academia, curso, cinema etc). Imagina se essa rotina fosse feita completamente sozinha, sem ninguém ao seu redor, como se você vivesse isolado de todos. Ok, aí sim você seria realmente uma máquina. Afinal, você apenas estaria executando uma operação, mecanicamente.

Mas nós não vivemos assim. Ao acordar (caso não more sozinho), você depara com as pessoas que dormem sob o mesmo teto: pai, mãe, avó, avô, tio, irmão, irmã, esposa, namorida, amigo e por aí vai. Depois no trabalho você encontra seus colegas de labuta: gente tranqüila, outra um pouco nervosa, outra calma demais, outra super simpática, outra nem tão receptiva assim, outra caladona, outra fofoqueira, outra desligada, outra estressada, enfim: pessoas. E aí que eu quero chegar! Somos seres humanos, ou melhor, máquinas humanas que, muito além de executar seus procedimentos rotineiros, pensam! Pensam e agem! Mais que isso: têm sentimentos! Entretanto, todavia, contudo, porém... falham! E como falham!

Uma resposta atravessada, uma atitude egoísta, um descuido comportamental, uma explosão de idéias podem afetar diversas relações entre familiares, amigos, colegas de trabalho e estranhos.

Exemplos? Podíamos citar vários. Casamentos desfeitos, relações profissionais de coleguismo prejudicadas, amizades abatidas e ressentidas e por aí vai. Onde está o erro? No ser humano, certamente. É justamente nisso que incomoda tanta gente. As pessoas não podem errar, pelo menos as outras. Nós, sim! Nós erramos sempre, apesar de não aceitarmos isso, ou pelo menos não enxergamos isso.

E tudo isso me faz refletir sobre como as pessoas encaram os erros dos outros. As nossas relações são muito instáveis. Se um dia você é uma ótima pessoa, boa companhia, amigo leal, colega de trabalho maravilhoso, amanhã você não presta, é falso, egoísta etc. Tudo por conta, às vezes, de uma atitude imatura ou impensada.
Algumas preferem pensar: "você é meu amigo, até que pise no meu calo. Não vacila comigo, porque se eu sou bom como amigo, sou muito melhor como inimigo"! Tenho medo de pessoas assim.

Estamos aqui pra aprender com o próximo e saber conviver com as diferenças dos outros. Nem tudo de você me agrada, assim como eu não te agrado sempre. Somos chatos, egoístas, sensíveis, carentes. Mas com certeza, seus valores, suas qualidades é que prevalecem, porque gosto de você e porque quero seu bem.
Em alguns casos, os erros são corrigidos, então, há solução: um perdão sincero, uma reconciliação calorosa, um abraço de compreensão. Já outros casos, os erros persistem e aí não "têm jeito”, deve haver um rompimento. Em outros, eles são escamoteados, ou no melhor da expressão, varridos para debaixo do tapete, até a próxima faxina!

Seja como for, o homem é capaz ou não de perdoar a falha humana. Mas para perdoar, de verdade, é preciso que haja comprometimento de melhora, da parte de quem erra ou, às vezes, mútua.

Diante de uma reflexão barata das múltiplas e complexas relações humanas, só sei que nós não vivemos sozinhos. O homem é um ser sociável por natureza. Se as relações são difíceis, não devemos perder o equilíbrio e a paciência. Saber escutar mais que falar é importante, porém sem deixar de se posicionar (mesmo que você não saiba como agir). A sinceridade deve prevalecer, procurando a maneira mais educada para praticar essa máxima. Enxergar as coisas boas que o próximo pode nos oferecer. E tentar ao máximo perdoar o semelhante porque somos dignos de falha. E quando a máquina falhar, não crie problemas, pense em soluções, sempre.

22 de novembro de 2007

Padrinhos em fuga

Você é convidado para ser padrinho do casamento do seu grande amigo. Porém, esse casamento será em São Paulo. Beleza. A turma se anima, afinal, é o primeiro do grupo a se casar! Agitamos a viagem, com hotel, passagem, presente, aluguel de roupa! Vamos para Sampa!

Nós seis pegamos o ônibus às 6h40 da manhã de sábado – dia do casório. Chegamos por volta de 12h30, pegamos o metrô, deixamos as malas no hotel e saímos para almoçar! A minha madrinha descobre que tem um salão onde a noiva tinha reservado para suas madrinhas se prepararem! Então, minha madrinha nos abandona no almoço e vai direto para o salão.

Um recado importante: os noivos já tinham nos avisado que haveria vans para levar todos os convidados hospedados no mesmo hotel, e que a primeira van seria exclusivamente para os padrinhos. Horário de saída: às 16h! Grave bem esse horário: 16h! Lembrando que o casamento estava marcado para 17h.

Pois bem, depois de almoçarmos tranquilamente, seguimos para o hotel e já começamos a nos preparar para a grande noite! Exatamente às 16h, eu estava pronto, vestindo meu meio fraque alugado, descendo o elevador para o encontro dos padrinhos na recepção do hotel.

Estavam QUASE todos lá, menos a minha companheira. Ligo para seu quarto e tenho a informação que ela ainda não tinha voltado do cabeleireiro. Começo a ficar um pouco tenso. A primeira van deixa o hotel e segue para a igreja. Penso: não tem problema, pegamos a próxima, certamente.

16h30. Depois de subir novamente para meu quarto, a fim de amenizar a tensão pré-casório, volto a ligar para o quarto de minha companheira. Mais uma vez, a notícia ainda não é boa! Ela ainda não chegou.

A lógica dizia: “liga para o celular dela, vai até o salão. Tenta resgatar essa menina das garras daquela bicha louca que está fazendo o bolo de noiva em sua cabeça”! Calma, tento apenas a primeira parte. Liguei para o celular, mas não tive sucesso. Resolvo descer novamente. O irmão dela resolve tentar a segunda parte. Corre atrás dela.

De repente, surge minha amiga no final da rua do hotel. Embaixo de uma pequena garoa, surge ela linda, cabelo feito, bastante laqueado, maquiagem de miss e... descalça. Desesperada, ela desce a ladeira de forma desgovernada, com as sandálias nas mãos e gritando muito. O quadro era lamentável!

16h45. Minha linda madrinha chega ao hotel para ainda se arrumar! Sem tomar banho, apenas molha as axilas, lava os pés, coloca seu perfume especialmente selecionado para ocasião e enfia o vestido, com ajuda das três amigas. Pronto. Ela desce.

16h55. Todos já prontos procuramos a última van que nos resta para chegarmos à igreja. Vale lembrar que outra madrinha perdida no spray do cabeleireiro também chegou atrasada na van dos padrinhos e, portanto, nos acompanhava na aventura que se tornou o que eu chamo: “padrinhos em fuga”!

Já acomodados na van, seguimos rapidamente para igreja, que aparentemente era próximo do hotel. O motorista entra em uma rua, vira à direita, segue a ladeira, vira à esquerda, direita, esquerda, esquerda, para. Bem, você pensa, o caminho não é fácil, não é mesmo? Ainda bem que tem um motorista para nos levarmos.

O motorista segue a rua, e continua virando à direita, virando à esquerda, direita, esquerda, sobe, desce, para. Resolve entrar em um posto. Aflição aumenta. O celular do noivo já tocou duas vezes, já avisamos que estamos a caminho. Todo casamento atrasa um pouquinho. Queremos acreditar nessa máxima. TODO CASAMENTO ATRASA UM POUQUNHO. Ok, voltemos para situação.

“Por favor, moço, você sabe onde é esta igreja aqui?”! Pára tudo! Você tem idéia de que o motorista, que foi contratado APENAS para levar os convidados do hotel para igreja e da igreja para festa, não sabia o caminho? Como essa criatura não sabia o caminho? Como? A última van que segue para o casamento contendo dois casais de padrinhos atrasados e desesperados tem um motorista que NÃO SABE O CAMINHO!!!!

O outro padrinho toma uma atitude. Vamos de táxi, pelo menos nós padrinhos. Isso. Paramos um táxi e a pergunta foi direta: “você sabe onde fica essa igreja?”. “Claro, é próximo daqui”, respondeu o profissional. “Então voa para lá, porque o casamento já começou!”. Ao seguirmos para igreja, o motorista esperto nos seguiu.

17h15. Os padrinhos perdidos, desesperados, descabelados, desamparados e desolados chegam ao local! Entramos. Os noivos já estavam no altar! O outro casal resolve subir no altar, passando pela pequena cerca que separava o altar dos fieis, ou seja, passa exatamente atrás dos noivos. Fazemos o mesmo. Quando conseguimos alcançar o nosso posto, os noivos dizem: SIM!

21 de novembro de 2007

Jogo de Cena



O cenário é um teatro, as personagens são reais e o público é você. O que pode parecer uma peça teatral na verdade se trata de um filme. Um filme-espetáculo. Parece ser um documentário, e é. Só um parêntese: entende-se por documentário aquilo que não é ficção, certo? Errado. É justamente essa confusão do que é realidade ou ficção que o grande diretor de documentário, Eduardo Coutinho, faz com seu espectador. As histórias são contadas pelas personagens reais, ou seja, aquelas que viveram seus dramas, seus romances, suas tragédias, suas comédias. Entretanto, o jogo de cena está na mistura de atrizes, famosas ou não, com as atrizes reais. Chamo de atrizes reais porque estas realmente encenam suas histórias, até mais que algumas atrizes.

Dois pontos são interessantes comentar. Primeiro são a reação e o comportamento inesperados das atrizes famosas no momento em que interpretam suas personagens. Em busca da “veracidade” dos fatos, sem tender para o dramático, elas se sentem estranhas. Vamos lá, vou explicar. Quando Andréia Beltrão interpreta uma mulher que perde seu filho depois de nove meses de gestação, ela não consegue conter uma emoção que está pra além da personagem, porque ali, naquele momento, ela, a atriz, se emociona com a história de sua personagem. Essa emoção atrapalha o raciocínio e aquilo que deveria ser valorizado (o choro), pra ela passa ser falso, forçado, porque não é a personagem e sim ela quem chora!

Já Fernanda Torres não consegue nem completar o raciocínio, porque, de forma estranha para ela, é como se a memória da personagem tomasse conta da atriz, antes do texto decorado. É confuso mesmo. Até pra ela, que demorou para explicar no filme esta sensação.

Marília Pêra parece ser a mais profissional das três, porque não transparece tanto esse sentimento de desconforto. Depois de interpretar, ela conta ao Coutinho, assim como as outras, qual foi sua sensação durante a encenação. Segundo Marília Pêra, o choro – tão importante para o ator, sobretudo o de televisão – foi um fator de risco naquele momento. Isso porque, como bem apontou a atriz, o ser humano, de um modo geral, não gosta de chorar em público e por isso tenta ao máximo esconder suas lágrimas. Talvez seja uma forma de não demonstrar uma possível fraqueza diante do receptor. Mas então, se naquele momento em que ela, como atriz, acha que o choro poderia consolidar a história emocionante, ao mesmo tempo este choro pode soar falso, porque não parte da personagem, mas sim da atriz (mais uma vez).

O segundo ponto interessante do filme é a importância do sonho para as pessoas. Em histórias diferentes, três mulheres contam como um determinado sonho transformou ou apenas confortou suas vidas, depois da morte de um ente querido. O sonho mediúnico – aquele em que temos a oportunidade de reencontrar pessoas que desencarnaram, por exemplo – realmente traz a resposta para muitas questões. Esse reencontro com pessoas queridas geralmente nos proporciona um conforto espiritual, algo inexplicável para quem nunca passou por tal experiência.

Mais uma vez, Coutinho aposta o sucesso de seu filme nas histórias contadas, neste filme especificamente, em dose dupla. Algumas pessoas têm certo preconceito com documentário. Acham chatos, monótonos, sem graça, sem emoção. Me lembro que quando assisti meu primeiro documentário (sem saber que estava assistindo a um), ficava perguntando internamente quando o filme ia começar de fato. Quando a história ia começar. De qualquer forma, para esses que não conhecem ou ainda não gostam desse tipo de linguagem cinematográfica, o filme vale a pena ser visto. Antes de tudo, porque o ser humano é um personagem riquíssimo e dispensa qualquer cenário, trilha sonora e efeitos especiais.

15 de novembro de 2007

Simpatia ou quase amor?

Que sensação estranha é essa sem saber o que sentir, o que falar? A sensação de que você não sabe como reagir, como agir a um comportamento de simpatia quase amor. O corpo pede explicações.

Por tanta empolgação? Ah, é a dança. É o momento. Música alta, clima de festa, descontração. Pessoas eufóricas. Mas aquele olhar, aquela atenção não é comum... não pode ser comum.

“Este seu olhar, quando encontra o meu, fala de umas coisas que eu nem posso acreditar. Doce é sonhar, é pensar que você gosta de mim, como eu de você. Mas a ilusão, quando se desfaz, dói no coração de quem sonhou, sonhou demais. Ah! Se eu pudesse entender o que dizem os teus olhos”.

Daí vem o day after! E agora? Será a mesma sensação?
Nem sim, nem não.
Um comentário alheio te faz pensar... será que é só simpatia?

“Ele é um fofo!” Daí penso: “fofo é o cacete!”! Chega de ser fofo. Quero atitude, preciso mais que isso! “Ah eu preciso ser amado! Ser amado pra valer!”

Mas vamos aos poucos...
Pode ser só o começo.

Ainda é cedo pra achar que tudo está perdido.
Só tive vontade de me expressar, pra variar. Portanto, entenda como um desabafo infame, embaraçado, torpe.

8 de novembro de 2007

Então acabou...



Ela
Entre nós deve haver sinceridade.
Eu não sei o que é que você tem,
Que não me beija nem me procura
Eu tenho medo de perder alguém,
De quem espero que aquela jura não tenha ido para mais ninguém

O silêncio é uma tortura
Alguma coisa se perdeu
Você já não me olha como antes com ternura
Só falta me dizer adeus, adeus.

Ele
Esquece nosso amor, vê se esquece,
Porque tudo no mundo acontece.
E acontece que já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio.
E nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo
Ah, se eu pudesse!
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.

Ela
Uma vez você falou
Que era meu o seu amor
E ninguém mais vai separar você de mim
E agora você vem dizendo, adeus
Que foi que fiz
Pra que você me trate assim
Todo amor que eu guardei
A você eu entreguei
Eu não mereço tanta dor, tanto sofrer
Agora você vem dizendo, adeus
Que foi que eu fiz
Pra que você me trate assim
Toda ternura que eu guardei
Ninguém no mundo vai te ofertar
E os seus cabelos só eu sei afagar
O meu pobre coração
Já não quer mais ilusão
Já não suporta mais sofrer ingratidão
Agora você vem dizendo, adeus
Que foi que eu fiz
Pra que você me trate assim

Ele
É só isso,
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte

Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz

Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha

Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais

So many special people in the world

Alguns anos depois...

Ela
Você, que tanto tempo faz,
Você que eu não conheço mais
Você, que um dia eu amei demais
Você, que ontem me sufocou
De amor e de felicidade
Hoje me sufoca de saudade.

Você, que já não diz pra mim
As coisas que eu preciso ouvir
Você, que até hoje eu não esqueci
Você que tento me enganar
Dizendo que tudo passou
Na realidade, é que em mim,
Você ficou
Você que eu não encontro mais
Os beijos que já não lhe dou
Fui tanto pra você
E hoje nada sou


Músicas: Pra mais ninguém; Acontece; Ternura, Boa Sorte; Você

6 de novembro de 2007

Prêmio Contigo de Teatro – "EU FUI!"


O convite chegou por acaso, pra variar numa conversa de bar: “gente, eu tenho convite para ir ao prêmio Contigo de Teatro na segunda”! “Nossa, que legal! Vai com quem?”, “Não tem ninguém ainda, quer ir?”, “Claro! Vamos ver os artista tudo”!

Segunda-feira chuvosa de 5 de novembro, vamos para o Arquivo Nacional, no centro do Rio. A chegada era triunfal, vários seguranças na porta, curiosos de plantão atentos aos famosos da noite, tapete vermelho, fotógrafos, escadaria e... Silvio e Vesgo prontos para atacar! Vestidos de Romeu e Julieta, os dois não pouparam nem os anônimos! Pronto, começamos bem a noite.

- Olha quem está vindo! Mas afinal, quem são eles?
- O que é a falta de celebridades neste evento, não é mesmo, Silvio?

Então, Vesgo olha para minha boca, que graças a esse tratamento medonho do rosto, me proporciona um visual à lá Mick Jagger.

- Você usa Gloss? Genti, eu já vi de tudo nessas festas, mas nunca um homem usando Gloss!
- Não, isso é um tratamento que estou fazendo e...
- Olha, Silvio, acho que ficou uma graça! Mas vem cá, o que você faz? É do teatro?
- Sou jornalista.
- Gente, corta! Isso não está rendendo, pára de gravar.

Nisso, Silvio resolve levantar o vestido de Julieta e prende o vestido em mim, como se fosse uma capa e me acompanha até a entrada o salão. Sim, ao levantar o vestido, ele ficou de cueca para câmera atrás de mim.

Como eu não sou celebridade e ainda estava no início da noite, muito pouco provável que esta cena lamentável seja exibida no próximo Pânico.

Depois de receber uma das famosas pulseirinhas coloridas (as dos artistas eram pretas, a nossa era verde, de patrocinador! Entendeu, né? Nós éramos patrocinadores da festa!), entramos no jardim interno do Arquivo, muito bem decorado para grande noite! “Uma noite M-A-R-A-VI-L-H-O-S-A e I-N-S-Q-U-E-C-Í-V-E-L”, como enfatizaram depois as MCs da premiação, (mestre de cerimônia, para quem não entendeu) Fernanda Torres e Lílian Cabral.

Realmente foi inesquecível. Você pode não ser famoso, mas só por estar bem vestido, sorridente, com prosecco na mão e no meio dos artista tudo, as pessoas já te olham diferente, afinal: “quem podem ser estes?”. Ali não era um show do U2, não era um jogo da Seleção no Maracanã, não era o camarote da Brahma, não era o Fashion Rio da Gisele, era um noite do teatro, “formadores de opinião”, como (mais uma vez) enfatizaram as MCs (não vou repetir o que isso significa).

Nomes como: Dercy Gonçalves, Bibi Ferreira, Augusto Boal, Joana Fomm, Marieta Severo, Miguel Falabella, Wolf Maya, Diogo Vilela, Edwin Luis, Zezé Polessa, Ney Latorraca. Os globais também compareceram, entre Edson Celulari e Claudia Raia, Carolina Ferraz, Débora Falabella, Lázaro Ramos. O resto você vê na revista da Contigo!

Mas o clima é realmente de Estrelas! Fotógrafos e meus colegas de trabalho correndo atrás literalmente dos artistas, fazendo perguntas super originais “O que você acha sobre a criação deste prêmio? Qual a importância deste prêmio para o artista? Qual sua expectativa?”. Claudia: “eu acho sensacional um [oi querida! Você por aqui!] prêmio como esse! Afinal [nossa, como você está linda! Já falo com você, só um minuto] o teatro brasileiro precisa ser valorizado e... [ai que bom te ver aqui! Opa, já está na hora de sentar?], eu estou concorrendo a um prêmio muito específico (de Melhor Musical na Versão Brasileira), então... [meu bem (para Edison) precisamos ir para lá, vamos!] já está bom? Ah obrigada!”

Enquanto isso, entre uma lagosta com ovas de salmão, tortilha de abacate com tomate seco, rolinhos de salmão defumados com cream cheese, eis que encontramos um conhecido! Não, não era artista! Era um conhecido nosso que estava trabalhando na festa! Depois do encontro, minha amiga solta “agora que eu sou amiga do garçom, vou pedir mais prosecco!” O problema é que ele só servia a bebida patrocinadora da festa!

E por falar no patrocinador da festa, Ney Latorraca em sua participação durante a premiação:

- Quero dizer aqui para vocês que eu não estou comendo mais. Não bebo mais. Agora, eu só vivo de H2O! Só bebo H2O! (aplausos para o patrocinador!!!!).

- E viva o teatro brasileiro, em um país onde o nosso presidente nunca foi ao teatro, vamos comemorar mais esse prêmio Contigo, patrocinado pelo H2O!

É engraçado poder presenciar um pouco esse mundo da fama, principalmente sendo um mero observador.

No final, aplausos para aqueles que trabalham no anonimato, entre taças de prosecco, vassouras na mão, blocos e caneta na mão e câmera. Afinal, por trás de um grande espetáculo, há uma grande produção!

Detalhe para minha foto: “o que é mais importante: o troféu ou o patrocinador?”

http://contigo.abril.uol.com.br/hotsites/teatro/index.shtml

4 de novembro de 2007

Ópera Popular!

55 bailarinos, 600 figurinos, 155 imagens e mais de duas horas de espetáculo. E que espetáculo! Viva Brasil – uma ópera popular à primeira vista pode-se pensar: “mais um espetáculo para gringo ver”. Certamente agrada muito esse público, mas chama atenção também de nós brasileiros.

O show nos convida para uma viagem aos nossos antepassados, de forma simples e simbólica, através de representações de várias épocas de nossa história, desde o descobrimento até a independência do país. O que impressiona é a fidelidade em que os bailarinos seguem às diversas influências que recebemos, principalmente dos índios e dos negros!

Segundo o seu criador, o coreógrafo Jaime Arôxa, Viva Brasil tem como proposta de sua produção a autenticidade da representação de cada cultura, no perfil de cada personagem, no respeito aos ritos de cada povo e no cuidado com os figurinos. Com isso, enxergamos índios em sua essência, nus, pintados, ritmados, simbólicos, com todos seus rituais. Vimos negros, com seu gingado peculiar, sua força, sua batida de tambor, sua capoeira, seus deuses, seu candomblé. Encontramos portugueses, elitizados, refinados, delicados, soberbos e aristocratas. Vimos brasileiros oriundos da miscigenação, mistura de cultura, de cor, de ritmos, de paixões.

É essa diversidade cultural que é bem representada pelos 55 bailarinos, misturados em amazonenses, gaúchos, nordestinos, cariocas. Em cada região do país, um estilo, uma música, uma batida, passos sincronizados.

São profissionais talentosos ao extremo, no limite do que o corpo é capaz de fazer! Surpreende-se com a marcação e sustentação do ritmo acelerado do coco, do xaxado, do samba e principalmente do frevo. Sensacional.

O repertório musical vem resgatar cânticos regionais pouco conhecidos pela maioria. Esse é o melhor ganho do espetáculo, a sensação de que você, como brasileiro, pouco conhece sobre sua história, sobre sua cultura, sobre seu país. A grandeza deste país te impede de conhece-lo por completo. O Brazil não conhece o Brasil, porque este é feito de vários Brasis. Brasil que vale a pena conhecer, porque é rico demais!

O clássico “vai passar” de Chico Buarque encerra o espetáculo em grande estilo, afinal, passa-se de fato um samba popular para relembrar os ancestrais!

Um grande espetáculo tem seu preço, e um preço alto por sinal! O ingresso não sai menos que R$80, meia R$40. Preço para gringo ver! Quem sabe mais tarde, depois que os cruzeiros do verão carioca deixarem o nosso porto, este show se torne de fato Uma ópera Popular? O povo brasileiro agradece!

http://veja.abril.uol.com.br/vejarj/roteiros/danca.html

2 de novembro de 2007

Um sonho especial

A morte não existe. A nossa morte terrena representa apenas a passagem de um lugar para outro. Para uns, um lugar de paz, de muito trabalho e de muitos amigos. Para outros, um lugar nem tão agradável assim, um pouco confuso, escuro. Nós escolhemos qual lugar iremos depois daqui, mesmo que inconsciente. Para quem ainda está neste mundo, hoje é um dia para pensarmos naqueles que partiram. Para esses, oremos a fim de proporcionar a esses luz e conforto.

Hoje, publico um texto que escrevi em março deste ano sobre um sonho especial.

Rio de Janeiro, 24 de março de 2007.

Depois de exatos dezoito dias de tristeza, tive uma manhã feliz. Uma felicidade estranha porque ao mesmo que me confortou, me trouxe a saudade apertada, doída. A mesma saudade que senti no dia em que ele se foi. Foram dezoito dias de muita dor, porque não havia resposta do outro lado. Só a lembrança daquilo que ficou.

Mas hoje ele veio me ver. E veio da maneira mais sublime e delicada que alguém pode fazer depois que faz sua passagem. Veio através de um sonho mediúnico, em que sua presença foi tão real que não pareceu sonho - algo palpável, às vezes fantasioso, às vezes real. Foi um encontro gostoso, caloroso e, por que não, carnal?

Encontrei-o sentado em um banco de madeira, pintado de verde, desses que encontramos em um jardim. O lugar parecia familiar, como se fosse um playground. Não reparei em detalhes, porque só tinha olhos pra ele. Ele era meu foco, meu guia, minha luz. Ele estava bem ali, diante dos meus olhos, com aquele sorriso no rosto. Um sorriso largo, gostoso, como ele sempre tinha quando eu chegava a sua casa.

Minha alegria era tanta em vê-lo, que eu, eufórico, corri em sua direção. Logo quando me aproximei, tive vontade de apertar suas bochechas e assim o fiz. Nossa, que alegria! Vi seu rosto ficando vermelho, como sempre ficava quando se sentia abraçado, beijado, feliz. E ele estava. Estava transbordando uma felicidade serena, calma, confortante, de uma pessoa que estava bem, equilibrada. Sua voz parecia firme, assim como seu abraço que me deu logo em seguida. "Oh meu filho! Eu estou bem!" e voltou a me abraçar forte, com aqueles braços grossos, firmes! Que abraço gostoso. Que força! Que energia! Era esse meu avô! Meu avô de sempre! Aquele que me abraçava de forma bruta, mas ao mesmo tempo, carinhosa e delicada! "Ah bruta flor do querer!"

Em seguida continuou dizendo: "Rezem por mim, meu filho. Eu estou bem, muito bem. Vocês conhecem isso aqui muito melhor do que eu! Mas estou bem".

A minha euforia era tanta que da alegria estonteante veio a bruta saudade, aquela que me fez chorar ininterruptamente. A emoção foi mais forte do que eu. E do meu grande sorriso, veio o choro compulsivo, de alegria e de tristeza. Alegria por estar diante da pessoa que mais desejei revê-la nesses últimos dias. Tristeza por saber que eram apenas momentos e que ele realmente não voltaria mais para cá, entre nós.

Mas só em estar ao seu lado, sentir sua presença, poder apertar suas bochechas rosadas, sentir seu abraço forte, ver seu sorriso largo, já me fez pensar que ele realmente está ali, aqui, entre nós. Ele esteve presente. E tenho certeza disso.

Conforme a emoção me prevalecia, minha visão se desfazia e com ela seu rosto, seu corpo. Só ouvia sua voz, querendo dizer mais coisas. Infelizmente, não compreendia tudo que falava. Ouvia frases soltas, que queriam me dizer algo, mas não conseguia mais entender. Havia ruído, um ruído que não me deixava entender sua mensagem. As poucas coisas que entendia eram "rezam por mim"... "eu estou bem"... mas eram frases soltas.

Meu grau de vibração já não me permitia vê-lo, nem ouvi-lo direito, mas ainda sentia sua presença. Aos poucos, a emoção foi dominando, o choro era involuntário, e a vontade de escutá-lo e vê-lo novamente aumentava. Mas infelizmente, chegou o momento em que nada via, nem ouvia, nem sentia. Ele se foi... ou fui eu que acabei saindo? Deixei a emoção prevalecer e, talvez, foi preciso me afastar para não afetá-lo com a minha dor.

Esta semana completei 25 anos e, durante toda semana, pedi a Deus e aos amigos da Espiritualidade que me deixassem revê-lo, pelo menos para receber o abraço que ele sempre me dava no dia do meu aniversário. Seria o primeiro ano que deixaria de receber esse abraço tão especial para mim. Por isso, pedi que ele viesse em forma de sonho. E ele veio.

Ele veio hoje, por volta das oito horas da manhã de um lindo sábado de sol. Uma manhã que ficará para sempre guardado comigo, porque foi o primeiro sábado que me senti feliz, depois que ele partiu. Feliz porque agora sim, eu recebi o abraço que estava faltando. O abraço dele. O abraço do meu querido avô Hugo.

Obrigado, Vozinho. Obrigado por ter vindo. Obrigado Deus e a todos da Espiritualidade que permitiram a sua vinda. Obrigado por ter sido o primeiro da família a receber sua visita. A visita mais feliz, mais confortante, mais esperada por todos! A visita me trouxe a alegria de volta. A percepção e a certeza de que você está entre nós, perto de todos. Sempre! E que bom que, agora, temos a certeza que você está bem!

1 de novembro de 2007

Rave, Bala e Eletrônica

“(...) policiais militares que entraram disfarçados na festa para fazer investigações (...) teriam visto jovens deitados no chão em estado de alucinação”. (Globo online, 31/09/07 - http://oglobo.globo.com/rio/mat/2007/10/30/326959595.asp)

Bem vindo à geração Rave, Bala e Eletrônica! Corpos sarados, rostos bonitos, jovens, excêntricos, estilosos, ritmados e... alucinados! É essa geração que preza tanto pela saúde, mergulhada em mar de alucinações, fantasias, aventuras, adrenalina, euforia, energia e emoção! Mesmo que para isso seja preciso pôr sua vida em risco, sem mesmo ter consciência de que a vida é um risco! Esses jovens precisam crer que as pessoas ainda morrem! Pelo menos para esta vida de alucinações terrenas! Sim, porque do outro lado, esta alucinação continua na mesma intensidade, só que em um ambiente sombrio, de dor, angústia e sofrimento!

Foi isso que aconteceu com o garoto de 17 anos, que morreu de parada cardíaca durante uma festa rave em Itaboraí, no último final de semana. O consumo por esse tipo de droga independe de idade, afinal são todos jovens! O legal é se sentir jovem! A graça está em ficar fora do mundo, fora daqui! “Vamos fugir deste lugar, baby”!

O cenário pode ser uma rave, assim como uma micareta, um show de rock, um carnaval, não importa! As pessoas são as mesmas, pensam da mesma maneira! Querem diversão! Com muita música, muita bebida, muito cigarro, muita maconha, muita bala, muita gente, muita pegação, muita guerra, muita desordem, muita confusão, muita porrada, muita doideira, muita poeira, muita batida, muita queda, muito desmaio, muita gente no chão.

O dia está clareando, a festa só começando, o som ainda está bombando e minha consciência está se acabando! Quem sou eu? Que que estou fazendo aqui? Nossa, que irado! Quanta gente! Estou sentindo uma paz, entende? As pessoas aqui, eu... cara, eu amo todo mundo! A vida é maravilhosa! Viva vida!

Viva a morte!

Este viveu a morte! Mais um número na estatística de jovem morto por drogas. Mais uma notícia no jornal. Mais uma passeata pela paz. Mais uma revolta desabafada.

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2006/11/30/286861160.asp