Ontem assisti a uma palestra cujo tema era “meus filhos são
espíritos”. Independente da crença de cada um, a questão levantada foi
justamente como educar os filhos, respeitando a individualidade de cada um e
principalmente repassando os valores morais fundamentais para formação do
caráter do indivíduo.
Uma coisa é certa: ninguém quer falhar na educação do filho.
Mas sabemos que em muitos casos a “ovelha negra da família” é conseqüência de
uma educação frouxa, sem limites, ou pior, quando não há um acompanhamento
presencial do crescimento do filho. É comum escutar: “não sei onde errei”, ou
ainda: “tenho três filhos, dois são ótimos, mas sempre tem um que foge da
linha. Como isso é possível se todos receberam a mesma educação?”.
Aí está o problema. Cada um é de um jeito, pensa e se
comporta diferente. Educação não existe como uma receita de bolo. Para cada ser
humano, é preciso observar seus temperamentos, desde o início. Cada um traz em
si uma longa bagagem, de outras vidas mesmo, e inconscientemente suas
características são apresentadas nos pequenos gestos. É o caso de irmãos serem
às vezes tão diferentes entre si, apesar de conviverem com os mesmos exemplos em casa. Respeitar o
ser humano é entender seu comportamento, e tentar consertar os “defeitos” desde
criança assim como elogiar as “qualidades” também.
Se antes, a sociedade machista predominava, o que
significava separar as funções dentro do seio familiar – o homem provia o
sustento do lar, enquanto a mulher educava a prole; hoje não há papeis bem
definidos entre pai e mãe. Ambos passaram a participar mais da educação dos
filhos, assim como são os responsáveis pelo sustento e conforto da família.
Mesmo diante dessa mudança, outro fator vem proporcionando
transformações significativas na educação dentro de casa. A internet é hoje o
grande “bicho papão” para os pais. Controlar o acesso nem sempre garante que o
filho estará resguardado, preservado de todas as tolices presentes nela. Censura
dentro de casa pode gerar curiosidade ainda maior, principalmente quando se
ultrapassa a porta.
Em texto publicado em seu blog, Artur Xexéo cita uma crítica
ferrenha do escritor Ziraldo à internet e complementa com seus comentários:
“Zilraldo acertou em cheio ao criticar a idiotice que reina no mundo virtual. A
internet tornou-se mesmo palco para canalhas e invejosos. Protegida, muitas
vezes, pelo anonimato, essa turma ocupa o espaço de comentários nos blogs, usa
a rapidez de se soltar um pitaco no Twitter, aproveita-se da força viral de um
e-mail para emitir pensamentos pouco elaborados e, na maioria das vezes,
agressivos, inconsistentes, precipitados, raivosos... resumindo, cheios de
canalhice e inveja. (...) Esta liberdade vem revelando um caráter da Humanidade
que era escondido pelos meios anteriores à revolução digital”.
Moral da história: a responsabilidade dos pais se tornou
ainda maior diante das inúmeras oportunidades criadas não só pela internet, mas
todas as ferramentas acopladas ao mundo virtual, como Ipads, celulares, laptops
etc. O desafio é encontrar o equilíbrio entre o que é permitido e saudável e o
que deve ser controlado e limitado. A base está nos princípios passados ainda
pequenos. Não há proteção que se impeça a curiosidade e o acesso a esse mundo
múltiplo. Se os próprios adultos são seduzidos diariamente, o que dirá o jovem
em formação?
2 comentários:
Essas divagações é por causa do sobrinho que vem por aí? :-)
Eu li o livro e achei sensacional. Continuo acreditando que a base de tudo está no "conceito família" que anda perdido por aí. Educar não é tarefa fácil. O papel dos pais é orientar para que a criança cresça com o senso de que cada um é herdeiro de seus seus atos.
bj
;)
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