3 de janeiro de 2011

Adeus ou até logo?


Quem duvida que o nosso ex-presidente Lula vai pendurar as chuteiras levanta a mão! _0/

Ele vai tirar suas férias depois de oito anos na presidência, mas para quem lutou para chegar onde chegou desde 1989, é evidente que ele não vai sossegar até voltar, talvez não como presidente, mas como senador, ministro... vide o velhinho Sarney que não larga o osso há décadas (quem o viu na posse da Dilma, percebeu que sua mão anda tremendo mas nem por isso ele deixa de trabalhar...)

Das inúmeras entrevistas e discursos que vi e até presenciei, Lula se sentiu bem a vontade, já com espírito de ex, quando conversou com a inusitada Regina Casé. O papo foi informal, descontraído, mas não deixou de ser revelador. O cargo de presidência não deixou Lula menos bonachão, extrovertido e povão, no bom sentido da palavra. Ele agora abre a boca para dizer que vai tirar férias, beber cerveja e andar de sunga à vontade. Definitivamente não podemos comparar o carisma (quase nulo) de Dilma com o de Lula (aliás, de nenhum outro ex-presidente também).

E dessa conversa entre Regina e Lula, duas passagens são interessantes, e que Lula repetiu algumas vezes, principalmente no seu último período (já se despedindo do cargo) na presidência. A primeira delas é que ele reconhece que o Brasil deixou de ter “complexo de vira lata”, como afirmava Nelson Rodrigues e hoje “ganhou respeito” diante do mundo. O Brasil passou a ser respeitado, porque o presidente foi o primeiro a dar o exemplo, mostrando que não precisa saber falar a língua deles para ser reconhecido. Mostrou que somos capazes e talentosos em diversas áreas, não só no senso comum futebol e carnaval. Crescemos em vários segmentos, exportamos talentos e cultura e sabemos o valor do nosso trabalho.

Outra etapa da entrevista mostrou como Lula se mostrava acessível ao povo, quando crianças podiam perguntar, francamente, o porquê do dedo amputado. Eu presenciei um presidente acessível, caloroso, carinhoso e expressivo. Emocionou-se relembrando passagens difíceis durante seu mandato, emocionando também a platéia. “Cada brasileiro se via um pouco em você, na sua história de vida”, disse Casé. O “ser do povo”, ao contrário das figuras imponentes de Collor, FHC e Sarney (Itamar Franco sempre foi apagado), mostrava justamente como o cargo político mais importante do país poderia ser ocupado por um homem “comum”, por um “operário”, “metalúrgico”, trabalhador como outro qualquer. “Ao contrário dos outros presidentes, Lula sempre passou a imagem de um trabalhador. Ele gosta de trabalhar”, disse Gilberto Gil.

O legado de Lula só será percebido de fato daqui um tempo, quando poderá ser comparado com feitos da nova presidenta. Muitos irão dizer que ele foi mais um presidente a prometer, sem cumprir a metade de suas metas; outros já vão dizer o oposto: que ele foi um dos poucos a concretizar sonhos, ideais, mesmo deixando muita coisa ainda para ser feita. Eu prefiro dizer que ainda é cedo para afirmar com toda certeza se seus oito anos só geraram bons frutos. Sabemos que o Brasil é um país do futuro, mas que este futuro está sendo implantado agora. Falta muita coisa, começando pela consciência de patriotismo por parte de sua nação. Estamos longe de termos orgulho (de fato) de sermos brasileiros. Ainda é mais fácil culpar o governo pela falta de governança, do que olhar para as próprias atitudes (começando na escolha dos votos, vide Tiririca e Maluf deputados).




Um comentário:

railer disse...

bela postagem, mário.
lula é o cara!