Nada acontece por acaso, mas há certos acontecimentos na
vida que mexem com nossas convicções. Estamos acostumados a reclamar das coisas
bobas da vida, mas só reparamos que tratam de coisas bobas quando uma avalanche
chega para lembrar o que é de fato importante. E para mim, ter fé é a arte da
sabedoria e do equilíbrio. É fácil ter fé quando tudo está na zona de conforto,
quando tudo anda tranqüilo e controlável. Mas somos testados o tempo todo e,
para não abalar a nossa fé, devemos repensar o verdadeiro sentido da vida.
A gente reclama do trânsito, do trabalho chato, reclama que
engordou, do preço das coisas, do salário que não rende e por aí vai. Mas se
esquece das vidas alheias, das tragédias, das perdas e das dores. Todo dia é
dia de agradecer pela família que tem, pela saúde, pelo lar, pelos amigos, pelo
trabalho, pela oportunidade de viver.
O que é ter fé? Independe de crenças ou religião. Está em
cada um de nós, na nossa força mental. É canalizar energia para uma determinada
questão, acreditando na vontade superior. Confunde-se quem acha que fé é aquilo
que nós desejamos, porque nem sempre o que desejamos é o ideal ou certo. Esse é
um pensamento extremamente egoísta e limitado. A fé proporciona equilíbrio
principalmente no momento de dor, de provas e expiações. É justamente em
momentos de maior sofrimento que a nossa fé é testada, para que possamos ter
discernimento na resposta do “por que isto está acontecendo comigo?”. Quem
nunca se perguntou isso quando vive uma doença grave, ou quando alguém muito
próximo passa por um momento semelhante? E quando chega a morte, parece que
todo o esforço, muitas vezes confundido com a fé, foi em vão.
Essa semana uma grande amiga se despediu de sua mãe. Após um
mês de sofrimento, enquanto se lutava a favor da vida, chegou a hora da
partida. Em nenhum momento, vi minha amiga desesperada, desequilibrada. Esteve
serena e forte o bastante para acompanhar de perto o tratamento da mãe, mas não
deixou de ficar triste por vê-la partindo aos poucos. A morte ainda é uma
situação incômoda para nós, apesar de termos a certeza que ela acontece. Mas
saber compreendê-la como uma passagem necessária ainda é algo racional demais.
Daí vem a fé, que nos conduz para um outro olhar sobre as
coisas. Ela nos prova a cada dia que enquanto uns partem, muitos ficam... e
precisam de ajuda. Nessa onda, Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, teve força para
fundar a ONG Viva Cazuza, assim como muitas mães que descobrem na caridade o
remédio para amenizar a dor da perda de um filho. A atriz Cissa Guimarães diz
que o programa de TV, apresentado por ela no canal GNT – “Viver com fé” foi um
presente de seu filho, morto em 2010. “Muita gente fala comigo no facebook
dizendo que tem medo de que eu fique triste ouvindo histórias. Mas a gente chora
pela beleza que a fé fez da dor”, reflete a atriz.
A mensagem é viver com fé, aprender com a dor, dar mais
valor a vida, respeitando e preservando-a todos os dias.
2 comentários:
Lindo texto amigo! lindo mesmo! às vezes é bom parar e examinar nossa mente e pensamentos. Fazer o exercício de limpar, de tirar tudo negativo de dentro dela. Quando estamos negativos, atraímos apenas pessoas com esse tipo de pensamento. Mas quando conseguimos olhar para a tristeza e enxergar beleza, ver que a partir dela nós podemos crescer, evoluir é bom demais. bjus
algumas situações são inevitáveis, mas o modo como a gente lida com elas é que faz diferença.
obrigado pelas palavras lá no blog.
e quando vamos finalmente nos conhecer? almoço no próximo domingo?
abraços!
Postar um comentário