8 de outubro de 2009

O primeiro amor (Parte 2)

Estava no Centro da cidade, mais precisamente saindo de uma reunião no prédio sede da empresa – onde só apareço esporadicamente quando há reuniões. Desci os 17 andares pelo elevador. Ainda refletindo sobre as atividades do dia, saí apressado do elevador rumo à saída. Havia um evento comemorativo acontecendo justamente no térreo e em volta uma concentração de pessoas assistindo tal apresentação.

Passei por alguns funcionários quando percebi de relance uma pessoa loira, alta, magra que me lembrava alguém, não sabia exatamente. Por um instante, imaginei ser ela. Será? Então, chamei pelo primeiro nome. Ela escutou. Virou para trás e olhou para mim. Sim, era ela. Caramba, em frações de segundos eu a reconheci e ainda tive o impulso de chamá-la.

“Olá, você por aqui?”, perguntei eu, com um ar de surpreso. Imediatamente olhei para baixo e percebi seu crachá.
“Oi, você também trabalha aqui?”, perguntou ela. Respondi que trabalhava na empresa sim, mas em outro prédio e, portanto, estava de passagem. Senti um ar formal, pouca receptividade talvez. Duas pessoas praticamente estranhas. Parecia apressada também, e sem prolongar muita a conversa, se limitava a responder minhas poucas perguntas. Será que estava em um mau dia? Resolvi terminar o diálogo, me despedi e fui embora, antes de me tornar inconveniente.

Nos instantes seguintes eu ainda tentava entender o que tinha acabado de acontecer. Depois de 13 anos e tantas expectativas, esse encontro aconteceu de forma tão vazia, inexpressiva e fugaz que não deu tempo de sentir absolutamente nada. Sabe aquela sensação quando esbarramos em uma pessoa na rua, pedimos desculpas, e mal olhamos para ela? Foi um pouco assim... apenas um instante.

Isso não quer dizer que eu esperava uma reação explosiva, uma receptividade calorosa. Nada disso. Mas também não imaginava que seria seco assim. Percebi naquele instante que éramos apenas adultos. Nos esbarramos novamente na vida, e ainda em ambiente de trabalho. Cada um com sua vida de adulto. E ponto. Nada de lembranças, recordações, conversas nostálgicas, risadas amigáveis. No final de tudo, restou um “foi bom te ver. Tchau”.

3 comentários:

Ju disse...

"tchau, vai ver se estou lá na esquina. tchau!"

sem mais comentários por escrito.

railer disse...

caramba, que coisa estranha, hein. às vezes a gente espera demais das coisas e somos surpreendidos.

não entendi por que a 'parte 2' foi postada antes da 'parte 1'... hehehe

ps: por que não deixa comentários em pop up? é ruim ficar indo e vindo pra ler as coisas na tela principal e depois comentar... leu minhas postagens sobre esse tema? fica a dica.

Fabiana disse...

Os sonhos são bem mais consistentes que a realidade. Que triste mas também que bom que se fechou o ciclo. Agora vc está livre, mesmo que não pensasse nela todo dia e tal. Era uma sombra.Eu tenho também uma sombra e com essa ainda não esbarrei.
Adorei o post!
beijos