31 de agosto de 2011

Cibercultura – uma nova esfera pública


O filósofo francês Pierre Levy é o criador dessa expressão “cibercultura” que vem sintetizar o mundo digital com múltiplos usos. Ele apresenta três princípios fundamentais para o programa da Cibercultura: a interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. Esta última se trata da troca de conhecimentos pelos meios digitais, e este veículo pelo qual escrevo é um deles!

Em uma recente palestra realizada aqui no Rio, Levy ressalta o papel de cada um de nós – atores da nova mídia – nesse mundo globalizado. Isso porque as tradicionais mídias estão ameaçadas pelas novas mídias, uma vez que hoje qualquer pessoa é um publicador de idéias, um emissor, sem restrições técnicas. “O mais importante dessa nova esfera pública é a liberação da expressão pública. Este fator de liberdade é surpreendente”, afirma o filósofo.

Ao mesmo tempo, a gama de informações é infinita (não limitada ao seu país, como todo o mundo, quando não existe ditadura, é claro!), o que nos leva, consequentemente, a uma certa seleção das fontes. “Hoje, você tem acesso aos verdadeiros atores, da forma direta, já que todo mundo pode se expressar, não precisa mais do intermediário, como o jornalista, o editor etc”, diz Levy, que completa: “você tem que decidir o que vai considerar importante, porque sabe que há uma infinita fonte de informações”.

Então aí está a chamada inteligência coletiva, quando você – ao criar sua própria memória (criando um blog, categorizando os assuntos, marcando vídeos no youtube etc.) – influencia outras pessoas com seu comportamento. O rastro de informações leva outros a seguirem suas próprias fontes. “Toda vez que ‘curtimos’ um comentário, ou colocamos uma aba numa informação, estamos ajudando as pessoas a verem as informações do mesmo modo que observamos. Portanto, há uma responsabilidade nisso”, aponta o estudioso.

É quando ele afirma também que tudo que está na rede é potencialmente público, ou seja, não rola segredo na internet. “Quer algo privado? Mantenha em sua mente, porque há câmeras em toda parte”, brinca Levy. Então, já que privacidade é uma luta perdida, devemos lutar pela verdadeira democracia e exigir que os governos, mídias e empresas sejam mais transparentes. “Se você busca confiança do seu público, então deve prezar pela transparência. A comunicação na nova esfera pública é baseada na confiança e na transparência, além da sedução da multimídia, com as interfaces”, diz o filósofo que conclui: “Somos capazes de gerenciar informações de forma sinérgica, para formar uma memória comum. Usando essas novas ferramentas, seremos mais poderosos. Portanto, o que necessitamos hoje é de uma alfabetização da inteligência coletiva, porque sem educação, sem aprendizado, não será possível explorar essas ferramentas para o desenvolvimento humano.”

2 comentários:

Ju disse...

Outro processo que está incluido dentro do conceito de inteligência coletiva é a colaboração coletiva, os "crowds" da vida - crowdfunding, crowdsourcing e por aí vai. Acho muito interessante o potencial, o poder das multidões.

Mas o que eu mais fascinante dentro do discurso de Lévy é sobre a revolução que estamos vivendo: a revolução informacional, e como ela quebra diversos paradigmas até então vividos por nós. E é aí que entra o conceito de coletividade.

Esta revolulção informacional é coletiva, mas inconsciente. Assim como foram outras revoluções, como a Luterana que ele citou em seu discurso.

Confesso que neste momento queria ter uma máquina do tempo para ver como será daqui uns 5/ 10 anos, e ver todas as mudanças que terão ocorrido em decorrência da revolução informacional.

bjus, ju

railer disse...

não acredito... vc foi à entrevista do levy? queria muito ter ido... da próxima convida, hein!