Sabemos
que cientificamente falando somos repletos de bactérias espalhadas pelo corpo,
possíveis focos de doenças transmissíveis, mas nem por isso nos importamos na
hora de nos aproximarmos de alguém. O beijo é a troca mais intensa dessas bactérias,
mas nós, seres humanos, não fomos “treinados” para repudiar esse tipo de
contato físico. Ao contrário, desejamos essa troca, com olhos de prazer, assim
como desejamos um gostoso e apetitoso prato de comida.
Não
enxergamos falhas, manchas, pêlos, espinhas, ou quaisquer imperfeições
minúsculas na pele da pessoa amada. Ao contrário, deparamos com uma pele fina,
limpa, delicada, atraente. Somos atraídos pelo imã da carne, da pele ardente,
do frisson apaixonado.
Fechamos
os olhos para sentir melhor a sensação da língua molhada, enroscada com outra
língua delicada, permeando os sabores do beijo, confundindo as salivas e o
gosto dos lábios. Daí, acompanham os toques e amassos, verdadeiros apertos e
pegadas que torneiam o corpo, simulam entrelaços. Não existem bafos nem cheiro
de respiração quente. Há uma entrega despudorada.
O corpo se
prepara para isso: nossos sensores são despertados, nossos sentidos são
apurados, nossa vontade pelo afago entorpecente nos cega de qualquer impureza.
A atração física é imbatível. O cheiro do corpo é outro elemento fascinante,
que prontamente transforma o outro em presa fácil.
Dificilmente,
paramos para pensar em tudo isso, porque quando o corpo está em estado de
êxtase, a mente quase não age, apenas reage aos estímulos. Em momentos
posteriores, quando não existe mais o contato físico, as lembranças, ou seja, a
memória do corpo ainda pode resgatar certos prazeres. Entretanto, há também o
momento de repulsa, quando nos questionamos “como eu pude me envolver assim com
essa pessoa”?
Que estranho
comportamento esse do nosso corpo, não? Estranho pensar que somos capazes de
nos apaixonar loucamente ou nos enojar pela mesma pessoa, em questão de tempo.
De perto, ninguém é perfeito, mas buscamos a perfeição inconscientemente.
Enquanto os olhos da paixão nos cegam, percebemos tamanha perfeição. Quando
apuramos nosso olhar, tais imperfeições aparecem de modo assustador. O tempo
tem sua parcela de culpa nessa nossa descoberta. Não só pelo fato de enxergamos
melhor o outro, sem os tais olhos da paixão, mas porque nossas feições mudam
conforme o passar do tempo, nos castigando com a velhice. As rugas e
imperfeições são inconfundíveis aos olhos nus.
Os desejos
podem até continuar, porém com bem menos intensidade. A atração física já não é
tão impulsiva como antes e o corpo não responde aos mesmos caprichos de ontem.
Nem por isso o carinho acaba. Ao contrário, talvez passamos a perceber que os
olhos da alma se tornam muito mais aguçados, enxergando o outro muito além da
simples pele enrugada e do corpo cansado. São outros prazeres, são outras
sensações. Tudo isso gera outra explicação...
3 comentários:
Alô Mario,bom dia! É,quando a paixão se aquieta e o amor,mosaico construido dia a dia,de sacrifício e alegria,se apodera da relação,um novo universo se expande.Entretanto,como no momento,não estou apaixonada nem amando ninguém,ao ler os primeiros parágrafos,imeditamente me perguntei:¨O que será que será que dá na gente¨que nos empurra tão loucamente,para tamanha...porquice?
O tal do bicho gente é mesmo muito doido!Adorei o texto,abraços,Anna Kaum.
Alô Mario! Obrigada pela visita e não se preocupe,do jeito que sou abusada,sempre que puder estarei por aqui.Abraços,Anna Kaum.
experimenta beijar boca de fumante pra ver se o corpo aceita assim tão fácil... hehe
mas o que vc colocou ao final é certo. a gente precisa encontrar alguém com quem a gente de estar, alguém que seja uma boa companhia, para quando todos os desejos físicos se forem e o 'algo mais' continuar.
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