Ontem fui pego de surpresa com a notícia triste de uma
mulher, que pouco tinha contato, mas que sua história de vida me comovia e que infelizmente perdeu a batalha para o câncer. Aos 35 anos, foi diagnosticado
um câncer de mama que, mesmo depois de intenso tratamento, tornou-se metástase
alcançando o cérebro e a coluna. Linda, com corpo de bailarina, ela chamava
atenção em suas apresentações de dança. A surpresa veio porque, mesmo sabendo
do peso que uma doença dessa traz, a esperança da cura sempre existia. E ela
lutou durante três anos, sempre mostrando que a vida valeria a pena. Não teve
filhos, mas deixou muitos amigos. Amigos que lamentam a morte tão precoce de
alguém que respirava dança.
Em outra história, uma amiga bem próxima também passa por
uma situação de uma doença grave, mas ainda sim curável. Nessas últimas semanas
tivemos um susto, quando foi internada por conta de uma inflamação na medula, o
que a levou a perder a sensibilidade dos membros inferiores. Aquele medo da
perda foi inevitável. Mais uma vez, o cenário é de uma jovem, com muitos sonhos
e desejos pela frente. Até outro dia, dançávamos juntos, como sempre fazemos
toda semana em nossa aula. Sua disposição e alegria contagia qualquer um.
E daí, pergunto: estamos preparados para morrer? Sabemos o
que isso significa em plena juventude? De forma geral, não desejamos a morte de
ninguém, nem dos mais idosos, mesmo sabendo que a trajetória natural da vida
caminha para isso. Mas quando se trata de pessoas jovens, com nossas idades,
bate um certo desespero de achar que a vida não pode ser interrompida assim, do
nada, de repente.
Há certamente explicações para essas vidas serem interrompidas
tão bruscamente. Nós é que insistimos em não buscar essas razões. Apesar do conhecimento
da doutrina espírita, que nos tenta ensinar o verdadeiro valor da vida terrena
e, mais que isso, mostrar que a vida é eterna, só não se restringe ao nosso
mundo corpóreo, ainda insistimos na cegueira e somos extremamente egoístas.
Daí você dá uma olhada em sua volta e percebe como a roda da
vida não para um segundo. Enquanto uns choram a morte de um ente querido,
publicando fotos e textos, outros comemoram o nascimento do primeiro filho com
a foto do bebê recém-nascido ainda na maternidade. O “Feed de notícias” te
atualiza de tudo, mostra o ciclo da vida, traz a realidade de que estamos
apenas de passagem, vivendo a cada dia as emoções de partidas e chegadas.
Entro no meu álbum de fotografias e a primeira foto que me
deparo representa tudo isso: meus sobrinhos (um com dois anos e outro de oito
meses) no colo da bisa, no dia do seu aniversário de 84 anos. E naquele momento
passa um longo filme na minha cabeça de 32 anos (prestes aumentar para 33)
pensando que não há nada de surpreendente nessa vida que não sejam: a morte, o
nascimento e o... renascimento! Renascemos a cada dia, a cada alvorada.
Renascemos a cada vez que passamos por dificuldades, por derrotas, por perdas.
Renascemos a cada vitória, conquistas e sonhos realizados. Renascemos ao
perceber o quanto a vida nos proporciona emoções díspares a cada momento, a
cada “feed de notícias”.
Hoje já chorei de tristeza, já chorei de alegria. E a cada
renascimento sinto uma emoção diferente.
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