1 de novembro de 2010

O país dos sonhos possíveis

Definitivamente não sei falar sobre política. Não sou politicamente engajado, não discuto sobre as propostas de governo, as disputas eleitorais etc. Mas como cidadão, acho importante tentar entender essa máquina que muda (ou não) de quatro em quatro anos e que pode (ou não) transformar a vida de muitas pessoas. Ser ou não ser um bom presidente – para mim – é muito subjetivo. Primeiro porque sabemos que o poder não se concentra em uma única pessoa apenas. Pode haver sim, a imagem de um líder político, carismático ou não, que pode alavancar ou destruir a imagem de um país.

Talvez estejamos vivenciando uma Era Lula que poderá ser comparada a Era Vargas daqui a décadas, nas escolas e academias. A figura do Lula se tornou positiva de verdade publicamente depois de três derrotas nas disputas presidenciais. Até então ele era visto como uma ameaça perigosa, um analfabeto sem preparo algum, que iria denegrir a imagem do Brasil externamente. Seu português errado, sua imagem grosseira de um operário com barba, seu discurso radical e ferrenho tiveram que ser amenizados, amaciados, embelezados e preparados para ser “aceitos” pelo povo e parte da elite brasileira que, convenhamos, deu um voto de confiança em 2002.

Apesar dos inúmeros escândalos políticos que marcaram seus dois mandatos, principalmente o primeiro, a imagem do Lula “nunca na história desse país” foi tão valorizada e querida pelo povo. A resposta nas urnas dessa eleição, que elegeu a primeira presidenta do país, demonstra que, se fosse possível, Lula teria seu terceiro mandato. Com certeza, muitos não votaram na pessoa Dilma, e sim no partido, ou melhor, na substituta do insubstituível Lula. Nossa nova presidenta não tem a metade do carisma que Lula conquistou durante anos, não tem uma trajetória política respeitável, muito menos um discurso eloqüente e emocionado que as lágrimas e a vibração de Lula.

Ninguém nunca irá agradar a todos, afinal a democracia está aí para confirmar isso. Os nossos problemas mais preocupantes ainda estão longe de serem findados. A miséria e, consequentemente, a fome e doenças geradas por ela ainda são um retrato triste de um país que poucos de nós conhecemos de perto.  Mas acreditar em um novo começo faz parte da cultura brasileira. Sempre apostamos no próximo governante, acreditando que tudo aquilo que não foi feito pelo antecessor, poderá ser feito pelo atual. Escândalos, brigas políticas e acusações da imprensa e da oposição também fazem parte do cenário democrático da nossa política. Se não fosse assim, Veja e tantas outras mídias não se venderiam para o grande público.


Mas há de convir que o Brasil está caminhando – a passos largos – para um país transformador. Onde trabalho e com quem convivo, vejo essa transformação acontecer a cada momento. A inovação tecnológica hoje é uma realidade no nosso país, recebendo reconhecimento internacional. São mais jovens entrando nas universidades públicas ou privadas do país. São famílias planejando um futuro, financiando sua casa, comprando bens duráveis. O Brasil é um país em crescimento e muito bem quisto lá fora. Em um discurso do Lula, em que estive presente, ouvi a seguinte frase: “Deixo o governo com a certeza que o brasileiro hoje não se sente mais envergonhado lá fora. Hoje, erguemos a cabeça e temos orgulho de dizer que somos brasileiros, porque sabemos que somos respeitados”. Finalmente, o Brasil deixou de ser apenas o país do futebol, do carnaval, das praias bonitas e de mulheres sensuais. Passamos exportar conhecimento, tecnologia, cultura.

Confesso também que ainda sinto falta de um patriotismo de verdade. Senti uma certa inveja ao ver bandeiras da Argentina penduradas em todo canto desse país, seja num palácio, seja num estádio, seja num casebre. Por aqui, só vemos bandeiras em época de Copa, infelizmente.

Independente de partido ou líder político, quero acreditar no meu país como um lugar em transformação contínua. Quero acreditar no presidente eleito hoje, daqui a quatro anos, daqui a cinqüenta anos, para as próximas gerações.

3 comentários:

Geli, Angie, Angel, Angélica disse...

Ainda não me acostumei com idéia dessa mulher desconhecida como Presidente, mas concordo que agora é hora de esperar o melhor e desejar um Brasil motivo de orgulho pra nós brasileiros!

Ju disse...

O Lula é mt carismático e sei que a Dilma não levou votos por si só, e sim pq teve o Lula como muleta. Mas O que ele falou no discurso em que estivemos presente é verdade, estamos deixando de ser vistos como um país primitivo, para um país que está em crescimento.

Acho que a politica ainda tem mt o que melhorar, crescer. Mas acho que estamos no caminho certo para isso.

beijão, ju

Luciana Ramos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.