18 de junho de 2012

Andar com fé


Nada acontece por acaso, mas há certos acontecimentos na vida que mexem com nossas convicções. Estamos acostumados a reclamar das coisas bobas da vida, mas só reparamos que tratam de coisas bobas quando uma avalanche chega para lembrar o que é de fato importante. E para mim, ter fé é a arte da sabedoria e do equilíbrio. É fácil ter fé quando tudo está na zona de conforto, quando tudo anda tranqüilo e controlável. Mas somos testados o tempo todo e, para não abalar a nossa fé, devemos repensar o verdadeiro sentido da vida.

A gente reclama do trânsito, do trabalho chato, reclama que engordou, do preço das coisas, do salário que não rende e por aí vai. Mas se esquece das vidas alheias, das tragédias, das perdas e das dores. Todo dia é dia de agradecer pela família que tem, pela saúde, pelo lar, pelos amigos, pelo trabalho, pela oportunidade de viver.

O que é ter fé? Independe de crenças ou religião. Está em cada um de nós, na nossa força mental. É canalizar energia para uma determinada questão, acreditando na vontade superior. Confunde-se quem acha que fé é aquilo que nós desejamos, porque nem sempre o que desejamos é o ideal ou certo. Esse é um pensamento extremamente egoísta e limitado. A fé proporciona equilíbrio principalmente no momento de dor, de provas e expiações. É justamente em momentos de maior sofrimento que a nossa fé é testada, para que possamos ter discernimento na resposta do “por que isto está acontecendo comigo?”. Quem nunca se perguntou isso quando vive uma doença grave, ou quando alguém muito próximo passa por um momento semelhante? E quando chega a morte, parece que todo o esforço, muitas vezes confundido com a fé, foi em vão.

Essa semana uma grande amiga se despediu de sua mãe. Após um mês de sofrimento, enquanto se lutava a favor da vida, chegou a hora da partida. Em nenhum momento, vi minha amiga desesperada, desequilibrada. Esteve serena e forte o bastante para acompanhar de perto o tratamento da mãe, mas não deixou de ficar triste por vê-la partindo aos poucos. A morte ainda é uma situação incômoda para nós, apesar de termos a certeza que ela acontece. Mas saber compreendê-la como uma passagem necessária ainda é algo racional demais.

Daí vem a fé, que nos conduz para um outro olhar sobre as coisas. Ela nos prova a cada dia que enquanto uns partem, muitos ficam... e precisam de ajuda. Nessa onda, Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, teve força para fundar a ONG Viva Cazuza, assim como muitas mães que descobrem na caridade o remédio para amenizar a dor da perda de um filho. A atriz Cissa Guimarães diz que o programa de TV, apresentado por ela no canal GNT – “Viver com fé” foi um presente de seu filho, morto em 2010. “Muita gente fala comigo no facebook dizendo que tem medo de que eu fique triste ouvindo histórias. Mas a gente chora pela beleza que a fé fez da dor”, reflete a atriz.

A mensagem é viver com fé, aprender com a dor, dar mais valor a vida, respeitando e preservando-a todos os dias.

2 comentários:

Ju disse...

Lindo texto amigo! lindo mesmo! às vezes é bom parar e examinar nossa mente e pensamentos. Fazer o exercício de limpar, de tirar tudo negativo de dentro dela. Quando estamos negativos, atraímos apenas pessoas com esse tipo de pensamento. Mas quando conseguimos olhar para a tristeza e enxergar beleza, ver que a partir dela nós podemos crescer, evoluir é bom demais. bjus

railer disse...

algumas situações são inevitáveis, mas o modo como a gente lida com elas é que faz diferença.

obrigado pelas palavras lá no blog.
e quando vamos finalmente nos conhecer? almoço no próximo domingo?

abraços!