14 de julho de 2010

Pré-estreia do filme O Bem Amado


Mais atual impossível. É assim que defino o filme de Guel Arraes “O Bem Amado”, com o talentosíssimo Marco Nanini no papel do famoso e pitoresco personagem Odorico Paraguaçú. O texto clássico escrito por Dias Gomes em 1962 recebeu uma ótima adaptação para o cinema, com direito a corte e colagem de momentos da história do Brasil. O contexto é o período nebuloso da história política do país, desde a renúncia de Jânio Quadros, a posse de Jango até o golpe de 64. Análogo a isso, Odorico Paraguaçu assume a prefeitura da pacata cidade de Sucupira, cidade fictícia do litoral baiano.

O grande barato da trama é a relação do político com a cidade, suas artimanhas, trapaças e pretextos estapafúrdios, como a inauguração do cemitério local. Apesar da história e do protagonista já serem bastante conhecidos pelo público, vale a pena assistir ao filme, que tem tiradas inteligentes tanto do político malandro quanto do jornalista Neco Pedreira, dono do jornaleco A Trombeta, que não se cansa de atacar o prefeito. “Política e moral não se combinam” é uma das pérolas ditas no longa. No filme, alguns personagens ficam de fora, como a delegada Donana Medrado e o dentista Lulu Gouveia, inimigo mortal do prefeito.

Mas não podiam faltar as irmãs cajazeiras personificadas nas excelentes interpretações de Zezé Polessa, Andrea Beltrão e Drica Moraes, além do temido Zeca Diabo, vivido por José Wilker, e o secretário Dirceu Borboleta, interpretado por Matheus Nachtergaele.

Nada mais propício lançar esse filme em ano de eleição no país. Quem sabe o povão, mesmo assistindo a uma comédia, consegue perceber que “qualquer semelhança não é mera coincidência”, em relação aos nossos políticos.

A única ressalva minha é que achei o filme longo demais. A história podia ser contada em uma hora e meia de filme. Mesmo assim, mais uma vez, vale uma sessão pipoca – para quem curte cinema nacional, é claro!

Um comentário:

Ju disse...

Mário e suas resenhas!! Essa foi rápida, hein??
bjoooks