11 de janeiro de 2012

Verbalizar

Não estranhe se aquela pessoa mais comunicativa que você conhece um dia lhe faltar a palavra.  Verbalizar sentimentos não é uma tarefa fácil. Às vezes, somente o corpo é quem fala.
Um piscar de olhos, um aperto de mão, um olhar cabisbaixo, um suspiro, uma perna inquieta. Todos os sinais corporais podem demonstrar raiva, desprezo, afeto, compaixão, medo, inquietação.

Nem sempre consigo me expressar em palavras. Falta argumento. Tomar uma decisão pode levar dias, meses, anos... até tomar coragem. Mas pode vir de um rompante, algo inesperado, fruto de uma discussão,  que resulta numa decisão esquentada, tomada no calor da fala. Pronto, falei.

Muitas vezes preferi me calar para não machucar. E no meu calar, posso não ter verbalizado tudo aquilo que sentia no momento. Como é difícil concatenar aquilo que você pensa, sente, com aquilo que é preciso dizer sem magoar, ferir, atacar.

Muitos, por falarem demais, acabam cometendo erros imperdoáveis. Mas quais são os erros imperdoáveis nesse mundo de imperfeitos? Todo mundo está sujeito a errar ao proferir um xingamento, um defeito do outro, denegrir, desonrar etc.

Não é à toa que aprendemos desde criança: aprenda escutar mais o próximo antes de criticar. Por outro lado, se calar talvez seja mais penoso quando o diálogo é necessário. Você adoece quando se cala diante de um aborrecimento sério. Botar para fora seus sentimentos é uma forma de “limpar” as impurezas do coração. É como se você se livrasse de um mal que acabou alimentando durante um tempo.

Dizem que o câncer é fruto de uma dor mal curada, de uma ferida acumulada durante um tempo e que é simplesmente a resposta do seu corpo diante de uma alma enferma.

O fato é que verbalizar ainda é um grande desafio. Talvez porque exista uma linha tênue entre falar exageradamente e se expressar direito. É preciso achar o equilíbrio da comunicação.

Eu estou tentando buscar esse equilíbrio. Falar é fácil: numa roda de amigos, numa conversa informal. Difícil é quando você é testado naquela situação de confronto ou tensão. Justamente quando você mais precisa expor seus sentimentos, seja para conquistar alguém, seja para terminar também, é que a palavra falta.

4 comentários:

Anônimo disse...

Amigo querido,
Suas palavras por aqui sempre me fazem muito bem!
Não sei em relação a se expressar verbalmente, mas o fato é que vc tem o dom da escrita!
Aproveite isso!
Muitas pessoas lendo seus textos são levadas a pensar sobre a vida, sobre seus atos e suas imperfeições.
Eu sou uma delas.
Continue escrevendo sempre!
Estou dependende e viciada nos seus textos!
Te amo, amigo!

Beijos, Erica Moutinho.

Biessa disse...

Amigo, eu me li no seu texto :)

EU também sou dessas que fala muito, mas sobre superficialidades. Abrir a alma é bem mais complicado.

Mas acho que isso é uma defesa. A gente fala do que não importa pra fugir do que não quer falar...

To adorando estes textos mais reflexivos que me fazem pensar tb.

Beijos

Mário Cesar Filho disse...

Érica, é sempre bom ler seus elogios! Muito obrigado, querida!

Bi, também acho que é uma defesa nossa. Obrigado pelos seus comentários também por aqui! Eu adoro! BJs

railer disse...

antes eu costumava não verbalizar e guardava muitas coisas. isso crescia dentro de mim, me fazia mal e a bola de neve ia se formando até que numa hora (normalmente errada) explodia.
então aos poucos fui aprendendo a verbalizar, a falar o que sentia, mesmo que a boca ficasse dura e tremesse, mas eu falava. então vi como isso me fazia bem e passei a praticar. tente também!